Uma pintura (II)

- Quem ficará com o quadro depois de pronto? Eu ou você? – Perguntei, enquanto o via morder levemente o cabo do pincel, observando-me atentamente.

- Não existe eu ou você, Aimê. Existe “nós”. O quadro ficará no nosso quarto.

Respirei fundo, sentindo meu coração acelerar. Como ele conseguia dizer aquilo e achar que eu não o agarraria?

Foi imediata a forma como fui até ele, que tentou me impedir de aproximar-me com um pincel contendo tinta azul.

Eu ri:

- Acha mesmo que tenho medo da sua tinta?

- Deveria ter, Monstrinha.

Senti a tinta gelada na ponta do meu nariz, sendo feita com o pincel que ele tinha na mão.

- É mesmo um mal agradado, atrevido... – Passei os braços em torno de seu corpo, agarrando-me a ele.

Percebi o pincel cair no chão, sobre o fino tablado que encobria a areia sob a tenda. As mãos de Catriel percorreram minhas costas sem pressa, deslizando até meu bumbum.

- Eu estava com saudade de cada centímetro do seu corpo... Do seu cheiro... – Aspirou o aroma que emanava do meu
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