Os três silenciaram-se e encararam o Sentinela do Outono, que se encolheu. — O que disse, garoto? — o lofidiano semicerrou os olhos e perguntou com uma voz soturna, amedrontadora o suficiente para fazer o jovem tremer suas pernas e sua voz. — Somente uma pessoa precisa sair do Santuário, posso atravessar as linhas inimigas escondido enquanto eles tentam atacar. Meus braços não seriam de grande ajuda na linha de frente do combate, mas, posso pelo menos tentar restaurar o equilíbrio e trazer a Luz para nós mais uma vez! — É loucura. — Determinou Gaheris. — Não estamos em posição de perder mais nenhum guerreiro, muito menos uma das quatro espadas sagradas. — Que está quebrada — complementou Alastair. Talvez tenha soado em um tom de deboche mais do que deveria. — Você não está me ajudando, pardal. — o Filho do Verão se irritou. A cara furiosa do lofidiano de tranças longas era algo que aterrorizaria até o próprio Luxord. — Talvez não tenhamos escolhas a não ser resistir aos ataques
Aprontou-se: Tirou os fios recém-cortados dos ombros, botou Samhain nas costas, dentro da bainha, e apanhou a mala, que continha um cantil, ração para alguns dias, corda, um conjunto básico de equipamentos para preparar comida e um frasco com água do rio Loskjs, que Jörfann lhe dera para emergências. Por fim, o jovem encarou o colar de Geralt. Decidiu amarrá-lo no pulso esquerdo, para que uma parte do amigo empunhasse a espada junto dele de agora em diante. O Sentinela do Outono partiu em direção ao acampamento dos aprendizes, pois precisava despedir-se de alguém. — Lenora — sussurrou ele na entrada de sua tenda. A garota dormia profundamente em sua cama. As outras duas estavam vazias, pertenciam às amigas dela que agora jaziam no antebraço de Gale. — Lenora! — Tentou mais uma vez, com medo de acordar os outros aprendizes nas tendas ao redor. A garota roncava enquanto estava abraçada a um travesseiro de palha. Era impossível acordá-la de tão longe. O jovem encarou o antebraço e
Floresta de Niwloedd, 64 dias antes da invasão ao Santuário da Luz Era quase noite quando o chão se tornou visível através das brumas da floresta. Alabaster, um aprendiz mais novo, acompanhava dois protetores em uma expedição até Dynion, sua terra natal. O jovem menino conquistara esse privilégio ao se mostrar um ótimo estrategista em batalha nos jogos de guerra, que haviam ocorrido na semana anterior dentro do acampamento. Por mais que não tenha lutado muito, os protetores responsáveis notaram sua capacidade de liderança somada à facilidade com que entendia processos e criava novas táticas, características que já vinham sendo observadas. A missão a princípio deveria ser designada a Gale Wintamer, um aprendiz próximo à sua graduação, que recusou a oportunidade por este mesmo motivo. Alabaster Starrock então se tornou a escolha mais sensata, pois, era jovem, habilidoso e nativo da localidade hostil para onde iam. Perfeito. Após ser preparado, o garoto poderia desempenhar um melhor
Ao final do jantar, a filha fez questão que dormissem no depósito, mesmo com seus pais insistindo muito novamente. Os três filhos da Luz se dirigiram até o pequeno local com prateleiras e ferramentas largadas pelo chão. O Protetor mais velho se encolheu perto de um ancinho e fechou os olhos. Era impressionante a habilidade que tinha para dormir tão rápido. — Trate de dormir, rapaz. Amanhã teremos um dia complicado — falou Jillian, fitando o teto. Seus finos lábios esboçavam uma tentativa de sorriso que ela não deixava escapar, certamente estava feliz por poder reencontrar os pais depois de tanto tempo. — Há quanto tempo não os via? — Alabaster era curioso demais. Quando a mulher o encarou, seu rosto passou queimar e ele se encolheu. — Perdão pela minha insolência, não devia… — Não, está tudo bem — disse ela, tranquilizando-o. — Já faz mais de vinte anos desde que o Santuário me levou embora daqui. Retornei uma vez, mas não os encontrei na ocasião — suspirou. — E você não sentiu fa
Dynion era uma ilha isolada no mar de Niwloedd que não recebia a Luz do Sol por conta de uma antiga maldição gerada há mais de cinquenta anos, e os habitantes suspeitavam ter sido atirada por um Sentinela. A terra lá era bastante afetada por não ter iluminação natural. Tudo era muito escuro, o ar sujo, as pessoas mais fracas por não receber o fortalecimento do astro celeste em sua essência e não se podia plantar nada, deixando o lugar sem vida e tornando o povo essencialmente dependente da boa vontade do Santuário para lhes ajudar. A única real independência do povo local de verdade era com a pesca. Mesmo possuindo o mar mais perigoso e cheio de mistérios em Cylch, os dyninses se sentiam familiarizados com as criaturas marinhas, sendo o único sinal de vida por perto. Lá, o povo não acreditava em Luxord, também desprezavam os filhos da Luz, sendo sempre violento quando crianças eram escolhidas para se tornarem protetores a cada geração. Isto nunca foi um problema para a maioria dos ha
O grande salão, que antes era ocupado por quatro pessoas, foi cercado pelo encapuzados do sonho de Alabaster, que agora usavam máscaras. Os Protetores ficaram de costas um para o outro. Jillian sacou sua maça e Jules os dois machados, eles olharam juntos para o garoto que havia paralisado com a cena. Guiltry Starrock se pronunciou: — O Santuário da Luz não passará de escombros quando eu tiver acabado. Enquanto isso, irão pagar por sua soberba. Os encapuzados sacaram suas lâminas e ignoraram o herdeiro do clã Starrock enquanto avançavam diretamente em direção aos dois filhos da Luz que estavam prontos para lutar até a morte, que lhes abraçou rapidamente. — SEU DESGRAÇADO! — Guiltry tirou o filho de seu transe anestesiado quando o acertou um golpe com o pé que preenchia quase todo o tronco do pequeno garoto. — AGORA MORRERÁ COM SEUS “IRMÃOS”! — O homem levantou com força bruta a grande espada, que, apesar de usar com a mão trocada, não necessitava do mínimo de técnica. Alabaster fe
O Sentinela do Outono, denominação com a qual ainda precisaria se acostumar, decidiu tentar diminuir o ritmo de sua caminhada para recuperar um pouco do fôlego. Já havia se passado um dia inteiro pelas brumas da floresta de Niwloedd desde que saíra do Santuário da Luz decidido a encontrar Luxord e curar Samhain. Ainda durante o percurso do dia anterior, Gale pôde ouvir os gritos de guerra dos irmãos e o som de suas armas encontrando-se com as lâminas e corpos dos inimigos. De certa forma, o rapaz sabia que aquela batalha se repetiria em alguns instantes e desejou que estivesse longe o bastante para não escutar caso os filhos da Luz fossem derrotados. A fé nunca fora algo muito relevante para Gale. Ele confiava nas palavras dos sentinelas e no poder do Senhor da Luz, porém, dispensava grande parte dos ritos sagrados e dos estudos com os sacerdotes. O máximo que sabia fazer era tentar falar com Orr, a Senhora das Montanhas e da Guerra. Este era uma espécie de divindade menor, com in
Os elfos são um povo mágico, de graça espiritual, vivendo no mundo, assim como todos os hud. Divididos pelas 5 grandes casas élficas, vivem em lugares de beleza inigualáveis, no meio de florestas antigas ou nas próprias cidadelas espalhadas pelo continente. Tais seres são apaixonados pela natureza, pela magia e pela arte. Cada raça de elfo possui a própria aparência e características, fazendo com que o povo de Guardia fosse completamente diferente de Jörfann. Parecia até que estava dentro de um dos livros que roubara da biblioteca do Santuário quando criança. Guardia era o melhor significado de “paraíso” que se poderia encontrar. Entre as árvores de Niwloedd, no ponto onde a floresta era mais verde e aonde as brumas não chegavam, viviam os elfos guardianos: um povo recluso em sua própria comunidade e que preferia se manter alheio à maioria dos conflitos que ocorriam sobre a terra. As moradas permaneciam acima do chão, construídas em volta dos grandes carvalhos guardianos que eram tã