Donna
Foi uma despedida difícil, mas necessária. Jess estava aos prantos quando entrei no avião com Dominic, meu coração também estava partido e por sorte, meu filho estava dormindo. Jess é sua madrinha e os dois são inseparáveis, não quero nem pensar em como vai ser difícil quando ele a procurar e não a encontrar por lá.(...)Depois de 15 horas de vôo, finalmente chegamos e já havia uma moça no aeroporto nos esperando, com uma plaquinha escrito “Donna”.— Boa noite, sou eu! — Disse me aproximando da moça que me comprimentou.Ela é japonesa, nada de sorrisos ou recepções demais. Apenas me deu boas vindas, apresentou-se como Ella e me levou até o táxi.— A senhorita hoje irá dormir em um hotel com seu filho, mas sua casa estará pronta amanhã. Já providenciamos tudo para o seu filho, escola, babá e tudo que ele precisará para viver aqui, assim como a senhorita. — Eu só posso estar sonhando, nem mesmo quando trabalhava em Nova York consegui pagar uma babá, diversas vezes tive que sair mais cedo do trabalho porque Jess tinha compromisso de última hora e ela era quem reverzava comigo.As ruas daqui são muito diferentes de NY, como está a noite, as luzes são chamativas e mais bonitas, sem dúvidas mais organizadas o que me deixou sem dúvidas, surpresa com tudo que estava vendo. Após nos decepcionar no hotel, Makima se despediu e foi embora, avisando que estaria de volta amanhã cedo para nos levar até onde será nossa casa. Dominic chegou cansado, comeu e comeu logo em seguida, já eu estava sem sono devido a ansiedade e liguei para Jess assim que sair do banho.“Oi amiga, vocês chegaram bem? Não consegui parar de pensar em vocês o dia inteiro. Está tudo bem por aí?”“Jess do céu, eu nunca dormi em um lugar tão chique assim” Expressei minha admiração pelo lugar, realmente eu nunca nem sonhei em estar em um lugar desses algum dia da minha vida. “Tem até lustre no teto. Isso aqui deve custar uma fortuna.”“Eu te disse que você iria encontrar alguém que valorize seu trabalho, você é muito esforçada e eu estou muito feliz por você. Mas me conta, você já conheceu seu chefe? Ele é legal?”“Não. Eu acabei de chegar, Dom dormiu e eu te liguei em seguida. Creio que amanhã eu vou conhecer a empresa onde irei trabalhar. Estou tão feliz amiga, obrigada por acreditar em mim e nunca me deixar desistir dos meus sonhos.”“Você merece tudo que está vivendo. E pode ter certeza que isso é só o começo, só não sei como vou fazer para suprir a saudades que vou sentir de vocês aqui comigo.” Eu também estava sentindo muito, nunca fiquei tanto tempo longe dela. Jess é a única família que eu tenho e com que posso contar em qualquer momento. “Você não vai acreditar quem me ligou hoje a tarde e disse que está na cidade!”“Não vai me dizer que é o…” Ela sorriu do outro lado, confirmando minha suposição que jamais falha. “Meu Deus, e o que ele disse? Vocês se encontraram? Não vai deixar o orgulho falar mais alto dessa vez, não é?”“Não. Dessa vez não. Matthew é um cara legal, por muito tempo fomos apenas amigos, mas na última vez que a gente se viu eu senti sentimentos por ele. Me deixei levar e isso quase destruiu nossa amizade. Não sabia que ele queria o mesmo que eu. Ele me chamou pra sair agora a noite e adivinha?”“Não vai fazer o que eu não faria, você merece ser feliz. Você merece um cara bacana, embora eu não tenha tanta afinidade com ele, é perceptível que ele gosta de você pra valer e você merece alguns que te ame.”“Falando em amor, ele acabou de chegar.”“Então vai lá, aproveita a noite e depois me conta tudo.” Nos despedimos e ela desligou, mas ainda foi possível a voz de Matthew.MikhailEstava no meu escritório quando Cristina entrou segurando duas taças e uma garrafa de champanha.— Hora de comemorar, meu amor. — Sentou-se em meu colo e colocou o braço envolta do meu pescoço, nós servindo em seguida.— Cristina, você sabe que eu não bebo quando estou trabalhando e agora é melhor você ir embora. Eu vou terminar aqui e irei para casa também, mas antes preciso finalizar esses documentos e revisar algumas coisas. — Pedi sem arrogância, mas já me faltando paciência.— Já estou farta das suas recusas, Mikhail. — Furiosa ela levantou, passando a mão nas taças e as derrubando no chão. Suas atitudes de uma criança mimada estava me irritando pra caramba, estou checando as exportações e ela simplesmente acha que isso seja uma coisa inútil. — Você nunca dá a mínima para mim. Minhas conquistas nunca são algo que te deixa feliz, às vezes penso que mereço alguém que me ame pelo que eu sou, não pelo que eu tenho.Pelo que ela tem? Se pararmos para avaliar, minha fortuna é mais que o triplo da sua, não é porque ela é filha de desembargador que isso me torna “pobre” perto dela. Mas tentei pela milésima, ter uma conversa com ela civilizadamente, como dois adultos.— Meu amor, suas conquistas são importantes para mim e merecem as melhores comemorações, mas aqui não é lugar e essa também não é a hora. Quando a sua fortuna, você sabe, não devemos falar sobre isso, porque mais ninguém sabe que eu sou tão rico quanto você. — Meus olhos estão pesados devido ao cansaço e sono, não durmo há quase três dias e ainda tenho que atuar Cristina e suas futilidades. — Agora se me der licença, eu preciso terminar isso aqui ainda hoje. Estarei em casa antes das onze, eu prometo.Emburrada ela foi embora, jogando a garrafa de champanhe em cima da minha mesa, molhando os papéis que estavam em cima da mesa, meu celular e por sorte não bateu no computador, ou teria que recomeçar a organização de todo o arquivo novamente.— Boa noite, gostaria de avisar que a senhorita Donna já está hospedada com seu filho. Amanhã irei levá-la até sua casa, mas ela não avisou que iria trazer seu filho, porém eu lhe disse que já estava tudo pronto para receber a ciência também. — Ella entrou em meu escritório e após dar a notícia, reparou na bagunça, negou com a cabeça e voltou a falar: — Espero que ela não te mate qualquer dia desses, sua mulher é completamente louca. Boa sorte pra você.Agradeci a Ella e percebi que eu não tinha mais como desistir desse casamento que já estava tão adiantado, só me restava aceitar e esperar o milagre acontecer.Mikhail Aí chegar em casa, me deparei com os quadros quebrados, algumas peças de roupas rasgadas e jogadas no chão e minha noiva bêbada no sofá. — Pode me dizer que merda está acontecendo, Cristina? — Gritei descontrolado, já não estava mais suportando seus ataques de raiva sem motivos. — Acontece que eu estou cansada, Mikhail. Você sempre me trata como segunda opção, estou farta de servir a você somente como um brinquedo. Estou farta de tudo isso. Será que quando a gente casar, vai continuar sendo assim? — Não quero ter essa conversa agora. Estou cansado e preciso descansar, tive um dia longo e não estou afim de conversar com você sobre isso agora. — Ela arremessou uma garrafa de uísque em minha direção que só não me acertou porque eu me abaixei rápido. — Controle-se mulher. Estou de saco cheio de você. Além de ser uma pessoa fútil, você também desequilibrada e um grande pé no saco. Pode até ser bonitinha, mas eu preciso de algo que vá além disso, preciso de uma mulher responsáv
Mikhail — Bom dia, meu amor. Me desculpa por ontem? Eu não sei o que aconteceu comigo, me descontrolei completamente, me deixei levar pela fúria e cabeça cheia. — Cristina me acordou aos beijos, droga, eu não deveria ter pego no sono desse jeito. — Eu… depois a gente conversa, Cristina. Tenho que ir para empresa agora. — Incrédula ela ficou, sem acreditar no que eu estava fazendo, sempre cedendo aos seus desejos e isso estava me deixando exausto. Não posso deixar a senhorita Hardin ir embora, não agora que a última administradora se demitiu. — Que tal sair com as duas amigas? Ou visitar sua mãe?Entrei no banheiro e fechei a porta, impedindo que ela pudesse ter acesso. Tomei um banho rápido e fui direto para Cyndi. Estava adentrando minha sala, quando esbarrei com uma mulher ao lado de Ella. Sua bolsa caiu no chão, ela se abaixou para pegar e se desculpou por aqui, mesmo sabendo que o culpado foi eu. — Onde você estava? Nos deixou quase uma hora esperando. — Ella me subjugou com o
Donna Dominic estava com febre alta, não sei onde fica o hospital e tive que apelar para Ella, não pensei duas vezes e liguei. “Me perdoe o horário, mas é que meu filho está com muita febre e eu não posso deixá-lo aqui. Preciso levá-lo ao hospital, pode me ajudar?” Era quase duas horas da manhã e eu estava aqui, apelando para uma desconhecida. “Por que não me ligou antes? Posso ir pegar vocês aí?” Às vezes penso que Ella é um anjo em forma de Jess. “Meu Deus, eu nem sei como te agradecer por isso.” Eu tenho um carro, poderia colocar no GPS e seguir em frente, mas não sou tão boa assim e tenho medo de não conseguir chegar a tempo ou pegar o caminho mais distante. Ella chegou rápido e entrou depressa.— Me desculpa por ter te interrompido, eu estava sem saber a quem apelar. — Disse ouvindo seu riso enquanto ela abria a porta para sairmos. Dafne estava em sua casa, por isso não tive com quem contar quando percebi que Dominic estava ficando mal. — Eu já te disse que já me afeiçoei
Dois meses depois… Donna As coisas estavam indo bem. A cada dia me encontro em uma nova eu. Dominic se adotou bem, adora a escola e a Dafne. Meus dias tem sido bastante corrido, mas hoje fui convidada para jantar na casa de Ella com Dom, não pude recusar ou ela me batia. Há boatos que Mikhail e sua noiva se separaram, mas reataram porque ela estava grávida, sinceramente eu prefiro manter meu filho como sempre foi, mas é tão difícil ter que mentir. Dominic havia acabado de chegar da escola e Dafne estava com boas novidades. — Boa tarde, senhora Hardin. — Sem essa de senhora, por favor. Não sou tão velha nem santa. — Dafne era uma pessoa maravilhosa, que qualquer pessoa teria uma baita sorte se tivesse uma Dafne, uma Jess ou uma Ella, são as melhores pessoas que eu já conheci na minha vida. — Ok, Donna! Eu e o Dominic fomos convidados para jantar na casa do meu namorado hoje, mas se precisar de mim eu fico aqui, sem problemas. — O namorado dela trabalha na Cyndi também, um sujeit
Mikhail Matthew contava sobre como foi maravilhoso rever sua amada depois de tanto tempo. Mas eu ignorava tudo aquilo, desde que Cristina me disse que estava grávida e provou, que eu não consigo mais ser o mesmo, é como se tivesse alguma coisa me puxando para o fundo a todo instante. Matthew me convenceu de sairmos para beber e aproveitar e era tudo que eu precisava. — Deveríamos nos prevenir e pegar um guarda-chuva, porque é um milagre você ter saído de casa sem a sua noiva. — Matthew sabe de toda a situação, o quanto Cristina é irritante e fútil, mas devido a essas coisas, prefiro me manter focado em meu trabalho apenas. — Eu não sei como vou passar o resto da minha vida ao lado daquela mulher. Maldita hora que eu fui… — Maldita hora que eu me deixei atender aos prazeres da vida (transar sem camisinha). E aqui estava eu, topando qualquer coisa que me tirasse do tédio. — Maldita hora que eu aceitei reatar essa merda de casamento. Cristina não tem mais herança a receber, seu pai v
Mikhail Seu rosto, seus cabelos e até mesmo seus olhos ainda eram iguais pessoalmente, idêntico como na foto, mas eu não consigo lembrar muita coisa daquela noite. Donavan estava conversando com as duas enquanto eu tentava me lembrar de algumas lembranças, mas nada me vinha à mente, me recordo apenas de ter a beijado para cumprir o desafio do jogo que Stella propôs naquela noite e nada mais que isso.Me aproximei deles e Ella saiu com Donavan, foram apostar a deixando sozinha na mesa bebendo. — Posso? — Perguntei já sentando de frente para ela, me servindo de uma dose de whisky em seguida. — Claro! — Seu riso de canto me pegou de cheio, fazendo com que eu reparasse em cada detalhe dela. — Ainda participar das festas da Stella? — Não, estou noivo, infelizmente. — Ela me olhou sem graça e olhou para qualquer coisa que não fosse eu. — É que as festas da Stella são demais para mim… — Compreendo! Ella já havia comentado sobre isso, me desculpa por perguntar essa bobagem. — Sua mão est
Mikhail Eu tive que beijá-la, precisava sentir os lábios dela e quando isso aconteceu, senti uma sensação única, que não durou muito… — O que está fazendo? Perdeu a cabeça? — Bruscamente ela me empurrou e eu bati as costas no carro. — Já pensou em alguém ver isso? Com certeza vai ser um problema para mim. — Eu assumo a responsabilidade de tudo que faço. — Ela me olhou e ficou apenas me observando. DonnaEle me pegou de surpresa, não estava pronta para receber um beijo seu, ainda mais nessas circunstâncias. Estava sem graça e sem palavras para dizer o quanto isso foi inusitado.— Que seja, só não faça mais isso. Eu não quero problemas. — Senti meu corpo ferver e a vontade de beijá-lo ser mais forte que eu, mas não poderia fazer isso. Dafne estava me esperando, assim que apertei a campainha, ela abriu a porta. — Ele dormiu, mas chamou por você até dormir. Ele é muito apegado a você. — Ela me levou até o quarto onde ele estava dormindo, serenamente, parecendo um anjinho. — Obrigad
Donna Nervosa, sem saída e sem sono, era assim que eu estava diante da janela, observando o vento balançar as árvores lá fora. Liguei para Jess, mas ela não atendeu nem retornou. Meu filho dorme sereno, nem faz ideia da loucura que é a vida de sua mãe. Passei as mãos em seus cabelos e agora é impossível não olhar pra ele e lembrar de Mikhail, os olhos, cabelos, nariz e boca são quase iguais, muito semelhantes e não sei até quando vou suportar guardar esse segredo. Estava revisando algumas coisas no computador quando Jess me ligou. “Eu estava no banho, o que houve? Está tudo bem?”“Sim, está tudo bem. Quer dizer… eu e Mikhail ficamos a sós hoje e você não tem ideia das semelhanças entre Dominic e ele. São muito parecidos.” Chorei sem precisar me segurar, sentindo o peso da consciência me derrubar e eu me encostar na cadeira giratória. “Ele sabe de alguma coisa? Donna, se acalma e me conta o que está acontecendo. Mas não precisa ter pressa.”“Matthew lembrou a ele quem eu sou. Most