No hospital, Ariel olhava com desespero para o seu relógio. As horas passavam e ninguém saía para dizer o que se passava com o seu pai, que tinha desmaiado novamente. Desta vez, tinha demorado mais a acordar. Os seus irmãos estavam em viagem; só ele se encontrava ao lado da mãe, que chorava em silêncio. Até que, finalmente, Félix apareceu.—Não é nada, Ariel. É o mesmo da outra vez, descompensou. Ele não pode deixar de comer como lhe foi indicado —explicou com voz calma.—Obrigada, Félix. Posso ir estar com ele? —perguntou a mãe.—Sim, sim, mas daqui a pouco podem ir embora —advertiu à senhora Aurora Rhys.—Mãe, vai. Vou falar com o Félix um pouco —disse Ariel, vendo como a mãe se afastou imediatamente em direção ao quarto onde estava o seu querido marido.Esperou pacientemente que ela entrasse no quarto. Depois, Ariel virou-se para olhar fixamente para um dos seus melhores amigos.—Não me escondes nada, Félix? É mesmo isso que está a acontecer com o pai? Diz-me o que for, posso aguen
Ariel passa a contar-lhe o que lhe tinha explicado na tarde em que foi vê-lo sem a Camelia. O psicólogo sugeriu-lhe que não devia forçar as coisas, que falasse com ela. Sobretudo, aconselhou-o a ter muita paciência. Segundo ele, Camelia era uma criança abusada desde que nasceu, por tudo o que a Nadia lhe tinha contado da vida dela, e ele achava que era verdade.—Mas como te disse, acho que a Nadia exagera. Conta coisas terríveis —repetiu Ariel ainda com incredulidade—. Não sei porque é que o teu amigo acredita nela.—Acho que tu também deverias acreditar. Se é como dizes, que a Nadia e o marido querem levar a Camelia para viver com eles, e até lhe arranjaram um apartamento ao lado, não vejo motivo para que ela te minta sobre o que aconteceu em todos os anos que não a conhecias e que a transformaram no que vês agora —disse Félix com seri
Ao amanhecer, Camélia acorda sozinha em sua casa. Tinha combinado encontrar-se com Ariel, que a viria buscar às doze horas; ele tinha-se levantado cedo para tratar de um assunto urgente. Ele tinha-a deixado com dois guardas à porta, para sua segurança, pois ela parecia aterrorizada ao sair: —Não te vai acontecer nada, se vais sair, vai com eles. Volto assim que acabar o que tenho a fazer— beijou-a e saiu quase a correr. E agora mesmo, estava parada em frente à sua cama, observando os vestidos que tinha comprado na noite anterior apressadamente. À luz do dia, não lhe pareciam suficientemente elegantes, e já eram dez da manhã. Não tinha arranjado o cabelo, nem as unhas, nem nada; estava desesperada.Iriam de carro, demorariam trinta e cinco minutos a chegar à aldeia. Tinha-o planeado assim, para chegar diretamente à igreja quando todos os convidados tivessem chegado e evitar tantas perguntas, se fosse possível ficar fora e só cumprimentar no final antes de ir embora. Mas agora não ti
Camelia olhou-o temerosa e estremeceu, algo que Ariel não deixou de notar. Num impulso, abraçou-a com força. Podia perceber que ela temia sair assim arranjada e que todos a vissem de braço dado com ele. Compreendia a situação, mas tinha decidido que nesse dia ela não se esconderia e declararia a todos que era sua para que pensassem duas vezes antes de se meterem com ela. Mas não disse nada, não queria que ela sentisse que a estava a obrigar a aceitá-lo.—Cami, desculpa. Lembra-te que és minha assistente, se nos virem pensarão que vamos a uma das tantas apresentações que fazemos —tentou tranquilizá-la, pensando que o psicólogo tinha razão em tudo.Camelia estava verdadeiramente aterrorizada de sair de casa. O facto de o ataque ter acontecido na rua, em plena luz do dia e ninguém ter intervindo, tinha-lhe demonstrado que Leandro, como tantos outros agressores, se sentem impunes, apoiados por uma sociedade que olha para o lado. O psicólogo tinha-o explicado muito bem a Ariel.Sobretudo,
A noite havia caído sobre a cidade com uma tranquilidade enganosa, envolvendo as ruas num manto de sombras e sussurros. Na penumbra do seu escritório, Ariel Rhys mergulhava no silêncio, esse companheiro fiel das horas extras. Papéis se empilhavam como testemunhas mudas do dia que se recusava a terminar, enquanto a luz tênue do candeeiro de mesa brincava com os limites da sua paciência.Foi então que a serenidade da noite se quebrou com uma batida suave na porta. Ariel, ainda imerso em seus pensamentos, convidou o visitante noturno a entrar, esperando encontrar o rosto familiar do segurança. Mas o que seus olhos viram não era nada do que sua mente havia antecipado.Dias depois, no conforto de um clube onde os sábados ganhavam vida entre anedotas e risos, Ariel estava a partilhar a mesa com os seus amigos: o advogado Oliver e o médico Félix. A incredulidade ainda pintava seu rosto quando tentava ordenar suas palavras para narrar o evento que havia perturbado sua realidade.—Rapazes, vo
Camélia parecia um feixe de nervos, sua postura revelava um desconforto palpável enquanto se contorcia na cadeira, como se cada fibra do seu ser quisesse escapar da situação em que se encontrava. O rubor em seu rosto não era apenas indicativo de vergonha, mas também de uma luta interna que parecia consumi-la. Seus olhos, que antes brilhavam com a escuridão da noite, agora estavam velados pela dúvida e humilhação, e desviavam-se constantemente, incapazes de sustentar meu olhar.—Ela trabalha na empresa, no armazém. E deve ter uns vinte e poucos anos, não sei, não sabia da existência dela até aquela noite. Já lhes digo, se a vi antes foi muito pouco e não reparei nela ou guardei sua imagem —respondeu Ariel com um tom que descrevia que o aparecimento da mulher era muito surpreendente àquela hora em seu escritório.—Está bem, o que ela queria? —Oliver não pôde conter sua impaciência.—Vou contar-lhes exatamente a conversa —Ariel fez uma pausa dramática antes de continuar.—Está bem —disse
Eu tinha ficado observando-a sem compreender o que me pedia. Sério, minha mente estava naquele momento buscando possíveis fatos que tivessem acontecido com minha funcionária na minha empresa e que eu teria que resolver àquela hora da noite.—Por favor, senhorita Camélia, pode finalmente me dizer o que aconteceu para ver se posso ajudá-la? —perguntei um pouco exasperado.—Pois é, senhor, nos chocolates havia esta droga, sabe, esta droga..., esta droga... —gaguejava como se temesse ou se envergonhasse de dizer.—Que droga? —perguntei para incitá-la a falar, agora verdadeiramente intrigado.—Pois esta que faz você cometer loucuras, que..., que faz você querer fazer com qualquer um, sabe, aquele ato..., aquele..., sabe..., entre um homem e uma mulher... —tentava me explicar toda ruborizada e baixava o olhar enquanto gaguejava diante de mim, que não podia acreditar no que me dizia— e eles riam de mim, diziam que eu iria correndo suplicar a eles que me fizessem o "favor", mas antes me mato,
Não pensei mais, peguei-a nos meus braços, coloquei-a no carro, ela me indicou onde era sua casa e para lá fomos. Não vou contar os detalhes, mas para começar ela era virgem. Tem um corpo de tirar o fôlego, que descobri depois que ela tirou toda a roupa. Quando soltou o cabelo ao tomar banho para ficar limpa para mim, e sem os óculos, o patinho feio se transformou em cisne!—Não estou mentindo, não estava bêbado nem nada —assegurou Ariel com firmeza—. A garota insignificante que trabalha escondida de todos como assistente no almoxarifado é uma preciosidade sem roupas.—Sério? —perguntaram ambos espantados.—Sim, Camélia é uma linda mulher ao natural —afirmou.—Então, você fez o "favor" a ela ou não? —quis saber Félix.—Fiz, a noite toda —disse muito sério—. Estreei-a em tudo, ela não sabia nada, nunca tinha tido relações, me contou que teve um quase namorado, mas que não chegou a nada.Ambos os amigos ficaram olhando para Ariel com incredulidade e um toque de inveja saudável. Trocaram