CAPÍTULO - 4 ( Mikhail Venturilli )

Depois de conversar com as amigas da senhorita Encrenca, resolvi terminar minha noite. O que parecia ser somente um dia de folga para jogar cartas com os amigos, acabou virando uma cena da ópera italiana.

Odiava ter meus planos mudados por questões externas, inclusive, com tanta incompetência.

O manobrista trouxe minha menina, apelido carinhoso dado ao meu Range Rover SV.

Quando entrei em meu carro, acionei o som no último volume, ouvindo Good Times do Ghali e acelerei pelas ruas da Sicília.

Velocidade era o meu fraco, e por isto, investia muito dinheiro na fórmula um. No último ano havia me tornado um dos sócios da maior equipe da Itália: a Ferrari.

No início meu pai não acreditou no meu investimento, mas bastou o primeiro ano para recuperar tudo e dobrar meu capital investido.

Quando cheguei em casa, a adrenalina ainda circulava veloz em meu sangue, por isto resolvi passar pela nossa academia. Morávamos em uma mansão na Sicília, cada família com sua ala separada. Precisava gastar minha energia na esteira e colocar meus pensamentos no lugar.

Eu estava saturado com a quantidade de envolvimento com os Cassano na minha vida.

Primeiro fui obrigado a ouvir que eles eram os mais perigosos, os mais isto, os mais àquilo. Na verdade, eles eram sim, os mais incompetentes e cruéis, principalmente, com crianças e mulheres.

Pode parecer irônico, mas minha família, apesar de ser uma das máfias mais tradicionais da Itália, não éramos adeptos a envolver mulheres e crianças em nossas negociações. Para nós, estes deveriam ser protegidos. Eu não era machista como os mais velhos da dinastia Bravasky e não admitia violência contra elas.

Adorava ver a beleza, a inteligência e a astúcia das minhas primas e irmãs. Pietra era uma verdadeira peste, mas de uma sagacidade invejável.

Daniele, uma fofa e carinhosa. Ela era a caçulinha, com apenas oito anos.

Como dizia mamãe: “ela foi um lindo susto do destino”.

Minhas irmãs eram meus amores, elas sabiam disto e abusavam da minha boa vontade. Eu estava de olho na Pietra, desde o atentado sofrido por meu pai e meu tio, vinha observando minha irmãzinha cheia de proximidades com nosso amigo policial.

Não gosto da arrogância dos policiais, mas Enzo era nosso amigo de infância. Apesar de estar do outro lado, ele sempre conseguiu separar amizade, dos nossos negócios.

Naquele dia, eu precisava do meu primo Diego, mas ele havia perdido o hábito noturno de se exercitar, principalmente, por estar com sua linda Emma, grávida de trigêmeos.

Mais uma loucura do destino, meus primeiros sobrinhos teriam sangue dos Cassano. Eu tinha convicção de que não me casaria nunca e não queria filhos. Depois do atentado, meu pai ficou gravemente ferido e eu passei a ajudá-lo mais de perto. Quando papai resolvesse se aposentar, eu ocuparia o meu lugar de Capo daquela família.

Graças a Deus, apesar de ter perdido o movimento das pernas, o grande Alexandre Venturilli continuava com seu poder de liderança inabalável.

Eu apreciava bastante meu título de herdeiro da máfia, mas ainda não estava pronto para assumir todos os negócios da família. Queria ter tempo de curtir a vida sem tantas responsabilidade sobre minha cabeça.

Sempre brinquei com meus primos, dizendo que eu deveria ser o caçula. Diego era como um vecchio, todo sério e concentrado. Mattia, um verdadeiro nerd, só pensava em acumular conhecimento na sua área. Logo eu, o boêmio, de bem com a vida, um playboy, era o mais velho e por consequência, o futuro Capo da máfia Bravasky.

Durante meu exercício na esteira, cenas do acontecido com a senhorita Encrenca surgia em minha mente. A garota era gostosa para car*lho e tinha uma boca desenhada, feita para me ch*par.

A imagem dela de costas para mim, com seu cabelão como um manto cobrindo suas costas, não saía da minha cabeça. P*ta que pariu, ela era uma visão do paraíso. Respirei fundo, frustrado e falei sozinho.

— Por*a, tinha que ser uma Cassano? Esquece, Mikhail, ela não serve para trepar com você.

Eu tinha nojo daquela família. Se eu soubesse que a senhorita Encrenca era uma diaba disfarçada de deusa, jamais teria encostado um dedo nela. Quando senti a mulher apertada e ela deu um grito de dor, meu coração quase parou.

— Mulher louca dos infernos. Maledetta!!!

Por minha livre e espontânea vontade, nunca deflagaria uma m*****a virgem. A maioria dos homens da máfia querem uma mulher intacta para se casar, mas eu não pensava em casamento pelos próximos dez anos.

Eu era um cafajeste, playboy assumido, mas eu jamais machucaria uma mulher no ato sexual. Ela foi uma filha da puta ao me deixar no escuro. Meti o pau com vontade naquela b*ceta deliciosa, putz que merda! Balancei a cabeça para um lado e outro várias vezes para esquecer aquela noite.

— Mikhail, a ragazza não existe. Acabou. Passou, entendeu?

— Falando sozinho, primo? – Fui surpreendido por Mattia.

Respirei fundo, diminui a velocidade da esteira para caminhada leve, enquanto meu primo pegava uma água no frigobar.

— Mattia, se você soubesse a merda na qual fui me meter. Porra, até agora não consigo acreditar.

Meu primo deu um sorrisinho cínico e debochou:

— Aposto minha herança que tem mulher envolvida.

— Deve ser porque não sou um celibatário como você, não é primo?

Ele deu outra risada e se justificou.

— Não sou celibatário, só não tenho o mesmo dom que você tem de se apaixonar a cada dia por uma mulher diferente. O que houve com você nesta noite?

Resolvi sair da esteira e chamei Mattia para se sentar comigo na área de lanche da academia.

— Primo, eu sei que você é o mais discreto desta família, mas precisa me prometer segredo sobre o que vou te contar.

— Nossa, estou começando a ficar preocupado, nunca te vi assim.

— Posso confiar em você?

— Assim me ofende, porra, claro que pode confiar em mim. Somos família, lembra? Seu problema, nosso problema. Desembucha.

— Cara, eu f*di uma Cassano. — Meu primo me arregalou os olhos e depois começou a rir descontrolado. — Por*a, Mattia, não é para rir da minha noite f*dida.

— Desculpe-me, primo, foi mais forte que eu. Cara, o que está acontecendo com nossa família?

— Não sei. Parece que o destino está de putaria conosco.

— É, mas me conta. Como foi isto?

Contei toda a história para o meu primo, sem deixar passar nada. Ele tentava controlar a vontade de rir, mas algumas vezes falhava e o eu o xingava. Depois de me ouvir, ele respirou fundo e fodeu meus miolos.

— Primo, estou prevendo a terceira guerra mundial nesta situação, porque se te conheço bem, o proibido te atraí.

— Mattia, obrigado por nada. Vamos dormir que é melhor.

Ele deu uns tapinhas no meu ombro e saiu rindo da academia. Meu sentimento era de que o destino havia resolvido f*der minha família. Nunca imaginei viajar para os confins da Rússia, para salvar uma Cassano.

Pelo menos, Emma não havia sido criada no covil de maldades do vecchio Lírio. Pelo jeito o pai dela, era o único a ter o sangue bom na família e fugiu da contaminação prejudicial.

Papai estava mantendo a imprensa calada sobre a esposa do meu primo. Ele havia ofertado um bom dinheiro ao dono dos principais jornais, para plantar a notícia de que o maldito Lucas foi encontrado morto em seu carro e não havia sinais da garota sequestrada por ele nos Estados Unidos.

Nossa família decidiu não divulgar a história da Emma, até o nascimento dos bebês.

Suado e cansado de tanto pensar, saí da academia rumo ao meu quarto. Necessitava de um banho quente, demorado e depois dormir algumas horas. Precisava estar descansado para a noite, pois meu pai havia marcado uma missa com toda a família em nossa capela particular, para agradecer o livramento no atentado. Logo após, todos nós jantaríamos juntos.

Saí do banho e fui direto para a cama, não gostava de vestir nada para dormir. Puxei o edredom para cima do meu corpo e meu último pensamento antes de dormir, foi a maledetta signorina guai.

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