AnaDesperto ainda com o cheiro em mim que ele deixou antes de sair. Marco me faz tão bem, ao seu lado me sinto protegida, completa e satisfeita. Mesmo depois da nossa tensa chegada com o reencontro de sua família, e principalmente de sua ex, tudo voltou ao normal, ainda não falamos sobre isso, Marco ficou bastante mal quando entramos nesse quarto com a lembranças dolorosas. Minha prioridade era ajudá-lo naquele momento e não enchê-lo de cobranças, sei o quanto está sendo difícil pra ele retornar aqui, e reviver suas dores do passado tão de perto. Confesso que descobrir que ele nunca amou de verdade a tal Priscila me animou bastante. Então isso significa que Marco nunca a amou pra valer alguma mulher.Me levanto da cama e percebo que estou bem melhor, minha roupa está um pouco molhada, certamente a febre saiu do meu corpo depois daqueles chás que Helena preparou junto ao medicamento. Pego meu celular na cabeceira da cama. Vejo que dormi por três horas. Marco me mandou várias mensagens
Ana Como as mãos de Marco estão nos meus olhos, o rosto está bastante cheio de suspense. Eu realmente quero saber onde estamos. Primeiro ele me deixou no carro e foi embora, ele me pediu para checar os olhos datados, bastante curiosos, e eu obedeci. Uma vez que uma porta forte é aberta, tente uma porta grande. Depois volta a me encontrar e tampa meus olhos com as mãos. — Aiiii, Marco, você está me deixando ansioso, quero muito saber onde estamos — falo assim que andarmos. — Calminha, você vai saber. Continuamos mais alguns passos e paramos. Meu coração bate forte, quase ou ouço. Marco lentamente libera seus dois olhos de suas mãos. - Em breve! Eu consigo sentir o cheiro...Não é o primeiro momento em que abro os olhos, me assusto, na imagem de um avião monomotor na minha frente, igual as miniaturas que vi no meu quarto, só que em tamanho real. Só tenho palavras, apesar de a aeronave ser linda, e ser impossível me intimidar, no fundo trata-se de dois dos meus maiores medos. — É u
AnaChegamos na cidade do Porto no início da noite. Ainda estou angustiada com tudo, não sei o estado em que minha mãe se encontra. Deixamos as malas em casa e seguimos para o hospital. Chegamos antes do encerramento das visitas. No quarto em que minha mãe está, se trata de um lugar simples, como qualquer quarto de hospital público, paredes frias num tom de cinza claro, móveis simples, uma cama de ferro e uma pequena cômoda no qual cabe apenas uma bolsa, além dos equipamentos médicos de suporte aos doentes. Noto que há mais dois pacientes e todos recebem suas famílias, mas dona Márcia está sozinha com a mesma cara de poucos amigos de sempre. Fico chocada com sua aparência, logo ela que sempre foi tão vaidosa, minha mãe nunca deixou de se arrumar nem mesmo para ir a um velório, ela também parece muito mais magra que o normal, de longe percebo que há um corte em sua testa com alguns pontos, além de um pulso enfaixado. Já estamos dentro do quarto quando ela se vira e me vê, fica pálida,
Gatilho.....Este Capítulo contém cenas de violência física e abuso sexual e estupro.AnaMarco é quem dirige, estou muito nervosa pra isso. Em menos de duas horas chegamos à cidade em que nasci, queria que ele a conhecesse em outras circunstâncias, mas infelizmente as coisas nem sempre são como a gente espera.Quando descemos do carro meu coração está batendo mais forte. Só em imaginar reencontrar aquele homem, todo meu corpo fica mal, sempre foi assim, depois de tudo que ele me fez eu não conseguia ficar no mesmo ambiente, às vezes fingia que estava doente somente para não sair da cama, minha mãe nunca notou, não se trata daqueles casos em que a mãe suspeita e acaba ficando lado do abusador para não perdê-lo, na verdade minha mãe sempre foi cega, uma louca apaixonada que não enxergava um palmo à sua frente. Talvez por isso eu nunca contei, pois temia que ela nunca acreditasse em mim, afinal era apenas uma criança. Guardei para mim a sombra desse segredo que me atormentou por an
AnaDepois que aquele bandido do Zeca foi preso, me senti mais segura. Nunca pensei que trazer a tona toda essa merda que aconteceu comigo no passado, pudesse melhorar as coisas entre mim e minha mãe. Agora ela me liga, nem que seja apenas para dizer um "oi", pelo menos se importa em saber como estou. Ela não quis vir pra minha casa, mesmo depois de tanta insistência, mas uma vizinha, bastante amiga, que mora alguns quarteirões dali prometeu ajudá-la, assim fico mais tranquila.Marco está bastante empenhado com o novo restaurante, conseguiu um lugar bacana para alugar, seu pai vai mandar parte do dinheiro para reformarem o espaço e equipá-lo. Marco está radiante com isso, tenho apoiado ele de todas as formas. Continuamos servindo marmitas aos moradores de rua todas as tardes. No outro dia, Gil aquele amigo de Marco, o procurou, ele deseja muito largar a bebida e pediu ajuda, Marco está pensando em contratar ele para trabalhar no restaurante.Completou quatro meses que Marco está aqui,
AnaTrabalhei até às 03:00, precisei adiantar tudo porque pretendo ficar de guarda no apartamento de Liliane, não saio de lá sem falar com ela, hoje. Meu humor está péssimo, pensei em Marco a noite inteira, tive um desconforto horrível, a cama sem ele fica enorme e fria. Droga! Não posso continuar tão dependente dele assim. Marco acaba de vender sua casa, e seus planos são de comprar um apartamento por aqui, ou seja, mais cedo ou mais tarde ele vai embora... Confesso que sinto um nó no estômago ao pensar nisso, levando em conta minha experiência solitária desta noite, sei que não vai ser nada fácil, o cheiro dele está em toda parte, no banheiro seu shampoo com fragrância de lavanda, na cama seu cheiro másculo e delicioso, na cozinha seus temperos e pratos apetitosos, percebo que Marco está em cada parte de mim.Estar na cozinha é algo estranho pra mim, faz tempos que não cozinho nada. Desisto no primeiro instante, prefiro passar em uma padaria no caminho, e comer algo por lá como semp
AnaApós comer feito uma esfomeada, Liliane e eu sentamos no sofá e colocamos uma série para assistir, e mesmo sobre todas as minhas reclamações, pois detesto suspense, eu cedo.Não havia percebido que estava tão cansada, acho que estávamos no primeiro episódio quando eu dormi, certamente, como fui tarde para cama e os pensamentos noturnos me atormentaram, estava cansada. Caí num sono profundo no sofá da casa da minha amiga.Quando abro os olhos, a TV está ligada, mas estou sozinha. Sinto um peso em minha cabeça por dormir tanto, vejo pela janela que começa a escurecer. Olho no meu celular e percebo que dormi por horas. Estranhamente, Marco não me ligou e nem deixou mensagem. Mas deixo isso para depois, pois algo me chama atenção. Vejo na mesinha de canto da sala os comprimidos que Liliane havia comprado, alguns estão abertos. Um pânico invade meu corpo, pensei que estivesse resolvido isso, eu acredito que Liliane tomou esses comprimidos. E se ela estiver desmaiada ou coisa parecida? C
MarcoAssim que chego em minha cidade sou recebido por meus pais em um enorme abraço de saudades. É estranho estar aqui sem Ana, prefiro que ela tivesse vindo, mas compreendo que precise trabalhar. Seguimos direto para minha casa, o corretor e os novos compradores nos aguardam para fecharmos negócio. Quando chegamos, há mais dois carros estacionados logo na porta, Fernando o responsável pela venda da casa na imobiliária, e logo atrás observo sair de dentro do outro veículo uma bela família, um casal bem jovem com uma linda garotinha, confesso que esta cena me faz voltar ao passado, quando minha princesinha ainda estava comigo. Sinto um nó na garganta ao me lembrar de minha filha. Felizmente a voz do corretor invade meus pensamentos me tirando de toda tristeza.— Marco Fontanni ? — o cliente fala me estendendo a mão. Noto que a família está bem próxima de nós.— Sou Antony Cruz.Todos nos apresentamos e logo entramos na casa. Está tudo vazio, meus pais venderam os móveis como eu havia