No hospital, Miller começa a despertar e, ao abrir os olhos, vê a doutora Elizabeth adormecida, debruçada sobre a sua cama. Ela parecia tão tranquila e bonita que ele ficou um tempo sem se mexer, apenas contemplando-a, até que uma enfermeira entrou para avaliá-lo.
—Acordou, Capitão Miller? Como se sente? Está com alguma dor? —perguntou a enfermeira sem deixar de prestar atendimento ao paciente. —Um pouco de dor de cabeça, mas nada que eu não possa aguentar —respondeu Miller—. O que faço aqui? —A doutora trouxe-o porque teve uma pequena hemorragia devido ao golpe que recebeu —explicou a enfermeira, e, ao ver Elizabeth acordar, dirigiu-se a ela—. Oh, doutora, devia ir descansar. Não se afastou do seu lado nem por um instante. —Olá, Miller. Como se sente? —cumprimentou-o a doutora, que imediO capitão Miller ainda sorria ao lembrar-se da expressão da doutora Elizabeth quando ele afirmou que estavam casados. No entanto, o sorriso desapareceu ao ver a sua mãe entrar, acompanhada pela tenente Malena. —Filho, que bom que acordaste! —exclamou a sua mãe, feliz por vê-lo, e correu até ele para abraçá-lo. Miller percebeu de imediato que ela estava muito assustada, e, ainda abraçando a sua mãe, desviou o olhar para a tenente Malena. Esta contava que ele ainda estaria inconsciente, o que a ajudaria a gerir a sua transferência com o apoio da sua antiga sogra, que havia convencido de que Miller estava muito grave. —O que fazes aqui, mãe? E por que estás tão assustada? —perguntou Miller, ao soltar-se dela. —A tua noiva Malena disse-me que foste assaltado e que te bateram tão forte na cabeça que pre
O som de um avião que chegava ao amanhecer fez com que a família Hidalgo levantasse os olhos para ver quem chegava àquela hora da manhã. Os gritos dos dois netos, que vinham a correr depois de descer do avião privado dos Rhys, fizeram-nos rir de felicidade. No entanto, ao senador Camilo Hidalgo não passou despercebido o olhar de medo da sua filha Camelia quando correu para se refugiar nos seus braços. Que nova ameaça pairava sobre a sua menina? Perguntou-se enquanto a apertava contra o peito, querendo protegê-la do mundo. —E esse milagre? O que fazem aqui? —perguntou Clavel, abraçada à sua sobrinha. —Viemos para viver aqui —foi a resposta do pequeno Camilo, que ao ver o seu tio Gerardo aproximar-se a cavalo, correu ao seu encontro. Todos lançaram olhares inquisitivos para Ariel e Camelia. —Não se passa nada —assegurou Ariel
Márcia olhava para o marido, sem poder acreditar que ele lhe tinha escondido tudo relacionado com os possíveis filhos perdidos. Ela tinha o direito de saber! São seus filhos também! Ninguém melhor do que ela para compreender, pois tinha sido abandonada por causa da sua asma à porta do orfanato onde Marlon a encontrou. — Querida, não fiques assim — tentava tranquilizá-la Marlon, ao ver o quão incomodada ela tinha ficado. — Ainda nem sabemos se é verdade. Digo-te isto porque o pequeno Marlon já se aproximou de ti em duas ocasiões e tu nem te apercebeste. Inclusive o menino mencionou-o, e não prestaste atenção. — Por tua culpa! Devias ter-me dito imediatamente. Tê-lo-ia retido comigo e teríamos trazido. Coitado do meu filho! Deus sabe o que ele está a sofrer — exclamou, com os olhos cheios de lágr
Na quinta Hidalgo, Camélia galopa a toda velocidade junto ao seu irmão Gerardo, que lhe ensinou muito bem a montar a cavalo, até que ambos param e descem felizes. Abraçam-se, sentindo como pouco a pouco cresce a relação fraterna entre eles. — Cami, não sabes o quão feliz estou por teres feito isto — diz Gerardo, emocionado. — Com a Clavel já tinha uma relação desde o colégio, mas contigo, não. Agora percebo que temos mais coisas em comum, tu e eu. — Achas mesmo? Como o quê? — pergunta ela, deixando-se cair na relva. Gerardo deixa-se cair ao lado dela, realmente surpreendido ao compartilhar com ela o quanto se parecem, e não apenas isso. Ambos passaram por quase o mesmo desde o nascimento. Foram criados em ventres alheios e roubados antes mesmo de nascer. Agora sentem-se conectados. — Apesar do gran
Ismael não respondeu, temendo o que iria encontrar dentro da casa. Deixou o pai sentado na sala e correu, aterrorizado, para o escritório, onde encontrou uma miniatura debilitada do seu irmão Marlon, conversando com o seu pai e traçando um mapa numa folha de papel. — Pai...? — chamou ele, com tom interrogativo. — Ah! Chegaste? Vem cá, vou apresentar-te ao teu possível sobrinho — disse o senhor Rhys, apontando para o jovem magricela e desnutrido —. Ele afirma que é filho do Marlon e que existem mais, também primos. Ismael ficou sem saber o que fazer ou dizer, apenas observando o jovem franzino com feições muito parecidas às do seu irmão mais velho. Recordava-lhe Ariel quando este se feriu no peito. Tinha de ser filho de um dos seus dois irmãos; a semelhança era demasiado grande. Aproximou-se para ver o que o pai lhe estava
Clavel abraça Camelia e ficam assim por um momento. Depois, ouve tudo o que Gerardo lhe conta sobre os filhos desaparecidos. Ela está ao corrente de tudo; comunica frequentemente com o advogado Oliver, que está informado sobre a investigação de busca. No entanto, não lhes dizia nada para não entristecer os pais. Agora, ao ver o quão assustada Camelia está perante a possibilidade de ter de criar os filhos da sua inimiga, compreende-a. — Não te preocupes, Cami, todos te ajudaremos se isso acontecer. As crianças não têm culpa de nada — embora a possibilidade de que herdem os genes maldosos da mãe a assuste, não o diz. — Sabes, agora percebo que mal dei oportunidade à mamã e ao papá, a todos vocês, de me sentirem parte da vossa família — Camelia abraça-a novamente com carinho —. Precisava di
O condutor recusa-se a parar e, ao contrário, acelera ainda mais. As raparigas estão aterrorizadas, mas não desistem. Sofia tira o telemóvel e liga para o número de emergência enquanto tenta manter a calma no meio do pânico que começa a apoderar-se delas. Finalmente, o taxista para bruscamente em frente a uma carrinha; dois homens corpulentos abrem as portas e tiram as raparigas à força, partindo-lhes os telemóveis. Colocam-nas no veículo depois de lhes colocar um pano no rosto que as deixa inconscientes, afastando-se e desaparecendo na noite. Fim da retrospectiva. Ambas as raparigas parecem despertar de um torpor ao ouvir o que a psicóloga dizia na televisão e recordar tudo o que aconteceu. Olham-se novamente e não conseguem acreditar que sejam as mesmas. Estão muito debilitadas e mostram sinais de terem tido recentemente um bebé. Nã
Ariel tinha chegado após a chamada do seu pai, que, com um tom incomum de urgência, lhe pediu que voltasse sem Camélia nem as crianças. Não hesitou em obedecer. Ao chegar, deparou-se com a situação do pequeno Reutilio, o desespero combinado com a fúria do seu irmão Marlon, que descarregava a frustração amaldiçoando e golpeando um inimigo invisível, e a incredulidade de todos os outros. A sua mãe, Aurora, abraçava entre lágrimas Marcia, tentando consolá-la, embora ambas parecessem igualmente destroçadas. Ismael falava com o Major Sarmiento e tentava, a grosso modo, explicar a situação à doutora Elizabeth, que mantinha uma expressão séria. Foi então que o senhor Rhys, ao notar a chegada de Ariel, o interceptou e o conduziu ao escritório. —Ari, finalmente apareceu o jovenzinho que diz ser filho do