Eu estava morrendo de medo do que poderia acontecer, eu tinha medo do quão longe poderia ir à quantidade de química que havia ficado na minha pele desde que Ethan me tocou.Aquilo era um crime.O meu marido ia para a guerra e não havia nada a ser feito nesse caso a não ser chorar compulsivamente sobre todas as coisas.- Julie, eu não disse que resolveria as coisas para você? eu já tomei as minhas decisões, já deixei tudo esquematizado! – disse Luke olhando na minha cara como se eu fosse uma tremenda de uma maluca.- O que você deixou arrumado Luke? Me diga! Acho que é mais fácil assim, onde estão os papéis do nosso seguro feito para funerais? – comecei a andar pelo cômodo mexendo em todas as gavetas, tentando fazer alguma coisa com a minha frustração.- Julie, para! Olha para mim! – disse ele segurando o meu braço bem forte, olhou nos meus olhos mais uma vez e sussurrou – se acalme! Respira fundo!Luke levou mais 4 meses para partir para a guerra, Ethan levou apenas uma semana após es
Eu subi naquela moto pensando em tudo o que eu havia perdido, mas por dois segundos apenas, quando o vento bateu diretamente no meu rosto e eu pensei que minha vida poderia ser diferente da caixa onde eu havia vivido nos últimos meses, eu só precisava colocar a minha cabeça no lugar.Mas a tristeza não deixava, ela apertava o meu peito mais do que eu pretendia!Quando chegamos na porta daquele bar imundo na saída da cidade eu respirei fundo três vezes antes de entrar, uma moça de família JAMAIS faria algo assim.- Tudo bem Julie? – disse Ethan me olhando de cima abaixo.- Sim é só que eu nunca entrarei em um lugar desses – eu disse um pouco sem graça.- Sim nunca pensou também que o seu marido fosse morrer, não é? A situação é essa... Vai entrar comigo e tomar um porre ou não? – disse ele sendo o mesmo chato incisivo com tudo que eu havia conhecido e desgostado no mesmo segundo.- Eu entendi, dá para parar de jogar a morte do seu irmão na minha cara? – eu disse olhando em seus olhos
Eu não pensei em nada, não havia o que pensar, só havíamos nós dois. Uma noite quente, um rio e nossos corpos se tocando.Quando senti o primeiro gemido alto escapando da minha boca eu sorri sem perceber, a tempo de sentir os dedos de Ethan dentro de mim me instigando, me perseguindo, me tirava do eixo me levava ao inferno de tanto calor.Olhei dentro dos olhos dele e ele mordeu os meus lábios me olhando como o próprio diabo, tirou a mãos de dentro da minha buceta para segurar forte o meu cabelo ainda olhando para mim.Eu conseguia sentir a ereção dele roçando enquanto ele me beijava chupando os meus lábios e me invadindo com sua língua deliciosa.- Você quer que eu pare? – falou mais ofegante ainda- NÃO! – acredito que foi o não mais sonoro que eu já falei em toda a minha vida. Era um não desesperado um não cheio de desejo e tesão, um não que saiu do fundo da minha alma para a minha garganta.Aquele não foi o que abriu as minhas narinas para eu respirar.Ethan me soltou apenas para
Eu esperei a semana inteira por uma ligação de Ethan.Eu não sabia os meus motivos, eu não entendia as minhas limitações e o luto me pegou em cheio.Eu fiquei deitada tomando sorvete e olhando em volta, sentindo aquele vazio existencial.O vazio pelo Luke a culpa por ter transado com o irmão dele sem nem ter conseguido enterrar o seu corpo.Todas essas informações iam se concentrando na minha cabeça ao ponto de me enlouquecer.Eu o mandei embora.Eu tinha que ter isso muito claro na minha cabeça, eu não tinha nenhum direito de estar pensando em todas essas coisas e ainda por cima me fazer de vítima.Eu me coloquei na posição de vilã, que era o que me competia naquele momento.Minha campainha tocou, e eu me levantei sem jeito arrumando o meu coque horrível e tentando limpar pelo menos um pouco das remelas grudadas no meu olho misturadas com o meu choro.Eu abri a porta lentamente, era como se eu tivesse esperança de encontrar algum presente ali.- Ah meu Deus – disse Olívia olhando nos
Eu me apeguei aquilo, tomei um banho e fui enfrentar com coragem o que minha mãe estava fazendo, eu não consigo explicar, a fúria que cresceu dentro de mim quando soube daquela homenagem ridícula era tão forte que eu podia facilmente matar alguém.- Vamos – disse minha prima, apressada para um escândalo da família que não foi ela quem causou.- Eu só estou passando um rímel, estou com cara de doente.- Esse rímel, é só para enfrentar a sua mãe ou é por conta do irmão gosto do seu marido morto?- Para com isso, estou indo honrar a memória do Luke! – eu disse entredentesEu sabia que era mentira, Luke adorava esse tipo de holofote e só isso justificaria que ele fosse atrás de uma maldita farda.Honra, justiça e todo o blá blá blá que ele falava incessantemente com o meu pai e com o pai dele ficavam em primeiro lugar. Ele teria adorado saber que penduraram uma maldita bandeira com a foto dele em algum quintal, mas eu ia ignorar esse fato.Eu pensei sobre o orgulho dele com aquela situaçã
A dor era algo que estava me fazendo mal, eu sabia que eu não estava sendo eu mesma. Eu sabia que isso voltaria para me assombrar em algum momento. A cidade pequena não me ajudava nesse quesito. - Julie está tudo bem? - Disse minha prima olhando dentro dos meus olhos. - Eu estou mais do que bem, eu só quero sair daqui o mais rápido possível. Eu reconheci os passos atrás de mim impediatamente.- Julie o que você fez lá dentro... - A mão quente sob os meus ombros me tiraram do eixo, eu reconheci assim como reconheci os passos. Eu o sentia com uma facilidade que eu nunca senti ninguém em toda a minha vida. - Você está participando dessa palhaçada? - eu disse ainda revoltada com toda aquela situação. - Lógico que não! - disse Ethan parecendo indignado - Eu não faria algo Assim, eu sou o primeiro a deixar clara a minha raiva de toda essa merda. Mas você... - Ele passou a mão em meu rosto - Você foi muito corajosa! - Eu não precisei de coragem para acabar com a minha vida Ethan, só
Eu fui com eles. Mas eu era como uma bomba de luto por todos os lugares, minha prima foi dançar e eu e Ethan ficamos em um silêncio constrangedor na mesa. O silêncio era tão alto que fiquei nervosa o suficiente para não ouvir o som dos meus próprios pensamentos. Eu queria permanecer no silêncio desconfortável, mas Ethan parecida ter uma ideia diferente para aquele momento. - Nós podemos conversar? - Disse ele me olhando com aqueles olhos cheios de poesia. O olhar era triste, mas as cores chamavam minha atenção. As linhas que se formavam ao redor de sua iris era clara e dava a ele o ar de mistério que ele preservava a todo custo. - O que temos que conversar?! - Eu estava me fazendo de idiota, isso é óbvio, mas eu estava tentando ao menos proteger os meus ouvidos e minha mente do que viria depois com aquele assunto vindo a tona. Ele me olhava com um olhar indescritível, eu poderia usar todas as palavras disponíveis para isso, mas eu não conseguiria. - Eu sei que você não está
Aquela seria a minha maior aventura, quem diria que eu passaria por isso algum dia?Eu estava vivendo, e só se eu fosse maluca eu permaneceria naquela cidade ao invés de ir com Ethan.Eu não avisei ninguém, subi na garupa da moto sem nem ao menos saber para onde eu estava indo.Eu me diverti com a ideia do vento batendo nos meus cabelos, me diverti com a ideia de estar fazendo algum tipo de travessura que faria cada pelo do corpo da minha mãe se arrepiar.Eu era uma adolescente novamente e de repente aquele luto todo foi saindo das minhas costas a medida que a moto acelerava na rodovia molhada pela chuva. Chegamos finalmente a um hotelzinho barato de beira de estrada. A verdade é que eu nem sabia o que eu ia fazer com aquela informação toda correndo pelas minhas veias.A adrenalina do momento me fazia sentir viva, ao mesmo tempo que eu me sentia mal por isso eu conseguia sorrir no meio de tudo, sabendo talvez, que meu marido, morto, iria se divertir se estivesse ali.E tudo ficava m