A semana passou sem que Camelia percebesse. Depois do ocorrido, ela não se separou um instante de Ariel. Embora ele tivesse garantido que não veria mais Leandro, ela ainda tinha medo de ir para casa. Portanto, aceitou com muito gosto que ficassem na casa branca. Tanto era seu medo que até fez Ariel acompanhá-la até sua casa para buscar suas roupas e o que pudessem precisar. No entanto, ele propôs ficar; mal conseguiu dormir, e quando o fez, acordou gritando por causa dos pesadelos de ver Leandro entrar pela sua varanda.
Ariel, ao ver aquilo, levantou-se, pegou todas as coisas de madrugada e voltou para sua casa branca. Era mais longe do trabalho, então tinham que acordar mais cedo. Mas ela se sentia mais segura, por ter todas as janelas gradeadas. Apesar de levá-la ao psicólogo, Camelia não se abriu com ele, e tinha pavor de que Ariel a deixasse sozinha. Tentaram ir com Nadia, mas ela continuou sem fazê-Camelia se soltou dos braços de Ariel, fazendo com que ele se sentasse à sua frente, e o olhou entre assustada e intrigada. O que queria dizer essa negativa de seu chefe? Ele havia se cansado dela?—Não? Por que, senhor? —perguntou sem parar de olhá-lo.—Porque quero que me peça, mas não como um favor. Quero que me peça porque você deseja que eu te ame, Cami —disse Ariel Rhys, muito sério, para a surpresa de Camelia.—Senhor…, é que…, é que…Não é que não quisesse amá-lo, não era isso. Mas ela sabia que não podia aspirar a ser mais do que uma amante na vida do milionário Ariel Rhys. Principalmente, estava convencida de que ele só estava com ela por sexo, que ela não era o ideal de mulher que ele gostava, e que quando ele se cansasse dela, tudo ficaria em uma relaç
No hospital, Ariel olhava com desespero para o seu relógio. As horas passavam e ninguém saía para dizer o que se passava com o seu pai, que tinha desmaiado novamente. Desta vez, tinha demorado mais a acordar. Os seus irmãos estavam em viagem; só ele se encontrava ao lado da mãe, que chorava em silêncio. Até que, finalmente, Félix apareceu.—Não é nada, Ariel. É o mesmo da outra vez, descompensou. Ele não pode deixar de comer como lhe foi indicado —explicou com voz calma.—Obrigada, Félix. Posso ir estar com ele? —perguntou a mãe.—Sim, sim, mas daqui a pouco podem ir embora —advertiu à senhora Aurora Rhys.—Mãe, vai. Vou falar com o Félix um pouco —disse Ariel, vendo como a mãe se afastou imediatamente em direção ao quarto onde estava o seu querido marido.Esperou pacientemente que ela entrasse no quarto. Depois, Ariel virou-se para olhar fixamente para um dos seus melhores amigos.—Não me escondes nada, Félix? É mesmo isso que está a acontecer com o pai? Diz-me o que for, posso aguen
Ariel passa a contar-lhe o que lhe tinha explicado na tarde em que foi vê-lo sem a Camelia. O psicólogo sugeriu-lhe que não devia forçar as coisas, que falasse com ela. Sobretudo, aconselhou-o a ter muita paciência. Segundo ele, Camelia era uma criança abusada desde que nasceu, por tudo o que a Nadia lhe tinha contado da vida dela, e ele achava que era verdade.—Mas como te disse, acho que a Nadia exagera. Conta coisas terríveis —repetiu Ariel ainda com incredulidade—. Não sei porque é que o teu amigo acredita nela.—Acho que tu também deverias acreditar. Se é como dizes, que a Nadia e o marido querem levar a Camelia para viver com eles, e até lhe arranjaram um apartamento ao lado, não vejo motivo para que ela te minta sobre o que aconteceu em todos os anos que não a conhecias e que a transformaram no que vês agora —disse Félix com seri
Ao amanhecer, Camélia acorda sozinha em sua casa. Tinha combinado encontrar-se com Ariel, que a viria buscar às doze horas; ele tinha-se levantado cedo para tratar de um assunto urgente. Ele tinha-a deixado com dois guardas à porta, para sua segurança, pois ela parecia aterrorizada ao sair: —Não te vai acontecer nada, se vais sair, vai com eles. Volto assim que acabar o que tenho a fazer— beijou-a e saiu quase a correr. E agora mesmo, estava parada em frente à sua cama, observando os vestidos que tinha comprado na noite anterior apressadamente. À luz do dia, não lhe pareciam suficientemente elegantes, e já eram dez da manhã. Não tinha arranjado o cabelo, nem as unhas, nem nada; estava desesperada.Iriam de carro, demorariam trinta e cinco minutos a chegar à aldeia. Tinha-o planeado assim, para chegar diretamente à igreja quando todos os convidados tivessem chegado e evitar tantas perguntas, se fosse possível ficar fora e só cumprimentar no final antes de ir embora. Mas agora não ti
Camelia olhou-o temerosa e estremeceu, algo que Ariel não deixou de notar. Num impulso, abraçou-a com força. Podia perceber que ela temia sair assim arranjada e que todos a vissem de braço dado com ele. Compreendia a situação, mas tinha decidido que nesse dia ela não se esconderia e declararia a todos que era sua para que pensassem duas vezes antes de se meterem com ela. Mas não disse nada, não queria que ela sentisse que a estava a obrigar a aceitá-lo.—Cami, desculpa. Lembra-te que és minha assistente, se nos virem pensarão que vamos a uma das tantas apresentações que fazemos —tentou tranquilizá-la, pensando que o psicólogo tinha razão em tudo.Camelia estava verdadeiramente aterrorizada de sair de casa. O facto de o ataque ter acontecido na rua, em plena luz do dia e ninguém ter intervindo, tinha-lhe demonstrado que Leandro, como tantos outros agressores, se sentem impunes, apoiados por uma sociedade que olha para o lado. O psicólogo tinha-o explicado muito bem a Ariel.Sobretudo,
Pode ser que tudo seja uma farsa ou exagero, mas se não for, se a queres para ti, é melhor enfrentar a família dela desde já. Diz Ariel para si mesmo, enchendo-se de coragem para enfrentar o que quer que seja por Camelia. A voz dela traz-o de volta à realidade.—Que presentes, senhor? —pergunta preocupada, pensando que de certeza será algo muito caro que ela não pode pagar com o seu salário.—Rhys, querida, chama-me Rhys —lembra-lhe com um sorriso, desejoso de que pelo menos dessa forma o tratamento seja mais íntimo. —Que presentes? Quais hão de ser, querida? Os da tua família, não pensavas que ia chegar de mãos vazias, pois não?—Não devia ter-se incomodado, eu comprei presentes para todos. —Diz Camelia.Depois virou a cabeça para ver como se aproximavam da vila. Suspirou sem saber o que fazer, está cert
Camelia observou-o agora com outros olhos, sentindo que o chão se afundava sob seus pés. Suas mãos ficaram suadas e tremiam levemente ao perceber a magnitude do que tinha feito ao pedir ao seu chefe que se fizesse passar por seu namorado —que Ariel havia elevado a noivo— para acompanhá-la ao casamento da sua irmã.Era ridículo, absurdo! Todo mundo notaria a diferença abismal entre eles, e se além disso ele revelasse sua verdadeira identidade... Sentiu um nó na garganta ao perceber que sua mentira, que acreditou ser inocente, transformava-se numa montanha que a esmagava. Como tinha sido tão ingênua de não investigar quem era realmente Ariel Rhys?Sabia que seu chefe tinha dinheiro, claro. Era o dono da empresa onde trabalhava, mas jamais imaginou que pertencesse a uma dinastia tão poderosa e rica. De repente, sentiu-se insignificante, como uma formiga diante de
O CEO ficou em silêncio, consciente de que as respostas a estas perguntas poderiam mudar tudo o que acreditava saber sobre a tímida jovem sentada ao seu lado. No entanto, ao ver o olhar límpido de Camelia fixo nele, afastou as suspeitas da sua mente.—Exato, você e eu entramos ao mesmo tempo na editora, por isso você dirá que começou a trabalhar lá porque eu pedi —sugeriu Ariel, voltando ao assunto do que deveriam dizer se alguém perguntasse.—Não quero, esse trabalho eu consegui sozinha —protestou ela, era um mérito do qual se sentia orgulhosa.Ariel observou como Camelia voltava a ficar tensa. Justo quando parecia que tinham avançado, algo a fazia recuar. Que segredos escondia esta jovem que a faziam tão temerosa? E mais importante ainda, por que sentia uma inexplicável necessidade de protegê-la? Estaria realmente se apaixonando por Camelia, o