Todos os músculos do meu corpo estavam tremendo, a firmeza com que Ethan falou do meu maior medo era admirável, embora eu não acreditasse que ele conseguiria convencer o meu marido teimoso de ficar em casa eu joguei o cigarro fora na mesma hora e entrei logo atrás dele, se ele conseguisse eu seria eternamente grata.
“Ethan!” - gritou Luke e logo se levantou para dar um abraço no irmão, dava para ver a conexão deles apenas por aquele gesto.
- Olá irmão suicida! – disse Ethan debochando da cara do irmão – ainda bem que te peguei vivo!
Eu não podia deixar de sorrir, o cara falou o que eu queria gritar a plenos pulmões sem nenhum problema.
Ethan era um tipo atlético, tinha o cabelo maior do que o do irmão, apesar dos olhos iguais as personalidades eram avessas, dava para ver no rosto dele, em suas expressões e principalmente na forma despreocupada como ele parecia agir com a vida.
- Não começa Ethan! Você mal chegou e já está caçando uma confusão! – disse o meu sogro com uma cara de poucos amigos para o próprio filho, era óbvio que ele era a ovelha negra da família.
Eu era esposa de Ethan, e nunca na vida tinha visto o meu cunhado pessoalmente.
O que posso entender disso é que ele se mandou no momento em que teve chance daquele umbigo do mundo e foi viver experiências que eu e Luke nunca viveríamos em nosso interior confortável.
- Deixa o Ethan pai, é só uma provocação de irmão! – defendeu Luke, ofereceu o seu sorriso lindo ao irmão e disse – Eu senti sua falta palhaço, tem mesmo que levar tanto tempo para aparecer na cidade?
- Eu pretendia nunca mais voltar, o que me fez vir foi o recado da mamãe.
Aquilo me pegou de assalto, ou seja, Luke já tinha dito para a sua mãe que tinha se alistado, provavelmente aquela Julieera recebeu a droga da notícia muito mais cedo do que eu!
Eu olhei diretamente para os olhos de Luke que me encarava sem graça.
A verdade é que eu estava tão nervosa que eu nem notei que Ethan já tinha deixado subentendido em nossa pequena conversa lá fora.
- Então você já sabia Patrícia? – eu disse olhando para ela.
- Claro que sim! Eu sou mãe do Luke... E não precisa fazer essa cara Julie, eu sou mãe dele! – ela disse arrogante.
- Sim, e essa é a minha casa... E essa noite acabou! – eu disse gritando – Acabou!
- JULIE! – gritou a minha mãe.
- Todo mundo para fora! Eu não aguento mais essa noite, e sinceramente eu quero que todo mundo que concorda com essa missão do Luke saia da minha casa, inclusive você Luke! – eu disse olhando firme para ele
- Julie, meu amor, se acalma! – ele chegou mais perto
Ethan olhava a cena todo com um pouco de humor, e isso estava me deixando irritada demais para continuar ignorando.
- E você... eu nem te conheço e você está com essa cara de paspalho rindo do meu surto? – eu disse com o choro preso na minha garganta.
- Eu não estou rindo de você e sim com você, eu disse a mesma coisa a mamãe... – disse Ethan olhando para o irmão – Mas acho que podemos conversar disso amanhã, certo Luke?
Luke não respondeu, apenas fez que sim com a cabeça com o rosto parecendo um tomate de tão vermelho.
- Vamos todos... – disse Ethan enquanto minha mãe colocava a droga da mão no rosto me reprovando por minhas atitudes, meu pai continuava o seu ritual de levantar a lata de cerveja quente, ignorando completamente o mundo externo!
Minha irmã encarava Ethan com tanta voracidade que me dava nojo.
- Eu vou mesmo, não fico onde não sou bem-vinda! – disse Patrícia me encarando enquanto o meu sogro submisso demais para mandar a sua esposa Julie era á merda!
- Amanhã vejo vocês para uma cerveja! – disse Ethan dando mais um abraço no irmão, foram tantos que começaram a fazer sentido apenas como despedida.
- Nos vemos amanhã eu vou enfrentar uma fera agora! – disse Luke tentando manter um sorrisinho tonto no rosto.
- PARA FORA, TODO MUNDO! – gritei de novo
- E você Ethan, quer ir hoje tomar uma cerveja? – Disse Ashley a minha irmã corrimão.
- Façam o que quiserem só saiam da droga da minha casa!
Eu estava irritada, eu estava avessa a qualquer contato humano, e a cara de riso de Luke não estava me ajudando em nada.
Assim que fechei a porta atrás de mim ele me segurou bem forte, de costas sem deixar que eu me virasse para encará-lo.
- Não estou com vontade de alguma palhaçada Luke! – eu disse me soltando dele.
- Eu sei que você está nervosa, mas olha para mim Julie – ele me puxou mais uma vez – eu já prometi que eu vou voltar vivo!
- Você não pode prometer nada disso Luke, você não pode ter certeza de que não vai acontecer alguma coisa muito ruim, eu consigo sentir, consigo sentir nos meus ossos! – eu disse já começando a soluçar, eu não era chorona, mas aquela situação em particular estava difícil de lidar. Tudo dentro de mim doía de uma forma que me fazia querer morrer.
- Eu te amo! – ele segurou o meu rosto – eu sou completamente louco por você e eu vou fazer de tudo todos os dias para te ver de novo, acredita em mim Julie! – ele quase nunca dizia o meu nome, só quando queria chamar a minha atenção para algo grave.
Eu não consegui responder, as lágrimas iam descendo as minhas emoções iam ficando a mil e o meu coração ia se desfalecendo aos poucos.
Eu tinha um sexto sentido, eu sabia que aquele fato ia mudar a minha vida para sempre, não iríamos passar por aquilo sem que deixasse uma marca enorme no meu peito e no peito de Luke.
Eu conseguia prever o futuro e ele não seria bom.
- Eu te amo... Minha Julie – ele segurou os meus cabelos e beijou a minha boca, o gosto de vinho passou da boca dele para mim e entorpeceu todos os meus sentidos.
- Eu queria odiar você! – eu olhando os olhos dele.
- O que mais me dói é saber que você gostaria mesmo! – sorriu meio melancólico ao mesmo tempo que a campainha tocou.
Eu já estava na frente da porta então atendi prontamente.
- Oi, eu trouxe algumas cervejas e uns amendoins, querem beber comigo? – disse Ethan parado na porta.
Ok, eu deixei o cara entrar, era irmão do meu marido e tudo o que eu queria era alguém para convencer Luke de ficar ao meu lado, naquela cidade pequena, talvez ter dois filhos, participar dos eventos sociais e viver o mesmo dia várias vezes, mesmo que nós estivéssemos juntos.
Nos sentamos no jardim, e eu juro que não demorou nem dez minutos para entender o motivo pelo qual o tal Ethan não tinha uma grande amizade com o irmão.O cara era um tremendo de um idiota.E ele nem disfarçava a arrogância.- E então, o que vocês fazem aqui em Deus me livre? – disse ele sempre se dirigindo ao irmão, como se eu fosse apenas um fantasma assombrando uma conversa totalmente privada.- Não fala assim, eu adoro isso aqui! Eu amo minha vida Ethan! – disse Luke- Você poderia ter sido grande Tom, poxa irmão, você faz cálculos matemáticos mais rápido do que uma calculadora, e escolheu ficar aqui nesse fim de mundo por absolutamente nada! – disse Ethan, eu nem sabia o que ele fazia da vida, nem como ele vivia, mas as críticas a nossa bolha perfeita de vida estavam me incomodando demais.- Eu tive um motivo muito bom para ficar aqui... como é mesmo que você disse? – debochou Luke- Deus me livre! – disse Ethan rindo- Isso mesmo, tive um ótimo motivo para ficar aqui! – ele deu
Eu subi as escadas irritada, batendo os pés e sentindo um frio percorrer toda a minha espinha, aquela era uma sensação tão diferente para mim. Eu não sabia lidar com as minhas emoções direito, parecia uma adolescente ansiosa.Eu me deitei na cama e fiquei encarando o teto, vendo a noite toda passar diante dos meus olhos sem nem sequer considerar pregar os meus olhos, tudo o que estava dentro de mim era ódio, como ele tinha o direito de criticar a vida que eu e Luke polimos com tanta verdade por todo esse tempo?Eu poli com perfeição a rotina da minha vida, eu era uma esposa, eu era uma pessoa invejada por aquele pequeno bairro pelo menos.Eu passei a noite em claro, quando Luke acordou ele me deu o beijo mais doce do mundo e eu sabia que toda a palhaçada e ansiedade da noite passada era só provocação de alguém triste, eu nem deveria levar em consideração.Pelo menos eu estava tentando me convencer disso fortemente.- Vamos levantar...E apaziguar a família Flitch?- Está se referindo a
Eu estava morrendo de medo do que poderia acontecer, eu tinha medo do quão longe poderia ir à quantidade de química que havia ficado na minha pele desde que Ethan me tocou.Aquilo era um crime.O meu marido ia para a guerra e não havia nada a ser feito nesse caso a não ser chorar compulsivamente sobre todas as coisas.- Julie, eu não disse que resolveria as coisas para você? eu já tomei as minhas decisões, já deixei tudo esquematizado! – disse Luke olhando na minha cara como se eu fosse uma tremenda de uma maluca.- O que você deixou arrumado Luke? Me diga! Acho que é mais fácil assim, onde estão os papéis do nosso seguro feito para funerais? – comecei a andar pelo cômodo mexendo em todas as gavetas, tentando fazer alguma coisa com a minha frustração.- Julie, para! Olha para mim! – disse ele segurando o meu braço bem forte, olhou nos meus olhos mais uma vez e sussurrou – se acalme! Respira fundo!Luke levou mais 4 meses para partir para a guerra, Ethan levou apenas uma semana após es
Eu subi naquela moto pensando em tudo o que eu havia perdido, mas por dois segundos apenas, quando o vento bateu diretamente no meu rosto e eu pensei que minha vida poderia ser diferente da caixa onde eu havia vivido nos últimos meses, eu só precisava colocar a minha cabeça no lugar.Mas a tristeza não deixava, ela apertava o meu peito mais do que eu pretendia!Quando chegamos na porta daquele bar imundo na saída da cidade eu respirei fundo três vezes antes de entrar, uma moça de família JAMAIS faria algo assim.- Tudo bem Julie? – disse Ethan me olhando de cima abaixo.- Sim é só que eu nunca entrarei em um lugar desses – eu disse um pouco sem graça.- Sim nunca pensou também que o seu marido fosse morrer, não é? A situação é essa... Vai entrar comigo e tomar um porre ou não? – disse ele sendo o mesmo chato incisivo com tudo que eu havia conhecido e desgostado no mesmo segundo.- Eu entendi, dá para parar de jogar a morte do seu irmão na minha cara? – eu disse olhando em seus olhos
Eu não pensei em nada, não havia o que pensar, só havíamos nós dois. Uma noite quente, um rio e nossos corpos se tocando.Quando senti o primeiro gemido alto escapando da minha boca eu sorri sem perceber, a tempo de sentir os dedos de Ethan dentro de mim me instigando, me perseguindo, me tirava do eixo me levava ao inferno de tanto calor.Olhei dentro dos olhos dele e ele mordeu os meus lábios me olhando como o próprio diabo, tirou a mãos de dentro da minha buceta para segurar forte o meu cabelo ainda olhando para mim.Eu conseguia sentir a ereção dele roçando enquanto ele me beijava chupando os meus lábios e me invadindo com sua língua deliciosa.- Você quer que eu pare? – falou mais ofegante ainda- NÃO! – acredito que foi o não mais sonoro que eu já falei em toda a minha vida. Era um não desesperado um não cheio de desejo e tesão, um não que saiu do fundo da minha alma para a minha garganta.Aquele não foi o que abriu as minhas narinas para eu respirar.Ethan me soltou apenas para
Eu esperei a semana inteira por uma ligação de Ethan.Eu não sabia os meus motivos, eu não entendia as minhas limitações e o luto me pegou em cheio.Eu fiquei deitada tomando sorvete e olhando em volta, sentindo aquele vazio existencial.O vazio pelo Luke a culpa por ter transado com o irmão dele sem nem ter conseguido enterrar o seu corpo.Todas essas informações iam se concentrando na minha cabeça ao ponto de me enlouquecer.Eu o mandei embora.Eu tinha que ter isso muito claro na minha cabeça, eu não tinha nenhum direito de estar pensando em todas essas coisas e ainda por cima me fazer de vítima.Eu me coloquei na posição de vilã, que era o que me competia naquele momento.Minha campainha tocou, e eu me levantei sem jeito arrumando o meu coque horrível e tentando limpar pelo menos um pouco das remelas grudadas no meu olho misturadas com o meu choro.Eu abri a porta lentamente, era como se eu tivesse esperança de encontrar algum presente ali.- Ah meu Deus – disse Olívia olhando nos
Eu me apeguei aquilo, tomei um banho e fui enfrentar com coragem o que minha mãe estava fazendo, eu não consigo explicar, a fúria que cresceu dentro de mim quando soube daquela homenagem ridícula era tão forte que eu podia facilmente matar alguém.- Vamos – disse minha prima, apressada para um escândalo da família que não foi ela quem causou.- Eu só estou passando um rímel, estou com cara de doente.- Esse rímel, é só para enfrentar a sua mãe ou é por conta do irmão gosto do seu marido morto?- Para com isso, estou indo honrar a memória do Luke! – eu disse entredentesEu sabia que era mentira, Luke adorava esse tipo de holofote e só isso justificaria que ele fosse atrás de uma maldita farda.Honra, justiça e todo o blá blá blá que ele falava incessantemente com o meu pai e com o pai dele ficavam em primeiro lugar. Ele teria adorado saber que penduraram uma maldita bandeira com a foto dele em algum quintal, mas eu ia ignorar esse fato.Eu pensei sobre o orgulho dele com aquela situaçã
A dor era algo que estava me fazendo mal, eu sabia que eu não estava sendo eu mesma. Eu sabia que isso voltaria para me assombrar em algum momento. A cidade pequena não me ajudava nesse quesito. - Julie está tudo bem? - Disse minha prima olhando dentro dos meus olhos. - Eu estou mais do que bem, eu só quero sair daqui o mais rápido possível. Eu reconheci os passos atrás de mim impediatamente.- Julie o que você fez lá dentro... - A mão quente sob os meus ombros me tiraram do eixo, eu reconheci assim como reconheci os passos. Eu o sentia com uma facilidade que eu nunca senti ninguém em toda a minha vida. - Você está participando dessa palhaçada? - eu disse ainda revoltada com toda aquela situação. - Lógico que não! - disse Ethan parecendo indignado - Eu não faria algo Assim, eu sou o primeiro a deixar clara a minha raiva de toda essa merda. Mas você... - Ele passou a mão em meu rosto - Você foi muito corajosa! - Eu não precisei de coragem para acabar com a minha vida Ethan, só