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CAPÍTULO - 3 ( Luna Cassano )

Saí daquele escritório correndo feito uma louca. Meu coração estava disparado com meu ato insano. Eu não voltei para o interior da boate, pois sabia que seria contida pelos seguranças do maldito filho do Capo. Arrisquei por um corredor em sentido oposto por onde tinha entrado carregado por Mikhail.

Saí correndo pelas docas de mercadoria quando avistei um paredão que cercava toda a área, isolando-a da vista da rua. Sem pensar nas consequências do meu ato, retirei minhas sandálias, subi em um dos containers encostado ao muro, dei um impulso em meu corpo e com uma força que eu nunca imaginava ter consegui pular.

Tentei descer do outro lado da rua de uma forma menos perigosa, mas falhei e caí em cima do teto de um carro, machucando meu braço. O alarme do veículo disparou, mas eu não tinha tempo para pensar. Respirei fundo, segurei meu braço e desci do carro.

Olhei para os lados e vi um táxi entrando na rua. Saí correndo e entrei em frente a ele, o motorista precisou frear de uma vez e parou a centímetros de mim.

— Está louca, garota? Quase te matei.

— Moço, me leva embora, por favor.

— O que você aprontou, hein menina?

Ele permaneceu me olhando desconfiado e então resolvi usar o nome do meu avô.

— Não aprontei nada, mas se o senhor me levar em casa, vai ganhar a gratidão eterna do meu avô, André Cassano.

O motorista arregalou os olhos e mudou de ideia na mesma hora.

— Entre, eu te levo para casa. — Odiava usar o nome do vovô para conseguir benefícios, mas naquela hora não tinha outra opção.

Entrei pela porta de trás e gritei para ele acelerar. O carro saiu em disparada. Só voltei a respirar, depois de alguns minutos sem estar sendo seguida.

Fechei meus olhos, respirei fundo para tentar acalmar meu coração.

Precisava pensar rápido, eu não podia chegar em casa com a camisa amarrada de um jeito indecente, sem sandálias e com arranhões nas coxas. Minha única saída era ligar para minhas amigas e torcer para elas terem chegado em casa. Procurei minha bolsa pelo banco do carro e não encontrei, então me lembrei de tê-la deixado com Ruby quando subi no balcão do bar.

— Que merda, só faltava esta.

— Falou comigo, moça? — Ouvi a voz do motorista do táxi, olhei para frente e me deparei com ele me olhando pelo retrovisor.

Talvez aquele homem com jeito paternal pudesse me ajudar.

— O senhor pode me emprestar seu celular? Preciso falar com minha amiga.

Ele me entregou o aparelho e sorriu satisfeito. Aquele era o efeito que meu avô causava nas pessoas. Todo mundo queria estar na lista de favores do grande André Cassano.

A minha sorte foi ter números semelhantes com os das minhas amigas, caso contrário, não saberia como falar com elas sem procurar seus nomes na agenda. Quando eu, Ruby e Elisa compramos nossos celulares, escolhemos combinações iguais, somente com o último número diferente.

— Ruby, pelo per l’amor di Dio, me diga que não está em casa.

Luna, sua doida, onde você se meteu? Por que fomos interrogadas por um Mikhail Venturilli muito nervoso?

Puta merda, meu coração disparou só de ouvir o nome daquele belíssimo stronzo.

— Não tenho tempo de explicar agora, Ruby. Só me diz onde estão?

— Espera, a outra maluca quer falar com você. Dio mio, por que insisto em andar com vocês duas?

Minha amiga era um doce de pessoa, era tímida e centrada, muito diferente de mim e Elisa. Não consegui falar nada, porque logo em seguida os gritos dela tomaram conta da ligação.

Lunaaaaaa, PARAAA TUDOOO. O QUE VOCÊ FEZ COM AQUELE HOMEM LINDO E BABACA?

Meu Deus, estava difícil conseguir a informação que eu mais precisava.

— Escuta-me, Elisa. Eu preciso me encontrar com vocês antes de chegar em casa. Onde estão?

Estamos seguindo para a minha casa. Ruby avisou aos pais que vai dormir in my house. Sua bolsa está conosco e seu celular com milhões de mensagens da sua mãe. Não abrimos nenhuma. O que você quer fazer?

Eu precisava responder minha mãe, antes dela colocar todos os seguranças da família atrás de mim. Nós só conseguimos sair sem eles, porque eu garanti a ela estar junto dos homens do pai da Elisa. Ela só me deixou sair porque disse que seria como uma despedida da minha vida de solteira.

Claro que era mentira, nós estávamos sozinhas por nós mesmas. Elisa enganou o segurança dela e fugimos. Estava cansada daquela vida de vigilância vinte e quatro horas.

— Abra as mensagens dela e diga que vou dormir na sua casa, porque precisamos estudar para uma prova da faculdade. — Ouvi a gargalhada da minha amiga, revirei os olhos e respirei fundo.

— Eu não estou brincando, entendeu, Elisa?

Calma, aí, nervosinha. Estamos te esperando na esquina da minha rua. Não demore.

Desliguei a ligação e pedi ao motorista para mudar o trajeto. Percebi ele me observando durante todo o tempo da ligação, mas não queria assunto com um desconhecido, então eu fechei os olhos e encostei a cabeça no vidro da janela.

Enquanto o carro seguia sentindo meu novo destino, relembrei da minha loucura com o homem mais odiado da minha família. Eu sempre o achei lindo. Desde o dia da inauguração da boate, quando ele estava recebendo os convidados com uma loira estonteante ao seu lado.

Naquela época eu só tinha dezoito anos e era cheia de sonhos.

Bastou dois anos, para eu descobrir que o mundo era feito de desilusões. Saí dos meus devaneios turbulentos, quando o táxi parou e vi minhas amigas ansiosas me esperando. Saí do carro, fiz um sinal com os olhos para elas esperarem, peguei minha bolsa e paguei o taxista.

Quando o carro saiu, elas pularam em cima de mim em um abraço coletivo. Somente naquele momento, percebi o quanto estava tensa e desabei a chorar. Elas conheciam meu drama e por isto, não fizeram perguntas.

Andamos até a casa da Elisa, fomos recepcionadas pelo seu segurança, que entrou na frente dela com os braços cruzados e a encarou com um jeito feroz.

Luigi era um homem lindo, tinha quase dois metros, loiro e com olhos azuis escuros violentos. Eu tinha certeza de que ele era louco por minha amiga, mas ela fingia não perceber.

Com uma expressão assassina, ele abriu a boca para falar, mas foi interrompido por minha amiga abusada que deu um beijo em sua bochecha, perto da boca e o provocou.

— Desfaz o bico, amore mio. Você me conhece. Estou inteira, sem nenhum arranhão. Pode ficar tranquilo, o papai não saberá que sua filhinha fugiu do segurança dela.

O homem bufou, saiu de nossa frente, nos dando passagem.

Entramos em silêncio rumo ao quarto de Elisa, não precisávamos de mais problemas naquela noite.

Quando chegamos lá, fui interrogada por elas. Contei tudo o que havia acontecido até aquele momento e ao terminar minha narrativa, me deparei com as duas com olhos arregalados me olhando.

— O que foi? Vão ficar me olhando sem falar nada? Eu não me arrependo, se isto importa a vocês.

Ruby respirou fundo, balançou a cabeça para os lados e veio com seu sermão.

— Você deve ter um parafuso a menos, Luna. Como faz uma loucura desta e com um desconhecido?

Olhei para ela, dei um sorriso safado e sem nenhum remorso, a respondi.

— Faria tudo de novo. Aliás, eu vou terminar o que comecei, ou não me chamo Luna Cassano.

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