Gale saltou às pressas para a direita quando notou a bola de fogo enegrecida pelas Trevas em suas costas, esquivando-se por muito pouco. Como já esperava, o disparo havia sido efetuado pela mulher de cabelos rubros e cicatriz no rosto, que não a permitia esquecer que era uma renegada. — Não precisa fazer isso, Catherine! — o rapaz disse enquanto se recompunha. — Nem tente, garoto. É melhor se poupar! — a ruiva respondeu com outra bola sombria contra o Sentinela, que dessa vez, escapou do ataque sem muitos problemas. — Ah! Você é bom! Porém, já é tarde demais para tentar me deter. Ao olhar para baixo, o Filho do Outono viu na base da montanha extensas fileiras de Devotos da Fumaça marchando em extrema sincronia até o ponto onde começavam a escalar o monte tempestuoso. O pânico tomou conta de si por um único instante até que pudesse ver Yew e Brianna montados em Lucy, o dragão, voando em direção aos seres hostis e dispararem um raio de Luz contra os mesmos, acertando-os em cheio. A
Litha, a espada de Gaheris, irrompeu em chamas antes que desse o primeiro passo em direção aos inimigos que escalavam a montanha, então o lofidiano a girou por cima da cabeça e atirou suas correntes que a transformavam em uma arma de longa distância contra a barreira que os encapuzados erguiam, a fim de se proteger contra os ataques do dragão que voava no alto. O flagelo flamejante cortou o campo de batalha e rompeu a proteção ao primeiro toque, sem a menor dificuldade. Avançaram. Yew permaneceu em cima de Lucy para impedir os servos de Catherine, que já escalavam o monte, tentassem prosseguir, enquanto Brianna saltou dos céus transformada em um rinoceronte para lutar ao lado do imenso touro de ferro tariano qual limpava o terreno com sua força. A filha da Primavera, Acalypha, deslizava sob a terra de modo a parecer até voar. Seu título de melhor combatente do Santuário não viera à toa, a mulher derrotava múltiplos inimigos com dois únicos movimentos ao lado de Ostara, que executav
Não pôde fazer nada pelo colega, pelo menos era isso o que tentava acreditar. Sua mente possuía a ideia bem assertiva que o jovem humano ficara assistindo Guido morrer sem manifestações de sua parte, pois o medo falou mais alto que a vontade de tirar as pernas do chão. Era capaz somente de ativar seus poderes quando com a espada, ou era uma desculpa para não ter que lutar sem a mesma? Nunca se perdoaria por ter permitido que o amigo se sacrificasse em seu nome. Também não perdoaria Catherine, por ter matado o Gigante Sem Cor. Boquiaberto, o Sentinela do Outono sentiu o sangue bombeado em suas veias ser dominado pela magia, os olhos se acenderam dourados mais uma vez e a marca da transformação em seu peito deixou de queimar para irradiar uma Luz dourada e poderosa, que atraía os ventos para seu entorno e os fazia rodar em volta do rapaz. Um ciclone mágico se formou em volta de Gale e, ainda que instável, o deixava amedrontador como um deus, um Domador dos Ventos. — É melhor dar uns
Alabaster desejava que o tempo que passara afiando sua lâmina na noite anterior se pagasse nos instantes que estaria prestes a viver. Os passos do jovem Wintamer foram mais rápidos, permitindo-o chegar primeiro até a criatura e realizar o ataque inicial, o dyninse o acompanhou. O braço de aço lofidiano aparou o movimento do filho da Luz, abrindo uma brecha para que Digaeth pudesse encontrar um corte no tornozelo de seu oponente. Quando o ser virou para atacar o garoto de cabelos negros, uma flecha disparada por Yew de cima do dragão acertou as juntas do membro metálico, o travando, Gale aproveitou o tempo e a defesa escancarada para atingir com um corte de cima para baixo as costas do inimigo. A criatura se contorceu de dor e girou raivosa, a fim de atingir o Sentinela com seu braço deformado, mas este saltara para a direita e saiu ileso da situação. Os dois seguiram em sincronia, alternando entre os ataques de forma a irem desestabilizando o oponente e cadenciando seu dano pouco a
Samhain irradiou sua Luz dourada disposta a lutar ao lado de seu portador até que não restasse mais vida nos corpos deles. O ciclone voltou a rodear o corpo do jovem humano quando sua marca queimou feito ferro em brasa, porém, não lhe causava dor, somente uma vontade surreal de lutar por seus irmãos. Gale Wintamer encarou os dois Senhores das Trevas que tentavam escapar de sua prisão e os sentiu recuar ante sua presença. Ele se preparou para o corte definitivo de sua vida, o golpe que treinara por quase dez anos para realizar. Tudo se resumia ao próximo movimento com a espada, que daria sentido não só à sua vida, mas também à de todos que vieram antes dele. O Sentinela e o filho de Luxord se prepararam como um e então cortaram os céus. Os Senhores das Trevas tentaram resistir ao golpe de qualquer forma impedindo que Gale prosseguisse, mas o jovem não quis desistir e firmou seus pés no chão. De acordo com ele, tudo o que precisava era de um pouco mais de força. Todo o peso de seu cor
Quando o êxtase da batalha passou, o jovem Sentinela pôde apreciar o sentimento da exaustão. Suas pernas bambearam sem forças. Os braços já não o respondiam mais. O peso da espada puxava seu corpo para baixo. Finalmente sentiu as queimaduras em seu peito. Tombou. Alabaster o amparou antes que chegasse ao chão, embora também estivesse com dificuldades para respirar e com dores em lugares que nem imaginara serem possíveis de sentir. Gale tossiu um pouco de sangue quando tentou rir de sua impotência naquele momento. — Me ajuda a descer até lá embaixo? — disse ele após perceber o caminho que teria de fazer se quisesse deixar aquela montanha. O dyninse tentou dar uma leve risada, mas seu peito dolorido a transformou em um gemido de dor. O Filho do Outono encarou a borda do monte tempestuoso, mais precisamente no ponto aonde observara Guido despencar havia pouco. Uma pedra nasceu em sua garganta, dificultando a passagem do ar até seus pulmões. Ele ainda se culpava por ter deixado o ami
jovens se puserem a descer a montanha o mais rápido que eram capazes enquanto os filhos da Luz preparavam suas piras a fim de cremar seus irmãos falecidos na batalha daquele dia. Acalypha se encarregou do discurso que precedeu a cerimônia, como eles puderam ver ao passo em que desciam. As chamas cresceram grandiosas naquele dia, sabendo que cada soldado que dera sua vida estava se dirigindo para o Salão Dourado após tornar Cylch um lugar melhor. O dever do Filho do Outono era fazer com que essas cinzas que se elevaram aos céus sob as Montanhas Tempestuosas se orgulhassem de terem lutado ao seu lado, e que fossem lembradas até o fim dos tempos. Ainda que todos estivessem felizes com a vitória, havia de se lamentar a perda dessas vidas, assim como Samhain lhe dissera no Santuário, que se entregaram buscando um propósito. Logo os dois alcançaram a areia branca da praia, exauridos pela longa caminhada e ainda sem muitas forças no corpo. A espada de Gale estava muito mais pesada que se
A Lua selvagem iluminava aquela noite estrelada na ilha do Pai das Estações. Os dois das centenas de seres ali presentes, nenhum entendeu de onde surgira aquele homem alto e de cabelos cacheados que trazia consigo folhas secas à sua volta, muito menos quem viria a ser ele. Os três sentinelas levaram alguns poucos instantes para conceber a ideia de estarem em frente ao deus filho de Luxord, porém se ajoelharam mesmo boquiabertos. Tentavam encontrar palavras para dizer, mas suas línguas pareciam terem sido arrancadas por uma lâmina cega. — Gostei da pedra, garota. Ela é tão bonita quando você — Outono disse a Helena, que não dobrara seus joelhos para ele e carregava sua pedra de Embaixadora, o que o fazia gostar dela duas vezes. — E olhem só para vocês, que vergonha! Querendo arrumar confusão logo com o meu garoto triste! Tem sorte de serem amigos de Kyria, senão já teria os mandado para a perdição! Os sentinelas mantiveram suas cabeças abaixadas, temendo a punição que poderiam sofrer