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CAPÍTULO - 5 ( Luna Cassano )

Depois de conseguir aplacar a curiosidade das minhas amigas, resolvemos dormir. Bastou ficar em silêncio no escuro, para as lembranças de pior dia da minha vida vir à tona.

Ter sido enganada pelo homem o qual eu sempre sonhei em me casar, acabou com meus sonhos de casamento de princesa. Desde o meu nascimento, fui prometida para o filho de um dos empresários mais poderosos da Sicília, além de seus negócios terem ramificações com os do meu avô. A junção das duas famílias seria benéfica para ambos.

Eu estava com vinte anos e Otaniel com vinte e quatro. Ele era lindo, carinhoso, mas sempre me tratou como se fosse uma peça de cristal.

Sempre achei lindo o modo com o ele se relacionava comigo, me sentia protegida e segura.

Às vezes eu me arrumava com roupas mais sedutoras e me jogava para cima dele sem nenhum pudor, mas estranhava a falta de entusiasmo dele. Quando eu o questionava, a resposta era sempre a mesma:

Cara mia, rispetto la tua famiglia.

Confesso que me sentia frustrada, mas acabava acreditando, pois meu avô era mesmo um homem temido e respeitado por todos. Meus pais sempre me protegiam das loucuras do vovô, como por exemplo ter que certificar minha virgindade por laudo médico.

Graças a Deus, papai era sensato e era o único a não temer o seu pai. Ele foi enfático ao negar tamanho absurdo. Depois do escândalo causado pelas denúncias contra a minha família, passamos por alguns momentos complicados, principalmente, quando a história do médico monstro foi relacionada ao nome dos Cassano.

Para nossa segurança, eu e mamãe viajamos para a casa da minha tia na Grécia. Desde a notícia da morte da minha prima, que eu estava bastante abalada, Emma era minha melhor Amiga. Quando descobri o que ela passava nas mãos daquele médico desgraçado, chorei muito, me senti culpada.

Minha prima sofreu tudo calada, sem pedir ajuda para ninguém. No fundo ela não tinha com quem contar e saber de tudo o que aconteceu debaixo do meu nariz, sem nossa intervenção, abalou um pouco o relacionamento da nossa família com vovô. Apesar dele jurar não saber de nada, eu não acreditava. A minha admiração de neta, ficou bem estremecida.

Passamos quase dois anos fora da Itália. Meu pai achou melhor nos manter longe do escândalo e da ira do vovô. Eu e Otaniel conversávamos poucas vezes por aplicativo de mensagens. Ele estava sempre ocupado.

Infelizmente, a fuga da minha prima, ocasionou a demissão dos seguranças da nossa casa e eu nunca mais soube do Tiago.

Meu pai nos visitava todos os meses, mas evitava comentar os problemas da família perto de mim. Quando fez um ano em que estávamos morando com titia, ouvi uma conversa muito estranha entre ele e minha mãe.

— Aurora, papai anda a cada dia mais louco. Ele queria um atestado de virgindade de nossa filha, segundo ele, exigência do pai de Otaniel.

— Você negou, não é, César? Não quero nossa filha passando por esta humilhação.

— Eu neguei, amore mio. Ele me xingou, dizendo que eu deixo você mandar em mim. Aurora, preciso contar com sua discrição, mas estou articulando com a família, para destituir o papai do seu cargo de Capo. Ele não pode estar com uma saúde mental boa.

— Meu Deus, é grave assim? Seu pai sempre foi ganancioso, mas nunca maltratou a família. Você sabe o motivo dele tratar Emma daquele jeito, não é?

— Sei e nunca concordei. Depois de descobrir o que nosso médico de família fez com ela, me senti pessimo.

— Não fica assim, amore mio. Eu não acredito na morte da Emma, para mim tem algo grande atrás desta morte precoce.

— Tomara que você esteja certa, infelizmente, fiquei sabendo que Lucas pensa assim também.

Naquele dia eu não dormi a noite. Fiquei rolando na cama pensando na conversa dos dois. Eu não conseguia entender como ela teria fugido do meu avô e ainda estar viva. Esperei papai viajar e tentei buscar informação com mamãe, mas ela não disse nada.

Quando voltei para Itália, os prejuízos causados pelas denúncias contra nossa família tinham sido solucionados e recebi com alegria a notícia de que vovô queria marcar meu casamento.

Faltavam apenas três meses para meu aniversário de vinte e um anos. A data escolhida para meu enlace foi o dia do meu aniversário.

Meu noivado foi comemorado com uma festa suntuosa, como eram as comemorações feitas por vovô. Música, gente bonita, presentes caríssimos, homens com seus ternos impecáveis e mulheres com joias de família.

Eu estaria mais feliz se meu noivo demonstrasse um pouco mais de entusiasmo com nossa vida. Ele parecia estar em outro planeta.

Tudo acontecia conforme o planejado, até que uma semana após nosso noivado, resolvi fazer uma surpresa para Otaniel em nossa futura casa e meu mundo caiu.

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