**Maria Silva**Ao amanhecer, senti uma calma estranha, como se algo em mim estivesse decidido a mudar. Eu estava ansiosa, não podia negar. A enfermeira me garantiu que cuidaria bem de Benício enquanto eu estivesse fora, e eu sabia que precisava desse tempo para espairecer. Ou iria enlouquecer. Embora meu coração estivesse pesado, não pude evitar a sensação de alívio por ter algumas horas longe das tensões da casa.Troquei de roupa, tentando me convencer de que aquele passeio com Heitor seria uma forma de fugir de tudo, mesmo que por algumas horas. Assim que abri a porta do meu quarto, dei de cara com Bruno no corredor, como se o destino tivesse traçado esse encontro ou que a bola de cristal dele estava ligada. Ele estava saindo do quarto, e quando nossos olhares se cruzaram, o desejo de falar com ele se misturou ao medo. Não havia como evitar. Ele se aproximou com uma expressão séria, determinada, mas eu sabia que suas palavras seriam tanto um alívio quanto uma tortura."Maria, preci
**Maria Silva**A mão de Heitor acariciava meu rosto, o toque dele era cálido e provocante, como se quisesse fazer surgir ali uma faísca inevitável. Ele se aproximou, e meus lábios se entreabriram em expectativa. Seus olhos fixos nos meus pareciam contar histórias silenciosas, trazendo algo de suave e tentador ao mesmo tempo. Senti o coração bater mais rápido, e naquele instante me perdi, querendo sentir o gosto dele, o calor do beijo que parecia se aproximar lentamente.Mas Heitor se afastou, me olhando com um brilho nos olhos. De alguma forma, ele sabia exatamente como mexer comigo sem ultrapassar os limites.“O que acha de pedirmos uma pizza?” Ele falou, rompendo a tensão que crescia entre nós. A voz dele soava despreocupada, mas eu podia jurar que por trás daquele convite havia o mesmo desejo que eu sentia.“Eu acho…” murmurei, sem saber ao certo como responder. E antes que pudesse acrescentar qualquer coisa, senti o peso do sono dominar meu corpo. Em um instante, tudo escureceu.
**Maria Silva ** Levantei-me do sofá, sentindo o olhar de Bruno me perfurar. Ele estava furioso, mas eu não movi um músculo para me explicar. Por que deveria? Nada que eu dissesse mudaria a maneira como ele já havia decidido me julgar. Eu ajeitei minha roupa, ignorando sua expressão severa, e olhei para Heitor, que, com um suspiro pesado, se levantou. "Ontem ficou tarde, e achei melhor que Maria descansasse por aqui. Foi só isso, Bruno." A voz de Heitor era firme, não dando vazão para discussões. Ele não mencionou minha bebedeira, as conversas ou qualquer outra coisa. Apenas aquilo que era necessário. Bruno, no entanto, não se dava por satisfeito. Seus olhos continuavam faiscando. "Fiquei preocupado. Vocês não voltaram, não avisaram, passaram a noite fora... Decidi vir até aqui para ver se estava tudo bem. Mas pelo visto, a situação era... bem diferente do que eu imaginava. Belo amigo você Heitor." A insinuação foi clara, mas eu apenas ergui o queixo. Não era uma surpresa que
**Maria Silva** A tensão no ar estava palpável. Heitor estava nervoso e com pressa, levou Benício com cuidado para dentro do carro, mas algo estava muito errado, eu podia sentir. O que tinha acontecido? Por que ele parecia tão preocupado? O rosto de Heitor estava mais sério do que eu jamais o tinha visto. Ele mantinha os olhos na estrada, mas suas mãos no volante estavam tensas. Eu não aguentava mais. Não sabia o que fazer com tanto medo, com tanta incerteza. "Heitor, o que aconteceu?" Perguntei, minha voz tremendo com medo da resposta. Será que aconteceu algo com Bruno. Ele demorou alguns segundos para responder, e o silêncio dentro do carro foi quase insuportável. Quando ele finalmente falou, minha respiração falhou. "O avião onde Leila, o pai de Bruno e a sua madrinha estavam..." Heitor pausou, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas e eu pensei que fosse desmaiar ali mesmo. "Eles tiveram uma pane no motor e precisaram fazer um pouso forçado. Estão em uma cid
Maria Silva** A lâmina da faca pressionava meu pescoço, e cada segundo parecia uma eternidade. Débora estava fora de si, os olhos brilhando com uma mistura de desespero e obsessão. A forma como ela se mexia. Talvez fosse amor por Bruno, ou talvez algo mais sombrio: a incapacidade de aceitar que ele pudesse ser feliz com outra pessoa. E que ele a deixasse. Talvez quando ela terminou com ele, pensou que o homem iria atrás dela, mas não, ele não foi. Ele não queria Débora. Era o que ele dizia. "Débora, pare com isso. Eu não vou mais interferir entre você e Bruno." Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, mas dentro de mim o pânico crescia. "Eu te avisei tantas vezes, ratinha. Mas você não me ouviu. Por que você ainda está com ele? Por quê?" Ela gritou. A ponta da faca arranhou levemente minha pele, e eu segurei o ar, tentando não demonstrar medo. "Eu só estou aqui porque o meu filho precisava. Eu não queria perder meu filho e Bruno foi a única alternativa. Além de estarmos todo
**Maria Silva** Minha madrinha tirou um celular da bolsa e o estendeu para mim. Eu sabia que aceitar aquele telefone poderia ser um risco enorme para a família Alcântara e Leão, já que todos nós estávamos sendo “caçados”. Mas também não podia ignorar a curiosidade que me corroía por dentro. Precisava saber o que havia naquela mensagem que ela mencionara. “Você viu o que ele escreveu?” Ela perguntou em um tom alarmado. “Isso me deixou muito assustada.” “Sim, madrinha, eu vi.” Respondi, tentando manter a calma. “Mas Gabriel não sabe onde estamos.” “Eu pensei que ele fosse um príncipe encantado, mas esse homem me dá medo.” Ela suspirou, preocupada. “Se afaste dele, Maria. Ninguém sabe do que ele é capaz.” “É exatamente o que eu vou fazer.” Respondi, com firmeza. “Eu também pensei que ele fosse um príncipe, mas ele não é. Gabriel parece ser obsessivo e não gostei das atitudes dele, agora que tenho provas concretas da obsessão e loucura. Preciso me livrar dele.” “Fico aliviada
**Bruno Alcântara e Leão**Eu ainda estava processando o que tinha acabado de ver. Maria, com aquele sorriso genuíno, conversava animadamente com Heitor, e eu não podia deixar de reparar no jeito como ele a olhava. Tinha algo ali, algo que eu não queria aceitar. Quando ele segurou a mão dela, meu coração parou por um segundo. Mas quando ela o abraçou, desta vez eu me despedacei. Será que ela é uma atriz? Será que eu tinha me enganado esse tempo todo? E me enganou sobre seus sentimentos?Eu não sou um homem que se abala facilmente, mas naquele momento me senti um garoto inseguro. Toda a força que eu sempre exibi, toda a confiança, parecia ter evaporado. Um juiz que sempre escondia seus sentimentos, onde esse homem foi parar. Eu estava abalado. Como ela podia estar tão próxima de Heitor? Ele era meu amigo, meu confidente, e agora... isso? “Meu amor, o que está fazendo aqui fora?” Senti uma mão em meu ombro e não precisei virar para saber quem era.Débora. Sempre Débora, como uma sombr
**Maria Silva**A sala estava em alvoroço. Débora, com uma garrafa de champanhe nas mãos, ocupava o centro da cena como uma atriz em sua estreia triunfante. Sua voz aguda cortava o ar, anunciando uma notícia que parecia inacreditável. E que fez minhas pernas fraquejaram.“Precisamos comemorar! Ontem à noite, depois de uma noite de amor, Bruno e eu decidimos... marcar a data do casamento!” Aquelas palavras bateram em meus ouvidos como um trovão. O ar parecia rarefeito, e tudo ao meu redor ficou em câmera lenta. Eu olhei para Bruno. Ele abaixou a cabeça, desviando o olhar, como se quisesse se esconder da vergonha que aquele momento trazia. “Data do casamento? Meu filho, isso é verdade?” A voz de Leila, firme e desconfiada, ecoou pela sala. Débora, sem dar espaço para qualquer hesitação, respondeu com um sorriso cortante. “Claro que é verdade, Leila! Não é magnífico?” Ela ergueu a garrafa como se estivesse em um brinde triunfal. “Tomei a liberdade de pegar uma champanhe na sua ade