A noite em Nápoles era fria, e o vento soprava entre os becos estreitos, trazendo consigo o peso de décadas de segredos e crimes. Sofia Ricci estava sentada na cadeira de couro que outrora pertencera a seu pai, Don Carlo. O escritório escuro ainda cheirava a tabaco, o mesmo que Don Carlo fumava todas as noites enquanto elaborava seus planos silenciosos, arquitetando o destino da família Ricci e daqueles que ousavam cruzar seu caminho. Sofia observava a grande mesa à sua frente, os papéis organizados com precisão, como seu pai sempre preferia. Ela segurava nas mãos o velho anel de sinete dos Ricci, uma peça de ouro maciço com o brasão da família gravado em alto relevo. Aquilo não era apenas uma joia. Era o símbolo do poder, da responsabilidade, e do peso do nome Ricci, que agora recaía sobre seus ombros. Ela se lembrava das longas conversas que tivera com Don Carlo antes de sua morte. Ele sempre fora um homem de poucas palavras, mas quando falava, sua voz parecia uma sentença. “O
A escuridão da noite cobria as ruas de Nápoles como um manto de tensão e expectativa. As ruas vazias, as janelas fechadas e o silêncio inquietante sugeriam que algo estava prestes a acontecer. No coração da cidade, no porto de Nápoles, o destino de duas das mais poderosas famílias mafiosas da Itália estava para ser decidido. Seria o fim de uma era, o último confronto entre os Ricci e os Mancini, duas famílias que carregavam séculos de sangue, intriga e poder. Sofia Ricci estava no topo do armazém, de onde podia ver todo o porto. Ao seu lado, Luca Moretti, seu braço direito, analisava o terreno com olhos atentos. Eles sabiam que esta noite seria diferente. Tudo o que haviam feito até agora culminava neste momento. “Os Mancini estão chegando,” disse Luca, sem tirar os olhos do horizonte. “Os informantes dizem que Don Roberto não vai faltar.” Sofia assentiu, mas não disse nada. Ela já esperava por isso. Don Roberto Mancini não era o tipo de homem que deixaria que alguém lutasse s
Os dias após a batalha no porto de Nápoles pareceram um borrão para Sofia Ricci. Ela estava no comando agora, mas cada decisão que tomava parecia pesar mais do que o anterior. O mundo do crime não esperava por ninguém, e a cidade pulsava com a incerteza de uma nova era de poder. No entanto, o que pesava mais em seu coração era a ausência de Isabella, sua amiga e confidente, que havia morrido na batalha. Isabella sempre fora mais do que uma amiga. Ela era como uma irmã, alguém que compreendia a profundidade do que significava ser parte do mundo da máfia. Quando as balas começaram a voar e o caos se instaurou, Isabella estava ao lado de Sofia, lutando com bravura. Mas um tiro traiçoeiro, disparado de um canto escuro do porto, a atingiu em cheio. Sofia ainda podia ouvir os gritos de Isabella ecoando em sua mente, misturados ao barulho dos tiros e à sensação sufocante da perda. Sofia estava em seu escritório, cercada por papéis e planos. O sol da manhã entrava pela janela, mas ela n
O sol começou a se pôr no horizonte, tingindo o céu de laranja e roxo, enquanto a cidade de Nápoles tentava se recuperar da batalha que havia deixado marcas profundas em sua alma. Os ecos das balas e os gritos de dor estavam lentamente se dissipando, mas a cicatriz da guerra ainda era muito recente. Sofia Ricci caminhava pelas ruas desertas, seu coração pesado com a responsabilidade que agora carregava. Depois da derrota dos Mancini, a cidade estava em um estado de incerteza. Embora a vitória fosse um alívio, as consequências da batalha ainda se faziam sentir. A lealdade dos homens de Sofia estava em jogo; alguns estavam feridos, outros ainda em estado de choque. E havia aqueles que, mesmo entre os Ricci, se perguntavam se a luta pela honra realmente valia a pena. Sofia parou em frente a uma antiga fonte, onde as águas claras ainda jorravam. O som da água era quase como uma canção suave em meio ao luto. Ela se abaixou e mergulhou os dedos na água fria, sentindo uma pequena fraçã
O salão principal da sede dos Ricci estava mergulhado em um silêncio pesado, apenas interrompido pelo som distante das vozes murmurantes dos capangas reunidos do lado de fora. No interior, Sofia Ricci caminhava de um lado para o outro, sentindo o peso da responsabilidade que estava prestes a enfrentar. Ela havia convocado todas as famílias aliadas, mas a reunião que se desenhava não seria apenas um encontro cordial. Seria um julgamento. Nas últimas semanas, informações conflitantes surgiram. Traições veladas, ações suspeitas e lealdades duvidosas colocavam em cheque a confiança entre as famílias. Sofia sabia que os Mancini não poderiam ter se reerguido tão rapidamente sem ajuda de alguém de dentro de seu círculo. E agora, ela estava prestes a confrontar aqueles que poderiam estar comprometendo sua posição e o futuro da família Ricci. “Eles estão prontos?” perguntou Luca, que estava ao lado dela, vigilante como sempre. Sofia assentiu, olhando para ele com determinação. “Sim, qu
O som suave das ondas do mar quebrava na costa de Nápoles enquanto o vento carregava o cheiro de sal pelas colinas. O sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e dourado, refletindo um momento de transição, como se a própria natureza soubesse que algo estava prestes a acabar. Na antiga vila dos Costa, um silêncio respeitoso dominava o ambiente, enquanto os homens de preto se reuniam no grande salão para um momento solene. Don Carlo Costa, o patriarca da família, estava deitado em uma cama luxuosa, seus dias de glória e poder esgotados por uma doença implacável. A respiração dele era lenta e pesada, e o brilho de seus olhos, uma vez tão intensos, agora estava enfraquecido. Os médicos já haviam dito que não havia muito tempo, e os familiares próximos sabiam que o fim se aproximava. Sofia Ricci, agora a chefe inquestionável da família Ricci, estava ao lado de Don Carlo. Apesar das diferenças e conflitos entre as duas famílias ao longo dos anos, o vínculo entre Sofia e Don Ca
A sala de reuniões dos Mancini estava mergulhada em uma penumbra silenciosa, interrompida apenas pelo som das pesadas respirações de seus ocupantes. O grande lustre de cristal balançava suavemente, refletindo a luz fraca das velas, enquanto Luca Mancini permanecia de pé à cabeceira da mesa. Seus olhos percorriam os rostos à sua frente — homens e mulheres que, de uma forma ou de outra, deviam suas vidas à sua família. Ou, mais especificamente, a ele. Desde a morte de Don Carlo, seu pai, Luca tinha se tornado o novo chefe dos Mancini. Mas o peso da responsabilidade o consumia. Ele sabia que, para manter o controle, precisaria provar sua força não apenas para seus inimigos, mas para os próprios membros de sua família, cujas lealdades eram frágeis e, muitas vezes, vendidas ao melhor preço. Sofia Mancini, sua irmã, observava-o do outro lado da mesa. Seus olhos eram frios e calculistas, tão afiados quanto sua mente. Ela sempre fora uma jogadora habilidosa nesse jogo de poder, e
A sala principal da imponente mansão dos Mancini estava silenciosa, envolta por uma atmosfera pesada de tradição e segredos. Luca Mancini, o atual Don, estava sentado atrás de uma mesa de mogno escuro que pertencera a seu pai, Don Carlo, e ao pai de seu pai antes dele. Era um símbolo de poder que carregava décadas de decisões sangrentas, alianças construídas e traidores eliminados. Agora, porém, algo parecia deslocado. Os olhos de Luca estavam fixos em uma carta sobre a mesa. Uma carta que ele lera mais de uma dúzia de vezes nos últimos dias. Mas as palavras, por mais familiares que fossem, continuavam a corroer sua mente como ácido. “O legado dos Mancini morre com você.” Ele não tinha herdeiros. No mundo da máfia, onde o sangue era a moeda de maior valor, Luca sabia que o futuro de sua família estava em jogo. A ausência de um herdeiro deixava uma lacuna perigosa que todos ao seu redor perceberiam em breve. Os rivais esperariam pacientemente por sinais de fraqueza. Os aliados,