TaraNa manhã seguinte, a chuva forte cai sobre o deque, obscurecendo nossa vista da vegetação. Nuvens cinza-escuras bloqueiam toda a luz do sol. Minha fé em sair para o safári de hoje diminui a cada gota d’água que cai sobre o chão.— Você acha que vão nos levar mesmo assim? — pergunto, sem conseguir conter a esperança que transparece em minha pergunta.Um relâmpago corta as nuvens antes de um trovão estremecer o vidro.Ele balança a cabeça.— Não vamos sair em uma tempestade assim, independentemente do que eles digam.— Mas…— Não.Bufo.— É uma chuva de verão. Vai passar rapidinho.Um raio cai de novo, enchendo o céu de uma luz forte. Ele me lança um olhar que não precisa de tradução.— Tá. Você está certo. — Faço biquinho.— Já está desistindo? Não vai nem me fazer me esforçar?— Seus olhos brilham tanto quanto a luz ofuscante lá fora. O jeito como ele me encara, com um desafio silencioso, me fazer querer insistir.— Uma parte de mim acha que você gosta de puxar briga comigo porqu
Tara— Mais um? — Ele resmunga antes de enfiar um punhadode pipoca na boca.Juro que Mason consome mais comida que um time de futebol inteiro. Aperto o botão de mudo, silenciando a TV.— Você tem algum problema com isso?— Você assistiu a oito episódios seguidos deles fazendo exatamente a mesma coisa.— E eu poderia assistir a mais oito sem nunca me entediar. — Roubo o pote de pipoca de seu colo. Tem algo de relaxante em assistir a meu casal favorito de profissionais de reforma restaurarem casas em ruínas. Os episódios são curtos e previsíveis, o que os torna uma opção fácil quando estou me sentindo sem ideias.— Por quê? — ele pergunta.— Porque estou me inspirando.Suas sobrancelhas se franzem.— Não me diga que realmente quer fazer isso um dia.— É claro que quero. Parece tão divertido! — Quer dizer, pelo menos a maior parte. Eu poderia viver sem os vazamentos no telhado e os problemas de esgoto que parecem estourar do nada.— Eles encontraram uma família de camundongos na últim
Mason— Ei. — Alguém cutuca meu ombro.— Argh. Me deixa dormir. — Pego um travesseiro e cubro a cabeça para abafar a voz de Mason.— Tem uma coisa lá fora que você vai querer ver.— Shh. — Puxo a coberta em que estava aconchegada sobre a cabeça.Espera. Uma coberta? Não lembro de pegar no sono, que dirá ter energia para pegar uma coberta.— Esta pode ser sua única chance de ver um leopardo,então, se eu fosse você, levantaria. Agora.— Quê? — Eu me sento com tudo no sofá. A TV continua passando no mudo. Não sei como, mas acabei esparramada no sofá, ocupando meu lado e o lugar onde Mason estava sentado antes. — Vem comigo. — Ele me faz correr atrás dele enquanto sai da sala. A única fonte de luz que temos é a luz brilhando através das janelas. Mason atravessa a casa para me guiar na direção de seu quarto.— É melhor que isso não seja um truque para me levar para o seu quarto.Apesar da luz baixa, consigo distinguir o olhar furioso que ele me lança por sobre o ombro.— Estou brincand
MasonO carro mal estaciona quando Tara escapa da garagem, ansiosa para ver Thomas. Monroe abre minha porta com os lábios apertados.— Há quanto tempo você é casado? — Saio do carro e abotoo o paletó.Ele se sobressalta como se eu nunca tivesse falado com ele antes. Podemos não ser confidentes, mas ele é meu motorista muito antes de eu ter habilitação. É claro que interajo com ele. Ele tem meu número pessoal, só para fins de coordenação.— Quarenta anos já. — Ele sorri consigo mesmo como se a ideia o agradasse.— De livre e espontânea vontade?Em vez do quê? Um acordo contratual como o seu? Ele ri.— Ela poderia dizer que não, se o senhor perguntasse.Inclino a cabeça.— Por quê?Ele olha para mim como se questionasse meu QI.— Porque o casamento é uma coisa difícil e, segundo ela, não sou a pessoa mais fácil de conviver. Além disso, eu ronco.Uma risada se prende na minha garganta.— Faz sentido. — Eu me viro na direção da porta, mas as palavras de Monroe me interrompem.— Posso dar
TaraEstava terminando de cozinhar um macarrão simples, algo que eu podia preparar rapidamente depois de colocar Thomas para dormir. A cozinha estava silenciosa, exceto pelo som da água fervendo e o estalar leve da frigideira. O aroma de alho e azeite preenchia o ar, trazendo uma sensação de conforto após um dia longo e cheio de surpresas.Estava perdida em pensamentos, mexendo distraidamente o molho na panela, quando ouvi passos suaves. Me virei rapidamente e vi Mason entrando na cozinha, ainda de pijama. Ele parecia um pouco desorientado, com os cabelos desgrenhados e os olhos meio sonolentos.~ Ei ~ diz ele, a voz baixa e rouca de sono ~ O que você está fazendo acordada a essa hora?~ Não consegui dormir ~ respondi, tentando manter minha voz calma e casual ~ Achei que uma refeição rápida poderia ajudar.Mason sorriu, aproximando-se da bancada.~ Posso me juntar a você?~ Claro ~ respondi, tentando esconder meu nervosismo. Ele parecia tão à vontade, e isso me deixava mais consciente
TaraFaz uma semana e Mason ainda não recuou.A cada dia ele parece mais insistente em passar mais tempo comigo. Quer seja jantando junto ou ele trabalhando em seu tablet enquanto assisto à TV na frente da lareira antes de dormir, não consigo me livrar dele.Nunca pensei que ele gostaria de passar tanto tempo comigo por livre e espontânea vontade. Embora a maioria das pessoas pudesse não se incomodar em ficar perto de seus maridos de mentira, sinto que estou perdendo o foco.Como se estivesse esquecendo os motivos por que nunca daríamos um bom casal.Para ser bem sincera comigo mesma, meus pensamentos vêm se distanciando lentamente da vingança e se dirigindo a um grande sinal de alerta vermelho conhecido como paixão.Nem estou falando sobre paixão física. Mais sobre a atração de almas que tenta a parte partida de mim a se abrir completamente a ele, sem me importar com as consequências.É assustador pensar que posso estar disposta a deixar, por livre e espontânea vontade, que ele se ap
TaraDedico um tempo extra me maquiando e pintando as unhas. Consigo entrar no meu vestido longo, tomando cuidado para não prender as tranças no zíper aberto.Por mais que eu tente, não consigo alcançar o zíper. Sou levada de volta à lembrança de minha noite de núpcias. No entanto, ao contrário de antes, não vejo mal em pedir uma ajudinha a Mason, desde que ele esteja completamente vestido.Uma batida na porta me salva de ter que ir muito longe atrás de sua ajuda.Pego a maçaneta e abro a porta.— Oi.Mason se recosta no batente, o cabelo perfeitamente penteado e o smoking moldado a seus músculos como se tivesse sido costurado diretamente em seu corpo. A única coisa desleixada nele é a gravata-borboleta que pende desfeita sobre a camisa.Você tinha que se casar com o homem mais bonito de Nova York.Quero me afogar nos seus olhos cor de uísque e nunca subir para tomar ar. Tem alguma coisa na maneira como ele olha para mim que parece me desnudar, me privando de qualquer pensamento sensa
Mason A única hora em que saímos da pista de dança é para buscar mais bebidas e participar do leilão de que não tenho interesse nenhum em tomar parte. Basta Tara dar um gritinho com a perspectiva de uma viagem ao México para eu começar a dar lances, erguendo a placa para superar todos no salão.Tara envolve os braços ao redor do meu pescoço e beija minha bochecha quando o leiloeiro anuncia o número de nossa placa. Nem tenho a chance de processar seus lábios em minha pele antes de ela recuar e voltar a se acomodar em sua cadeira.Foda-se.Fico revigorado pelos sorrisos que ela me lança.Algumas pessoas tentam me superar nas coisas que chamam a atenção de Tara, mas eu as venço toda vez. Quando oleiloeiro sai do pódio, gastei mais de cinquenta milhões de dólares só pela adrenalina que sinto sempre que Tara sorri.Não é preciso muita persuasão da sua parte para me arrastar de volta à pista de dança depois que o leilão termina, embora eu dê uma parada no bar para ter forças para passar p