**Luana Sartori**Assim que Fiona colocou a mão na maçaneta do banheiro, senti meu corpo inteiro enrijecer. Meu coração batia tão forte que parecia que todos naquela casa pudessem ouvir. Eu sabia que, se ela abrisse aquela porta, o caos seria inevitável. Benício estava lá dentro, escondido, e a última coisa que eu queria era me meter ainda mais no noivado dele – ou ser vista como a mulher que destruiu o relacionamento de um homem que já tinha causado tanto estrago na minha vida. “Eu sei que ele está aqui, sua…” Fiona começou, o tom ácido escorrendo de sua voz, mas foi interrompida por Maria. “Fiona, não destrate a minha afilhada dentro da minha casa.” A voz dela era firme, mas ainda carregava aquele tom materno que sempre me fazia sentir protegida, mesmo nas situações mais tensas. “Tenho certeza de que meu filho não está aí.” Suspirei internamente. Maria era um dos poucos motivos pelos quais eu ainda suportava estar aqui. Se não fosse pela amizade dos nossos pais e pelo carinho
**Luana Sartori ** Benicio estava ali, parado, o olhar firme sobre mim, como se quisesse arrancar algo além das palavras que eu tinha acabado de dizer. Eu odiava a forma como ele me desestabilizava. Era sempre assim, desde que nossas vidas se cruzaram. Ele surgia, me desmontava, e depois ia embora, me deixando para juntar os cacos. "Com quem você estava falando?" Ele exigiu, o tom grave e controlado, mas eu sentia o peso do ciúme. "Não te interessa, Benicio," respondi, seca. Mas por dentro, meu coração batia rápido. Eu sabia que ele não aceitaria essa resposta. "Você me deve explicações, Luana." "Não, eu não devo." Minha voz saiu firme, mesmo quando senti vontade de jogar o celular nele. Ele deu um passo à frente, aproximando-se o suficiente para que eu sentisse seu perfume. "Como não me deve explicações? Já esqueceu o que aconteceu entre nós? Não pode negar o que sentimos." Revirei os olhos, exasperada. "De novo essa conversa?" Eu ri sem humor e balançei a cabeça, inc
**Benicio de Alcântara e Leão**O uísque descia pela garganta queimando, mas era um fogo quase reconfortante diante do caos que era minha mente. A casa estava cheia de pessoas que brindavam meu noivado, mas dentro de mim havia um tumulto de pensamentos, e como eu queria que tudo aquilo fosse mentira e que não estivesse acontecendo comigo toda essa merda.Luana estava lá em cima. Eu sabia disso. Provavelmente se olhava no espelho, preparando-se para dormir, talvez estivesse chorando, pelas mentiras que cercavam minha vida. Fiona gostava de encenar, e eu sempre fui um bom coadjuvante, até agora. Mas as mentiras estavam começando a pesar, e talvez fosse eu quem estivesse segurando a máscara com mais força do que deveria. “Filho?” A voz grave do meu pai me trouxe de volta ao presente. “Pai.” Ele se aproximou, sem pressa, como se tivesse todo o tempo do mundo para esperar eu abrir a boca. Mas, por alguma razão, naquele momento, eu queria falar. “Parece que meu filho está triste?”
**Luana Sartori**Passei a noite olhando para o teto. O relógio marcava quatro da manhã quando finalmente fechei os olhos. Mas foi um sono curto e inquieto, como se minha mente se recusasse a me deixar descansar. Eu sabia por quê. O sítio, aquela casa, Benício — tudo aquilo parecia me prender a um passado que eu não podia mais ter. Levantei-me com o nascer do sol. Cada passo até o quarto dos meus pais parecia mais pesado do que o anterior. Eu tinha tomado minha decisão, mas isso não tornava as palavras mais fáceis de dizer. “Papai, eu vou embora. Se vocês quiserem ficar…”Meu pai, Heitor, que estava sentado na poltrona e me olhou fixamente. “Filha, tem certeza? Sua madrinha…” Minha mãe começou, mas meu pai a interrompeu. “Deixe ela ir. Talvez aqui não faça mais sentido para ela.”Engoli em seco. Fazia todo sentido para mim. Se eu pudesse escolher, ficaria ali para sempre. Ficaria por Benício. Mas esse já não era um sonho possível. Não enquanto Fiona estivesse em cena. “Eu j
**Luana Sartori**O pequeno corpo que se aninhava em meus braços trouxe um conforto indescritível, como se, por um breve momento, todas as preocupações e medos simplesmente desaparecessem. Segurar minha filha daquela forma, sentindo seu calor e ouvindo sua respiração tranquila, era como encontrar um refúgio em meio ao caos. Como eu a amava. Minha menina. Minha filha. Ela era a razão pela qual eu lutava todos os dias, o motivo pelo qual nunca desisti, mesmo quando o mundo parecia desabar ao meu redor.“Eu estava com muitas saudades, mamãe.”“Eu também, meu amor. Estava contando os minutos para te ver.” Peguei a minha menina no colo e fui até onde Scott estava. “Como foi a viagem?”“Foi ótima, não foi, filha?” — Scott perguntou, e Alice logo balançou a cabecinha, concordando.“E você, como está, meu amor?”Scott se aproximou de mim e me deu um beijo. Olhou no fundo dos meus olhos e sorriu. Era como se ele soubesse que eu estava quebrada por dentro. Como aquele homem me conhecia tão bem?
**Luana Sartori** A mão quente e grande segurando meu braço fez meu corpo congelar por um instante. Eu conhecia aquele toque. Conhecia bem demais. Me virei devagar, com o coração batendo descompassado, e lá estava ele. Benício. Alto, imponente, com o mesmo olhar penetrante de sempre. Mas o que mais me incomodava era a pergunta silenciosa estampada no rosto dele: como ele sabia onde me encontrar? “Luana, por que você foi embora? E quem é esse homem?” A voz dele soou firme, carregada de autoridade. Scott se posicionou ao meu lado imediatamente, como se pressentisse o perigo. Antes que eu pudesse responder, a voz de Alice cortou o silêncio. “Mamãe? Quem é ele?”A palavra "mamãe" ecoou no ar como um trovão. Benício desviou o olhar para Alice, e sua expressão endureceu, como se a palavra tivesse arrancado o chão sob seus pés. “Mamãe?” Ele repetiu, a voz mais baixa e vacilante. “Quem é ela?”“Ela é a minha filha.” Minha voz saiu firme, mas meu coração martelava no peito. “E você
**Luana Sartori** Acordei com os raios de sol atravessando as cortinas brancas do quarto de hotel. Piscando algumas vezes para afastar o sono, virei o rosto e vi Scott sentado no sofá, olhando para mim com aquele olhar calmo e protetor que sempre me deixava sem palavras. Ele estava abatido e pareceu que não tinha dormido nada naquela noite. Virei o rosto para o outro lado e encontrei Alice ainda dormindo profundamente, sua respiração suave e ritmada. A viagem devia ter sido cansativa para ela. Sentei-me na beira da cama e olhei para Scott, tentando encontrar palavras, mas ele me interrompeu antes que eu dissesse qualquer coisa. “Não me diga nada. Vamos levar a nossa filha para a praia e, depois, seguimos para a vinícola.” Assenti, sentindo um aperto no peito. “É o que eu mais quero neste momento.” Levantei-me e caminhei até ele. Passei a mão pelo seu rosto, sentindo o calor e a familiaridade de seu toque. Antes que eu pudesse reagir, ele me puxou para o seu colo, me e
**Luana Sartori**Abri os olhos em um sobressalto e lá estava ele. Benício. De camisa branca aberta, calça de linho e óculos escuros, parecendo totalmente fora de lugar naquela praia tranquila. “O que você está fazendo aqui?” Minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia. Ele abaixou os óculos lentamente, deixando os olhos fixos nos meus. “Vim cumprir o convite da Alice. Não era isso que você queria?” O tom provocador me irritou. Olhei ao redor, tentando manter a calma. Scott e Alice ainda estavam no mar, alheios ao que acontecia. “Você não tinha que estar aqui, Benício. Isso não foi um convite para invadir a minha vida. Você deve viver a sua vida junto com a sua noiva.”Ele se aproximou, inclinando-se ligeiramente, tão perto que eu senti o cheiro amadeirado familiar dele. “Pode fingir o quanto quiser, mas eu vejo nos seus olhos que você me quer.”Tentei me afastar, mas minha voz vacilou. “Vá embora. Saia da minha vida, eu não quero você me atormentando a cada minuto,