Maria Silva** A lâmina da faca pressionava meu pescoço, e cada segundo parecia uma eternidade. Débora estava fora de si, os olhos brilhando com uma mistura de desespero e obsessão. A forma como ela se mexia. Talvez fosse amor por Bruno, ou talvez algo mais sombrio: a incapacidade de aceitar que ele pudesse ser feliz com outra pessoa. E que ele a deixasse. Talvez quando ela terminou com ele, pensou que o homem iria atrás dela, mas não, ele não foi. Ele não queria Débora. Era o que ele dizia. "Débora, pare com isso. Eu não vou mais interferir entre você e Bruno." Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, mas dentro de mim o pânico crescia. "Eu te avisei tantas vezes, ratinha. Mas você não me ouviu. Por que você ainda está com ele? Por quê?" Ela gritou. A ponta da faca arranhou levemente minha pele, e eu segurei o ar, tentando não demonstrar medo. "Eu só estou aqui porque o meu filho precisava. Eu não queria perder meu filho e Bruno foi a única alternativa. Além de estarmos todo
**Maria Silva** Minha madrinha tirou um celular da bolsa e o estendeu para mim. Eu sabia que aceitar aquele telefone poderia ser um risco enorme para a família Alcântara e Leão, já que todos nós estávamos sendo “caçados”. Mas também não podia ignorar a curiosidade que me corroía por dentro. Precisava saber o que havia naquela mensagem que ela mencionara. “Você viu o que ele escreveu?” Ela perguntou em um tom alarmado. “Isso me deixou muito assustada.” “Sim, madrinha, eu vi.” Respondi, tentando manter a calma. “Mas Gabriel não sabe onde estamos.” “Eu pensei que ele fosse um príncipe encantado, mas esse homem me dá medo.” Ela suspirou, preocupada. “Se afaste dele, Maria. Ninguém sabe do que ele é capaz.” “É exatamente o que eu vou fazer.” Respondi, com firmeza. “Eu também pensei que ele fosse um príncipe, mas ele não é. Gabriel parece ser obsessivo e não gostei das atitudes dele, agora que tenho provas concretas da obsessão e loucura. Preciso me livrar dele.” “Fico aliviada
**Bruno Alcântara e Leão**Eu ainda estava processando o que tinha acabado de ver. Maria, com aquele sorriso genuíno, conversava animadamente com Heitor, e eu não podia deixar de reparar no jeito como ele a olhava. Tinha algo ali, algo que eu não queria aceitar. Quando ele segurou a mão dela, meu coração parou por um segundo. Mas quando ela o abraçou, desta vez eu me despedacei. Será que ela é uma atriz? Será que eu tinha me enganado esse tempo todo? E me enganou sobre seus sentimentos?Eu não sou um homem que se abala facilmente, mas naquele momento me senti um garoto inseguro. Toda a força que eu sempre exibi, toda a confiança, parecia ter evaporado. Um juiz que sempre escondia seus sentimentos, onde esse homem foi parar. Eu estava abalado. Como ela podia estar tão próxima de Heitor? Ele era meu amigo, meu confidente, e agora... isso? “Meu amor, o que está fazendo aqui fora?” Senti uma mão em meu ombro e não precisei virar para saber quem era.Débora. Sempre Débora, como uma sombr
**Maria Silva**A sala estava em alvoroço. Débora, com uma garrafa de champanhe nas mãos, ocupava o centro da cena como uma atriz em sua estreia triunfante. Sua voz aguda cortava o ar, anunciando uma notícia que parecia inacreditável. E que fez minhas pernas fraquejaram.“Precisamos comemorar! Ontem à noite, depois de uma noite de amor, Bruno e eu decidimos... marcar a data do casamento!” Aquelas palavras bateram em meus ouvidos como um trovão. O ar parecia rarefeito, e tudo ao meu redor ficou em câmera lenta. Eu olhei para Bruno. Ele abaixou a cabeça, desviando o olhar, como se quisesse se esconder da vergonha que aquele momento trazia. “Data do casamento? Meu filho, isso é verdade?” A voz de Leila, firme e desconfiada, ecoou pela sala. Débora, sem dar espaço para qualquer hesitação, respondeu com um sorriso cortante. “Claro que é verdade, Leila! Não é magnífico?” Ela ergueu a garrafa como se estivesse em um brinde triunfal. “Tomei a liberdade de pegar uma champanhe na sua ade
**Maria Silva**“Bruno…”“Preciso de você, Maria.”“Eu quero você.” Sussurrei quase sem forças.Deitei-me entre as parreiras, com os dedos roçando as folhas ásperas e os olhos fixos no céu tingido de tons dourados e lilases. Sentia o calor da terra sob meu corpo e o toque suave de Bruno ao meu lado. Aquelo era uma loucura. Ele me observava, os olhos tão profundos quanto o oceano, mas havia algo neles que ia além do desejo. Algo que me chamava, me prendia e me assustava.“Eu a amo, Maria.”Eu não queria ceder, não queria me perder nele novamente, mas quem não se perderia com um homem que diz com todas as letras que a ama? A história de Bruno era muito mais complicada do que eu havia imaginado. A sombra de Matheus, Débora e Gabriel pairava sobre nós como nuvens ameaçadoras, e eu não sabia se era capaz de enfrentar aquela tempestade."Maria..." Ele sussurrou, sua voz carregando um peso que parecia roubar todo o ar ao nosso redor enquanto me despia."Não posso, Bruno." Minha voz soou mais
**Maria Silva**A tensão no ar era palpável, e o impacto do soco de Bruno na mesa ecoou como um trovão. O som dos talheres chocando-se contra os pratos intensificou o desconforto, deixando todos à mesa inquietos. Todos os olhares se voltaram para ele, mas os seus olhos verdes, fulminantes como uma tempestade em fúria, estavam cravados em mim. Era impossível desviar ou ignorar aquele olhar carregado de emoção. “Bruno desta vez quem toma a decisão sou eu.”“Por que você quer ficar na fazenda, Maria?” ele perguntou, sua voz grave cortando o som ambiente como uma lâmina. Levantei o olhar, encontrando os olhos dele, cheios de confusão e raiva. Suspirei, já prevendo que essa conversa não terminaria bem. “Heitor me ofereceu um emprego, Bruno. Um trabalho de secretária, algo que eu nunca conseguiria fora daqui sem ter estudado.”“Você não precisa trabalhar.”Antes que eu pudesse continuar, Débora, com sua voz estridente e
**Maria Silva**Os dois dias passaram como um borrão, e eu ainda tentava absorver tudo o que acontecera. Estar na fazenda, longe da correria e das lembranças de onde eu vim, deveria ser um alívio. Mas, ao contrário, meu coração estava dividido, uma mistura de ansiedade e dor. Eu sabia que essa decisão traria consequências, que talvez nunca mais houvesse um caminho de volta. Nunca mais houvesse uma história com Bruno.O ronco distante das hélices do avião começou a se intensificar, sinalizando que a hora estava chegando. Eu estava na varanda, observando ao longe a poeira fina que dançava no ar, levantada pelo vento. Benício brincava ao meu lado, alheio a tudo, e eu tentava manter a compostura. Mas o aperto no meu peito não dava trégua. Leila foi a primeira a vir até mim, sua expressão gentil, mas firme. Ela não parecia ali apenas como a mãe de Bruno, mas como uma mulher que entendia exatamente o que eu estava sentindo. “Mari
**Maria Silva**O aroma das flores do campo misturava-se com o ar fresco da manhã, enquanto eu olhava para a imensidão da fazenda. Uma semana havia se passado desde que a família Alcântara e Leão deixou a casa, era impossível ignorar a saudade que preenchia os dias. Benício sentia falta dos avós e do tio Bruno, e isso me tocava de uma maneira que eu não sabia explicar. Já Débora... Bem, essa era a única ausência que ninguém parecia lamentar. Os dias ali haviam se transformado em momentos de conexão entre mim e Benício. Criamos novas memórias: caminhávamos entre as árvores, ríamos enquanto ele tentava pescar no lago e aproveitamos cada canto daquele paraíso. Ele era minha prioridade, especialmente depois de tudo o que passamos com o transplante de rim. A cada risada e cada momento juntos, eu sentia que estávamos mais fortes, mais unidos. Hoje era um dia importante. Iríamos ao médico para o exame de rotina de Benício, e eu estava ansiosa. Desde o transplante, cada consulta era uma m