O ambiente do restaurante era luxuoso, iluminado por uma luz suave que refletia nos cristais das taças impecavelmente arrumadas sobre as mesas. Aline entrou com passos firmes, sua expressão cuidadosamente neutra. Ela usava o vestido que Vicent havia pedido, um modelo justo e elegante, mas que fazia com que se sentisse vulnerável sob o olhar predador dele. Não era o vestido que escolheria por conta própria, mas, por ora, decidiu seguir o plano e manter o profissionalismo.Vicent já estava lá, sentado à mesa mais central do salão, como se quisesse ser o centro das atenções. Quando seus olhos pousaram em Aline, um sorriso satisfeito surgiu em seus lábios. Ele se levantou imediatamente, puxando a cadeira para ela como um cavalheiro, mas o gesto não parecia genuíno. Havia algo calculado em cada movimento dele. — Boa noite, Aline. — A voz dele era suave, mas carregada de um tom insinuante. — Você está deslumbrante. Esse vestido... parece que foi feito para você. Aline o agradeceu com um a
Emma fez uma pausa, lembrando-se de algo que Aline havia mencionado mais cedo. Ela pegou o celular para conferir o horário, subitamente preocupada. — Aline tinha um compromisso hoje... mas... — murmurou, pensando em voz alta. Sem perder tempo, ela decidiu ligar para Aline. O telefone tocou várias vezes antes de ser atendido. — Aline? Aline, está tudo bem? — perguntou Emma, sua voz carregada de preocupação. No entanto, não houve resposta. Emma franziu o cenho e olhou para Clark, a inquietação crescendo dentro dela. — Senhor Johnson, algo está errado. Acho que Aline pode estar em perigo. Não dá tempo de explicar tudo agora, mas, por favor, vá atrás dela. Clark ficou alarmado com a gravidade na voz de Emma, mas antes que pudesse perguntar mais, ela continuou: — Ela está em um restaurante chamado Express Bistrô. Foi onde ela disse que estaria. Por favor, vá agora! Clark sentiu o coração acelerar enquanto assimilava as palavras de Emma. Ele apertou o buquê com força, seu olhar preo
Ela tentou murmurar algo, mas estava fraca demais para formar palavras. Clark a segurou com firmeza, ignorando os olhares curiosos das poucas pessoas ao redor, e caminhou rapidamente até seu carro. Sem hesitar, Clark carregou Aline cuidadosamente e a colocou no banco do passageiro de seu carro. Ele ajustou o cinto de segurança dela com delicadeza, tentando disfarçar o nervosismo que fazia seu coração disparar. Segurando o volante, pisou no acelerador, dirigindo em alta velocidade pelas ruas da cidade. Seus olhos alternavam entre a estrada à frente e o rosto de Aline, ainda pálido e sem reação. Ele sabia que o tempo era crucial. — Aguente firme, Aline, estamos quase lá — murmurou ele, como se suas palavras pudessem de alguma forma alcançá-la naquele estado. No hospital, Clark aguardava ansiosamente por notícias enquanto Aline ainda estava adormecida em um dos quartos. Ele andava de um lado para o outro no corredor, os pensamentos girando em torno do que havia acontecido naquela noite
Após um momento de silêncio constrangedor, Aline tentou se afastar, mas com a típica energia de quem acabou de lembrar de todas as dívidas e preocupações. — Preciso falar com a Emma, ela deve estar arrancando os cabelos de preocupação! — disse ela, fazendo menção de levantar da cama como se fosse uma missão impossível. Clark, sempre elegante, a impediu com uma mão no ombro. — Você precisa descansar, Aline. — Descansar?! — gritou ela, com os olhos quase saltando. — Eu preciso ver meu filho e preciso vê-lo agora! Clark sorriu de leve, como quem estava tentando não rir de uma criança teimosa. — Calma, nosso filho está no segundo andar, muito bem cuidado. Aline piscou várias vezes, processando a palavra "nosso". — Espera aí... Estamos no Monlevade? Por que você me trouxe para cá? Você tem noção de quanto custa uma consulta nesse hospital? Eu já estou me afogando nas contas com a estadia do Gabriel! Ela se levantou da cama com a mesma energia de quem acabou de receber uma conta in
Aline permaneceu imóvel, ainda processando tudo o que havia acabado de ouvir. Sua mente girava entre as revelações de Emma e as palavras intensas de Clark. Ela suspirou, tentando manter a compostura enquanto os olhos dele permaneciam fixos nela, cheios de determinação. — Então, ele é o herdeiro das Indústrias Parker, tem uma noiva chamada Olivia, e agora ele decidiu que vai fazer parte da minha vida e da vida do Gabriel... como se fosse tão simples assim — pensou ela, frustrada. Ela balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Voltando sua atenção para Emma, resmungou: — E você realmente ligou para a Jenifer? O que mais você descobriu? Que ele também tem um iate e um helicóptero? Emma deu de ombros com aquele sorriso travesso de quem adora um drama. — Bom, eu não cheguei a perguntar sobre os veículos, mas olha, ele não é casado, Aline. E, sinceramente, não parece ser do tipo que joga fora as pessoas. Aline bufou, descrente. — Não seja ingênua, Emma. Pessoas como ele... c
Depois daquela breve, mas intensa conversa, Clark finalmente deixou o hospital, embora sua mente estivesse longe de encontrar descanso. Ele dirigia pelas ruas vazias da cidade, o brilho dos postes refletindo no para-brisa enquanto seu pensamento estava fixo em uma única coisa: Aline. Ela era muito mais do que um amor do passado que ressurgiu de repente. Ela era a mulher que, sem ele perceber, tinha deixado uma marca profunda em sua vida. Durante anos, ele tentou seguir em frente, tentou se convencer de que aquele encontro havia sido apenas um momento, um acaso do destino que jamais se repetiria. Mas agora que a tinha encontrado novamente, com um filho que ele nunca soube existir, tudo mudava. Ele não podia simplesmente ignorar o que sentia. Não podia continuar levando uma vida que já não fazia sentido. Suspirando, ele apertou o volante, ciente de que havia algo que precisava ser resolvido antes de dar qualquer passo adiante: Olivia. O relacionamento com Olivia nunca foi baseado em
Clark assentiu. — Você irá pai, assim que ele melhorar e receber alta. Mais tarde irei ao hospital. Você quer me acompanhar?— É claro que sim.— Pai, antes de mais nada, eu quero que saiba de uma coisa. Aline é o tipo de mulher que despertou em mim sentimentos que jamais imaginei e eu quero estar presente na vida dela, quero garantir que nada mais falte para os dois. Aline passou por muita coisa, criou o Gabriel sozinha, sem ajuda de ninguém.Dominic observou o filho por um momento, havia um brilho diferente em seus olhos. Decidido ele se levantou. — Se esse menino é mesmo meu neto, ele também faz parte da família. Não quero que lhe falte nada. Vou cuidar disso. Clark franziu a testa. — O que quer dizer com isso? Dominic caminhou até uma estante de livros e pegou um pequeno cofre. Quando abriu, retirou alguns documentos e então olhou para Clark com seriedade. — Vou refazer meu testamento. Quero que esse menino tenha o que é dele por direito. Clark ficou surpreso. — Pai, você
Uma semana havia se passado desde que Clark tomou as rédeas da situação para garantir que Gabriel e Aline estivessem bem. Ele havia organizado cada detalhe para que o filho tivesse o melhor tratamento possível, e, apesar da resistência inicial de Aline, ela começava a aceitar que Clark estava ali para ficar. No entanto, aquela noite traria outra reviravolta para Clark. O toque insistente do telefone ecoou em seu escritório, e ele atendeu prontamente. Era o detetive particular que ele havia contratado para investigar Olivia. — Senhor Clark, tenho informações importantes. Preciso que nos encontremos pessoalmente. A voz do detetive soou séria, quase sombria. Clark sentiu seu estômago revirar. Ele já esperava que algo estivesse errado, mas não imaginava que o choque seria tão grande. Meia hora depois, no escritório do detetive, Clark folheava as fotos recém-impressas que lhe foram entregues. Cada imagem era mais reveladora que a outra: Olivia nos braços de outro homem, trocando olhar