Aline puxou sua mão suavemente, tentando se libertar do toque firme, mas delicado, de Clark. Ele não a soltou de imediato. Sua expressão não era de confronto, mas de uma busca desesperada por respostas, uma necessidade que transbordava em seu olhar.— Clark... — começou ela, a voz falhando quase como um sussurro.Ele a interrompeu, sua voz firme, mas embargada pela emoção que parecia crescer dentro dele. — Não, Aline. — Ele respirou fundo, encarando-a com intensidade. — Não me diga que estou errado. Eu sei o que senti quando vi Gabriel. Eu sei o que vi. — Ele inclinou-se ligeiramente para ela, o peso da verdade pulsando em cada palavra. — Ele é meu filho, não é? Gabriel é meu filho.Aline tentou desviar o olhar, mas a mão de Clark ainda estava em seu queixo, segurando-a com delicadeza, como se ele temesse que ela desaparecesse se ele a soltasse. O peso do momento era avassalador, e ela sentia como se estivesse completamente exposta diante dele, incapaz de esconder a verdade que há an
Aline ficou por alguns instantes parada à porta do quarto, respirando fundo, tentando se recompor. A conversa com Clark ainda ecoava em sua mente como uma onda que não cessava. Ao cruzar o limiar, ela percebeu Juliana a observando atentamente, com uma expressão de preocupação.— Aline, você está bem? — Juliana perguntou, franzindo o cenho. — Vai me contar o que acabou de acontecer?Aline suspirou profundamente, sentindo o peso das palavras que não conseguia organizar. Sua mente estava um caos, e cada tentativa de encontrar clareza só a deixava mais confusa. Ela se sentou na poltrona ao lado da cama de Gabriel, passando as mãos pelos cabelos antes de responder.— Te conto outra hora, Juliana. Não agora. — Sua voz era baixa, quase abafada, mas tinha um tom firme que deixava claro que ela não queria mais perguntas naquele momento.Ela olhou para Gabriel, que brincava distraído com um pequeno carrinho de brinquedo sobre a cama. Um sorriso suave surgiu em seus lábios enquanto ela se aproxi
Emma estava boquiaberta, absorvendo cada palavra com uma mistura de empolgação e incredulidade. — E como ele reagiu? Como você reagiu? — perguntou ela, claramente ansiosa por mais detalhes.Aline soltou uma risada baixa, que rapidamente se transformou em um sorriso triste. — Ele foi tão doce, Emma. Tão... diferente do que eu imaginava. Não sei explicar. Quando olhei para ele, parecia que todos esses anos sumiram. Era como se ele nunca tivesse partido. Emma cruzou os braços, inclinando-se na cadeira, com um sorriso malicioso. — Meu Deus, Aline... Você ainda o ama, não é? — Não seja boba, Emma — respondeu Aline, tentando desviar o olhar. — Não me venha com essa! Você disse que tinha esquecido ele! Que ele era coisa do passado! Aline balançou a cabeça em negação, mas seu rosto entregava tudo. Um sorriso, misturado com lágrimas, iluminou seu rosto. — Eu pensei que tinha esquecido. Convenci a mim mesma disso por anos. Mas, Emma... — Ela fez uma pausa, lutando para manter a voz firm
O ambiente do restaurante era luxuoso, iluminado por uma luz suave que refletia nos cristais das taças impecavelmente arrumadas sobre as mesas. Aline entrou com passos firmes, sua expressão cuidadosamente neutra. Ela usava o vestido que Vicent havia pedido, um modelo justo e elegante, mas que fazia com que se sentisse vulnerável sob o olhar predador dele. Não era o vestido que escolheria por conta própria, mas, por ora, decidiu seguir o plano e manter o profissionalismo.Vicent já estava lá, sentado à mesa mais central do salão, como se quisesse ser o centro das atenções. Quando seus olhos pousaram em Aline, um sorriso satisfeito surgiu em seus lábios. Ele se levantou imediatamente, puxando a cadeira para ela como um cavalheiro, mas o gesto não parecia genuíno. Havia algo calculado em cada movimento dele. — Boa noite, Aline. — A voz dele era suave, mas carregada de um tom insinuante. — Você está deslumbrante. Esse vestido... parece que foi feito para você. Aline o agradeceu com um a
Emma fez uma pausa, lembrando-se de algo que Aline havia mencionado mais cedo. Ela pegou o celular para conferir o horário, subitamente preocupada. — Aline tinha um compromisso hoje... mas... — murmurou, pensando em voz alta. Sem perder tempo, ela decidiu ligar para Aline. O telefone tocou várias vezes antes de ser atendido. — Aline? Aline, está tudo bem? — perguntou Emma, sua voz carregada de preocupação. No entanto, não houve resposta. Emma franziu o cenho e olhou para Clark, a inquietação crescendo dentro dela. — Senhor Johnson, algo está errado. Acho que Aline pode estar em perigo. Não dá tempo de explicar tudo agora, mas, por favor, vá atrás dela. Clark ficou alarmado com a gravidade na voz de Emma, mas antes que pudesse perguntar mais, ela continuou: — Ela está em um restaurante chamado Express Bistrô. Foi onde ela disse que estaria. Por favor, vá agora! Clark sentiu o coração acelerar enquanto assimilava as palavras de Emma. Ele apertou o buquê com força, seu olhar preo
Ela tentou murmurar algo, mas estava fraca demais para formar palavras. Clark a segurou com firmeza, ignorando os olhares curiosos das poucas pessoas ao redor, e caminhou rapidamente até seu carro. Sem hesitar, Clark carregou Aline cuidadosamente e a colocou no banco do passageiro de seu carro. Ele ajustou o cinto de segurança dela com delicadeza, tentando disfarçar o nervosismo que fazia seu coração disparar. Segurando o volante, pisou no acelerador, dirigindo em alta velocidade pelas ruas da cidade. Seus olhos alternavam entre a estrada à frente e o rosto de Aline, ainda pálido e sem reação. Ele sabia que o tempo era crucial. — Aguente firme, Aline, estamos quase lá — murmurou ele, como se suas palavras pudessem de alguma forma alcançá-la naquele estado. No hospital, Clark aguardava ansiosamente por notícias enquanto Aline ainda estava adormecida em um dos quartos. Ele andava de um lado para o outro no corredor, os pensamentos girando em torno do que havia acontecido naquela noite
Após um momento de silêncio constrangedor, Aline tentou se afastar, mas com a típica energia de quem acabou de lembrar de todas as dívidas e preocupações. — Preciso falar com a Emma, ela deve estar arrancando os cabelos de preocupação! — disse ela, fazendo menção de levantar da cama como se fosse uma missão impossível. Clark, sempre elegante, a impediu com uma mão no ombro. — Você precisa descansar, Aline. — Descansar?! — gritou ela, com os olhos quase saltando. — Eu preciso ver meu filho e preciso vê-lo agora! Clark sorriu de leve, como quem estava tentando não rir de uma criança teimosa. — Calma, nosso filho está no segundo andar, muito bem cuidado. Aline piscou várias vezes, processando a palavra "nosso". — Espera aí... Estamos no Monlevade? Por que você me trouxe para cá? Você tem noção de quanto custa uma consulta nesse hospital? Eu já estou me afogando nas contas com a estadia do Gabriel! Ela se levantou da cama com a mesma energia de quem acabou de receber uma conta in
Aline permaneceu imóvel, ainda processando tudo o que havia acabado de ouvir. Sua mente girava entre as revelações de Emma e as palavras intensas de Clark. Ela suspirou, tentando manter a compostura enquanto os olhos dele permaneciam fixos nela, cheios de determinação. — Então, ele é o herdeiro das Indústrias Parker, tem uma noiva chamada Olivia, e agora ele decidiu que vai fazer parte da minha vida e da vida do Gabriel... como se fosse tão simples assim — pensou ela, frustrada. Ela balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Voltando sua atenção para Emma, resmungou: — E você realmente ligou para a Jenifer? O que mais você descobriu? Que ele também tem um iate e um helicóptero? Emma deu de ombros com aquele sorriso travesso de quem adora um drama. — Bom, eu não cheguei a perguntar sobre os veículos, mas olha, ele não é casado, Aline. E, sinceramente, não parece ser do tipo que joga fora as pessoas. Aline bufou, descrente. — Não seja ingênua, Emma. Pessoas como ele... c