Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios,
Incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas
E se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si,
Mas ser capaz de encontrar um oásis
No recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “não”.
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo ...
(Fernando Pessoa)
Prólogo
Quando amanheceu, voltou à linha do trem. Precisava de algo mais forte, algo que o fizesse esquecer aqueles gritos. Começou a caminhar pelos trilhos e viu um grupo de garotos fumando crack. Parou por alguns minutos. Toda a dor daquele momento voltou a martelar seu peito. Como em um clipe, as lembranças aceleravam em sua mente, descontroladas, fora de ordem.
Nico precisava esquecer aquele momento. Tirar da sua cabeça ou então, enlouqueceria. A maconha já não fazia efeito e ele continuava sentindo toda aquela dor. Precisava de algo mais forte. Precisava de algo que entorpecesse sua alma. Precisava dela, sim, ele precisava dela. Somente ela seria capaz de lhe trazer a tão sonhada paz. Ele precisava da pedra. Voltou e observou os garotos fumando, sentados no chão de pedras.
O garoto ofereceu o cachimbo a Nico.
― Toma aí fera. Senta aí.
Nico estendeu a mão e pegou o objeto. Sentou-se à beira da linha e sem pensar em nada aspirou.
Tuim!
"Nascemos todos os dias, quando nasce o Sol.Começa hoje mesmo a vida que te resta."Lygia Fagundes Telles ― Provavelmente foi infarto ― informou o legista ao oficial do corpo de bombeiros. O corpo de D. Anita estava inerte sobre a cama. Sentado no chão do quarto, Nico abraçava as pernas. Músculos tensos, olhar fixo no corpo da avó. O menino era altíssimo e magro, tinha os cabelos lisos e escuros. Seus olhos eram como duas safiras azuis. Azuis como os de sua avó. Olhos de menino, acostumados a contemplar o céu e correr atrás das pipas. Repletos de vida, transbordando alegria. Agora eram olhos tristes, cheios de dor, estarrecidos diante d
“Os nossos maiores problemas não estão nos obstáculos do caminho, mas na escolha da direção errada.”Augusto Cury ― Ponto final rapaz. Como você conseguiu entrar aqui? Nico acordou assustado com a voz rouca do motorista. ― Sai rápido antes que eu chame a polícia. Assim eu perco meu emprego. Anda! Sai logo. Nico, ainda tonto, levantou-se da poltrona de sobressalto, saiu correndo pelo ônibus esbarrando nas pe
“Só um e apertado é o caminho da virtude.”Plauto Na manhã seguinte, Nico acordou, mas não abriu os olhos. Desejou de todo o coração que ao abri-los estivesse em Redenção, em sua casa amarela de janelas de madeira, em sua cama de lençóis perfumados lavados com amaciante floral. Mas a buzina de um carro interrompeu bruscamente seus pensamentos, obrigando-o a abrir os olhos e encarar a realidade lancinante. Levantou com sacrifício, estava com uma terrível dor no corpo. Seus ossos pareciam moídos. Esfregou os olhos, procurou em volta e não encontrou Deco nem os outros garotos. Sua barriga doía e revi
“No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho...” Carlos Drummond de Andrade ― Acorda, acorda, madame! Nico acordou assustado com uma voz forte e sarcástica. Abriu os olhos e viu três homens em cima de Deco. Um deles era negro, alto, gordo, de cabeça raspada e com duas tatuagens enormes, uma em cada braço. Nico fingiu que estava dormindo, mas conseguiu ver quando Deco se levantou e apertou a mão do homem. ― E aí Deco! Faz uma sem
“Se estiveres no caminho certo, avança;se estiveres no errado, recua.”Lao-Tsé ― Muito bem Nico. Vendeu tudo em um só dia. Eu sabia que tu era dos bons. Meu faro não se engana nunca ― elogiou Carlão. Nico sentiu uma alegria estranha, a mesma alegria que sentia quando Voinha o elogiava pelas boas notas. Mas logo se lembrou de onde estava e a alegria rapidamente se transformou em angústia. ― Dessa vez tu vai levar o cara na fonte lá da faculdade. Explica pra
“Não há uma pegada do meu caminho que não passe pelo caminho do outro.”Simone de Beauvoir Deco deu um passo em direção à rua e Nico o puxou para trás. ― Espera. Olha lá!Viram Maneco sendo empurrado para dentro da viatura.― Droga Nico! Eu tenho que ir até lá ― gritou Deco.― Espera. Deixa que eu vou lá saber o que houve. Fica aí com a mochila ― ordenou Nico, atravessando a rua e se aproximando de um homem que observava tudo. 
“Sempre somos capazes de dar algo mais; mesmo nas pedras germinam as flores.”Bérgson No dia seguinte Nico e Deco estavam na porta do colégio de Débora. Era noite de sexta-feira e a rua estava bastante movimentada. Quando ela o viu tentou fugir, mas Nico logo se aproximou. ― Oi Débora, oi Lia. ― Não esqueceu nossos nomes hein? ― brincou Lia. ― Imagina se eu ia esquecer os nomes das garotas mais lindas dessa escola.&
"O amor é tudo que temos,o único caminho pelo qualum pode ajudar o outro..."Eurípedes Chegaram à porta do colégio de Débora e esperaram escondidos atrás de um carro. Deco estava curioso. ― Por que a gente tá se escondendo, Nico? ― Calma. Paciência. Depois de alguns minutos, Débora e Lia saíram do prédio e pararam em frente ao portão. Lia conversava animad