Embora a governanta do castelo de País del Mar tivesse me garantido que estava tudo bem com a família real, mas que ninguém se encontrava no local, já que resolviam situações referentes a entrevista de Catriel, eu ainda me mantinha preocupada.Deitei na certeza de que não conseguiria dormir. E quando fechei os olhos, fiquei me perguntando o motivo pelo qual eu estava prestes a botar a coroa na minha cabeça, sem a presença de meus pais, tendo adiantado todo o processo, fazendo Catriel também se prejudicar por minha culpa.Foi quando meu telefone tocou:- Senhora Hadid?Fiquei surpresa.- Alteza... Eu... Estou aqui sozinha. E sinceramente, não desejo mais morar nesta casa. Não faz sentido, entende?- Eu... Entendo... – Falei, incerta.- Sei que não tem motivos para eu lhe contar isso, mas não tenho com quem desabafar. Não me resta mais nada... Nem ninguém. Há pouco tempo atrás eu tinha os dois aqui... – ouvi o choro dela, do outro lado da linha – E agora a casa não tem nenhum som... A n
- Ela... – Pauline abaixou o olhar – Viajou com toda a família para a Noruega. Embarcaram no primeiro voo autorizado para entrar no país.Suspirei, sabendo que minha irmã faria o possível para encontrar nossos pais.- E você comentou com Alexia sobre a coroação ter sido antecipada?- Não... Porque isso certamente ela não aceitaria. Bem sabemos o quanto nossa irmã protelou para que você assumisse. Alexia jamais deixaria que antecipasse a coroação, sem que nossos pais estivessem presentes.- Tenho uma dívida com Max. Não acredito que eu esteja agindo errado, Pauline.- Max também tinha uma dívida com você. Mas enfim... Não voltaremos a discutir isto.Levantei, indo em direção à porta:- Vá para o seu quarto. Prepararei um chá calmante e que lhe dê sono.- Não... Não quero dormir.- Precisa descansar.- Em algumas horas você será a rainha de Alpemburg. E a coroa na sua cabeça será posta por mim. Nossos pais estão desaparecidos. O reino do seu futuro marido está pegando fogo. Alguém não q
Observei o olhar atento de Pauline, enquanto ele dizia do outro lado da linha:- Seus pais foram encontrados sem nenhum arranhão. Neste momento já devem estar a caminho de Alpemburg.Senti as lágrimas escorrerem imediatamente pelo meu rosto:- Obrigada, primeiro ministro. Não sei como lhe agradecer por toda atenção...- Não é necessário agradecer, princesa Aimê. - Me diga que eles estão bem... - Pauline implorou.- Eles estão bem – garanti, sendo imediatamente abraçada por minha irmã.- Será que não deveríamos esperar eles chegarem, Aimê? – ela olhou no relógio – Tenho certeza de que a Corte não se importaria de esperar por nosso pai.- Talvez... Seja o melhor a fazer... – Concordei.- Alteza, não deve esperar um minuto sequer. Não sabemos qual a intenção de Donatello. Além do mais, tem o senhor Hadid e o reencontro com a mãe e...- Acho que Sasha tem razão. – Pauline expressou.Olhei para Sasha, incerta se havia comentado algo sobre o fato de a senhora Hadid estar precisando de Max.
Tudo em nome de Max. Ele valia tudo aquilo que eu estava fazendo? Sim, ele havia assumido a culpa por praticamente tudo que aconteceu naquela fatídica noite. No entanto ele que me denunciou, causando o julgamento que certamente não aconteceria daquela forma caso não o tivesse feito.Conforme eu havia praticamente implorado ao presidente da Corte, não haveria o coquetel nem o baile após a cerimônia. No entanto não consegui impedir a presença da imprensa local e internacional, alguns repórteres inclusive com direito de estarem no exato momento da coroação, bem como o anúncio do evento a nível mundial.Uma das mulheres que era membro da Corte conversava com Pauline quando tentei entrar em contato com Catriel pelo telefone. Aproximei o aparelho celular do ouvido quando ela me disse:- Alteza, está tentando fazer uma ligação? Os telefones já estão funcionando?- Funcionando? Como assim? O seu também não completa a ligação?- Não, Alteza! Estamos sem sinal. É geral.- Já tomaram providência
- Sasha? – Pauline arqueou a sobrancelha, confusa.- Lykaios? Não... É este o seu sobrenome? – Perguntei, com a voz falhando, tão fraca que mal consegui me fazer escutar.- Meu nome é Brendon D’Auvergne Bretonne, descendente de Felipe D’Auvergne Bretonne, filho mais velho do rei Estefano e da rainha Deise e herdeiro da coroa, falecido por motivo de doença, tendo Estevan, seu irmão mais novo, herdado o trono em seu lugar. Portanto, sou o sucessor legítimo do trono deste país. Nenhuma das filhas de Estevan tem direito a usar esta coroa. Ela me pertence, desde que nasci.Observei o homem à minha frente e meus olhos desceram para o broche da bandeira de Alpemburg que brilhava intensamente em sua gravata. Mil pensamentos passaram pela minha cabeça naquele momento, mas dentre eles a possibilidade de Sasha não ser herdeiro não foi um deles. Desde que o vi dentro do castelo de Alpemburg depois de termos nos encontrado em Avalon imaginei que algo não estava certo.Meus lábios chegaram a abrir
- Eu acabei de contar – ele riu – Agora só me falta provar. Mas tenho tudo em mãos. Creio que em no máximo uma semana todos se certificarão de que realmente sou herdeiro do trono. Tenho o exame de DNA, assim como testemunhas de que o príncipe Felipe se envolveu com minha mãe.- Quem é sua mãe? Onde ela está?Brendon suspirou e soltou Donatello, indo em direção à janela do meu quarto, olhando para a área externa parecendo com pesar:- Ela morreu há alguns anos. E antes de se ir, a última coisa que me revelou foi quem era meu pai.- Então... Você não cresceu sabendo que era filho do príncipe Felipe?- Não.- Mas...Eu tinha mil perguntas e Brendon pareceu entender.- O príncipe Felipe engravidou a minha mãe, a governanta da família real da Dinamarca, numa das visitas ao país.- Por isso... Você é natural da Dinamarca?- Sim. Ela nunca revelou para ele a verdade.- Meu Deus! Ele... Tinha um filho e nunca soube!- Ele era noivo quando conheceu minha mãe. Tiveram um romance rápido, somente
- Henry? – Pauline deu um grito abafado, incrédulo.Henry Chevalier levantou parte dos cabelos, que faziam parte de sua peruca escura, que combinava com o tom de sua pele. Usava um uniforme exatamente como os das empregadas do castelo de Alpemburg.Pauline correu na direção dele e o abraçou, não contendo as lágrimas:- Como estão as meninas?- Estão bem! E em segurança, Pauline. Agora precisamos agir rápido. Vocês têm que sair daqui.- Como... Você... – Pauline queria falar, mas a voz quase não saía, talvez pelo estado nervoso ou mesmo a surpresa da presença de seu ex marido no quarto, sendo o responsável pelo nosso resgate.- Acha mesmo que eu a deixaria trancada aqui, Pauline? – A pergunta dele foi séria, mas a largou e foi olhar pela janela, demonstrando pouco se importar com a resposta dela.- Mas... Eu fui uma péssima esposa, Henry.Ele a olhou, com a mão sobre o vidro da janela do meu quarto. Demorou um certo tempo a responder:- Você não foi uma péssima pessoa, Pauline. Ninguém
- E... Ninguém pensou no meu pai? – Pauline quis saber. - A Corte está dividida, segundo as notícias. Mas se este homem provar ser filho do príncipe Felipe, ele receberá a coroa e será decretado rei de Alpemburg. E ninguém poderá mudar isto. - Foda-se Alpemburg! – Tive coragem de dizer pela primeira vez. - Mas você conseguiu vir, Henry. E como... Ninguém desconfiou? E como atravessou o espaço aéreo trancado? – A voz de Pauline já demonstrava cansaço. - Além de eu não ter vindo num voo, e sim por terra? – a risada dele saiu abafada, mas divertida – Eu só sou o Henry. Quem se preocuparia com um sujeito feito eu? Não ofereço perigo algum! A Polícia está em alerta para Catriel Levi Mallet, Estevan D’Auvergne Bretonne e até mesmo Andrew Chevalier. Mas ninguém contou comigo! Pauline parou e virou-se para ele, que chocou o corpo contra o dela, abruptamente. - Você não é só o Henry... Foi a nossa salvação. – Ela fez questão de dizer. Vi quando ela aproximou o rosto do dele, que abaixou