TaraMason se senta na poltrona de capitão à minha frente. A aeromoça não demora para perguntar se ele precisa de alguma coisa, mas ele simplesmente a ignora enquanto clica na tela do tablet.— Estou aqui para servir o senhor como precisar. Por favor, não hesite em pedir qualquer coisa durante o voo longo.Ela bate as pálpebras para Mason com ar sedutor.Servir? Que lambisgoia .Mason continua indiferente à insinuação óbvia dela. Ele nem se dá ao trabalho de erguer os olhos, apesar do jeito como ela para ao lado da poltrona dele, babando em todo o carpete.Limpo a garganta.— Com licença?Ela nem se volta em minha direção.— O capitão disse que a viagem vai ser tranquila. Estou curiosa para saber por que o senhor escolheu a África do Sul.— Sempre quis fazer um safári. — Faz três dias, pelo menos.Ela se atreve a me lançar um olhar mordaz por sobre o ombro. É sério que ela vai me ignorar enquanto flerta com ele? Ele está usando uma aliança de casamento, pelo amor de Deus.— Meu marido
TaraLevo dois dias para me recuperar de um jet lag pesado. Na terceira manhã, eu me sinto melhor do que nunca.Encosto a cabeça em minha fronha de seda enquanto viro de lado e contemplo as janelas panorâmicas do chão ao teto com vista para a mata.A luz rebrilha na superfície de nossa piscina particular, e fico tentada a mergulhar para despertar.Estico as pernas antes de fazer uma dancinha comemorativa na cama.O som de meu alarme quebra o silêncio.Não demoro para me arrumar, considerando minhas opções limitadas de roupas para safári.Quando saio para a sala de estar, penso que Mason vai estar irritado por eu estar dez minutos atrasada. Mas ele não está aqui. Giro em um círculo antes de atravessar nossa casa particular. O quarto dele fica no lado oposto da casa, lhe dando uma vista igualmente bonita de nossa piscina lá fora.Um som abafado passa por baixo da porta do quarto dele.Giro a maçaneta e empurro a porta, encontrando Mason curvado sobre a escrivaninha, perfeitamente elegant
MasonTem alguma coisa estranha com Tara desde que falei para ela que precisávamos cancelar nosso safári hoje. Pensei que seu mau humor teria passado até o meio-dia, mas estava enganado. Ela só fala comigo por e-mail, embora esteja a uma caminhada rápida do meu quarto, e evita as áreas comuns do bangalô. A maneira como ela me ignora me deixa muito mais frustrado do que eu gostaria de admitir.Tenho vontade de ver como ela está algumas vezes ao longo do dia, mas mudo de ideia. Sempre que ela se irrita no trabalho, acho que é melhor deixá-la sozinha para organizar seus sentimentos. Ela sabe o que está em jogo aqui e, mais do que ninguém, sabe o quanto esse negócio significa para mim. Seria ridículo se ela pensasse que eu diria não a Yakura depois do parto que foi para conseguir falar com ele ao telefone.O horário de nossa reunião se aproxima, e Tara ainda não veio para configurar o computador. Pego o celular para ligar para ela, mas acabo não precisando. Ela entra na sala com seu lapto
TaraEu queria poder dizer que sou destemida a ponto de estardisposta a dar uma voltinha pela área do alojamento de safári.Com toda a franqueza, eu estava convicta a fazer exatamente isso, ainda mais depois da briga com Mason.Mas não sou destemida. Nem um pouquinho. Bastaramalgumas folhas farfalhando para me fazer voltar correndo para o quintal dos fundos e me plantar em uma espreguiçadeira. Para não deixar o cretino lá dentro ficar sabendo de minha presença, mantive as luzes apagadas. Eu poderia mentir para mim mesma e dizer que fiz isso para poder olhar melhor as estrelas, mas na realidade queria ficar sozinha.Tudo aquilo estava começando a me deixar confusa, não estava mais entendendo meus próprios pensamentos. Meu celular vibra pela quarta vez desde que saí. O nome de Mason aparece na tela, e suspiro ao atender a ligação.Seja adulta. — Diga onde você está. — A voz retumbante dele atravessa o celular.— Fora.Quanta maturidade. Mas, sério, quem é ele para me dar ordens dess
TaraAo contrário de ontem, Mason já está me esperando na sala de estar principal às cinco horas. Em ponto .— Você está atrasada — Ele ressalta.Suspiro.— Dois minutos.— Tome. Vamos. — Ele enfia um copo de isopor na minha mão vazia.Eu o encaro.— Obrigada? — Dou um gole e suspiro quando a primeira dose de cafeína atinge minha língua.Ele solta um barulho vindo do fundo da garganta.— Não precisa me agradecer. Oferecer cafeína a você é exclusivamente para meu benefício próprio. Costuma deixar você mais complacente.Meu queixo cai.— Como é que é?Ele nem se dá ao trabalho de me responder enquanto sai do bangalô.— Alguém está bem ansioso para começar o dia — grito atrás dele depois de pegar minha mochila com meus suprimentos. O sol ainda não nasceu, então preciso me manter perto de Mason usando as lamparinas da trilha de terra para nos guiar na direção do ponto de encontro.— Quanto antes chegarmos, mais cedo conseguimos acabar com isso.— Por favor, controle a euforia. Tenho medo
TaraNa manhã seguinte, a chuva forte cai sobre o deque, obscurecendo nossa vista da vegetação. Nuvens cinza-escuras bloqueiam toda a luz do sol. Minha fé em sair para o safári de hoje diminui a cada gota d’água que cai sobre o chão.— Você acha que vão nos levar mesmo assim? — pergunto, sem conseguir conter a esperança que transparece em minha pergunta.Um relâmpago corta as nuvens antes de um trovão estremecer o vidro.Ele balança a cabeça.— Não vamos sair em uma tempestade assim, independentemente do que eles digam.— Mas…— Não.Bufo.— É uma chuva de verão. Vai passar rapidinho.Um raio cai de novo, enchendo o céu de uma luz forte. Ele me lança um olhar que não precisa de tradução.— Tá. Você está certo. — Faço biquinho.— Já está desistindo? Não vai nem me fazer me esforçar?— Seus olhos brilham tanto quanto a luz ofuscante lá fora. O jeito como ele me encara, com um desafio silencioso, me fazer querer insistir.— Uma parte de mim acha que você gosta de puxar briga comigo porqu
Tara— Mais um? — Ele resmunga antes de enfiar um punhadode pipoca na boca.Juro que Mason consome mais comida que um time de futebol inteiro. Aperto o botão de mudo, silenciando a TV.— Você tem algum problema com isso?— Você assistiu a oito episódios seguidos deles fazendo exatamente a mesma coisa.— E eu poderia assistir a mais oito sem nunca me entediar. — Roubo o pote de pipoca de seu colo. Tem algo de relaxante em assistir a meu casal favorito de profissionais de reforma restaurarem casas em ruínas. Os episódios são curtos e previsíveis, o que os torna uma opção fácil quando estou me sentindo sem ideias.— Por quê? — ele pergunta.— Porque estou me inspirando.Suas sobrancelhas se franzem.— Não me diga que realmente quer fazer isso um dia.— É claro que quero. Parece tão divertido! — Quer dizer, pelo menos a maior parte. Eu poderia viver sem os vazamentos no telhado e os problemas de esgoto que parecem estourar do nada.— Eles encontraram uma família de camundongos na últim
Mason— Ei. — Alguém cutuca meu ombro.— Argh. Me deixa dormir. — Pego um travesseiro e cubro a cabeça para abafar a voz de Mason.— Tem uma coisa lá fora que você vai querer ver.— Shh. — Puxo a coberta em que estava aconchegada sobre a cabeça.Espera. Uma coberta? Não lembro de pegar no sono, que dirá ter energia para pegar uma coberta.— Esta pode ser sua única chance de ver um leopardo,então, se eu fosse você, levantaria. Agora.— Quê? — Eu me sento com tudo no sofá. A TV continua passando no mudo. Não sei como, mas acabei esparramada no sofá, ocupando meu lado e o lugar onde Mason estava sentado antes. — Vem comigo. — Ele me faz correr atrás dele enquanto sai da sala. A única fonte de luz que temos é a luz brilhando através das janelas. Mason atravessa a casa para me guiar na direção de seu quarto.— É melhor que isso não seja um truque para me levar para o seu quarto.Apesar da luz baixa, consigo distinguir o olhar furioso que ele me lança por sobre o ombro.— Estou brincand