Michael Williams:Hoje foi um dia feliz, porém a noite foi triste, vazia e cheia de incertezas. Tinha como melhor amiga uma garrafa de whisky e músicas românticas, enquanto no notebook os vídeos e fotos dela, estavam sendo reproduzidas em um looping. — Sr. Williams, o Zenith não está bem. Sua febre está aumentando, é melhor levarmos ao médico, agora! — Senti meu coração parar por alguns segundos, eu não me imagino sem meu filho, e agora eu parecia um imprestável e bêbado. Corri em meio ao desespero até o quarto e ele estava tão quieto naquele berço que ficava tão longe de mim. — Estou aqui meu amor, eu nunca vou te abandonar — as palavras saiam repetidamente, enquanto eu me emocionava olhando para ele. O peguei no colo e corri até o carro, pedi ao motorista que nos levasse até o hospital, não me arriscaria a dirigir, jamais colocaria a vida dele em risco. Ele estava ficando cada vez mais sem reação, seus olhos reviraram e ele estava começando a ter convulsões. — Acelera essa droga
Émie Carter: Na penumbra da noite eu me revirava na cama, numa tentativa falha de dormir. As pessoas já estavam quase todas dormindo, porém, havia um grupinho de jovens bebendo em uma pracinha que tinha em frente a pensão. Decidi ir tomar um ar do lado de fora, tentava não fazer barulho ao pisar na madeira envelhecida do chão, que rangia a cada passo dado. Enquanto observava eles bebendo e fumando, pensava no quão sem sentido era minha vida. Nunca tive plano, ou se tive, não lembro. Não tenho condições nem mesmo de alugar um lugar decente para morar, vivi durante anos sob pressão, humilhações e ameaças, confesso que uso anulou um pouco as percepções de vida que eu poderia ter. Enfim… precisava dormir que tinha muito trabalho a ser feito amanhã, mas não tinha sono, foi então que tive a maldita ideia de pegar o celular do bolso e ver se tinha alguma mensagem. A tela falha do celular mal dava para enxergar, ainda estava falha e com a queda que levou hoje, a metade da tela estava queimad
Michael Williams: Estava no meio de um engarrafamento em plena madrugada, drogas de adolescência que bebem e dirigem sem medo de morrer, não os julgo, já fiz muito igual. Faltava pouco para chegar até onde ela estava, óbvio que eu estava indo vê-la. Não poderia mandar em meus sentimentos, muito menos quando se tratava de Émie. Havia alguns meliantes comercializando na praça que ficava em frente a pensão, malditos filhos da mãe. Entrei sem fazer barulho, pois a porta não dormia trancada e fui direto ao seu quarto, onde bati antes de entrar, mas não havendo respostas eu decidi abrir a porta e ver o que estava acontecendo e foi ali que meu coração se viu em desespero, pulsando em um descompasso total. Émie estava sentada, encostada na cama, com uma garrafa de tequila quase vazia ao seu lado e alguns vestígios de que ela estava se drogando novamente, o que era uma tremenda merda. — Émie, você precisa acordar. — Ao seu lado eu segurava seu corpo, tentando achar uma posição para colocá
Émie Carter: Zenith sorria e deixava a baba escorrer por sua bochecha. Ele achava a decoração do abajur engraçada e sempre que a luz iluminava as borboletas. — Émie. — Pela primeira vez ele falou comigo. Zenith estava falando, e ele me chamava, repetindo meu nome, enquanto pulava em minhas costas, agarrando-se ao meu pescoço. — Oi meu amor. — Automaticamente meus olhos encheram-se d'água e foi impossível não chorar. Eu estava frágil, vulnerável e sensível a qualquer coisa que me deixasse feliz. Quando Zenith me abraçou, foi então que eu desmoronei por completo, vendo Michael nos observar com as mãos na cintura e sua face séria. Ele não gostava de abraços e logo se soltou e saiu correndo até a sala, onde estava sua babá. — Estamos nos arrumando para voltar à Itália, você vem? — Eu vou, mas não agora. Você me deu aquela biblioteca e eu quero poder viver um pouco tudo aquilo. Preciso esfriar a cabeça um pouco mais, é até melhor assim, não pega bem um professor se relacionar com uma
Michael Williams: Vê-la ficar para trás me deixava com receio de ver a mesma cena se repetir novamente. Eu não iria ser um covarde como fui no passado, mas temia por ela. Émie era imprevisível e agia como bem queria, tinha medo que ela se isolar-se novamente. Zenith dormiu em meu colo e pela primeira vez eu respirei seu cheiro; pela primeira vez percebi o quanto uma criança pode mudar nossas vidas de forma inesperada e boa. (...)Após horas de voo, finalmente cheguei em casa. Zenith estava dormindo nos meus braços, o coloquei em minha cama e fui diretamente procurar o celular e sem seguida liguei para Émie.“Oi… como foi a viagem?” Sua voz cansada me deixou preocupado, como eu disse, ela agia como achava que era certo pra ela. “Tranquila, mas queria você aqui comigo. Émie, eu te amo tanto.” Parece que eu sentia necessidade de dizer a ela que a amava sempre que a gente estivesse juntos, mas agora eu estou sentindo uma saudades dela que eu não consigo explicar. “Eu também amo você
Algum tempo depois… Émie Carter: Tentava descansar um pouco depois de um dia inteiro de trabalho, onde ainda tive que lidar com as ameaças dos meus pais. Ainda estava acomodada na casa de Michael, porém, sinto que nos distanciamos um pouco, e parece que ele tem outro alguém. Betsy estava na cidade, veio buscar algumas de suas coisas que ficaram na casa daqui e decidiu vir me visitar, então, estávamos no shopping escolhendo alguma coisa para vestir e nos divertir mais tarde, enquanto Rick nos acompanhava, como sempre… — Você parece mais pálida desde a última vez que te vi, tem certeza que está tudo bem? — “Tudo bem” era uma palavras forte demais, mas eu só tinha que concordar que sim. — Acho que o trabalho está acabando comigo. Não vejo a hora das coisas saírem como eu quero, para então ir para a Itália. — Está falando sério? — Ela me sacudia como se eu fosse sua pelúcia. — Émie, estou tão feliz por estar ouvindo isso. Michael já sabe? Bem… havia muitas coisas que nos deixaram ch
Michael Williams: “Alô?” Quando Olivia falava, parecia que ela estava tentando ser sexy, mas era apenas seu jeito e eu já estava mais que acostumado com isso. “Como ela está? Tem feito o que eu pedi?” “Claro! Sem deixar nenhum detalhe a desejar. Primeiro: ela está caindo direitinho nos e-mails em que estou usando, como se fosse você quem estivesse os abrindo. Ela abre as fotos, depois deleta as fotos e deixa apenas as mensagens, mas não ousa em responder. Segundo: ela está a desvencilhar-se dela mesma já faz alguns dias. Desde que você voltou para a Itália, que Émie tem seguido uma rotina bastante preocupante, trabalho; biblioteca e depois, antes de voltar para casa, ela compra bebidas alcoólicas e vai para casa, algumas vezes tomando caminhos diferentes…” Olivia era nada menos que uma detetive, mas, além disso, ela era minha amiga de tempos. Com a sua ajuda, desde que voltei para cá, ela passou a vigiar Émie, todo cuidado sobre aquela criatura era pouco. O lance das fotos não pas
Émie Carter: Me sentia vazia, triste, magoada e sozinha… o taxista que me trouxe até a boate, foi o mesmo que me levou até a casa de Michael, não sei se é coincidência ou algo tramado por ele também. Eu precisava de um choque de realidade e ao mesmo tempo queria esquecer quem eu era. A dor corroía meu ser de uma forma dolorosa, trazendo consigo a sensação de que aquilo nunca iria passar, e como uma boa pessoa que faz sempre tudo o que lhe convém, decidi que estava na hora de fazer Michael pagar tudo na mesma moeda. Ele gosta de mulher, eu gosto de homem e está tudo certo. Cheguei no barman e pedi de início cinco shot de tequila, precisa de ânimo para seguir a noite, embora tudo ao meu redor fosse duvidosos, tive a leve impressão de estar sendo observada. — Émie… — Olhei para o lado e me deparei com uma baita de uma loira ao meu lado, bonita, sexy e com cara de quem joga sujo. — Sou Olívia, amiga do Michael… Cretina! Ela era a mesma mulher que eu vi nas fotos, porém, era ainda mai