CENA IV: O GRANDE PROPÓSITO
BOBO: Respeitável público! É com grande alegria que estamos apresentando a encenação do bufão! Eis que aqui trago minha generosidade de lhes engrandecer com uma grande descoberta: a de seu grande propósito! Um desígnio que está dentro de seus corações, pedindo para ser acordado, dormindo em algum lugar que não está queimado... Ahrm... Quer dizer, dormindo em algum lugar com preguiça de se levantar! E este o leva ao caminho dos céus se você não deixar tardar!
SENHOR CEGO: Há um lugar onde muitos acreditam que irão depois da morte. Lá o vento também balança as águas. Lá os mares são cristalinos como pedras de cristal. Lá criaturas nunca vistas pelos olhos humanos na realidade aparecem e ressurgem d
CENA V: OS BANDIDOSBANDIDO I: Fale comigo sua peste! Onde está o cálice?BANDIDO II: Está em algum lugar bem protegido longe de você...BANDIDO I: Escute aqui, você não está entendendo ou está se fazendo?BANDIDO II: Eu?BANDIDO I: Vai começando com essas e eu corto sua língua, seu bastardo!BANDIDO II: Acho que o fauno já fez o que pedimos...BANDIDO I: O quê?BANDIDO II: Sim, o fauno já recebeu o seu cálice, peste...BANDIDO I: Pois você deixou o cálice de ouro na floresta?BANDIDO I: Sim...BANDIDO II: Sem o meu consentimento?BANDIDO I: Sim...BANDIDO II: Eu não a
CENA VI: O CAVALEIRO DO CEMITÉRIO[O monge está no cemitério orando].MONGE: Ó Senhor Deus, proteja-me de todo o mal que me circunda e deixe minha alma descansar em meu leito de paz como estas almas descansam. Há aqueles que precisam de tua mão para estarem em tua vontade... Tenha misericórdia Pai...[Ouve-se um ruído, uma luz branca e aparece um cavaleiro fantasma].MONGE: Quem está aí?FANTASMA: Às vezes me dá vontade de desistir de tudo...MONGE: [Se assusta]. Quem é você?FANTASMA: Ora, sou eu, o cavaleiro da cabeça perdida.MONGE: Não posso acreditar no que estou vendo...FANTASMA: Não se assuste po
CENA VII: A FLORESTA PROIBIDASENHOR CEGO: Acho que deveríamos procurar o cálice de ouro no Jardim dos Faunos [risos].CAMPONESA: Só pode estar louco.SENHOR CEGO: Dizem por aí que os faunos são reais e existem...CAMPONESA: Eu nunca vi nenhum, nunca entrei na floresta proibida...SENHOR CEGO: Lá é muito perigoso, mas me instiga curiosidade...CAMPONESA: Você não tem medo?SENHOR CEGO: Oh querida, eu sou velho, já enfrentei tantos medos e acho que a coragem é mais válida do que pernas inquietas, corpo trêmulo, dentes rangendo e angústia. Se você não a enfrenta então não há como despistá-la.CAMPONESA: Eu encontrei um túmulo nos cemitério e vi q
CENA VII: O FESTIMBOBO: Quem aqui aposta se há um dragão faminto na floresta proibida?SENHOR CEGO: Ora, quanto você quer apostar?BOBO: Cem soldos.SENHOR CEGO: Tudo isso?BOBO: Sim e tem mais...SENHOR CEGO: Mas há uma questão, para você estar certo, deve ir lá conosco sem deixar o medo possuí-lo.BOBO: Mas será que avistaremos um dragão cheio de fogo por lá?SENHOR CEGO: Aposto cem soldos que ninguém achará um dragão.CAMPONESA: Eu aposto apenas que encontraremos por lá muito seres escondidos do reino: assaltantes e marginais.BOBO: Sinceramente eu temo a morte, eu não quero entrar lá nem morto!SENHOR CEGO: Deixe de ser
CENA IX: A MISSA CLÉRIGO: Respeitáveis senhoras e senhores de nossa Igreja, a ordem do Reino dos Céus. É com grande piedade que estamos aqui para lhes avisar-vos de uma coisa: nosso reino está em crise. Nosso gado está louco, nossas plantações não dão fartura na mesa, nosso pão é escasso. E a matança das árvores, muitas queimadas, continuam ocorrendo. Uma fumaça atinge nossas respirações. Casas foram incendiadas por povos inimigos. E nós continuamos vendendo indulgências, para aqueles que querem alcançar os firmamentos. Nosso livro é a bíblia, temos que honrá-la com toda a força e fé possíveis, mesmo que alguns não saibam ler nem escrever, ou senão vamos para o inferno.PADRE: O nobre coração de
CENA X: A FLORESTA PROIBIDACAMPONESA: Ah eu disse tudo que eu deveria ter falado naquela igreja. Mas discordo profundamente deles... Eu amo os seres encantados, pois eles trazem alegria...SENHOR CEGO: Ora, então por dentro você que é contra as bruxas só pode ser uma!CAMPONESA: Eu não quis dizer isso...SENHOR CEGO: Não se preocupe, o que você diz, fica em segredo...CAMPONESA: E se eu encontrar seres de outro mundo e achar que são reais?SENHOR CEGO: Não há nada demais nisso... Mas e então, você está decidida a entrar na floresta proibida? Enfrentar seus medos? Leve esta armadura e esta espada e ficará segura... Os ladrões têm medo disso e tendo medo de você, irão fugir...CAMPONESA:
CENA XI: NA FLORESTA PROIBIDACAVALEIRO: Até agora não avistamos nada de muito especial ou diferente demais...CAMPONESA: Temos belas árvores, ainda o sol irradia sua luz por entre as árvores que nos cobrem de escuridão. É um bosque parece como qualquer outro.SENHOR CEGO: Vocês tem visão, eu já não tenho... Por acaso não tem um lago aqui onde possamos atravessar?CAVALEIRO: Lembre-se, aqui ninguém pode se banhar nesse lago, pois ele é muito fundo e mortes aconteceram com muitos que tentaram transpassá-lo.[Ouve-se um barulho].SENHOR CEGO: Alguém ouviu isso?CAVALEIRO: Isso o quê?SENHOR CEGO: Silêncio... Não se movam...[Ouve-se um som]
CENA XII: A MORADA DA FLORESTA[Avista-se uma morada no meio da floresta].CAVALEIRO: Ô de casa! Tem alguém aí?[Entra em cena um anão].ANÃO: Sim, eu! Ora essa, o que fazem aqui perto de minha humilde casa?CAVALEIRO: Uma amiga está se sentindo mal, estamos numa floresta e a vila fica muito longe daqui, será que poderia ajudá-la?ANÃO: Claro, entrem, sintam-se à vontade! [...] O que ela tem?SENHOR CEGO: Não será uma picada de cobra? Ou de aranha?ANÃO: Se for é uma situação de emergência. Tenho algumas medicinas aqui que poderiam ajudá-la. Tome um gole de água... Se quiser posso lhe fazer um chá...CAMPONESA