MasonComo Tara não consegue segurar o celular, fico responsável por digitar tudo que ela dita. Eu sabia que fazia muitas coisas, mas só fui entender toda a extensão de seu trabalho quando acompanhei cada uma de suas tarefas com ela.Não é de se admirar que ela não esteja feliz. O número dee-mails que ela tem que avaliar por hora deixaria qualquer um maluco. Ou talvez eu esteja enlouquecendo só de estar tão perto dela. O cheiro de seu sabonete de baunilha está impregnado em minha memória enquanto ela fica ao meu lado, apontando para e-mails diferentes com a mão não machucada.Percebo que seu nervosismo fica mais forte quando chegamos perto do hospital. Seus joelhos sobem e descem enquanto ela dita uma mensagem após a outra que preciso enviar, alterando toda a minha agenda do dia.O trabalho não para por aí. Depois que registramos a entrada dela, uma enfermeira nos dá uma prancheta cheia de páginas de informações que precisamos preencher. Tara a encara como se o objeto pudesse pegar f
MasonA primeira parada depois de deixar Tara em casa é a casa de Gemma. Quase penso que ele vai me ignorar esperando à porta, mas eu deveria ter imaginado que ele é orgulhoso demaispara parecer fraco na minha frente.Ele abre a porta, e encaro o estrago em seu rosto. Seu nariz é um caos de cartilagem e hematoma, e sinto que estou olhando para um espelho. Não preciso erguer a mão para tocar a leve protuberância no meu nariz para lembrar que existe. Uma protuberância que ele causou depois de um soco forte e do excesso de bebida. Meu estômago revira com a consciência de que não sou melhor do que ele, atacando com os punhos quando provocado.Você não vai cometer o mesmo erro de novo. Você pode aprender a ser melhor .Apesar de minhas palavras reconfortantes, acho difícilevitar a constatação arrepiante.— Duvido que você tenha vindo só para admirar sua obra, então fale logo ou saia da minha porta.— Vim deixar uma coisa. — Enfio uma pasta grossa no seu peito.Tenho uma para cada pessoa
TaraMason está mais quieto que o normal desde nossa visita aohospital. Tento melhorar o humor dele com alguns comentários, mas ele apenas franze a testa como se eu não passasse de um incômodo.Se é que é possível, o dia seguinte fica ainda pior. Não consigo digitar com a mão direita, então fico limitada a apertar teclas individuais com o indicador esquerdo. Fico tentada a jogar o teclado na parede depois de meia hora trabalhando em uma planilha.O humor de Mason se deteriora nos dias seguintes. Fico quase hesitante em colocar meu plano em prática, mas, depois de todo o trabalho que tive, não posso voltar atrás agora.— Por que estamos parando? — Mason estende a mão para apertar o botão de chamada do motorista, mas eu o impeço.— Bem-vindo à primeira fase da Operação Namoro Falso.Ele se vira no banco e me encara.— Do que está falando?— Esse é o meu plano. Juntos nós vamos acabar com todas as dúvidas sobre o nosso casamento, começando por hoje.Seus lábios se curvam para baixo.— C
TaraPlaneje um encontro falso, disseram. Vai ser fácil. Ninguém nunca disse isso.A hostess , que está quinhentos dólares mais rica graças a mim, nos guia até nossa mesa ao lado da jornalista. Isso é tudo em que consigo pensar enquanto Mason assume seu ar de indiferença e sua mão encontra minha lombar. O calor que emana dele se infiltra na minha pele, e fico tentada a me aconchegar perto dele.— Gostariam de mais alguma coisa, sr. e sra. Delaney?A jornalista ruiva ergue os olhos de seu cardápio. Um brilho de surpresa perpassa seus traços enquanto seus olhos observam Mason de cima a baixo.Balanço a cabeça enquanto ele responde por nós:— Não, obrigado.A mão dele sai das minhas costas enquanto ele puxa minha cadeira. Eu me sento, e ele me empurra para perto da mesa. Ao contrário das outras vezes, em vez de se afastar, ele se aproxima.Seus lábios roçam na minha orelha quando ele cochicha:— É melhor que você esteja certa em relação a isso.Sinto um calafrio.— Confie um pouco em mi
MasonPensei que a ideia de Tara de ter um encontro falso era ridícula até realmente me sentar na frente dela e perceber que eu teria toda a sua atenção por pelo menos duas horas.Isso me faz lembrar de nossa lua de mel e do jantar que tivemos. Mas dessa vez ela está totalmente concentrada em atuar, enquanto eu estou mais interessado em conhecê-la.Não a pessoa que ela é no horário de expediente ou os vislumbres escondidos que tenho quando ela baixa a guarda, mas quem ela é de verdade.Aproveito que a jornalista foi ao banheiro para tirar mais informações dela.— Se não tivesse que trabalhar, o que você faria nos fins de semana?Ela recua.— Tipo, se eu tivesse um dia de folga?— Você tem os domingos de folga.— Normalmente estou morta demais até para me mexer, então prefiro vegetar no quarto. Só saio para buscar água ecomida.— Por quê?— Porque estou exausta. Trabalhar para você suga toda a minha energia, então, quando chega o fim de semana, não tenho forças.Essa conversa está volt
TaraDemora três dias para a jornalista publicar uma matéria sobre nós. Eu tinha torcido para que os resultados fossem promissores, mas ela superou todas as minhas expectativas.— Eu falei! — Coloco meu celular na mesa de Mason.Ele o pega e lê a matéria que descreve que uma fonte interna descobriu um lado oculto de Mason Delaney. Ao queparece, o homem mais frio de Nova York tem um fraco por uma única pessoa em todo o mundo.E .O jeito como a jornalista descreve nossa relação é algo tirado de um filme. Segredos murmurados à luz de velas.Olhares furtivos quando um de nós estava olhando para ooutro lado. Um beijo sob as estrelas, com os dois ignorando completamente o mundo ao redor.Ele franze a testa.— Isso nunca aconteceu.— É uma coluna de fofoca, não o Wall Street. Eles não estão aqui para apresentar os fatos.— É uma surpresa que ainda estejam no mercado com essa mentalidade.— Porque matérias como a nossa já têm um milhão de leituras até agora. Só o dinheiro da publicidade é
MasonTerminava de checar uma pilha de papéis que precisavam da minha assinatura, cada documento mais tedioso do que o anterior. A rotina estava começando a pesar, mas precisava me concentrar.A porta do escritório se abre de repente, e acredito que seja Tara, minha assistente. Não desvio o olhar dos papéis até que ouço o som abrupto de algo sendo jogado sobre a mesa. Ergo o olhar e encontro Jen parada em minha frente, a expressão séria e determinada.— O que é isso? — pergunto sem rodeios, franzindo o cenho.Jen suspira, cruzando os braços com uma atitude desafiadora.— O currículo da sua secretária barra... esposa — diz com um certo desgosto evidente na voz. — Você conhece sua esposa o suficiente?Semicerro os olhos, minha mente correndo para entender as implicações daquelas palavras. Instantaneamente, deduzo que Otto deve estar por trás disso. Ele sempre tem um plano, uma jogada para desestabilizar tudo.— Saia do meu escritório — digo sério, controlando o tom de voz.Jen não se mo
Tara~ Vamos ver o papai? ~ pergunto para Thomas, enquanto as portas do elevador se abrem.Ele sorri, balbuciando algumas palavras em resposta, e meu coração se enche de ternura. Carrego-o no colo, sentindo seu peso e a segurança que ele transmite.Alguns funcionários nos lançam olhares e sorrisos gentis enquanto caminhamos pelos corredores. Thomas parece ser a estrela da empresa, e os sorrisos direcionados a ele me fazem sentir uma pequena alegria, mesmo no meio de tanto trabalho.Não era de costume tirar Thomas da creche no meio do expediente, mas hoje senti que seria uma boa ideia levá-lo para ver Mason.Talvez fosse uma tentativa inconsciente de aliviar a tensão que parecia pairar no ar desde os últimos acontecimentos. Mason não passava tanto tempo com Thomas quanto gostaria, e eu queria proporcionar esse momento de proximidade para eles dois.Chegando à porta do escritório de Mason, digo animada:~ Olha quem veio ver você! ~ Empurro a porta com um sorriso no rosto, pronta para ve