As estrelas permaneciam nos céus apontando para o horizonte noturno à frente. O barco, entregue a Gale e os outros em forma de presente por Baturinn e todos os aldyanos, balançava ao navegar sobre as ondas. O Sentinela do Outono remava em um ritmo exaustivamente contínuo através das camadas de água, que se sobrepunham e batiam violentamente contra suas hastes de madeira, entalhadas com cautela para terem o melhor desempenho possível em sua tarefa: Levá-lo até onde o Senhor da Luz repousava. As batidas do novo coração de Gale estavam completamente descontroladas pelo nervosismo de simplesmente imaginar seu encontro com o Pai das Estações. Esses batimentos lembravam a natureza do fornecedor de vida daquele Sentinela, qual ficava ciente de que a cada pulsada do mesmo, se aproximava da última. A sensação de morrer era indescritível, mas a de sentir a morte mais próxima a cada vez que se enchia os pulmões de vida era o suficiente para atormentá-lo. O rapaz ainda não conhecia nada sobre o
À medida que chegavam mais próximos do topo da montanha do centro, era mais difícil de escutar os próprios pensamentos com o misto das intensas ondas espirituais e dos estrondos da tormenta acima deles, que permanecia inabalável. Perto do pico havia uma entrada, em meio aos trovões e relâmpagos disparados pelas nuvens escuras. Uma caverna que parecia se estender até o outro lado da montanha. Os aventureiros apostaram suas estrelas que aquele seria o lugar em que o Senhor da Luz repousava. Guido se sentou cansado no meio do caminho. — Não aguento mais andar! — queixou-se. — Só estamos fazendo isso há dias! — Esperava que viéssemos até aqui para fazer o quê? Apreciar as andorinhas? — a velha Brianna retrucou sem paciência. Era carregada por Gale. — Deixem para brigar quando estivermos indo embora, temos que alcançar aquela caverna primeiro! — disse Yew, apontando para o local. — Como será que ele é? — questionou-se Alabaster. — Digo, o Senhor da Luz. A ansiedade de todos já era in
Ele estava sentado à beira da montanha, com os pés suspensos, fitando o horizonte à frente. Era o mesmo homem, ou deus, que havia encontrado há pouco tempo. Trajava sua armadura gravada de folhas e deixava os longos cachos soltos ao vento, seus olhos casavam com a cor dos céus, cheios de melancolia. — Onde está Luxord? — perguntou o rapaz. — Veio para me buscar? — Acalme-se, garoto. Uma pergunta de cada vez, por favor. — Samhain chegou para o lado, dando espaço para que se sentasse próximo a ele. — Venha cá. Meu pai me enviou em seu lugar, pois, ele está bem ocupado agora. E espero que não tenha dado muito trabalho para Lucy lá embaixo, ela é bem sentimental — referia-se ao dragão. Gale se aproximou com cautela da borda, não desejando nem um pouco olhar para baixo, já que desconhecia como estava lidando com seu medo de altura no momento, então primeiramente se agachou e deixou que as pernas se sentissem livres ao pendê-las como as da divindade. O Filho do Outono assistiu ao espetá
Guido chutou uma pedra montanha abaixo, estava impaciente com a demora do Sentinela. À beira da caverna, os quatro companheiros podiam escutar os trovões descontrolados acima de suas cabeças. — Ainda vai demorar muito? Não tem nada para fazermos nesse lugar enquanto esperamos! — Nós acabamos de parar aqui, seu idiota! — retrucou Brianna. Yew se aproximou do garoto de cabelos negros, que estava sentado e encarava a grande Cylch sendo destruída aos poucos. Os desastres ficaram mais avassaladores desde quando a espada sagrada se partira por culpa dele, com tornados vermelhos, chuvas de gelo, terremotos e erupções vulcânicas. Sabia que era sua culpa. — Ei, garoto. — O elfo lhe estendeu uma tira de carne, que havia furtado em Raegin, e se sentou ao seu lado. — O “E se?” é sempre uma droga, não? Alabaster, sem entender muito bem, encarou-o confuso. — Sabe que ficar se martirizando não vai ajudar, não sabe? Entrar nessa eterna busca pelas atitudes diferentes que poderia tomado, ou uma
Gale saltou às pressas para a direita quando notou a bola de fogo enegrecida pelas Trevas em suas costas, esquivando-se por muito pouco. Como já esperava, o disparo havia sido efetuado pela mulher de cabelos rubros e cicatriz no rosto, que não a permitia esquecer que era uma renegada. — Não precisa fazer isso, Catherine! — o rapaz disse enquanto se recompunha. — Nem tente, garoto. É melhor se poupar! — a ruiva respondeu com outra bola sombria contra o Sentinela, que dessa vez, escapou do ataque sem muitos problemas. — Ah! Você é bom! Porém, já é tarde demais para tentar me deter. Ao olhar para baixo, o Filho do Outono viu na base da montanha extensas fileiras de Devotos da Fumaça marchando em extrema sincronia até o ponto onde começavam a escalar o monte tempestuoso. O pânico tomou conta de si por um único instante até que pudesse ver Yew e Brianna montados em Lucy, o dragão, voando em direção aos seres hostis e dispararem um raio de Luz contra os mesmos, acertando-os em cheio. A
Litha, a espada de Gaheris, irrompeu em chamas antes que desse o primeiro passo em direção aos inimigos que escalavam a montanha, então o lofidiano a girou por cima da cabeça e atirou suas correntes que a transformavam em uma arma de longa distância contra a barreira que os encapuzados erguiam, a fim de se proteger contra os ataques do dragão que voava no alto. O flagelo flamejante cortou o campo de batalha e rompeu a proteção ao primeiro toque, sem a menor dificuldade. Avançaram. Yew permaneceu em cima de Lucy para impedir os servos de Catherine, que já escalavam o monte, tentassem prosseguir, enquanto Brianna saltou dos céus transformada em um rinoceronte para lutar ao lado do imenso touro de ferro tariano qual limpava o terreno com sua força. A filha da Primavera, Acalypha, deslizava sob a terra de modo a parecer até voar. Seu título de melhor combatente do Santuário não viera à toa, a mulher derrotava múltiplos inimigos com dois únicos movimentos ao lado de Ostara, que executav
Não pôde fazer nada pelo colega, pelo menos era isso o que tentava acreditar. Sua mente possuía a ideia bem assertiva que o jovem humano ficara assistindo Guido morrer sem manifestações de sua parte, pois o medo falou mais alto que a vontade de tirar as pernas do chão. Era capaz somente de ativar seus poderes quando com a espada, ou era uma desculpa para não ter que lutar sem a mesma? Nunca se perdoaria por ter permitido que o amigo se sacrificasse em seu nome. Também não perdoaria Catherine, por ter matado o Gigante Sem Cor. Boquiaberto, o Sentinela do Outono sentiu o sangue bombeado em suas veias ser dominado pela magia, os olhos se acenderam dourados mais uma vez e a marca da transformação em seu peito deixou de queimar para irradiar uma Luz dourada e poderosa, que atraía os ventos para seu entorno e os fazia rodar em volta do rapaz. Um ciclone mágico se formou em volta de Gale e, ainda que instável, o deixava amedrontador como um deus, um Domador dos Ventos. — É melhor dar uns
Alabaster desejava que o tempo que passara afiando sua lâmina na noite anterior se pagasse nos instantes que estaria prestes a viver. Os passos do jovem Wintamer foram mais rápidos, permitindo-o chegar primeiro até a criatura e realizar o ataque inicial, o dyninse o acompanhou. O braço de aço lofidiano aparou o movimento do filho da Luz, abrindo uma brecha para que Digaeth pudesse encontrar um corte no tornozelo de seu oponente. Quando o ser virou para atacar o garoto de cabelos negros, uma flecha disparada por Yew de cima do dragão acertou as juntas do membro metálico, o travando, Gale aproveitou o tempo e a defesa escancarada para atingir com um corte de cima para baixo as costas do inimigo. A criatura se contorceu de dor e girou raivosa, a fim de atingir o Sentinela com seu braço deformado, mas este saltara para a direita e saiu ileso da situação. Os dois seguiram em sincronia, alternando entre os ataques de forma a irem desestabilizando o oponente e cadenciando seu dano pouco a