Émie Carter: Zenith sorria e deixava a baba escorrer por sua bochecha. Ele achava a decoração do abajur engraçada e sempre que a luz iluminava as borboletas. — Émie. — Pela primeira vez ele falou comigo. Zenith estava falando, e ele me chamava, repetindo meu nome, enquanto pulava em minhas costas, agarrando-se ao meu pescoço. — Oi meu amor. — Automaticamente meus olhos encheram-se d'água e foi impossível não chorar. Eu estava frágil, vulnerável e sensível a qualquer coisa que me deixasse feliz. Quando Zenith me abraçou, foi então que eu desmoronei por completo, vendo Michael nos observar com as mãos na cintura e sua face séria. Ele não gostava de abraços e logo se soltou e saiu correndo até a sala, onde estava sua babá. — Estamos nos arrumando para voltar à Itália, você vem? — Eu vou, mas não agora. Você me deu aquela biblioteca e eu quero poder viver um pouco tudo aquilo. Preciso esfriar a cabeça um pouco mais, é até melhor assim, não pega bem um professor se relacionar com uma
Michael Williams: Vê-la ficar para trás me deixava com receio de ver a mesma cena se repetir novamente. Eu não iria ser um covarde como fui no passado, mas temia por ela. Émie era imprevisível e agia como bem queria, tinha medo que ela se isolar-se novamente. Zenith dormiu em meu colo e pela primeira vez eu respirei seu cheiro; pela primeira vez percebi o quanto uma criança pode mudar nossas vidas de forma inesperada e boa. (...)Após horas de voo, finalmente cheguei em casa. Zenith estava dormindo nos meus braços, o coloquei em minha cama e fui diretamente procurar o celular e sem seguida liguei para Émie.“Oi… como foi a viagem?” Sua voz cansada me deixou preocupado, como eu disse, ela agia como achava que era certo pra ela. “Tranquila, mas queria você aqui comigo. Émie, eu te amo tanto.” Parece que eu sentia necessidade de dizer a ela que a amava sempre que a gente estivesse juntos, mas agora eu estou sentindo uma saudades dela que eu não consigo explicar. “Eu também amo você
Algum tempo depois… Émie Carter: Tentava descansar um pouco depois de um dia inteiro de trabalho, onde ainda tive que lidar com as ameaças dos meus pais. Ainda estava acomodada na casa de Michael, porém, sinto que nos distanciamos um pouco, e parece que ele tem outro alguém. Betsy estava na cidade, veio buscar algumas de suas coisas que ficaram na casa daqui e decidiu vir me visitar, então, estávamos no shopping escolhendo alguma coisa para vestir e nos divertir mais tarde, enquanto Rick nos acompanhava, como sempre… — Você parece mais pálida desde a última vez que te vi, tem certeza que está tudo bem? — “Tudo bem” era uma palavras forte demais, mas eu só tinha que concordar que sim. — Acho que o trabalho está acabando comigo. Não vejo a hora das coisas saírem como eu quero, para então ir para a Itália. — Está falando sério? — Ela me sacudia como se eu fosse sua pelúcia. — Émie, estou tão feliz por estar ouvindo isso. Michael já sabe? Bem… havia muitas coisas que nos deixaram ch
Michael Williams: “Alô?” Quando Olivia falava, parecia que ela estava tentando ser sexy, mas era apenas seu jeito e eu já estava mais que acostumado com isso. “Como ela está? Tem feito o que eu pedi?” “Claro! Sem deixar nenhum detalhe a desejar. Primeiro: ela está caindo direitinho nos e-mails em que estou usando, como se fosse você quem estivesse os abrindo. Ela abre as fotos, depois deleta as fotos e deixa apenas as mensagens, mas não ousa em responder. Segundo: ela está a desvencilhar-se dela mesma já faz alguns dias. Desde que você voltou para a Itália, que Émie tem seguido uma rotina bastante preocupante, trabalho; biblioteca e depois, antes de voltar para casa, ela compra bebidas alcoólicas e vai para casa, algumas vezes tomando caminhos diferentes…” Olivia era nada menos que uma detetive, mas, além disso, ela era minha amiga de tempos. Com a sua ajuda, desde que voltei para cá, ela passou a vigiar Émie, todo cuidado sobre aquela criatura era pouco. O lance das fotos não pas
Émie Carter: Me sentia vazia, triste, magoada e sozinha… o taxista que me trouxe até a boate, foi o mesmo que me levou até a casa de Michael, não sei se é coincidência ou algo tramado por ele também. Eu precisava de um choque de realidade e ao mesmo tempo queria esquecer quem eu era. A dor corroía meu ser de uma forma dolorosa, trazendo consigo a sensação de que aquilo nunca iria passar, e como uma boa pessoa que faz sempre tudo o que lhe convém, decidi que estava na hora de fazer Michael pagar tudo na mesma moeda. Ele gosta de mulher, eu gosto de homem e está tudo certo. Cheguei no barman e pedi de início cinco shot de tequila, precisa de ânimo para seguir a noite, embora tudo ao meu redor fosse duvidosos, tive a leve impressão de estar sendo observada. — Émie… — Olhei para o lado e me deparei com uma baita de uma loira ao meu lado, bonita, sexy e com cara de quem joga sujo. — Sou Olívia, amiga do Michael… Cretina! Ela era a mesma mulher que eu vi nas fotos, porém, era ainda mai
Michael Williams: — Olha, Carter. Eu não quero que as coisas saiam do controle agora. Então, por favor, vamos embora? — Pedi enquanto ela enrolava seus dedos em minha gravata, me puxando cada vez para mais perto. — O que foi? Você vem atrás de mim, eu te digo que não temos mais nada e agora que estamos aqui, você quer que eu vá embora com você? Me fala, qual é a porra do seu problema? — Meu problema é você! — Confessei tomando seus lábios às pressas, parecia que eu não a via há anos e isso se intensificava cada vez mais. Suspendi sua bunda, fazendo com que suas pernas se entrelaçassem em minha cintura. Sua mão agarrou firmemente meu pescoço, enquanto a outra ainda estava segurando minha gravata. O cheiro e gosto de álcool estavam impregnados em seu corpo, ela parecia algum tipo de droga viciante e eu desejava que ela me matasse de overdose. O calor do seu corpo, sua respiração ofegante e o contato de corpo a corpo, estava me deixando a ponto de fazer uma loucura. — Você ainda nã
Émie Carter: Dois meses depois…As coisas estavam indo devagar. Estava estudando, Michael estava trabalhando, Zenith estava estudando e fazendo os acompanhamentos necessários e eu juro que, eu tenho certeza que é ele quem está me mantendo de pé. A cada dia construímos um laço único, um amor que eu nunca senti por ninguém ou com algo, eu sinto por aquela criança tão pura.Fim de aula, estava indo até o meu armário ver se havia alguma correspondência quando vi Michael entrando na sala da Suzana, ela era professora de Economia e na hora minha mente apenas ficou confusa ao ver aquilo. — Émie, que bom te ver aqui. Está estando alguém? — Raul, um amigo que eu não via há anos, estava parado na minha frente completamente diferente do que eu poderia imaginar. — Eu… — Pensei em dizer que sim, mas eu não estava. Não queria me precipitar, por isso ignorei aquela cena de Michael e segui com meus planos. — Não tô acreditando, quem é você e o que fez com o Raul?— Quer tomar um café? Podemos colo
Michael Williams: — O que teve entre nós dois não foi nada, Émie. Tudo ficou no passado, ela é casada e… — Tentava mais uma vez me explicar, mas ela parecia não fazer questão de ouvir.— Por mim, tudo bem, é sério! Vocês já têm intimidade o suficiente para saber o que é melhor um para o outro. Imagino o que o marido dela pensaria sobre isso, não que eu esteja querendo ser problemática. Mas, eu acho suas atitudes uma merda, chego a pensar se gosta de me fazer de idiota, porque não tem condições o que você faz comigo. — O marido dela está doente, ela precisava de uma palavra amiga, Émie. Será que a sua capacidade de empatia sumiu? — Sim, se bem que eu nunca tive. — Após Zenith dormir ela levantou e saiu devagar, sem fazer barulho para não acordá-lo, deixando para trás as flores e as cartas que eu escrevi para ela. Antes de ir atrás dela, voltei para a cozinha e Suzana já não estava mais lá, mas havia deixado um bilhete dizendo que precisava ir embora e que depois a gente se via. Émi