CENA IX: A MISSA
CLÉRIGO: Respeitáveis senhoras e senhores de nossa Igreja, a ordem do Reino dos Céus. É com grande piedade que estamos aqui para lhes avisar-vos de uma coisa: nosso reino está em crise. Nosso gado está louco, nossas plantações não dão fartura na mesa, nosso pão é escasso. E a matança das árvores, muitas queimadas, continuam ocorrendo. Uma fumaça atinge nossas respirações. Casas foram incendiadas por povos inimigos. E nós continuamos vendendo indulgências, para aqueles que querem alcançar os firmamentos. Nosso livro é a bíblia, temos que honrá-la com toda a força e fé possíveis, mesmo que alguns não saibam ler nem escrever, ou senão vamos para o inferno.
PADRE: O nobre coração de
CENA X: A FLORESTA PROIBIDACAMPONESA: Ah eu disse tudo que eu deveria ter falado naquela igreja. Mas discordo profundamente deles... Eu amo os seres encantados, pois eles trazem alegria...SENHOR CEGO: Ora, então por dentro você que é contra as bruxas só pode ser uma!CAMPONESA: Eu não quis dizer isso...SENHOR CEGO: Não se preocupe, o que você diz, fica em segredo...CAMPONESA: E se eu encontrar seres de outro mundo e achar que são reais?SENHOR CEGO: Não há nada demais nisso... Mas e então, você está decidida a entrar na floresta proibida? Enfrentar seus medos? Leve esta armadura e esta espada e ficará segura... Os ladrões têm medo disso e tendo medo de você, irão fugir...CAMPONESA:
CENA XI: NA FLORESTA PROIBIDACAVALEIRO: Até agora não avistamos nada de muito especial ou diferente demais...CAMPONESA: Temos belas árvores, ainda o sol irradia sua luz por entre as árvores que nos cobrem de escuridão. É um bosque parece como qualquer outro.SENHOR CEGO: Vocês tem visão, eu já não tenho... Por acaso não tem um lago aqui onde possamos atravessar?CAVALEIRO: Lembre-se, aqui ninguém pode se banhar nesse lago, pois ele é muito fundo e mortes aconteceram com muitos que tentaram transpassá-lo.[Ouve-se um barulho].SENHOR CEGO: Alguém ouviu isso?CAVALEIRO: Isso o quê?SENHOR CEGO: Silêncio... Não se movam...[Ouve-se um som]
CENA XII: A MORADA DA FLORESTA[Avista-se uma morada no meio da floresta].CAVALEIRO: Ô de casa! Tem alguém aí?[Entra em cena um anão].ANÃO: Sim, eu! Ora essa, o que fazem aqui perto de minha humilde casa?CAVALEIRO: Uma amiga está se sentindo mal, estamos numa floresta e a vila fica muito longe daqui, será que poderia ajudá-la?ANÃO: Claro, entrem, sintam-se à vontade! [...] O que ela tem?SENHOR CEGO: Não será uma picada de cobra? Ou de aranha?ANÃO: Se for é uma situação de emergência. Tenho algumas medicinas aqui que poderiam ajudá-la. Tome um gole de água... Se quiser posso lhe fazer um chá...CAMPONESA
13 - CENA XIII: A MORADA DA MAGACAMPONESA: Essa noite eu ouvi o som das corujas. Onde já estamos?SENHOR CEGO: Mas você é ansiosa, hem! Que pena que eu não posso me vislumbrar com o que você vê, será que algum de vocês poderia me descrever como é a floresta?CAVALEIRO: Claro. Aqui nós temos uma floresta fechada, com folhas verdes cheias de orvalho (gotinhas de água), que brilham diante da estrela solar. Aqui é tão bonito que o chão marrom e esverdeado tem árvores que choram suas barbas-de-pau, com um lindo jardim de flores roxas, vermelhas e até mesmo rosadas. As árvores parecem proteger todo o ambiente com mãos enormes, que são seus troncos.SENHOR CEGO: Com certeza é um lugar lindo. Um anjo veio até mim esta noite. Veio cantar para mim e di
14 - CENA XIV: A SEREIACAVALEIRO: Alguém pode ouvir o canto dos elfos nesta floresta? Será que a hamadríade quer nos levar até o cálice de ouro?CAMPONESA: Eu posso pedir para um elfo tocar flauta?ANÃO: Vejam! Estamos perto do lago.SENHOR CEGO: Muito cuidado com esse lago, ele é muito fundo e podemos morrer entrando nele.CAMPONESA: Eu posso ouvir um canto de ninfas agora, vocês também?CAVALEIRO: Como você consegue?CAMPONESA: Eu posso ver através do espelho todas criaturas mágicas desse mundo... A ninfa está nos guiando até o lago...CAVALEIRO: Então vamos até lá!CAMPONESA: De repente ela entra na água... Vamos chegar mais perto...
15 - CENA XV: AS CRIATURAS MÁGICASPADRE: Eis com a graça do Senhor Jesus Cristo que nossa Igreja é considerada o caminho para o Reino dos Céus! Mas estamos com problemas... Temos que abrir os olhos para que ninguém tome de nós a fé. Sabem aquela casa velha que vocês têm? Então, paguem o dízimo com ela, ofertem na Igreja seus velhos bens e tornem-se nossos servos. Deus os abençoará e dará uma nova casa melhor para vocês. Façam isso pela graça de Jesus Cristo! O Deus do ouro e da prata, esse é fiel e os abençoará com uma casa nova! Amém. [...] Mas senhoras e senhores, temos que abrir os olhos para termos cautela com outras criaturas que são a tentação do diabo! São as criaturas mágicas! As bruxas demoníacas querem que vocês as enxerguem para
16 - CENA XVI: OS BANDIDOSBANDIDO I: Há-há-há! Então é que estamos sendo condenados por enxergarmos fadas! Ora essa! Há-há-há!BANDIDO II: Ai chefinho, você foi é corneado umas trocentas vezes por aquela mulher que o senhor gostava...BANDIDO I: Ora, seu gambá de merda! Corneado?BANDIDO II: Sim, o senhor foi chifrado por umas quantas mulheres já e nenhuma delas enxergava fadas?BANDIDO I: Olha o que eu quero com uma bruxa seu merdão? Imagina eu sendo transformado em sapo por aquelas infelizes?BANDIDO II: Sim, mas chefinho eu estou com um problema gravíssimo.BANDIDO I: Ah, problemas você sempre teve! E agora bicho ruim, qual é o grave da situação?BANDIDO II:
17 - CENA XVII: O MEDO DA INQUISIÇÃOCAMPONESA: E agora? Como posso viver? Eu tenho um espelho mágico que me abre a visão do mundo, é como uma tranca de porta fechada que se abre totalmente para um outro universo paralelo ao nosso...SENHOR CEGO: Não tenha medo deles, se não eles te matam... Estamos no mesmo barco. Se você encontrou uma ninfa, uma sereia, o que me dirá se não encontrará fadas e faunos? Aqui nessa floresta podem existir mais criaturas, basta você acreditar que elas virão até você...CAVALEIRO: É mesmo, essas são as notícias do padre, quem ver criaturas mágicas será punido. Que absurdo! As crenças deveriam ser mais respeitadas...ANÃO: Há muito tempo, já existiam seres que viam criaturas do