Três anos depois…
MikhailA desordem na empresa estava me deixando confuso. Reclamações, negócios e um novo projeto que estava por vir, tudo isso estava me deixando desorganizado e perdido. Minha secretária já havia organizado toda minha sala, não sei o que seria de mim sem Ella.— Senhor Kurtz, o senhor tem uma reunião daqui há… — me esqueci completamente da reunião, faltavam apenas dois minutos e eu já deveria estar lá.— Obrigada, Ella. Não sei o que seria de mim sem você. Desmarque todas as outras. — pedir antes de sair correndo para a sala de reuniões, onde já estavam todos os outros reunidos.Há alguns meses venho constatando que está tendo um grande desvio de verbas, as quais eu não tenho conhecimento e não posso colocar nada a perder nem mandar ninguém embora, não agora! Sophia estava sentada na cadeira da ponta, com seu decote enorme, expondo seus seios fartos para todos que estavam ali, mas especificamente para mim.— Estamos em busca de melhoras. Tivemos uma reunião semana passada e nada foi resolvido. Não recebi a confirmação de exportações que saíram para o Canadá, não recebi os cheques e nem os comprovantes do mês passado. Onde eles estão? Não podem sumir desse jeito. Além disso, onde estão os nossos sócios que não estão aqui? — tudo isso tomava muito do meu tempo, mas era tudo preciso e mesmo assim as coisas ainda saiam falhas.— Liguei para Russel e ele disse que não pôde vir, está com sua esposa em tratamento e precisa acompanhá-la. — Russel… acha mesmo que pode me enganar, o canalha nunca se importou com sua mulher.Queria muito continuar com a reunião, mas uma ligação era mais importante e eu não pude deixá-la passar. Cristina, minha noiva e dona de uma editora estava precisando de mim, nada era mais importante que ela. Sua pressa para que eu chegasse logo, era para acompanhá-la em um jantar com seus sócios hoje, segundo ela, queria estar bem apresentada e se sentia mais segura quando eu estava com ela.— Amor, que bom que você veio! — ela me beijou no rosto e entrou no carro apressada. — vamos naquela grife que a sua mãe sempre compra. Lá tem tudo que gostamos, preciso encontrar algo que me sirva a tempo.Entramos em algumas lojas pelo caminho, mas ela não gostou de nada e continuamos até chegar a grife onde minha mãe costuma comprar suas peças quando está em minha casa.Donna— Dominic não pode piorar, eu não posso perder essa oportunidade logo agora, Jess. — meu filho estava febril, cansado e enjoado, dormia em um leito hospitalar, enquanto Jess estava revezando as noites comigo.— Pode ir tranquila, eu fico com ele aqui essa noite. Vai na sua entrevista que já é tua. — respirei nervosa e aliviada por saber que posso confiar em Jess de olhos fechados.Perdemos o contato com Matthew desde que ele se mudou para a Rússia, trabalhar com seu amigo que até hoje eu não sei o nome, porém, tenho um filho. Vai entender o que o desejo e calor do momento nos faz herdar. Jess era minha melhor amiga, minha irmã, meu braço direito e tudo mais. Ela sempre esteve comigo, desde quando descobrimos que eu estava grávida, me acompanhou em toda a gestação, cuidou de mim e até hoje cuida do meu filho. Essa mulher é literalmente um anjo em minha vida, desde que minha mãe adotiva me colocou para fora de casa. Não é a toa que Jess é madrinha dele.— Eu juro que se dessa vez não der certo, eu vou me prostituir. Já estou cansada de nada dar certo, estou cansada de esperar tanto e sempre receber um não. — estava realmente muito desanimada. Essa era a terceira entrevistada de trabalho que estou fazendo dentro de cinco dias, fora as outras.Dei um beijo em seu rosto, me despedir de Dominic que estava dormindo, pelo efeito do remédio. Peguei minha bolsa, as chaves do carro de Jess (ela me dava essa moral, assim não tinha que pegar ônibus sempre) e fui determinada a merecer aquela vaga na Cyndi.O enorme prédio a minha frente me deixava assutada e com medo, engoli tudo que estava me fazendo se sentir nervosa, olhei na tela do celular e vi a foto do meu filho, eu tinha que pensar nele em primeiro lugar e essa era uma oportunidade única.— Boa dia, eu tenho uma entrevista marcada para às 10:00hrs. — Disse a moça que estava do outro lado do balcão, com seus óculos enormes e pintinhas no rosto, com uma aparência amigável.— Boa tarde, qual o seu nome? — Ela sorriu gentil, me deixando mesmo nervosa.— Donna Hardin. Precisa do meu documento? — Perguntei já pronta para remexer na minha bolsa, coitada já estava tão bagunçada.— Não será preciso. A senhora pode esperar no 2°, a segunda porta a esquerda. — Olhei para a enorme escada a minha frente, ao lado de um elevador.— Obrigada!Eram muitos degraus, iria demorar bastante e eu tinha pavor de elevador, mas era a opção mais rápida no momento e o que eu jamais queria era me atrasar. Olhei no relógio de pulso e faltavam apenas dois minutos para às 10:00hrs. Fechei os olhos e entrei, aperta o botão para o 2° andar e não tinha mais volta.Entrei na sala indicada e pasmem, a mulher maravilhosamente elegante já estava à minha espera.— Bom dia Srta. Hardin. Estou feliz em vê-la, temos boas referências da senhorita e estou torcendo para que isso seja o que você procura. — A senhora Carmen Light era uma mulher bem conhecida por ser rígida e uma excelente profissional, era indescritível a sensação que me toma, fazendo eu me sentir importante…— O prazer é todo meu. É uma honra poder estar aqui hoje, a senhora não sabe o quanto é importante para mim. Tomara que eu me encaixe e seja o que eles estejam procurando. — Respondi sem saber o que estava por vir. Sua sombrancelha se arqueou e um ar de dúvida pairou no ar, fazendo ela juntar as mãos, cruzar as pernas e apoiar-se na cadeira.— Claro que a Srta. é o que desejamos, por isso mesmo estar aqui. Recebemos o seu currículo, o analisamos com muita cautela e vimos o quanto você se encaixa nessa vaga. Suas referências são ótimas, tenho certeza que não irá nos decepcionar. Só mais uma coisinha…Como eu poderia descrever tudo que sinto no momento? A única palavras é “nervosismo” e eu me sinto a pessoa mais feliz e desacreditada do mundo.Ela estalou os dedos fazendo-me sair do meu transe, voltando minha atenção para ela.— Está disposta a deixar sua vida aqui em NY? A vaga é para atuar na empresa que temos localizada na Rússia. Iremos custear tudo, moradia, locomoção própria, planos de vida e saúde e saúde e o que tiver direito. Então?...O quê? Como assim eu tenho que ir para um país estranho? Eu nunca sair de New York, não faço ideia de como sobreviver em um mundo sem a Jess para me ajudar. Eu não tinha tempo a perder, era a oportunidade da minha vida, outra chance dessa eu jamais vou ter na minha vida e não posso pensar demais, afinal, eu só tenho a ganhar.— Sim, eu aceito. Não tenho problemas com mudanças. — Respondi com as mãos juntas, mais nervosa que jamais me vi.— Ótimo! Amanhã entraremos em contato para lhe informar o que em irá viajar. Tudo bem? — Assenti e ela levantou, entendeu sua mão e me cumprimentou. — Seja bem-vida a Cyndi, Srta. Donna Hardin.Mikhail Cristina era indecisa e fútil, embora eu gostei muito dela, não chega a ser amor. Nada mais é que questão de interesses, ela gosta de dinheiro e eu preciso de alguém ao meu lado para manter melhor as aparências dos meus negócios. — O que acha desse? Essa abertura lateral vai dar um charme, me deixando mais sensual e sexy. — O vestido que ela segurava era extremamente depravado e ela gosta disso, embora eu odiasse e me negasse a acompanhá-la nesses trajes. — Acho que não precisa se mostrar tanto, sabemos que você tem belas pernas, mas não é para tanto. — Olhei firme para ela que devolveu o vestido brava, indo até um mais depravado ainda. Meu celular estava tocando, era Carmem e eu não poderia rejeitar a chamada dela. Peguei um blazer qualquer e fui até o provador, Cristina era também invasiva e sem educação as vezes. “Boas notícias?” Carmem sorriu do outro lado, indicando que sim. “Ótimas! Finalmente conseguimos alguns para ocupar o cargo de administração. Ela tem ótimas
Donna Foi uma despedida difícil, mas necessária. Jess estava aos prantos quando entrei no avião com Dominic, meu coração também estava partido e por sorte, meu filho estava dormindo. Jess é sua madrinha e os dois são inseparáveis, não quero nem pensar em como vai ser difícil quando ele a procurar e não a encontrar por lá. (...)Depois de 15 horas de vôo, finalmente chegamos e já havia uma moça no aeroporto nos esperando, com uma plaquinha escrito “Donna”. — Boa noite, sou eu! — Disse me aproximando da moça que me comprimentou. Ela é japonesa, nada de sorrisos ou recepções demais. Apenas me deu boas vindas, apresentou-se como Ella e me levou até o táxi. — A senhorita hoje irá dormir em um hotel com seu filho, mas sua casa estará pronta amanhã. Já providenciamos tudo para o seu filho, escola, babá e tudo que ele precisará para viver aqui, assim como a senhorita. — Eu só posso estar sonhando, nem mesmo quando trabalhava em Nova York consegui pagar uma babá, diversas vezes tive que s
Mikhail Aí chegar em casa, me deparei com os quadros quebrados, algumas peças de roupas rasgadas e jogadas no chão e minha noiva bêbada no sofá. — Pode me dizer que merda está acontecendo, Cristina? — Gritei descontrolado, já não estava mais suportando seus ataques de raiva sem motivos. — Acontece que eu estou cansada, Mikhail. Você sempre me trata como segunda opção, estou farta de servir a você somente como um brinquedo. Estou farta de tudo isso. Será que quando a gente casar, vai continuar sendo assim? — Não quero ter essa conversa agora. Estou cansado e preciso descansar, tive um dia longo e não estou afim de conversar com você sobre isso agora. — Ela arremessou uma garrafa de uísque em minha direção que só não me acertou porque eu me abaixei rápido. — Controle-se mulher. Estou de saco cheio de você. Além de ser uma pessoa fútil, você também desequilibrada e um grande pé no saco. Pode até ser bonitinha, mas eu preciso de algo que vá além disso, preciso de uma mulher responsáv
Mikhail — Bom dia, meu amor. Me desculpa por ontem? Eu não sei o que aconteceu comigo, me descontrolei completamente, me deixei levar pela fúria e cabeça cheia. — Cristina me acordou aos beijos, droga, eu não deveria ter pego no sono desse jeito. — Eu… depois a gente conversa, Cristina. Tenho que ir para empresa agora. — Incrédula ela ficou, sem acreditar no que eu estava fazendo, sempre cedendo aos seus desejos e isso estava me deixando exausto. Não posso deixar a senhorita Hardin ir embora, não agora que a última administradora se demitiu. — Que tal sair com as duas amigas? Ou visitar sua mãe?Entrei no banheiro e fechei a porta, impedindo que ela pudesse ter acesso. Tomei um banho rápido e fui direto para Cyndi. Estava adentrando minha sala, quando esbarrei com uma mulher ao lado de Ella. Sua bolsa caiu no chão, ela se abaixou para pegar e se desculpou por aqui, mesmo sabendo que o culpado foi eu. — Onde você estava? Nos deixou quase uma hora esperando. — Ella me subjugou com o
Donna Dominic estava com febre alta, não sei onde fica o hospital e tive que apelar para Ella, não pensei duas vezes e liguei. “Me perdoe o horário, mas é que meu filho está com muita febre e eu não posso deixá-lo aqui. Preciso levá-lo ao hospital, pode me ajudar?” Era quase duas horas da manhã e eu estava aqui, apelando para uma desconhecida. “Por que não me ligou antes? Posso ir pegar vocês aí?” Às vezes penso que Ella é um anjo em forma de Jess. “Meu Deus, eu nem sei como te agradecer por isso.” Eu tenho um carro, poderia colocar no GPS e seguir em frente, mas não sou tão boa assim e tenho medo de não conseguir chegar a tempo ou pegar o caminho mais distante. Ella chegou rápido e entrou depressa.— Me desculpa por ter te interrompido, eu estava sem saber a quem apelar. — Disse ouvindo seu riso enquanto ela abria a porta para sairmos. Dafne estava em sua casa, por isso não tive com quem contar quando percebi que Dominic estava ficando mal. — Eu já te disse que já me afeiçoei
Dois meses depois… Donna As coisas estavam indo bem. A cada dia me encontro em uma nova eu. Dominic se adotou bem, adora a escola e a Dafne. Meus dias tem sido bastante corrido, mas hoje fui convidada para jantar na casa de Ella com Dom, não pude recusar ou ela me batia. Há boatos que Mikhail e sua noiva se separaram, mas reataram porque ela estava grávida, sinceramente eu prefiro manter meu filho como sempre foi, mas é tão difícil ter que mentir. Dominic havia acabado de chegar da escola e Dafne estava com boas novidades. — Boa tarde, senhora Hardin. — Sem essa de senhora, por favor. Não sou tão velha nem santa. — Dafne era uma pessoa maravilhosa, que qualquer pessoa teria uma baita sorte se tivesse uma Dafne, uma Jess ou uma Ella, são as melhores pessoas que eu já conheci na minha vida. — Ok, Donna! Eu e o Dominic fomos convidados para jantar na casa do meu namorado hoje, mas se precisar de mim eu fico aqui, sem problemas. — O namorado dela trabalha na Cyndi também, um sujeit
Mikhail Matthew contava sobre como foi maravilhoso rever sua amada depois de tanto tempo. Mas eu ignorava tudo aquilo, desde que Cristina me disse que estava grávida e provou, que eu não consigo mais ser o mesmo, é como se tivesse alguma coisa me puxando para o fundo a todo instante. Matthew me convenceu de sairmos para beber e aproveitar e era tudo que eu precisava. — Deveríamos nos prevenir e pegar um guarda-chuva, porque é um milagre você ter saído de casa sem a sua noiva. — Matthew sabe de toda a situação, o quanto Cristina é irritante e fútil, mas devido a essas coisas, prefiro me manter focado em meu trabalho apenas. — Eu não sei como vou passar o resto da minha vida ao lado daquela mulher. Maldita hora que eu fui… — Maldita hora que eu me deixei atender aos prazeres da vida (transar sem camisinha). E aqui estava eu, topando qualquer coisa que me tirasse do tédio. — Maldita hora que eu aceitei reatar essa merda de casamento. Cristina não tem mais herança a receber, seu pai v
Mikhail Seu rosto, seus cabelos e até mesmo seus olhos ainda eram iguais pessoalmente, idêntico como na foto, mas eu não consigo lembrar muita coisa daquela noite. Donavan estava conversando com as duas enquanto eu tentava me lembrar de algumas lembranças, mas nada me vinha à mente, me recordo apenas de ter a beijado para cumprir o desafio do jogo que Stella propôs naquela noite e nada mais que isso.Me aproximei deles e Ella saiu com Donavan, foram apostar a deixando sozinha na mesa bebendo. — Posso? — Perguntei já sentando de frente para ela, me servindo de uma dose de whisky em seguida. — Claro! — Seu riso de canto me pegou de cheio, fazendo com que eu reparasse em cada detalhe dela. — Ainda participar das festas da Stella? — Não, estou noivo, infelizmente. — Ela me olhou sem graça e olhou para qualquer coisa que não fosse eu. — É que as festas da Stella são demais para mim… — Compreendo! Ella já havia comentado sobre isso, me desculpa por perguntar essa bobagem. — Sua mão est