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CAPÍTULO - 2 ( Mikhail Venturilli )

Voltei tropeçando para dentro do meu escritório, tentando localizar minhas roupas. Vesti minha calça por cima do corpo, porque não consegui achar minha cueca. Depois achei a camisa e saí correndo enquanto a vestia.

Quando cheguei na saída do corredor ao qual dava acesso a boate, me deparei

com Ricardo, meu segurança, que estava assustado.

— Chefe, tentamos alcançar a garota, mas a maluca pulou o muro da doca onde recebemos nossas mercadorias.

— Sério? Você está me dizendo que um monte de homem foi enganado por uma ragazza?

Ricardo respirou fundo e balançou a cabeça afirmando a incompetência dos meus homens.

— Ricardo, onde estava a empresa contratada para segurança do meu empreendimento?

— Chefe, infelizmente falharam. Fique tranquilo, vou providenciar a troca da empresa e dentro de cinco minutos o senhor estará com as imagens da câmera de segurança.

Respirei fundo e virei as costas voltando para o meu escritório.

Pessoas incompetentes sempre me deixavam possesso. Era inadmissível gastar uma fortuna com sistemas de última geração, contratos milionários para manter nossos negócios seguros e uma encrenca com cara de vinte anos derrubar todos eles.

Bati a porta do meu escritório, me servi com duas doses de uísque puro e engoli todo o líquido sem respirar. Eu me sentei no sofá e respirei algumas vezes de forma lenta para tentar me acalmar. No fundo, lidar com sentimentos conflitantes, nunca foi algo presente no meu cotidiano e quando acontecia, me deixava frustrado. A falta de controle era algo incomum para mim.

Uma virgem maluca se jogar em cima de mim daquele jeito e depois despejar sobre mim todo seu veneno, saiu do meu script.

 Estava saindo do banheiro depois de me vestir de forma correta, quando me deparei com

Ricardo com as imagens das câmeras.

Depois de analisar cada uma delas, confesso que a coragem da garota me deixou fascinado. A rapidez dela ao escalar aquele muro, foi peculiar. Assisti as cenas algumas vezes, tentando descobrir quem era aquela mulher.

Meu Deus, quando estava fazendo minha higiene, me deparei com alguns vestígios do seu sangue virginal e fiquei indignado com a atitude dela.

Guardei o pendrive em meu bolso e me lembrei das garotas que estavam com ela.

— Ricardo, vamos para a central de vigilância. Preciso identificar se as amigas delas ainda estão na boate. Elas estavam em uma despedida de solteira.

Meu segurança não questionou e me seguiu em silêncio. Esta era uma das virtudes dele, além de um excelente profissional, era fiel a mim e a minha família. Verificamos todas as telas existentes no grande painel que ocupava uma parede da sala, até identificarmos duas delas acertando os comandas na recepção da boate.

Ricardo passou um rádio aos seguranças para conduzi-las a sala privada. Aquele era um local para mediação de questões conflitantes ocorridas entre frequentadores da boate. Quando entramos, nos deparamos com as duas jovens bonitas que acompanhavam a senhorita encrenca.

Uma delas estava sentada no sofá e era possível ver seu tórax subindo e descendo quando respirava. A outra, diferente da amiga, andava de um lado para o outro com nariz empinado com uma expressão de impaciência.

Assim que me viu, colocou a mão na cintura e me questionou com um tom arrogante.

— Quem você pensa que é para mandar seus brutamontes nos arrastar para cá como criminosas?

Encarei a baixinha com um olhar assassino, passei a língua nos lábios para ganhar tempo e me acalmar.

— Eu não penso, ragazza, eu sou o dono deste lugar, mas tenho certeza de que vocês sabem disto, não é?

A infeliz deu uma risada sarcástica e me enfrentou:

— O grande Mikhail Venturilli, o maior playboy da Sicília. Não faço parte do time que abaixa as calcinhas para você, seu puttano.

Audaciosa a garotinha, nunca fui chamado de prostituto antes por ninguém, mas ela cansou minha paciência.

— Ótimo saber que não preciso me apresentar e se te interessa, ragazza, você não está no seleto grupo de mulheres que me atraem. — Ela abriu a boca para me xingar, mas eu a interrompi. — Quero saber quem é a louca que estava com vocês?

A arrogantezinha ficou com a bochecha vermelha e respirando com ódio por ter sido ignorada.

 Se estivéssemos em outro momento, eu gostaria de fazer por horas com a cara dela, mas eu estava interessado demais na informação para prosseguir.

— Não sei do que está falando, Mikhail Venturilli. — Ela falou meu nome em tom de deboche, me dando uma fisgada no pau. Até que a baixinha era gostosa falando meu nome daquele jeito.

Dei uma gargalhada e resolvi ser teatral. Abri os botões do punho da minha camisa olhando fixamente para ela. Enrolei as mangas até o meio dos braços mostrando minhas tatuagens, caminhei devagar para o local onde estava o carrinho de bebidas, coloquei uma dose dupla de uísque em um copo com gelo, voltei para a cadeira imponente atrás da mesa e me sentei diante delas.

— Não tenho pressa, posso esperar vocês se lembrarem.

Ela revirou os olhos, passou a mão nos cabelos e respirou fundo.

Quando abriu a boca, a amiga que havia permanecido muda até naquele momento, resolveu falar e me fez levar um choque com o nome que ouvi.

— Luna Cassano.

— O que você disse?

— Isto mesmo que você ouviu, a louca que estava conosco, se chama Luna Cassano.

Acertei o corpo na cadeira, ficando com as costas eretas. Senti os pelos do meu corpo ficarem eriçados com o sobrenome maldito. Meu Deus, não era possível, devia ter algum engano. Respirei fundo tentando manter meu estado de choque disfarçado.

— E posso saber por que ela resolveu inventar aquela mentira absurda sobre estar grávida de mim?

A garota calada balançou a cabeça de um lado para o outro, fechou os olhos jogando o pescoço para trás e depois de alguns segundos me respondeu.

— Porque minha amiga não tem um parafuso no lugar naquela cabeça oca. Ela estava com raiva da família e a idiota aí, a provocou com uma aposta absurda...

A garota baixinha interrompeu a amiga.

— Chega, Ruby, já falou demais. Pode nos deixar sair, por favor? Não temos mais nada a dizer.

Eu estava disposto a interrogá-las sobre aquela história, mas mudei de ideia, pois precisava colocar meus pensamentos no lugar.

— Ricardo, acompanhe-as até a saída.

Meu segurança abriu a porta e esperou elas se levantarem. A baixinha invocada ficou me olhando com raiva e quando passou por mim, despediu de forma abusada.

— Até nunca mais, seu babaca.

— Ricardo, aproveite para informar a recepção que as duas estão proibidas de voltar a MINHA boate.

Ela bufou e pensou em retrucar, mas foi puxada pela amiga chamada Ruby. Quando me vi sozinho na sala, caí sentado no sofá, respirei fundo e falei para mim mesmo.

— Parabéns, Mikhail Venturilli, foi f*der logo a maledetta

Cassano. Aquilo só podia ser sacanagem do destino.

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