Já era noite e Eleanore estava com toda a frente do vestido suja com o sangue de Bulaklak.
Seguia a direção que ele apontara há horas, mas o duende havia desmaiado há um tempo. O frio ainda era um problema constante e, era por isso, que toda vez que um vento gelado batia contra a pele dela, Ellie segurava Bulaklak contra seu corpo com mais força.
Não conseguia ver direito o caminho, embora sua visão já tivesse se adaptado ao escuro, continuava andando, tropeçando em galhos e raízes vez ou outra.
Foi quando viu uma certa claridade e a seguiu, feito uma mariposa atraída pela luz.
Metros à frente havia uma cabana singular, parecia quase fundida a natureza ao redor. O telhado era forrado de grama e flores, toda a estrutura era feita de madeira sem acabamento, como um tronco de árvore. Um caminho de pedras rodeado de margaridas levava até a porta da frente.
– Aqui está! – Amber anunciou, caminhando ao lado de Dante na forma de uma raposa.Diante de Dante havia um grande lago e isso era perfeito. Água era um excelente condutor de energia mágica, melhor do que isso, um grande volume de água parada armazenava magia, concentrando-a dia após dia, como um enorme tanque de energia mágica. Feiticeiros, de um modo geral, utilizavam água para fazer uso de feitiços que demandavam grande quantidade de magia como, por exemplo, teletransporte.– Vai funcionar? – Sam quis saber.– Veremos – Dante respondeu, tentando transparecer algum tipo de confiança.O aprendiz usou um feitiço térmico simples que mantinha seu calor corporal para que assim a água não o congelasse. Mesmo assim, quando a água estava na altura de suas canelas, ele sentiu o frio o rondando como uma brisa que lhe ar
As bochechas Ellie assumiram um tom perigosamente vermelho conforme ela entendia o que a bruxa estava querendo dizer.– N-não! Eu e Vincent nunca... – ela engoliu em seco, incapaz de terminar a frase – É que nós temos uma ligação. Uma ligação mágica.A bruxa uniu as duas mão e entoou palavras fortes e, ao fim do cântico, ela assoprou sobre o corpo de Bulaklak e uma bruma verde pairou sobre ele, cobrindo-o como um manto translucido de névoa colorida. Bulaklak soltou um suspiro, mas permaneceu desacordado.Niara alojou Bulaklak deitado no sofá, entre duas pilhas de tecidos, cobrindo seu frágil corpinho com uma manta, em seguida. Finalmente se voltou para Ellie, que percebeu que a mulher tinha olhos castanhos claros, quase em um tom mel.Espantou-se com o fato de esperar que a mãe de Vincent fosse uma pessoa mais parecida com ele, quem sab
June sentiu uma pontada incomoda em seu peito, quase como se seu coração fosse fisgado por um anzol. A sensação foi extremamente parecida com quando Vincent fizera o pacto com ela. June teve a esperança de que talvez fosse ele tentando se comunicar e seu coração se avivou em seu peito, batendo com mais força e mais rapidamente.Ela havia feito uma fogueira para aquecê-los naquela noite extremamente fria. Tanto ela, quanto Magnolia estavam bem próximas ao fogo para se aquecer.Bash permanecia adormecido, tremendo um pouco.June jogou a cabeça para trás e pôde entrever o céu estrelado por entre as folhas e os galhos das árvores que a rodeavam.Lembrou-se de quando Vincent a ensinou a reconhecer as constelações, a ver um mapa nas estrelas. Ele apontava para o céu e nomeava as estrelas e o conjunto que faziam. June sempre achou extremame
Era como se Vincent estivesse andando sobre gelo fino e, de repente, ele tivesse se partido sob seus pés e seu corpo tivesse afundado em águas congelantes, o gelo penetrando seu corpo.O punho de Vincent se projetou violentamente contra o rosto de Maximus, fazendo com que sangue saísse de seu nariz e boca, escorrendo pelo queixo. Ainda assim, o outro feiticeiro não fez menção nenhuma de revidar.Vincent deu outro soco, jogando Maximus para o lado e, depois, mais um que o fez cair sentado, derrubando o cavalete no processo. Vince montou sobre ele e começou a desferir socos desengonçados contra o rosto de Maximus, já que sua visão estava turva pelas lágrimas.Um segundo depois, Vincent ouviu passos apressados subindo as escadas as suas costas.– Mestre! – Katrin exclamou.No segundo seguinte, Vincent foi lançado para o outro lado da sala, sendo arran
– Maximus nasceu cego. Eu o encontrei na rua quando tinha apenas quatro anos. Estava pedindo esmola quando eu o encontrei. Era magro de dar dó e havia uma camada de sujeira cobrindo sua pele morena. Eu perguntei se ele queria um lar e, quando ele disse sim, o trouxe para minha casa e Minerva ficou feliz com a ideia de ter um irmão.“Ele era um garoto tímido e assustado. Sempre quieto e acuado. Eu nunca soube ao certo pelo o que ele passou nos quatro primeiros anos de sua vida, nem como uma criança conseguiu sobreviver sozinha por tanto tempo.”“Quando lhe expliquei sobre mágica, ele ficou completamente fascinado com a ideia da magia. Eu sabia, desde o momento em que o conheci, que ele tinha a sensibilidade necessária para se tornar um feiticeiro. E ele também tinha uma paixão realmente surpreendente por magia. Mas, em algum momento, eu não sei quando, as coisas mudaram e ele se
Dante tomou todas as precauções necessárias para que pudesse realizar o teleporte.Conjurou uma lamparina de uma loja que costumava haver em sua cidade natal, conseguia visualizar o objeto em suas mãos e, subitamente, lá estava, Dante segurando a alça da lamparina. Aparentemente, o lugar ainda existia, já que o feitiço de conjuração funcionara.Amber havia alojado toda sua essência dentro daquela lamparina, transformando-se em uma pequena chama tremulante e contida.Dante segurou a medalhinha de Sam com força, já que não conseguia tocar em um fantasma, mas estando com sua âncora espiritual, Sam iria para onde Dante fosse. Ele fez um feitiço de bolha de ar para proteger a lamparina de Amber, quando mergulhou o corpo todo naquele lago congelante. Deixou que toda a magia ali contida o envolvesse, como uma manta, porém elétrica e intensa.
Ellie teve uma noite conturbada. Ficou se remexendo desconfortavelmente na cama, sem conseguir dormir direito. O cheiro de Vincent estava no cobertor, no travesseiro e nos lençóis, aquele misto de ervas, flores e terra. E mesmo com esse intenso estímulo, foi incapaz de ter aqueles seus sonhos vividos sobre o passado de Vincent.Mesmo que tivesse tido um fraco vislumbre na noite passada, quando chegara na casa de Niara, não podia deixar de pensar que a ligação havia se enfraquecido desde que o selo de rompera. Talvez sua essência de Fonte estivesse rompendo o laço.O cansaço e a exaustão a levaram a perda da consciência quando já era bem tarde.Ellie acordou com os fachos matutinos de sol ferindo suas pálpebras. Ela abriu os olhos lentamente, reconhecendo aos poucos o local que a rodeava.Assim que estava pronta, ela desceu as escadas para o desjejum juntamente com Nia
A criada, que se chamava Emma, segurava o braço ferido, em uma tentativa de estancar o sangramento, enquanto caminhava à frente de Vincent e do gnomo.Subitamente, ela parou, e Vincent ergueu o atiçador. Felizmente, não precisou feri-la uma segunda vez, mas sabia que seria capaz de fazer novamente se fosse necessário e Vince se sentia uma pessoa terrível por isso, mas aquela não era hora de uma crise de consciência.Emma estava parada de frente para uma parede em um amplo corredor. Não havia portas ou janelas de nenhum dos lados, mas em ambos haviam quadros renascentistas com pinturas de deuses, anjos e criaturas mitológicas. Nas tapeçarias podia ser visto os bordados de uma sereia emergindo das águas salgadas do mar, um cervo no meio da floresta, ou guerreiros brandindo suas espadas contra dragões.Ela se posicionou entre um quadro representando a deusa Afrodite nascendo d