A sala de reuniões dos Mancini estava mergulhada em uma penumbra silenciosa, interrompida apenas pelo som das pesadas respirações de seus ocupantes. O grande lustre de cristal balançava suavemente, refletindo a luz fraca das velas, enquanto Luca Mancini permanecia de pé à cabeceira da mesa. Seus olhos percorriam os rostos à sua frente — homens e mulheres que, de uma forma ou de outra, deviam suas vidas à sua família. Ou, mais especificamente, a ele. Desde a morte de Don Carlo, seu pai, Luca tinha se tornado o novo chefe dos Mancini. Mas o peso da responsabilidade o consumia. Ele sabia que, para manter o controle, precisaria provar sua força não apenas para seus inimigos, mas para os próprios membros de sua família, cujas lealdades eram frágeis e, muitas vezes, vendidas ao melhor preço. Sofia Mancini, sua irmã, observava-o do outro lado da mesa. Seus olhos eram frios e calculistas, tão afiados quanto sua mente. Ela sempre fora uma jogadora habilidosa nesse jogo de poder, e
A sala principal da imponente mansão dos Mancini estava silenciosa, envolta por uma atmosfera pesada de tradição e segredos. Luca Mancini, o atual Don, estava sentado atrás de uma mesa de mogno escuro que pertencera a seu pai, Don Carlo, e ao pai de seu pai antes dele. Era um símbolo de poder que carregava décadas de decisões sangrentas, alianças construídas e traidores eliminados. Agora, porém, algo parecia deslocado. Os olhos de Luca estavam fixos em uma carta sobre a mesa. Uma carta que ele lera mais de uma dúzia de vezes nos últimos dias. Mas as palavras, por mais familiares que fossem, continuavam a corroer sua mente como ácido. “O legado dos Mancini morre com você.” Ele não tinha herdeiros. No mundo da máfia, onde o sangue era a moeda de maior valor, Luca sabia que o futuro de sua família estava em jogo. A ausência de um herdeiro deixava uma lacuna perigosa que todos ao seu redor perceberiam em breve. Os rivais esperariam pacientemente por sinais de fraqueza. Os aliados,
A sala de reuniões da mansão Mancini estava mais sombria do que de costume. O ar era denso, como se as paredes antigas testemunhassem o peso das decisões que precisavam ser tomadas. No centro da sala, dois homens estavam sentados, suas expressões severas, cada um carregando o fardo da liderança de um clã que já tinha visto dias melhores. Greco Mancini, irmão de Don Carlo, o chefe caído da família, mantinha as mãos sobre a mesa de madeira polida, seus dedos tamborilando lentamente enquanto refletia. Ao seu lado, Giuseppe, conselheiro e braço direito de Luca, mantinha uma postura igualmente rígida. Ambos sabiam que a família estava em uma encruzilhada perigosa. “O poder nunca é deixado vazio por muito tempo,” começou Greco, finalmente quebrando o silêncio. “Os Ricci estão esperando o momento certo para atacar. Sabem que, com a morte de Carlo e a instabilidade entre nossos aliados, essa é a melhor chance que terão de nos derrubar.” Giuseppe assentiu, com os olhos fixos em u
Do outro lado da cidade, na mansão Ricci, Don Alberto estava em seu escritório, traçando mentalmente o próximo movimento. Ele sabia que o equilíbrio de poder em Nápoles estava prestes a mudar. Enquanto ele pensava, Sofia entrou no escritório. Seus olhos brilhavam com a determinação que herdara do pai, mas havia uma sombra de dúvida em sua expressão. “Pai,” disse ela, sua voz firme. “Estamos mais próximos da guerra do que nunca. Os Mancini estão vulneráveis, mas atacar agora pode ser um erro fatal.” Don Alberto olhou para a filha, apreciando a sabedoria em suas palavras. Ele já havia ponderado sobre a guerra iminente e sabia que um movimento precipitado poderia destruir tanto sua família quanto a dos Mancini. Mas a guerra, como sempre, parecia inevitável. Sofia deu um passo à frente, aproximando-se da mesa. “Temos que acabar com isso de outra forma. Não podemos continuar esse ciclo de sangue. Os Mancini estão fracos, mas não tão fracos para que não revidem com força.” Don Alb
O vento quente da Sicília soprava suavemente sobre as colinas áridas, carregando consigo o cheiro de terra e sal do Mediterrâneo. Sob o sol escaldante, os campos de oliveiras pareciam intermináveis, uma paisagem de tranquilidade que escondia, sob sua superfície, séculos de histórias de violência, poder e lealdade. No coração dessa terra antiga, a máfia havia enraizado suas garras, crescendo em silêncio, como uma árvore cujas raízes corroem tudo ao redor, invisíveis até ser tarde demais. Em uma pequena vila nas proximidades de Palermo, a quietude daquela manhã era quebrada apenas pelo som das carroças de comerciantes e o murmúrio distante das rezas na igreja local. Mas dentro de uma casa modesta, cercada por muros altos e vigilância discreta, uma reunião estava prestes a acontecer — uma reunião que mudaria o destino de uma família para sempre. Giuseppe Lazzaro, um homem de meia-idade com traços duros esculpidos por anos de luta e sobrevivência, acendia um cigarro enquanto esperav
A chuva caía pesada sobre as ruas de Palermo, lavando as calçadas antigas e sujas, mas não o suficiente para purificar os pecados que se acumulavam por gerações. Dentro de um velho casarão, cujas paredes já testemunharam mais segredos do que o tempo pode contar, uma reunião acontecia à meia-luz. Enzo Moretti, o herdeiro da família mais temida da região, observava em silêncio o vulto imponente de seu pai, Don Salvatore Moretti, falando com seus capangas. A fumaça dos charutos preenchia o ar, misturando-se com a tensão que parecia pairar sobre todos naquela sala. Don Salvatore, um homem de postura rígida e rosto marcado pela vida no submundo, não era alguém que falava sem propósito. E naquela noite, suas palavras tinham um peso que Enzo sentia nos ossos. Ele sabia que algo grande estava por vir. A família Moretti estava em um ponto de inflexão — novos inimigos surgiam, antigos aliados estavam se voltando uns contra os outros, e o poder que mantinham por décadas começava a ser contes
A noite em Palermo estava mais fria do que o normal. O vento cortante soprava pelas ruas estreitas e sinuosas, fazendo com que as sombras das construções antigas dançassem sob a luz amarelada dos postes. Para muitos, era apenas uma noite comum na cidade, mas para Salvatore “Toto” Giordano, de apenas 19 anos, era o momento mais decisivo de sua vida. Hoje, ele seria iniciado na Cosa Nostra, um ritual que transformaria seu nome em algo que inspirava respeito… e medo. Ele caminhava lentamente pelas ruas da cidade velha, suas mãos tremendo levemente, não pelo frio, mas pela expectativa. A velha igreja abandonada, onde o ritual aconteceria, estava à sua frente. Ali, no coração de Palermo, longe dos olhos curiosos, era onde as lendas da máfia siciliana começavam. E, ao final desta noite, ele estaria oficialmente ligado a esse mundo de segredos, lealdades e traições. Quando chegou à porta de madeira desgastada, sentiu uma presença ao seu lado. Marco, seu padrino, já o aguardava, como um
O silêncio da noite em Palermo era interrompido apenas pelo som dos grilos e pelo ocasional latido distante de um cão. A grande mansão dos Moretti, com suas paredes imponentes e janelas altas, parecia uma fortaleza isolada no coração da cidade. No entanto, naquela noite, dentro de seus muros, um turbilhão de emoções ameaçava explodir. Enzo Moretti estava sentado à mesa da sala de jantar, seu rosto tenso enquanto olhava para o prato de comida intocado à sua frente. Ao seu redor, a atmosfera era sufocante, carregada de palavras não ditas e ressentimentos acumulados. A reunião de família havia começado com um ar de celebração, mas rapidamente descambou para o que parecia ser uma batalha silenciosa. Seu pai, Don Salvatore Moretti, estava sentado na cabeceira da mesa, seu olhar duro como sempre. Para ele, a família era sinônimo de poder, e o poder era mantido através da obediência cega e da lealdade inquestionável. Mas naquela noite, algo havia mudado. O controle que Don Salvatore ex