O sol começou a se pôr no horizonte, tingindo o céu de laranja e roxo, enquanto a cidade de Nápoles tentava se recuperar da batalha que havia deixado marcas profundas em sua alma. Os ecos das balas e os gritos de dor estavam lentamente se dissipando, mas a cicatriz da guerra ainda era muito recente. Sofia Ricci caminhava pelas ruas desertas, seu coração pesado com a responsabilidade que agora carregava. Depois da derrota dos Mancini, a cidade estava em um estado de incerteza. Embora a vitória fosse um alívio, as consequências da batalha ainda se faziam sentir. A lealdade dos homens de Sofia estava em jogo; alguns estavam feridos, outros ainda em estado de choque. E havia aqueles que, mesmo entre os Ricci, se perguntavam se a luta pela honra realmente valia a pena. Sofia parou em frente a uma antiga fonte, onde as águas claras ainda jorravam. O som da água era quase como uma canção suave em meio ao luto. Ela se abaixou e mergulhou os dedos na água fria, sentindo uma pequena fraçã
O salão principal da sede dos Ricci estava mergulhado em um silêncio pesado, apenas interrompido pelo som distante das vozes murmurantes dos capangas reunidos do lado de fora. No interior, Sofia Ricci caminhava de um lado para o outro, sentindo o peso da responsabilidade que estava prestes a enfrentar. Ela havia convocado todas as famílias aliadas, mas a reunião que se desenhava não seria apenas um encontro cordial. Seria um julgamento. Nas últimas semanas, informações conflitantes surgiram. Traições veladas, ações suspeitas e lealdades duvidosas colocavam em cheque a confiança entre as famílias. Sofia sabia que os Mancini não poderiam ter se reerguido tão rapidamente sem ajuda de alguém de dentro de seu círculo. E agora, ela estava prestes a confrontar aqueles que poderiam estar comprometendo sua posição e o futuro da família Ricci. “Eles estão prontos?” perguntou Luca, que estava ao lado dela, vigilante como sempre. Sofia assentiu, olhando para ele com determinação. “Sim, qu
O som suave das ondas do mar quebrava na costa de Nápoles enquanto o vento carregava o cheiro de sal pelas colinas. O sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e dourado, refletindo um momento de transição, como se a própria natureza soubesse que algo estava prestes a acabar. Na antiga vila dos Costa, um silêncio respeitoso dominava o ambiente, enquanto os homens de preto se reuniam no grande salão para um momento solene. Don Carlo Costa, o patriarca da família, estava deitado em uma cama luxuosa, seus dias de glória e poder esgotados por uma doença implacável. A respiração dele era lenta e pesada, e o brilho de seus olhos, uma vez tão intensos, agora estava enfraquecido. Os médicos já haviam dito que não havia muito tempo, e os familiares próximos sabiam que o fim se aproximava. Sofia Ricci, agora a chefe inquestionável da família Ricci, estava ao lado de Don Carlo. Apesar das diferenças e conflitos entre as duas famílias ao longo dos anos, o vínculo entre Sofia e Don Ca
A sala de reuniões dos Mancini estava mergulhada em uma penumbra silenciosa, interrompida apenas pelo som das pesadas respirações de seus ocupantes. O grande lustre de cristal balançava suavemente, refletindo a luz fraca das velas, enquanto Luca Mancini permanecia de pé à cabeceira da mesa. Seus olhos percorriam os rostos à sua frente — homens e mulheres que, de uma forma ou de outra, deviam suas vidas à sua família. Ou, mais especificamente, a ele. Desde a morte de Don Carlo, seu pai, Luca tinha se tornado o novo chefe dos Mancini. Mas o peso da responsabilidade o consumia. Ele sabia que, para manter o controle, precisaria provar sua força não apenas para seus inimigos, mas para os próprios membros de sua família, cujas lealdades eram frágeis e, muitas vezes, vendidas ao melhor preço. Sofia Mancini, sua irmã, observava-o do outro lado da mesa. Seus olhos eram frios e calculistas, tão afiados quanto sua mente. Ela sempre fora uma jogadora habilidosa nesse jogo de poder, e
A sala principal da imponente mansão dos Mancini estava silenciosa, envolta por uma atmosfera pesada de tradição e segredos. Luca Mancini, o atual Don, estava sentado atrás de uma mesa de mogno escuro que pertencera a seu pai, Don Carlo, e ao pai de seu pai antes dele. Era um símbolo de poder que carregava décadas de decisões sangrentas, alianças construídas e traidores eliminados. Agora, porém, algo parecia deslocado. Os olhos de Luca estavam fixos em uma carta sobre a mesa. Uma carta que ele lera mais de uma dúzia de vezes nos últimos dias. Mas as palavras, por mais familiares que fossem, continuavam a corroer sua mente como ácido. “O legado dos Mancini morre com você.” Ele não tinha herdeiros. No mundo da máfia, onde o sangue era a moeda de maior valor, Luca sabia que o futuro de sua família estava em jogo. A ausência de um herdeiro deixava uma lacuna perigosa que todos ao seu redor perceberiam em breve. Os rivais esperariam pacientemente por sinais de fraqueza. Os aliados,
A sala de reuniões da mansão Mancini estava mais sombria do que de costume. O ar era denso, como se as paredes antigas testemunhassem o peso das decisões que precisavam ser tomadas. No centro da sala, dois homens estavam sentados, suas expressões severas, cada um carregando o fardo da liderança de um clã que já tinha visto dias melhores. Greco Mancini, irmão de Don Carlo, o chefe caído da família, mantinha as mãos sobre a mesa de madeira polida, seus dedos tamborilando lentamente enquanto refletia. Ao seu lado, Giuseppe, conselheiro e braço direito de Luca, mantinha uma postura igualmente rígida. Ambos sabiam que a família estava em uma encruzilhada perigosa. “O poder nunca é deixado vazio por muito tempo,” começou Greco, finalmente quebrando o silêncio. “Os Ricci estão esperando o momento certo para atacar. Sabem que, com a morte de Carlo e a instabilidade entre nossos aliados, essa é a melhor chance que terão de nos derrubar.” Giuseppe assentiu, com os olhos fixos em u
Do outro lado da cidade, na mansão Ricci, Don Alberto estava em seu escritório, traçando mentalmente o próximo movimento. Ele sabia que o equilíbrio de poder em Nápoles estava prestes a mudar. Enquanto ele pensava, Sofia entrou no escritório. Seus olhos brilhavam com a determinação que herdara do pai, mas havia uma sombra de dúvida em sua expressão. “Pai,” disse ela, sua voz firme. “Estamos mais próximos da guerra do que nunca. Os Mancini estão vulneráveis, mas atacar agora pode ser um erro fatal.” Don Alberto olhou para a filha, apreciando a sabedoria em suas palavras. Ele já havia ponderado sobre a guerra iminente e sabia que um movimento precipitado poderia destruir tanto sua família quanto a dos Mancini. Mas a guerra, como sempre, parecia inevitável. Sofia deu um passo à frente, aproximando-se da mesa. “Temos que acabar com isso de outra forma. Não podemos continuar esse ciclo de sangue. Os Mancini estão fracos, mas não tão fracos para que não revidem com força.” Don Alb
O vento quente da Sicília soprava suavemente sobre as colinas áridas, carregando consigo o cheiro de terra e sal do Mediterrâneo. Sob o sol escaldante, os campos de oliveiras pareciam intermináveis, uma paisagem de tranquilidade que escondia, sob sua superfície, séculos de histórias de violência, poder e lealdade. No coração dessa terra antiga, a máfia havia enraizado suas garras, crescendo em silêncio, como uma árvore cujas raízes corroem tudo ao redor, invisíveis até ser tarde demais. Em uma pequena vila nas proximidades de Palermo, a quietude daquela manhã era quebrada apenas pelo som das carroças de comerciantes e o murmúrio distante das rezas na igreja local. Mas dentro de uma casa modesta, cercada por muros altos e vigilância discreta, uma reunião estava prestes a acontecer — uma reunião que mudaria o destino de uma família para sempre. Giuseppe Lazzaro, um homem de meia-idade com traços duros esculpidos por anos de luta e sobrevivência, acendia um cigarro enquanto esperav