TaraEu queria poder dizer que sou destemida a ponto de estardisposta a dar uma voltinha pela área do alojamento de safári.Com toda a franqueza, eu estava convicta a fazer exatamente isso, ainda mais depois da briga com Mason.Mas não sou destemida. Nem um pouquinho. Bastaramalgumas folhas farfalhando para me fazer voltar correndo para o quintal dos fundos e me plantar em uma espreguiçadeira. Para não deixar o cretino lá dentro ficar sabendo de minha presença, mantive as luzes apagadas. Eu poderia mentir para mim mesma e dizer que fiz isso para poder olhar melhor as estrelas, mas na realidade queria ficar sozinha.Tudo aquilo estava começando a me deixar confusa, não estava mais entendendo meus próprios pensamentos. Meu celular vibra pela quarta vez desde que saí. O nome de Mason aparece na tela, e suspiro ao atender a ligação.Seja adulta. — Diga onde você está. — A voz retumbante dele atravessa o celular.— Fora.Quanta maturidade. Mas, sério, quem é ele para me dar ordens dess
TaraAo contrário de ontem, Mason já está me esperando na sala de estar principal às cinco horas. Em ponto .— Você está atrasada — Ele ressalta.Suspiro.— Dois minutos.— Tome. Vamos. — Ele enfia um copo de isopor na minha mão vazia.Eu o encaro.— Obrigada? — Dou um gole e suspiro quando a primeira dose de cafeína atinge minha língua.Ele solta um barulho vindo do fundo da garganta.— Não precisa me agradecer. Oferecer cafeína a você é exclusivamente para meu benefício próprio. Costuma deixar você mais complacente.Meu queixo cai.— Como é que é?Ele nem se dá ao trabalho de me responder enquanto sai do bangalô.— Alguém está bem ansioso para começar o dia — grito atrás dele depois de pegar minha mochila com meus suprimentos. O sol ainda não nasceu, então preciso me manter perto de Mason usando as lamparinas da trilha de terra para nos guiar na direção do ponto de encontro.— Quanto antes chegarmos, mais cedo conseguimos acabar com isso.— Por favor, controle a euforia. Tenho medo
TaraNa manhã seguinte, a chuva forte cai sobre o deque, obscurecendo nossa vista da vegetação. Nuvens cinza-escuras bloqueiam toda a luz do sol. Minha fé em sair para o safári de hoje diminui a cada gota d’água que cai sobre o chão.— Você acha que vão nos levar mesmo assim? — pergunto, sem conseguir conter a esperança que transparece em minha pergunta.Um relâmpago corta as nuvens antes de um trovão estremecer o vidro.Ele balança a cabeça.— Não vamos sair em uma tempestade assim, independentemente do que eles digam.— Mas…— Não.Bufo.— É uma chuva de verão. Vai passar rapidinho.Um raio cai de novo, enchendo o céu de uma luz forte. Ele me lança um olhar que não precisa de tradução.— Tá. Você está certo. — Faço biquinho.— Já está desistindo? Não vai nem me fazer me esforçar?— Seus olhos brilham tanto quanto a luz ofuscante lá fora. O jeito como ele me encara, com um desafio silencioso, me fazer querer insistir.— Uma parte de mim acha que você gosta de puxar briga comigo porqu
Tara— Mais um? — Ele resmunga antes de enfiar um punhadode pipoca na boca.Juro que Mason consome mais comida que um time de futebol inteiro. Aperto o botão de mudo, silenciando a TV.— Você tem algum problema com isso?— Você assistiu a oito episódios seguidos deles fazendo exatamente a mesma coisa.— E eu poderia assistir a mais oito sem nunca me entediar. — Roubo o pote de pipoca de seu colo. Tem algo de relaxante em assistir a meu casal favorito de profissionais de reforma restaurarem casas em ruínas. Os episódios são curtos e previsíveis, o que os torna uma opção fácil quando estou me sentindo sem ideias.— Por quê? — ele pergunta.— Porque estou me inspirando.Suas sobrancelhas se franzem.— Não me diga que realmente quer fazer isso um dia.— É claro que quero. Parece tão divertido! — Quer dizer, pelo menos a maior parte. Eu poderia viver sem os vazamentos no telhado e os problemas de esgoto que parecem estourar do nada.— Eles encontraram uma família de camundongos na últim
Mason— Ei. — Alguém cutuca meu ombro.— Argh. Me deixa dormir. — Pego um travesseiro e cubro a cabeça para abafar a voz de Mason.— Tem uma coisa lá fora que você vai querer ver.— Shh. — Puxo a coberta em que estava aconchegada sobre a cabeça.Espera. Uma coberta? Não lembro de pegar no sono, que dirá ter energia para pegar uma coberta.— Esta pode ser sua única chance de ver um leopardo,então, se eu fosse você, levantaria. Agora.— Quê? — Eu me sento com tudo no sofá. A TV continua passando no mudo. Não sei como, mas acabei esparramada no sofá, ocupando meu lado e o lugar onde Mason estava sentado antes. — Vem comigo. — Ele me faz correr atrás dele enquanto sai da sala. A única fonte de luz que temos é a luz brilhando através das janelas. Mason atravessa a casa para me guiar na direção de seu quarto.— É melhor que isso não seja um truque para me levar para o seu quarto.Apesar da luz baixa, consigo distinguir o olhar furioso que ele me lança por sobre o ombro.— Estou brincand
MasonO carro mal estaciona quando Tara escapa da garagem, ansiosa para ver Thomas. Monroe abre minha porta com os lábios apertados.— Há quanto tempo você é casado? — Saio do carro e abotoo o paletó.Ele se sobressalta como se eu nunca tivesse falado com ele antes. Podemos não ser confidentes, mas ele é meu motorista muito antes de eu ter habilitação. É claro que interajo com ele. Ele tem meu número pessoal, só para fins de coordenação.— Quarenta anos já. — Ele sorri consigo mesmo como se a ideia o agradasse.— De livre e espontânea vontade?Em vez do quê? Um acordo contratual como o seu? Ele ri.— Ela poderia dizer que não, se o senhor perguntasse.Inclino a cabeça.— Por quê?Ele olha para mim como se questionasse meu QI.— Porque o casamento é uma coisa difícil e, segundo ela, não sou a pessoa mais fácil de conviver. Além disso, eu ronco.Uma risada se prende na minha garganta.— Faz sentido. — Eu me viro na direção da porta, mas as palavras de Monroe me interrompem.— Posso dar
TaraEstava terminando de cozinhar um macarrão simples, algo que eu podia preparar rapidamente depois de colocar Thomas para dormir. A cozinha estava silenciosa, exceto pelo som da água fervendo e o estalar leve da frigideira. O aroma de alho e azeite preenchia o ar, trazendo uma sensação de conforto após um dia longo e cheio de surpresas.Estava perdida em pensamentos, mexendo distraidamente o molho na panela, quando ouvi passos suaves. Me virei rapidamente e vi Mason entrando na cozinha, ainda de pijama. Ele parecia um pouco desorientado, com os cabelos desgrenhados e os olhos meio sonolentos.~ Ei ~ diz ele, a voz baixa e rouca de sono ~ O que você está fazendo acordada a essa hora?~ Não consegui dormir ~ respondi, tentando manter minha voz calma e casual ~ Achei que uma refeição rápida poderia ajudar.Mason sorriu, aproximando-se da bancada.~ Posso me juntar a você?~ Claro ~ respondi, tentando esconder meu nervosismo. Ele parecia tão à vontade, e isso me deixava mais consciente
TaraFaz uma semana e Mason ainda não recuou.A cada dia ele parece mais insistente em passar mais tempo comigo. Quer seja jantando junto ou ele trabalhando em seu tablet enquanto assisto à TV na frente da lareira antes de dormir, não consigo me livrar dele.Nunca pensei que ele gostaria de passar tanto tempo comigo por livre e espontânea vontade. Embora a maioria das pessoas pudesse não se incomodar em ficar perto de seus maridos de mentira, sinto que estou perdendo o foco.Como se estivesse esquecendo os motivos por que nunca daríamos um bom casal.Para ser bem sincera comigo mesma, meus pensamentos vêm se distanciando lentamente da vingança e se dirigindo a um grande sinal de alerta vermelho conhecido como paixão.Nem estou falando sobre paixão física. Mais sobre a atração de almas que tenta a parte partida de mim a se abrir completamente a ele, sem me importar com as consequências.É assustador pensar que posso estar disposta a deixar, por livre e espontânea vontade, que ele se ap