Depois de conversar com as amigas da senhorita Encrenca, resolvi terminar minha noite. O que parecia ser somente um dia de folga para jogar cartas com os amigos, acabou virando uma cena da ópera italiana.
Odiava ter meus planos mudados por questões externas, inclusive, com tanta incompetência.
O manobrista trouxe minha menina, apelido carinhoso dado ao meu Range Rover SV.
Quando entrei em meu carro, acionei o som no último volume, ouvindo Good Times do Ghali e acelerei pelas ruas da Sicília.
Velocidade era o meu fraco, e por isto, investia muito dinheiro na fórmula um. No último ano havia me tornado um dos sócios da maior equipe da Itália: a Ferrari.
No início meu pai não acreditou no meu investimento, mas bastou o primeiro ano para recuperar tudo e dobrar meu capital investido.
Quando cheguei em casa, a adrenalina ainda circulava veloz em meu sangue, por isto resolvi passar pela nossa academia. Morávamos em uma mansão na Sicília, cada família com sua ala separada. Precisava gastar minha energia na esteira e colocar meus pensamentos no lugar.
Eu estava saturado com a quantidade de envolvimento com os Cassano na minha vida.
Primeiro fui obrigado a ouvir que eles eram os mais perigosos, os mais isto, os mais àquilo. Na verdade, eles eram sim, os mais incompetentes e cruéis, principalmente, com crianças e mulheres.
Pode parecer irônico, mas minha família, apesar de ser uma das máfias mais tradicionais da Itália, não éramos adeptos a envolver mulheres e crianças em nossas negociações. Para nós, estes deveriam ser protegidos. Eu não era machista como os mais velhos da dinastia Bravasky e não admitia violência contra elas.
Adorava ver a beleza, a inteligência e a astúcia das minhas primas e irmãs. Pietra era uma verdadeira peste, mas de uma sagacidade invejável.
Daniele, uma fofa e carinhosa. Ela era a caçulinha, com apenas oito anos.
Como dizia mamãe: “ela foi um lindo susto do destino”.
Minhas irmãs eram meus amores, elas sabiam disto e abusavam da minha boa vontade. Eu estava de olho na Pietra, desde o atentado sofrido por meu pai e meu tio, vinha observando minha irmãzinha cheia de proximidades com nosso amigo policial.
Não gosto da arrogância dos policiais, mas Enzo era nosso amigo de infância. Apesar de estar do outro lado, ele sempre conseguiu separar amizade, dos nossos negócios.
Naquele dia, eu precisava do meu primo Diego, mas ele havia perdido o hábito noturno de se exercitar, principalmente, por estar com sua linda Emma, grávida de trigêmeos.
Mais uma loucura do destino, meus primeiros sobrinhos teriam sangue dos Cassano. Eu tinha convicção de que não me casaria nunca e não queria filhos. Depois do atentado, meu pai ficou gravemente ferido e eu passei a ajudá-lo mais de perto. Quando papai resolvesse se aposentar, eu ocuparia o meu lugar de Capo daquela família.
Graças a Deus, apesar de ter perdido o movimento das pernas, o grande Alexandre Venturilli continuava com seu poder de liderança inabalável.
Eu apreciava bastante meu título de herdeiro da máfia, mas ainda não estava pronto para assumir todos os negócios da família. Queria ter tempo de curtir a vida sem tantas responsabilidade sobre minha cabeça.
Sempre brinquei com meus primos, dizendo que eu deveria ser o caçula. Diego era como um vecchio, todo sério e concentrado. Mattia, um verdadeiro nerd, só pensava em acumular conhecimento na sua área. Logo eu, o boêmio, de bem com a vida, um playboy, era o mais velho e por consequência, o futuro Capo da máfia Bravasky.
Durante meu exercício na esteira, cenas do acontecido com a senhorita Encrenca surgia em minha mente. A garota era gostosa para car*lho e tinha uma boca desenhada, feita para me ch*par.
A imagem dela de costas para mim, com seu cabelão como um manto cobrindo suas costas, não saía da minha cabeça. P*ta que pariu, ela era uma visão do paraíso. Respirei fundo, frustrado e falei sozinho.
— Por*a, tinha que ser uma Cassano? Esquece, Mikhail, ela não serve para trepar com você.
Eu tinha nojo daquela família. Se eu soubesse que a senhorita Encrenca era uma diaba disfarçada de deusa, jamais teria encostado um dedo nela. Quando senti a mulher apertada e ela deu um grito de dor, meu coração quase parou.
— Mulher louca dos infernos. Maledetta!!!
Por minha livre e espontânea vontade, nunca deflagaria uma m*****a virgem. A maioria dos homens da máfia querem uma mulher intacta para se casar, mas eu não pensava em casamento pelos próximos dez anos.
Eu era um cafajeste, playboy assumido, mas eu jamais machucaria uma mulher no ato sexual. Ela foi uma filha da puta ao me deixar no escuro. Meti o pau com vontade naquela b*ceta deliciosa, putz que merda! Balancei a cabeça para um lado e outro várias vezes para esquecer aquela noite.
— Mikhail, a ragazza não existe. Acabou. Passou, entendeu?
— Falando sozinho, primo? – Fui surpreendido por Mattia.
Respirei fundo, diminui a velocidade da esteira para caminhada leve, enquanto meu primo pegava uma água no frigobar.
— Mattia, se você soubesse a merda na qual fui me meter. Porra, até agora não consigo acreditar.
Meu primo deu um sorrisinho cínico e debochou:
— Aposto minha herança que tem mulher envolvida.
— Deve ser porque não sou um celibatário como você, não é primo?
Ele deu outra risada e se justificou.
— Não sou celibatário, só não tenho o mesmo dom que você tem de se apaixonar a cada dia por uma mulher diferente. O que houve com você nesta noite?
Resolvi sair da esteira e chamei Mattia para se sentar comigo na área de lanche da academia.
— Primo, eu sei que você é o mais discreto desta família, mas precisa me prometer segredo sobre o que vou te contar.
— Nossa, estou começando a ficar preocupado, nunca te vi assim.
— Posso confiar em você?
— Assim me ofende, porra, claro que pode confiar em mim. Somos família, lembra? Seu problema, nosso problema. Desembucha.
— Cara, eu f*di uma Cassano. — Meu primo me arregalou os olhos e depois começou a rir descontrolado. — Por*a, Mattia, não é para rir da minha noite f*dida.
— Desculpe-me, primo, foi mais forte que eu. Cara, o que está acontecendo com nossa família?
— Não sei. Parece que o destino está de putaria conosco.
— É, mas me conta. Como foi isto?
Contei toda a história para o meu primo, sem deixar passar nada. Ele tentava controlar a vontade de rir, mas algumas vezes falhava e o eu o xingava. Depois de me ouvir, ele respirou fundo e fodeu meus miolos.
— Primo, estou prevendo a terceira guerra mundial nesta situação, porque se te conheço bem, o proibido te atraí.
— Mattia, obrigado por nada. Vamos dormir que é melhor.
Ele deu uns tapinhas no meu ombro e saiu rindo da academia. Meu sentimento era de que o destino havia resolvido f*der minha família. Nunca imaginei viajar para os confins da Rússia, para salvar uma Cassano.
Pelo menos, Emma não havia sido criada no covil de maldades do vecchio Lírio. Pelo jeito o pai dela, era o único a ter o sangue bom na família e fugiu da contaminação prejudicial.
Papai estava mantendo a imprensa calada sobre a esposa do meu primo. Ele havia ofertado um bom dinheiro ao dono dos principais jornais, para plantar a notícia de que o maldito Lucas foi encontrado morto em seu carro e não havia sinais da garota sequestrada por ele nos Estados Unidos.
Nossa família decidiu não divulgar a história da Emma, até o nascimento dos bebês.
Suado e cansado de tanto pensar, saí da academia rumo ao meu quarto. Necessitava de um banho quente, demorado e depois dormir algumas horas. Precisava estar descansado para a noite, pois meu pai havia marcado uma missa com toda a família em nossa capela particular, para agradecer o livramento no atentado. Logo após, todos nós jantaríamos juntos.
Saí do banho e fui direto para a cama, não gostava de vestir nada para dormir. Puxei o edredom para cima do meu corpo e meu último pensamento antes de dormir, foi a maledetta signorina guai.
Depois de conseguir aplacar a curiosidade das minhas amigas, resolvemos dormir. Bastou ficar em silêncio no escuro, para as lembranças de pior dia da minha vida vir à tona.Ter sido enganada pelo homem o qual eu sempre sonhei em me casar, acabou com meus sonhos de casamento de princesa. Desde o meu nascimento, fui prometida para o filho de um dos empresários mais poderosos da Sicília, além de seus negócios terem ramificações com os do meu avô. A junção das duas famílias seria benéfica para ambos.Eu estava com vinte anos e Otaniel com vinte e quatro. Ele era lindo, carinhoso, mas sempre me tratou como se fosse uma peça de cristal.Sempre achei lindo o modo com o ele se relacionava comigo, me sentia protegida e segura.Às vezes eu me arrumava com roupas mais sedutoras e me jogava para cima dele sem nenhum pudor, mas estranhava a falta de entusiasmo dele. Quando eu o questionava, a resposta era sempre a mesma:— Cara mia, rispetto la tua famiglia.Confesso que me sentia frustrada, mas a
Ele estava morando no condomínio de casas onde iriamos morar depois do casamento, aquele lugar foi escolhido por mim, pois parecia o castelo das minhas histórias infantis. A decoração externa era suntuosa e planejada para causar a impressão de um conto de fadas.O interior do meu lar tinha sido decorado conforme meus desejos, a arquiteta havia acertado em todos os detalhes. Quando cheguei a recepção do meu luxuoso condomínio, parei o carro na guarita e cumprimentei nosso porteiro.— Boa tarde, Donato. Como o senhor está?— Boa tarde, senhorita Luna, estou bem. A coluna do senhor Otaniel está melhorando? — Não entendi o que ele quis dizer.— Coluna? — Eu o olhei sem entender.— Sim, a fisioterapeuta dele acabou de chegar. — Senti um baque no coração, mas resolvi entrar na dele.— Ah, sim, claro. Desculpe-me, ando com a cabeça nas nuvens. Espero que ela esteja cuidando bem dele e não falte com o compromisso.— Pode ficar tranquila, a senhorita Camilla, vem todos os dias. O senhor deu um
Desde aquela noite, quando dei a notícia do fim do meu casamento em pleno jantar de família, minha vida virou um inferno. Mamãe foi ao meu quarto quando foi liberada por meu avô e me encontrou aos prantos debruçada em minha cama.— Oh minha filha, eu já te disse mil vezes sobre não conversar certas coisas em frente ao seu avô, você o conhece.Levantei a cabeça e olhei para ela com mágoa.— Conheço sim, um monstro sem coração. Eu não sou mais a criança bobinha que o vovô mandava.— Meu amor, ele é o Capo de nossa família, nós devemos respeito a ele.— Mamãe, respeitar é uma coisa, ser propriedade dele é outra. Eu não vou aceitar ter minha vida destruída por um negócio dele.Mamãe respirou fundo e depois me pediu para contar tudo a ela. Eu me sentei na cama, limpei meu rosto e depois com calma expliquei tudo o que vi, sem esquecer nenhum detalhe.Quando terminei meu relato, ela puxou o ar e o soltou pela boca. Depois mordeu os lábios, pensando antes de falar. Eu conhecia minha mãe, ela
Meus dias eram bastante ocupados, eu não tinha tempo para pensar, mas bastava dormir para aquela mulher louca aparecer em meus sonhos.A Senhorita Encrenca deu uma bagunçada no meu sistema, mas eu estava me esforçando para esquecer aquela noite. Eu a empurrei para o canto das minhas memórias e segui no meu ritmo de vida.O mundo dos negócios andava atribulado, porque havia um boato rolando sobre a saúde mental do Capo dos Cassano. Todo início desemana, nós nos reuníamos para passar o relatório dos negócios e planejar a semana.Estávamos eu, meus primos e tios no escritório junto ao meu pai, quando eu contei a história do Capo estar com um parafuso solto.— Segundo as bocas sedentas por fofoca, o vecchio está queimando os fusíveis e ficando doido.Meu pai tirou seu charuto da boca e com sua voz rouca se pronunciou:— Honestamente? Para mim este homem nunca foi normal.— Eu sei, papa, mas agora parece ser grave. Se for verdade, podeser bom para os nossos negócios.Diego ficou de pé, s
Enquanto as meninas mergulhavam, eu mexia em meu celular fazendo pesquisando sobre um playboy famoso na Itália. Bastava digitar o nome dele e um monte de sites famosos tinha algo a dizer sobre a sensação da Sicília.Eu não sabia bem o porquê da minha súbita curiosidade sobre aquele Putt*n*. A primeira matéria a aparecer no site de busca falava sobre Mikhail Venturilli um dos mais novos acionistas da Scuderia Ferrari.A foto o mostrava vestido em um terno de corte perfeito, o deixando mais alto e lindo. Ele estava junto ao chefe da equipe Vincenzo Carlocci e ao...— PARA TUDOOOOO... PAOLLLAAAAAA...Minha amiga saiu da piscina e veio correndo em minha direção.— O que foi sua louca? O Vaticano está pegando fogo?— Não, claro que não. Amiga, escuta o que vou ler para você.“Mikhail Venturilli , Vincenzo Carlocci e Daniel Fortes brindam o novo modelo da Ferrari a ser apresentado nesta semana pelo seu anfitrião Vincenzo Carlocci, que presenteará o mais novo acionista com o carro número 1 d
— O próprio, Ruby. Mikhail Venturilli em carne e osso e toda sua beleza e tatuagens e tudo o mais que aquele homem tem.Eu e Ruby quase caímos da cadeira e falamos juntas.— O quê? Você pode estar brincando, Elisa.— Não estou. O próprio Leandro me disse.— E por que este monte de homens de preto em volta da gente, Elisa?— Digamos que meu segurança está enciumado do meu corpo perfeito a mostra, Ruby.Enquanto elas se provocavam, eu perdi o poder de respirar. Como assim? Era coincidência demais.— Luna, Leandro me disse que eles estão acertando os últimos detalhes do evento da Ferrari.— Elisa, eu preciso ver este homem. Tem como passar pelos seus brutamontes?— Claro que sim, amiga. Acabo de perceber o quanto o sol está quente. Sigam-me.— O quê? Vocês vão sair da piscina assim? Sem colocar um roupão ou uma camisa?Eu e Elisa demos uma piscadinha para Ruby.— Claro que vamos assim. O que é belo é para ser mostrado, Ruby.Peguei o pente na bolsa da Elisa, ajeitei meus fios longos e d
Quando Daniel me chamou a casa dele para acertarmos algumas questões de logísticas do evento da Ferrari, nunca imaginei encontrar com a Senhorita Encrenca e suas duas discípulas. Para piorar a peste desbocada da amiga, era filha do homem o qual me levou para a Empresa como acionista.Precisei de muito controle para não me perder na bunda da encrenca. Meu Deus, que biquíni era aquele? Um pedaço de pano que mal cobria o seu corpo. Meu tourão ficou doido para sair de dentro da minha calça.Depois da passagem relâmpago delas por nós, perdi toda a minha capacidade de concentração.Porra, ela era uma Cassano, caralho. Eu não podia estar com aqueles pensamentos sacanas.Daniel continuou falando suas estratégias de vendas, sobre a imprensa, credenciais, shows e minha cabeça dando voltas naquelas pernas roliças e bunda redonda. Porca miséria!!!Saí dos meus pensamentos quando ouvi o celular do Daniel tocando. Ele me pediu licença para atender e saiu da sala. Eu continuei sentado tomando meu vi
Saí daquela sala com ódio daquele maledetto. Quem ele pensava que era? Não podia sair me agarrando assim. O infeliz tinha um beijo de molhar a calcinha. Ele era um playboy arrogante, se achava dono do mundo, mas era gostoso demais. Cheguei na piscina com meu corpo arrepiado, ainda sentindo sua mão em minha pele. Elisa e Ruby me esperavam ansiosas.— Luna, que porra foi esta? Aquele italiano é doido? Se meu pai pega vocês dois juntos, explode a terceira guerra mundial.Engoli seco, soltei o ar pela boca, a sensação era como se até aquele momento, eu não respirava. Eu estava muito ofegante, mas dei conta de falar.— Eu não sei, Elisa. Ele me encurralou naquela salinha onde guardam os casacos e me beijou como se fosse arrancar tudo de mim. Aquele maledetto...Ruby me olhou com as pálpebras apertadas:— Amiga, estou começando a achar que você está gostando daquele: “maledetto”.— Está doida, Ruby? Claro que não. Deve ter bebido demais. Eu odeio os Venturilli, desde a barriga da minha mãe