Vincent olhou para a chama acesa na lamparina apoiada na escrivaninha e sentiu seu coração se transformar em pedra dentro de seu peito. Ele suspirou pesarosamente, enquanto fitava o pequeno fogo que iluminava parcamente o quarto.
– Amber. Eu tinha me esquecido que é você que dá vida a esse castelo. Quando o reconstruí, depois, desmaiei por horas, quase um dia. E, quando consegui organizar as coisas, minha magia de animação não era a mesma, eu estava fraco e ela não funcionava direito. Então, eu me lembrei, que você é a força motriz da magia do castelo e, agora, você está aqui de novo.
A chama tremulou.
– É o meu propósito, lembra-se? – a voz crepitante de Amber ressoou por todo o recinto – Oferecer um lar. Foi o que pedi a você, era o que eu mais desejava, um propósito.
Ele se deitou na
– Nós vamos encontrar Ellie – Dante afirmou.Eles estavam tomando o desjejum. Havia pão fresco, fatiado de porco, ovos, frutas, leite e suco. Todos comiam bastante, principalmente Bash e Dante, que sequer mastigavam direito.Mas Vincent não tinha muito apetite. Imaginava que eles não tivessem tido muito alimento quando estiveram perdido, mas o feiticeiro sempre teve comida a disposição. Mas ele não queria comer, sentia um embrulho no estômago e uma certa náusea.– Não – Vincent falou, conciso.Todos olharam simultaneamente para o feiticeiro.– Como assim não? – Bash esganiçou, indignado.Vincent respirou fundo e olhou nos olhos laranjas felinos de Sebastian.– Ellie está com a minha mãe. Ela está mais segura lá.– Como você sabe disso?
Salvatore deixou o palanque e não demorou mais do que três segundos para ser abordado por Maximus, que o encurralou em uma ruela feita de pedras.Era difícil de descrever o Submundo exatamente, não era simplesmente uma rua cheia de lojas como o Mercado das Bugigangas, mas uma cidade inteira, feita de pedra escura e luz enfeitiçada, onde possuíam lojas, tavernas, hospedarias, até mesmo castelos, um bosque mágico e extremamente perigoso, um grande lago, cavernas, dentre outros lugares mágicos. Era como um pequeno mundo particular, formado a partir da magia de vários feiticeiros tempos atrás. Um refúgio. Os feiticeiros estavam tomando vinho e canecos de cerveja quando Maximus veio com um olhar indignado e agressivo na direção de Salvatore.– O que foi aquilo? Que porra é essa, Lex?– O que quer dizer? – Salvatore indago
Trinta dias haviam se passado. Agora, era difícil ver algum lugar sem neve cobrindo o chão, o telhado das casas, árvores despidas de suas folhas e a brancura cobrindo as agulhas dos pinheiros. O frio era penetrante, mesmo sob casacos grossos.Mas mesmo o auge do inverno não era capaz de afastar o verde contido na cabana, com seu telhado forrado de grama e flores coloridas. As margaridas continuavam vivas, rodeando o caminho de pedras que levava até a porta da frente. Uma fumaça arroxeada saia da chaminé e tinha um cheiro doce, de ervas.Um vento gélido agitou sutilmente o pesado casaco de Vincent e fez sua trança estremecer as suas costas. Ele encolheu os ombros, mas não exatamente pelo frio.Vincent percorreu o caminho de pedra muito calmamente, exibindo uma calma que não sentia em seu interior. Suas pisadas ressoavam com um som úmido da neve. Ele alcançou a porta da fren
Vincent levou a mão ao rosto e a encarou, completamente horrorizado.– Por que...– Você mentiu pra mim, Vince. Disse que eu jamais sentiria essa dor de novo, mas foi você quem me feriu. Mentiu dizendo que me amava só para me deixar vulnerável, e me beijou para que pudesse romper a ligação. Isso foi cruel. – O lábio inferior dela tremia.Um profundo vinco se formou entre as sobrancelhas dele.– Eu jamais... Como pode pensar isso, Ellie? Eu jamais mentiria sobre isso para você. Tudo o que eu fiz foi para protege-la, eu jamais quis te ferir.– Eu não precisava da sua proteção! – ela vociferou – Você era quem precisava da minha e eu só queria... – a voz dela se tornou frágil, quase como um sussurro.– Você não me deve nada, Ellie – Vincent falo
Era difícil demais para os membros do Conselho da Magia superarem o fato de que, seu incrível e poderoso pretor era, na verdade, um psicopata com sede de poder, infinitamente traumatizado pelos seus próprios guardiões. E que, na verdade, Vincent não era aquele assassino sanguinário que Maximus e Salvatore tinham forjado para que o Conselho o aprisionasse. E que Minerva estava longe de ser uma traidora que tentara matar seu ilustre pretor.Vincent havia descoberto muito sobre Salvatore Lex naqueles últimos dias, não o suficiente para sentir pena dele, mas o suficiente para entender, em parte, suas razões.Dante havia recuperado um arquivo sobre o pretor e um sobre Leona Phoenix. O de Salvatore era enorme e Vincent passou noites em claro destrinchando-o.As primeiras dezenas de páginas falavam sobre missões bem-sucedidas de Salvatore, em todas elas ele havia sido rápido e implac&aa
A bondade sempre poderia surgir de quem menos esperamos. Era o que a mãe de Maggie costumava dizer, antes de morrer de uma terrível doença, assim como seu pai.Ela tinha razão, porque June havia sido especialmente gentil com ela desde que retornaram ao castelo de Vincent. Havia levado Maggie até seu exuberante herbário, onde a menina lhe ensinou como triturar ervas, secá-las, diferenciar os tipos de planta, como dilui-las em água quente, mostrou-lhe os livros de poções, unguentos e emplastos.Maggie se esforçava muito, mas era muito difícil e ela ficava impressionada com o quão bem June conseguia fazer aquilo, com tamanha maestria.Em determinado dia, Maggie indagou:– Por que está ensinando isso à mim, June? Quando cheguei ao castelo, se bem me lembro, você me odiou.June a fitou por um momento, ela tinha impressionantes olhos
Era noite, o período em que Beck ficava acordado, considerando que era um vampiro e dormia durante o dia. Ele e Maggie estavam na sala, sentados no chão com a mesinha de centro os separando e jogavam baralho. Ela costumava fazer muito isso no Garten e Beck lhe dissera que, quando era vivo, costumava jogar muito em bares e, em certas ocasiões, quase morrera por causa disso, por causa das apostas.Beck lhe dissera que tinha noventa e dois anos o que, Maggie sabia, era mais idade do que aquela que Vincent possuía, embora, assim como o vampiro, aparentasse ser mais jovem do que realmente era.O vampiro também costumava sair para caçar à noite, Minerva lhe permitia isso. Havia incumbido uma magia na coleira de Beck que o impedia de pensar em fuga.Minerva dizia que eles o mantinham no castelo porque queriam que Beck dissesse tudo o que sabia para os feiticeiros que eles estavam recrutando. E depois disso? Maggie tinha
A chegada de Ellie, causou certo alvoroço. Bash a esperava na sala, andando em círculos em frente a porta em sua forma felina. June também estava ali, sentada no sofá, lendo um livro sobre o uso de flores nas artes curativas. Sam flutuava próximo ao sofá, olhando fixamente para a porta. Dante encontrava-se em uma das poltronas, fitando o fogo como se houvesse algo muito interessante acontecendo ali.Minerva permanecia em silêncio ao lado de Maggie. Na verdade, todos estavam submersos em uma quietude densa. Ela não conseguia entender o porquê.A porta se abriu e, de repente, todos estavam em pé, menos Minerva, que apenas moveu a cabeça naquela direção.Primeiro, um corvo passou voando pela porta, indo direto para June, que ofereceu sua mão para que ele pudesse se empoleirar. Ela sorriu e acariciou as penas da ave, que grasnava e batia as asas sem parar.Logo dep