Eu esperei a semana inteira por uma ligação de Ethan.Eu não sabia os meus motivos, eu não entendia as minhas limitações e o luto me pegou em cheio.Eu fiquei deitada tomando sorvete e olhando em volta, sentindo aquele vazio existencial.O vazio pelo Luke a culpa por ter transado com o irmão dele sem nem ter conseguido enterrar o seu corpo.Todas essas informações iam se concentrando na minha cabeça ao ponto de me enlouquecer.Eu o mandei embora.Eu tinha que ter isso muito claro na minha cabeça, eu não tinha nenhum direito de estar pensando em todas essas coisas e ainda por cima me fazer de vítima.Eu me coloquei na posição de vilã, que era o que me competia naquele momento.Minha campainha tocou, e eu me levantei sem jeito arrumando o meu coque horrível e tentando limpar pelo menos um pouco das remelas grudadas no meu olho misturadas com o meu choro.Eu abri a porta lentamente, era como se eu tivesse esperança de encontrar algum presente ali.- Ah meu Deus – disse Olívia olhando nos
Eu me apeguei aquilo, tomei um banho e fui enfrentar com coragem o que minha mãe estava fazendo, eu não consigo explicar, a fúria que cresceu dentro de mim quando soube daquela homenagem ridícula era tão forte que eu podia facilmente matar alguém.- Vamos – disse minha prima, apressada para um escândalo da família que não foi ela quem causou.- Eu só estou passando um rímel, estou com cara de doente.- Esse rímel, é só para enfrentar a sua mãe ou é por conta do irmão gosto do seu marido morto?- Para com isso, estou indo honrar a memória do Luke! – eu disse entredentesEu sabia que era mentira, Luke adorava esse tipo de holofote e só isso justificaria que ele fosse atrás de uma maldita farda.Honra, justiça e todo o blá blá blá que ele falava incessantemente com o meu pai e com o pai dele ficavam em primeiro lugar. Ele teria adorado saber que penduraram uma maldita bandeira com a foto dele em algum quintal, mas eu ia ignorar esse fato.Eu pensei sobre o orgulho dele com aquela situaçã
A dor era algo que estava me fazendo mal, eu sabia que eu não estava sendo eu mesma. Eu sabia que isso voltaria para me assombrar em algum momento. A cidade pequena não me ajudava nesse quesito. - Julie está tudo bem? - Disse minha prima olhando dentro dos meus olhos. - Eu estou mais do que bem, eu só quero sair daqui o mais rápido possível. Eu reconheci os passos atrás de mim impediatamente.- Julie o que você fez lá dentro... - A mão quente sob os meus ombros me tiraram do eixo, eu reconheci assim como reconheci os passos. Eu o sentia com uma facilidade que eu nunca senti ninguém em toda a minha vida. - Você está participando dessa palhaçada? - eu disse ainda revoltada com toda aquela situação. - Lógico que não! - disse Ethan parecendo indignado - Eu não faria algo Assim, eu sou o primeiro a deixar clara a minha raiva de toda essa merda. Mas você... - Ele passou a mão em meu rosto - Você foi muito corajosa! - Eu não precisei de coragem para acabar com a minha vida Ethan, só
Eu fui com eles. Mas eu era como uma bomba de luto por todos os lugares, minha prima foi dançar e eu e Ethan ficamos em um silêncio constrangedor na mesa. O silêncio era tão alto que fiquei nervosa o suficiente para não ouvir o som dos meus próprios pensamentos. Eu queria permanecer no silêncio desconfortável, mas Ethan parecida ter uma ideia diferente para aquele momento. - Nós podemos conversar? - Disse ele me olhando com aqueles olhos cheios de poesia. O olhar era triste, mas as cores chamavam minha atenção. As linhas que se formavam ao redor de sua iris era clara e dava a ele o ar de mistério que ele preservava a todo custo. - O que temos que conversar?! - Eu estava me fazendo de idiota, isso é óbvio, mas eu estava tentando ao menos proteger os meus ouvidos e minha mente do que viria depois com aquele assunto vindo a tona. Ele me olhava com um olhar indescritível, eu poderia usar todas as palavras disponíveis para isso, mas eu não conseguiria. - Eu sei que você não está
Aquela seria a minha maior aventura, quem diria que eu passaria por isso algum dia?Eu estava vivendo, e só se eu fosse maluca eu permaneceria naquela cidade ao invés de ir com Ethan.Eu não avisei ninguém, subi na garupa da moto sem nem ao menos saber para onde eu estava indo.Eu me diverti com a ideia do vento batendo nos meus cabelos, me diverti com a ideia de estar fazendo algum tipo de travessura que faria cada pelo do corpo da minha mãe se arrepiar.Eu era uma adolescente novamente e de repente aquele luto todo foi saindo das minhas costas a medida que a moto acelerava na rodovia molhada pela chuva. Chegamos finalmente a um hotelzinho barato de beira de estrada. A verdade é que eu nem sabia o que eu ia fazer com aquela informação toda correndo pelas minhas veias.A adrenalina do momento me fazia sentir viva, ao mesmo tempo que eu me sentia mal por isso eu conseguia sorrir no meio de tudo, sabendo talvez, que meu marido, morto, iria se divertir se estivesse ali.E tudo ficava m
Eu saí do meu banho chorado e demorado e lá estava Ethan sentado na beirada da cama olhando para um relógio velho com devoção.Eu me sentei ao seu lado e toquei o seu ombro levemente, ele não saiu do pensamento, ele nem ao menos se mexeu quando eu o toquei.Ele estava tão perdido quanto eu.Mas depois de algum tempo ele me olhou com os olhos cheios de lágrimas e me disse:- Esse relógio... Eu ganhei dele! – ele disse sorrindo com os olhos marejados cor de oliva.Eu não disse nada, eu estava petrificada. Fiquei só tentando saber onde iriamos chegar com aquilo.- Eu ganhei assim que fui fazer faculdade, antes dele embarcar nessa loucura eu devolvi.Eu pensei: Ele me deu isso e eu retornei para ele... Então ele vai levar o relógio e vai retornar, eu estava quase fazendo disso aqui uma coisa mística. Então Luke levou o relógio com ele... Entregaram na casa dos meus pai em uma caixa toda fodida e um papel mal escrito que dizia “Coisas do Luke”.É como uma piada cósmica você não acha Julie?
Ethan ficou por um longo tempo me olhando e o olhar dele não era desconfortável mais. Eu sentia uma faísca que não sentia desde o meu tempo de adolescência, uma que havia se perdido, pelo menos até aquele momento. - Quando eu estou com você sinto uma sensação tão...- Que sensação? - falei olhando nos olhos dele. - A sensação de estar em casa. Engraçado como nenhum lugar do mundo nunca me fez sentir algo nem parecido - ele disse com os olhos brilhando. - Qual o nosso próximo passo agora? - falei tentando mudar de assunto, minha razão pedia para eu não deixar as coisas se aprofundarem.- descansar e ir até o lago, você já foi até lá? - O lago Oak? quem vai até lá? dizem que é mau presságio. - Aquele lugar é lindo e tem uma das melhores vistas do mundo! - Que exagero. - Eu perguntei se você já foi até lá... - ele insistiu- Melhor não irmos até lá Ethan! - Eu insisti com veemência. Eu sabia dos motivos e sabia que iria machucar. Para mim e para ele. - O que tem no lago Oak? -
Todas as minhas expectativas estavam concentradas no que viria depois. Era difícil saber onde eu iria me encontrar exatamente, mas eu estava pronta para encarar com Ethan tudo o que viria a seguir.Nos arrumamos e voltamos então para a pequena cidadezinha que eu ainda, teimosamente, chamava de lar.- Você está pronta? - disse ele tirando o capacete e ajeitando os cabelos - Eu posso ficar na casa dos meus pais por enquanto!Não, eu não podia ficar nem um minuto longe dele, os monstros da minha cabeça provavelmente iriam criar um monstro terrível e eu faria o que eu faço com tudo: Eu iria desistir. - Não, eu não quero isso. Preciso que você fique comigo, ainda mais agora... As pessoas não vão demorar muito para sacar que estamos juntos. O meu coração estava acelerado, quandi girei a chave na fechadura e vi a vizinha sair para vir falar comigo eu não sabia nem como agir, então respondi a todas as perguntas do modo mais rápido que eu consegui para ela não somar dois mais dois mais rápi