MasonFicar imerso ao trabalho foi um erro. Nunca passei uma hora sem olhar para o celular, que dirá dias.É o que acontece quando se ocupa com algo.Durante meu período fora do mapa, alguém inventou uma história para as revistas de fofoca de que meu casamento era falso. Não duvido que meu pai esteja por trás desse tipo de campanha, embora seja difícil provar.Devo admitir: ele foi meticuloso, chegando a incluir uma série de documentos falsos detalhando coisas que Tara e eu nunca nem discutimos em nosso contrato. A história me retrata exatamente como o monstro que o mundo imagina que eu seja. Manchetes sobre uma herança especulada.Entrevistas de futuros ex-funcionários afirmando que meu relacionamento com Iris surgiu do nada, tudo por causa de uma cláusula do meu avô sobre gerar um herdeiro. Há até fotos de ultrassom de um bebê que definitivamente não é meu.Eu não daria nenhuma atenção às manchetes, mas o jeito como se referem a Tara… é simplesmente inaceitável.Você nunca se import
MasonConsidero ir à casa de Gemma. A tentação de quebrar o maxilar de Otto é forte, mas me seguro. Dar um soco nele só me faria me sentir melhor por um momento, mas destruir tudo que ele ama vai ser uma alternativa muito mais satisfatória.Crescer sendo criado por alguém como ele significou desenvolver as mesmas características porque, para sobreviver a alguém como ele, eu precisava evoluir. Aprendi por um processo doloroso de tentativa e erro a esconder o jogo porque amar alguma coisa significa correr o risco de perdê-la. Já amei e já perdi, e odeio as duas coisas com a mesma intensidade.Uma voz retumbante fora da porta do meu escritório, seguida pela risada estridente de Tara, me faz avançar até aporta e girar a maçaneta. Eu a abro e encontro Tara e Otto no meio de uma troca fatal de olhares.Ele abre um sorriso sarcástico para mim.— Chegou na hora perfeita. Chame a sua cadela para ir até você.Mal dou um passo quando o punho de Tara voa, acertandoo maxilar de Otto. Ela grita qu
MasonComo Tara não consegue segurar o celular, fico responsável por digitar tudo que ela dita. Eu sabia que fazia muitas coisas, mas só fui entender toda a extensão de seu trabalho quando acompanhei cada uma de suas tarefas com ela.Não é de se admirar que ela não esteja feliz. O número dee-mails que ela tem que avaliar por hora deixaria qualquer um maluco. Ou talvez eu esteja enlouquecendo só de estar tão perto dela. O cheiro de seu sabonete de baunilha está impregnado em minha memória enquanto ela fica ao meu lado, apontando para e-mails diferentes com a mão não machucada.Percebo que seu nervosismo fica mais forte quando chegamos perto do hospital. Seus joelhos sobem e descem enquanto ela dita uma mensagem após a outra que preciso enviar, alterando toda a minha agenda do dia.O trabalho não para por aí. Depois que registramos a entrada dela, uma enfermeira nos dá uma prancheta cheia de páginas de informações que precisamos preencher. Tara a encara como se o objeto pudesse pegar f
MasonA primeira parada depois de deixar Tara em casa é a casa de Gemma. Quase penso que ele vai me ignorar esperando à porta, mas eu deveria ter imaginado que ele é orgulhoso demaispara parecer fraco na minha frente.Ele abre a porta, e encaro o estrago em seu rosto. Seu nariz é um caos de cartilagem e hematoma, e sinto que estou olhando para um espelho. Não preciso erguer a mão para tocar a leve protuberância no meu nariz para lembrar que existe. Uma protuberância que ele causou depois de um soco forte e do excesso de bebida. Meu estômago revira com a consciência de que não sou melhor do que ele, atacando com os punhos quando provocado.Você não vai cometer o mesmo erro de novo. Você pode aprender a ser melhor .Apesar de minhas palavras reconfortantes, acho difícilevitar a constatação arrepiante.— Duvido que você tenha vindo só para admirar sua obra, então fale logo ou saia da minha porta.— Vim deixar uma coisa. — Enfio uma pasta grossa no seu peito.Tenho uma para cada pessoa
TaraMason está mais quieto que o normal desde nossa visita aohospital. Tento melhorar o humor dele com alguns comentários, mas ele apenas franze a testa como se eu não passasse de um incômodo.Se é que é possível, o dia seguinte fica ainda pior. Não consigo digitar com a mão direita, então fico limitada a apertar teclas individuais com o indicador esquerdo. Fico tentada a jogar o teclado na parede depois de meia hora trabalhando em uma planilha.O humor de Mason se deteriora nos dias seguintes. Fico quase hesitante em colocar meu plano em prática, mas, depois de todo o trabalho que tive, não posso voltar atrás agora.— Por que estamos parando? — Mason estende a mão para apertar o botão de chamada do motorista, mas eu o impeço.— Bem-vindo à primeira fase da Operação Namoro Falso.Ele se vira no banco e me encara.— Do que está falando?— Esse é o meu plano. Juntos nós vamos acabar com todas as dúvidas sobre o nosso casamento, começando por hoje.Seus lábios se curvam para baixo.— C
TaraPlaneje um encontro falso, disseram. Vai ser fácil. Ninguém nunca disse isso.A hostess , que está quinhentos dólares mais rica graças a mim, nos guia até nossa mesa ao lado da jornalista. Isso é tudo em que consigo pensar enquanto Mason assume seu ar de indiferença e sua mão encontra minha lombar. O calor que emana dele se infiltra na minha pele, e fico tentada a me aconchegar perto dele.— Gostariam de mais alguma coisa, sr. e sra. Delaney?A jornalista ruiva ergue os olhos de seu cardápio. Um brilho de surpresa perpassa seus traços enquanto seus olhos observam Mason de cima a baixo.Balanço a cabeça enquanto ele responde por nós:— Não, obrigado.A mão dele sai das minhas costas enquanto ele puxa minha cadeira. Eu me sento, e ele me empurra para perto da mesa. Ao contrário das outras vezes, em vez de se afastar, ele se aproxima.Seus lábios roçam na minha orelha quando ele cochicha:— É melhor que você esteja certa em relação a isso.Sinto um calafrio.— Confie um pouco em mi
MasonPensei que a ideia de Tara de ter um encontro falso era ridícula até realmente me sentar na frente dela e perceber que eu teria toda a sua atenção por pelo menos duas horas.Isso me faz lembrar de nossa lua de mel e do jantar que tivemos. Mas dessa vez ela está totalmente concentrada em atuar, enquanto eu estou mais interessado em conhecê-la.Não a pessoa que ela é no horário de expediente ou os vislumbres escondidos que tenho quando ela baixa a guarda, mas quem ela é de verdade.Aproveito que a jornalista foi ao banheiro para tirar mais informações dela.— Se não tivesse que trabalhar, o que você faria nos fins de semana?Ela recua.— Tipo, se eu tivesse um dia de folga?— Você tem os domingos de folga.— Normalmente estou morta demais até para me mexer, então prefiro vegetar no quarto. Só saio para buscar água ecomida.— Por quê?— Porque estou exausta. Trabalhar para você suga toda a minha energia, então, quando chega o fim de semana, não tenho forças.Essa conversa está volt
TaraDemora três dias para a jornalista publicar uma matéria sobre nós. Eu tinha torcido para que os resultados fossem promissores, mas ela superou todas as minhas expectativas.— Eu falei! — Coloco meu celular na mesa de Mason.Ele o pega e lê a matéria que descreve que uma fonte interna descobriu um lado oculto de Mason Delaney. Ao queparece, o homem mais frio de Nova York tem um fraco por uma única pessoa em todo o mundo.E .O jeito como a jornalista descreve nossa relação é algo tirado de um filme. Segredos murmurados à luz de velas.Olhares furtivos quando um de nós estava olhando para ooutro lado. Um beijo sob as estrelas, com os dois ignorando completamente o mundo ao redor.Ele franze a testa.— Isso nunca aconteceu.— É uma coluna de fofoca, não o Wall Street. Eles não estão aqui para apresentar os fatos.— É uma surpresa que ainda estejam no mercado com essa mentalidade.— Porque matérias como a nossa já têm um milhão de leituras até agora. Só o dinheiro da publicidade é