– Você lembra quando você comentou sobre a minha idade e eu te disse que envelheço mais devagar por causa das minhas praticas mágicas? – o tom de Vincent era sério.
Eleanore pensou sobre isso, na conversa que eles tiveram quando ela estava na banheira, pouco depois de Maximus tentar possuir sua mente. Eleanore assentiu.
– Usar magia é mais complicado do que apenas seu aprendizado, quanto mais você usar, mais ela vai te mudar por dentro. Ela vai afetar sua constituição física, vai fazer com que você envelheça mais devagar, assim como fez comigo.
– Mas isso não parece uma coisa ruim. – Eleanore não acharia nada mal ter mais de sessenta anos, assim como Vincent e ter a aparência que ele tinha agora.
– Não parece agora, mas você entende que, enquanto você envelhece bem mais devagar que as
June havia ido à residência de uma senhora tratar uma ferida penetrante, devido à um acidente na cozinha com uma faca. Como de costume, o marido dela fez pouco caso de June, perguntando-se como uma pessoa tão jovem, ainda mais uma mulher, poderia ser médica.Depois que June executou seu trabalho com maestria, fechando o ferimento e amenizando a dor, aquele homem torceu o nariz e não disse mais nada. Sua esposa, certamente mais gentil, agradeceu June e a pagou generosamente.Na volta para seu herbário, June avistou alguns homens encarando-a de uma forma nojenta, fazendo com que tudo dentro dela se revirasse a deixando com enjoo. Isso a fazia se lembrar de sua mãe, da sua terrível infância e do lugar onde costumava morar. Pior do que isso, ela quase conseguia sentir o cheiro pungente masculino e ouvir aquelas risadas odiosas.June apertou o passo, pensando que, se precisasse se defender, poderia p
Eleanore interrompeu seus estudos para descer para o almoço. Já havia estudado um pouco sobre os movimentos da Terra, o ciclo elíptico ao redor do Sol, translação, e o giro ao redor do próprio eixo, chamado de rotação. Também havia aprendido o básico sobre o funcionamento do corpo humano e também das plantas, que absorviam a luz do sol e transformavam gás carbônico em oxigênio. Estudou sobre o mapeamento das estrelas, contos sobre mitologia grega, sobre minérios que constituíam o solo, como era o processo de combustão.Ela lia um pouco de cada livro todos os dias, isso para que nenhum assunto pudesse satura-la e se tornasse maçante. Talvez pudesse se tornar um pouco confuso, mas Eleanore marcava os assuntos os quais não entendia bem para perguntar a Vincent mais tarde.Obviamente, Eleanore gostaria de praticar feitiços e aprender sob
Vincent se sentou, puxou a manga do casaco e da camisa rasgados e empapados de sangue, para analisar o ferimento. Era ruim, sangrava muito, os dentes se cravaram profundamente e, de uma maneira geral, fluidos de demônios eram venenosos, até mesmo a saliva. Tinha que tratar aquilo o mais rápido possível, mas antes tinha que lidar com aquele problema.Foi então que ouviu gritos de pessoas assustadas. Bash e o outro cão não estavam a vista, tinham dobrado uma esquina, mas havia um rastro de sangue na estrada que denunciava a direção a qual tomaram.Vincent ficou em pé, ignorando seu braço latejante e a dor excruciante, correndo na direção dos gritos que só aumentavam.Ao dobrar a esquina, Vincent encontrou caos total. Havia ao menos duas barracas completamente destruídas, espalhando maçãs, batatas e ovos para todos os lados. Pessoas corriam e gritav
Sam achava que Vincent já era naturalmente pálido, sua pele sempre teve um tom sobrenaturalmente branco, a mesma cor de açúcar e sal. O feiticeiro, certa vez, o explicou que era devido a uma condição rara que tinha, chamada albinismo. Achava que não era possível que a pele de Vincent se tornasse ainda mais clara, estava errado.Se havia uma cor ainda mais clara que o branco, então certamente era essa a cor que o feiticeiro exibia naquele exato momento. Havia uma fina camada de suor cobrindo o corpo de Vincent, suas veias pareciam tingidas de tinta preta, serpenteando obscuramente por sua pele quase transparente, subindo pelo braço ferido, até o pescoço, feito garras de sombras.Vincent estava deitado em sua cama, havia uma compressa fria em sua testa, June trabalhava incansavelmente na ferida horrenda no braço do feiticeiro. Ela havia limpado o sangue seco, fez Vincent tomar uma
Depois do jantar, Eleanore ficou em sua cama, sentada sobre o colchão sem saber o que fazer.Ficou ali, apenas encarando o espelho ovalado do quarto sem fazer nada especificamente. Passou-se um tempo, que ela não soube dizer qual, em que Eleanore permaneceu apenas sentada, observando cada mobilha ao seu redor.Quando já achou que havia esperado o suficiente, ela se levantou e pegou a lamparina, indo para o corredor, subindo as escadas para chegar ao quarto de Vincent. Quando estava em frente a porta entreaberta, ela a empurrou com calma, as dobradiças rangeram um pouco, mas o barulho não chegava a ser alto.Eleanore entrou no cômodo e o encontrou estranhamente vazio, exceto por Vincent deitado sobre a cama, reto feito um cadáver com o lençol cobrindo seu corpo até o peito. June não estava ali, o que foi um alívio, já que Eleanore não queria ser tratada novamente como da &ua
June colocou a bandeja sobre as coxas de Vincent, que segurou a colher, com a mão ligeiramente trêmula que ele disfarçou magistralmente. Ele levou a sopa até a boca e comeu três colheradas rapidamente, estava faminto.Depois, lentamente e com uma calma calculada, ele levou o copo d’água até a boca e tomou quase todo o conteúdo em duas grandes goladas.Ele suspirou, para tomar fôlego, antes de tornar-se a se concentrar na sopa.– Obrigado, June. Eu estava mesmo faminto.Ela estalou a língua com aquela carranca característica sustentada em seu rosto juvenil.– Você nunca cuida de si mesmo, Vince. Tá sempre chegando exausto ou machucado.– June – Ele esticou seu braço bom e colocou sua mão no joelho dela, de forma carinhosa e gentil – Não se preocupe.– Como nã
– Quem é agora? – Sam olhou para as grandes portas de carvalho.– Deve ser Dante, meu aprendiz. Deixe-o entrar, Amber – Minerva falou, lançando um olhar firme para o pássaro de fogo. – Garanto que é inofensivo.Bash e Amber trocaram um olhar cúmplice, por mais que a elemental não tivesse exatamente olhos, era possível saber onde estava sua atenção. O familiar anuiu com a cabeça e Amber se dissipou, suas chamas desaparecendo no ar. Logo em seguida, Bash fez um gesto com a mão e as portas duplas se abriram novamente.Parado atrás delas estava um garoto, não muito mais velho que a própria Eleanore. Ele usava uma calça preta justa, botas de couro, uma camisa de cor clara larga e um grosso casaco cor de vinho de veludo. Ele tinha uma pele ligeiramente bronzeada, como quem trabalha no campo, e cabelos castanhos dourados sut
Depois de passar um tempo sanando as dúvidas de Ellie, Vincent decidiu que não podia mais protelar a conversa com sua irmã.Ele a encontrou na sala do térreo tomando chá com Sebastian, que estava praticamente respirando contra o pescoço de Minerva, de tão perto que estava. Ver seu familiar assim tão próximo de sua irmã causou um certo enjoo em Vincent. Ele revirou os olhos, consternado.Vincent pigarreou, chamando a atenção de ambos. Minerva ficou em pé assim que o viu, deixando a xícara de lado, e teve que se concentrar para manter o equilíbrio.– Irmão, há quanto tempo.– Menos do que eu gostaria – disse Vincent friamente, agarrando com mais força a cabeça de corvo metálica de sua bengala. Ainda sentia dores pelo corpo, principalmente o hematoma em suas costas e a ferida no braço