Vincent estava mais magro do que June se lembrava, as roupas estavam maiores e mais largas do que costumavam ser. Ele usava uma calça preta e sapatos lustrosos, uma camisa lilás desbotada e um longo casaco preto de veludo. Seu cabelo não estava preso em uma trança, mas solto, caído pelos ombros como um véu feito de névoa branca matutina.
Seus olhos, naturalmente violetas, agora estavam com um brilho verde fantasmagórico e suas mãos não paravam de se mover, envolvidas pelo brilho esverdeado de sua energia mágica. Ele ainda estava arrumando e reconstruindo o castelo.
– June? – sua voz soou confusa. Seus olhos tornaram a ficar violeta e o brilho verde se apagou.
– Vincent! – O coração dela transbordou de alívio e amor ao vê-lo na sua frente, vivo e bem, inteiro. As marteladas rápidas de suas batidas a impediam de ouvir q
Ela caminhava lentamente por uma estrada sinuosa, pinheiros se curvavam em sua direção como se a observassem caminhar. Estava escuro, absurdamente escuro, não haviam estrelas ou lua, ainda assim, ela conseguia enxergar o caminho à sua frente. Usava um fino vestido branco que lhe caia como um véu até seus pés, tremulando ao redor de seu corpo enquanto caminhava devagar.Bem à sua frente ela viu um lago, a água parecia tinta preta de tão escura. Repentinamente, um homem emergiu da água e ele contrastava intensamente contra ela, devido a sua pele substancialmente alva. Os cabelos brancos caiam molhados por suas costas e pequenas gotas de água escorriam por sua pele lisa.Ele sorriu para ela e os joelhos de Ellie fraquejaram um pouco.– Venha – Ele esticou o braço e ofereceu a mão à ela, a qual Ellie não conseguiu negar e segurou de pront
Vincent olhou para a chama acesa na lamparina apoiada na escrivaninha e sentiu seu coração se transformar em pedra dentro de seu peito. Ele suspirou pesarosamente, enquanto fitava o pequeno fogo que iluminava parcamente o quarto.– Amber. Eu tinha me esquecido que é você que dá vida a esse castelo. Quando o reconstruí, depois, desmaiei por horas, quase um dia. E, quando consegui organizar as coisas, minha magia de animação não era a mesma, eu estava fraco e ela não funcionava direito. Então, eu me lembrei, que você é a força motriz da magia do castelo e, agora, você está aqui de novo.A chama tremulou.– É o meu propósito, lembra-se? – a voz crepitante de Amber ressoou por todo o recinto – Oferecer um lar. Foi o que pedi a você, era o que eu mais desejava, um propósito.Ele se deitou na
– Nós vamos encontrar Ellie – Dante afirmou.Eles estavam tomando o desjejum. Havia pão fresco, fatiado de porco, ovos, frutas, leite e suco. Todos comiam bastante, principalmente Bash e Dante, que sequer mastigavam direito.Mas Vincent não tinha muito apetite. Imaginava que eles não tivessem tido muito alimento quando estiveram perdido, mas o feiticeiro sempre teve comida a disposição. Mas ele não queria comer, sentia um embrulho no estômago e uma certa náusea.– Não – Vincent falou, conciso.Todos olharam simultaneamente para o feiticeiro.– Como assim não? – Bash esganiçou, indignado.Vincent respirou fundo e olhou nos olhos laranjas felinos de Sebastian.– Ellie está com a minha mãe. Ela está mais segura lá.– Como você sabe disso?
Salvatore deixou o palanque e não demorou mais do que três segundos para ser abordado por Maximus, que o encurralou em uma ruela feita de pedras.Era difícil de descrever o Submundo exatamente, não era simplesmente uma rua cheia de lojas como o Mercado das Bugigangas, mas uma cidade inteira, feita de pedra escura e luz enfeitiçada, onde possuíam lojas, tavernas, hospedarias, até mesmo castelos, um bosque mágico e extremamente perigoso, um grande lago, cavernas, dentre outros lugares mágicos. Era como um pequeno mundo particular, formado a partir da magia de vários feiticeiros tempos atrás. Um refúgio. Os feiticeiros estavam tomando vinho e canecos de cerveja quando Maximus veio com um olhar indignado e agressivo na direção de Salvatore.– O que foi aquilo? Que porra é essa, Lex?– O que quer dizer? – Salvatore indago
Trinta dias haviam se passado. Agora, era difícil ver algum lugar sem neve cobrindo o chão, o telhado das casas, árvores despidas de suas folhas e a brancura cobrindo as agulhas dos pinheiros. O frio era penetrante, mesmo sob casacos grossos.Mas mesmo o auge do inverno não era capaz de afastar o verde contido na cabana, com seu telhado forrado de grama e flores coloridas. As margaridas continuavam vivas, rodeando o caminho de pedras que levava até a porta da frente. Uma fumaça arroxeada saia da chaminé e tinha um cheiro doce, de ervas.Um vento gélido agitou sutilmente o pesado casaco de Vincent e fez sua trança estremecer as suas costas. Ele encolheu os ombros, mas não exatamente pelo frio.Vincent percorreu o caminho de pedra muito calmamente, exibindo uma calma que não sentia em seu interior. Suas pisadas ressoavam com um som úmido da neve. Ele alcançou a porta da fren
Vincent levou a mão ao rosto e a encarou, completamente horrorizado.– Por que...– Você mentiu pra mim, Vince. Disse que eu jamais sentiria essa dor de novo, mas foi você quem me feriu. Mentiu dizendo que me amava só para me deixar vulnerável, e me beijou para que pudesse romper a ligação. Isso foi cruel. – O lábio inferior dela tremia.Um profundo vinco se formou entre as sobrancelhas dele.– Eu jamais... Como pode pensar isso, Ellie? Eu jamais mentiria sobre isso para você. Tudo o que eu fiz foi para protege-la, eu jamais quis te ferir.– Eu não precisava da sua proteção! – ela vociferou – Você era quem precisava da minha e eu só queria... – a voz dela se tornou frágil, quase como um sussurro.– Você não me deve nada, Ellie – Vincent falo
Era difícil demais para os membros do Conselho da Magia superarem o fato de que, seu incrível e poderoso pretor era, na verdade, um psicopata com sede de poder, infinitamente traumatizado pelos seus próprios guardiões. E que, na verdade, Vincent não era aquele assassino sanguinário que Maximus e Salvatore tinham forjado para que o Conselho o aprisionasse. E que Minerva estava longe de ser uma traidora que tentara matar seu ilustre pretor.Vincent havia descoberto muito sobre Salvatore Lex naqueles últimos dias, não o suficiente para sentir pena dele, mas o suficiente para entender, em parte, suas razões.Dante havia recuperado um arquivo sobre o pretor e um sobre Leona Phoenix. O de Salvatore era enorme e Vincent passou noites em claro destrinchando-o.As primeiras dezenas de páginas falavam sobre missões bem-sucedidas de Salvatore, em todas elas ele havia sido rápido e implac&aa
A bondade sempre poderia surgir de quem menos esperamos. Era o que a mãe de Maggie costumava dizer, antes de morrer de uma terrível doença, assim como seu pai.Ela tinha razão, porque June havia sido especialmente gentil com ela desde que retornaram ao castelo de Vincent. Havia levado Maggie até seu exuberante herbário, onde a menina lhe ensinou como triturar ervas, secá-las, diferenciar os tipos de planta, como dilui-las em água quente, mostrou-lhe os livros de poções, unguentos e emplastos.Maggie se esforçava muito, mas era muito difícil e ela ficava impressionada com o quão bem June conseguia fazer aquilo, com tamanha maestria.Em determinado dia, Maggie indagou:– Por que está ensinando isso à mim, June? Quando cheguei ao castelo, se bem me lembro, você me odiou.June a fitou por um momento, ela tinha impressionantes olhos