24 - CENA XXIV: A VIDENTE E O CAVALEIRO
VIDENTE: Quantas vezes você demonstrou muita paciência com este mundo...
CAVALEIRO: Oh, quantas vezes eu orei e nada se realizou. Pelo visto Deus não quer que eu realize um sonho... Pode ser apenas um desejo em meu coração e tudo isso tem um destino... Como eu gostaria de mudar o que me fere às vezes... Como eu gostaria de me libertar deste passado...
VIDENTE: Mas e quanto a sonhar?
CAVALEIRO: Sonhar... Sonhar é preciso, mas parece que os sonhos me tornaram uma vítima deles, pois sinto meu coração partido e ensanguentado ao chão, sendo pisoteado pelo azar do acaso. Que se cumpra a ordem de Deus... Que se cumpra sua vontade divina. Eu não sei o que fazer, mas eu oro e oro... Tamanhos são os traumas dos guerreiros enquanto a
25 - CENA XXV: OS ANJOS[Cavaleiros se reúnem na praia para enfrentar o monstro].CAVALEIRO: Chegou o dia em que teremos que enfrentar a besta!SENHOR CEGO: Estão preparados para morrer na presença do monstro?CAVALEIRO: A morte me aflige, mas estou aqui firme e forte.SENHOR CEGO: Estou orando o tempo inteiro.CAMPONESA: Ei, eu vejo algo se movendo neste espelho...CAVALEIRO: Eu posso ver uma luz no fundo...SENHOR CEGO: Ó Pai dos céus, abençoe-nos e proteja-nos neste momento.CAMPONESA: Não é possível, eu não vejo nenhuma besta nos oceanos, mas eu vejo uma luz vinda dos céus!SENHOR CEGO: Nossa! Eu só sinto a brisa e o barulho das águas...&nbs
PERSONAGENS:SENHOR CEGOVIDENTECAMPONESABRUXABANDIDO IBANDIDO IIFANTASMAFAUNOCLÉRIGOPADREMONGEESCRAVOBOBOANÃOCAVALEIRONINFAREICENA I: O SENHOR CEGO E A CAMPONESASENHOR CEGO: É tempo de inverno... As folhas estão cobertas de gelo, o chão está gélido onde as árvores pisam e se sente um sopro duro do vento. Os cavaleiros aqui guardam suas espadas afiadas e mal protegem o castelo do rei. Veem-se pingos de sangue em meio ao branco da neve... Nessas horas, somente o fogo do Senhor aquece até as almas... Mas me diga como você está, flor dos campos?CAMPONESA: Eu tremo de frio neste dia, só tenho um pedido para fazer: eu quero o p&a
CENA II: NA IGREJACLÉRIGO: Senhoras e senhores... Estamos num período onde a benção dos céus é abundante enquanto os frutos da terra são escassos. Os animais estão ficando loucos! Estamos aqui pedindo misericórdia para que o Todo-Poderoso nos console e castigue os culpados por esta terra estar envenenada!MONGE: Um cálice de ouro de nossa Igreja desapareceu. Nós cremos que ele foi roubado por bandidos muito maus que traíram a nossa honra e foram para o mundo do crime.CLÉRIGO: Vamos orar para que Deus retire nossos medos e nossas aflições e repare as ceifas. Dobrem os joelhos e paguem os dízimos para entrarem no reino sagrado assim que as portas estiverem abertas no momento em que o Todo-Poderoso deixar-lhes prontos.MONGE: Há aqueles na rua que est
CENA III: VISÕES DE ANJOSVIDENTE: Eu enxergo a luz do Sol e tudo o que eu quero é ter respostas para todas as minhas perguntas...SENHOR CEGO: Eu quero ter visões de anjos...VIDENTE: Impressionante. Quer dizer que você procura por sonhos celestiais?CAMPONESA: Eu também queria poder ver os anjos. Dizem que eles são invisíveis e somente depois da morte você irá encontrá-los.SENHOR CEGO: Se você pode prever o futuro, saberia me dizer quando será o Apocalipse?VIDENTE: Ele está próximo. Quem sabe daqui a três séculos quando as chuvas forem intensas formando dilúvios após as tempestades, quando os terremotos se espalharem por toda a Terra e quando os pecados do homem se tornarem tão latentes que aqui
CENA IV: O GRANDE PROPÓSITOBOBO: Respeitável público! É com grande alegria que estamos apresentando a encenação do bufão! Eis que aqui trago minha generosidade de lhes engrandecer com uma grande descoberta: a de seu grande propósito! Um desígnio que está dentro de seus corações, pedindo para ser acordado, dormindo em algum lugar que não está queimado... Ahrm... Quer dizer, dormindo em algum lugar com preguiça de se levantar! E este o leva ao caminho dos céus se você não deixar tardar!SENHOR CEGO: Há um lugar onde muitos acreditam que irão depois da morte. Lá o vento também balança as águas. Lá os mares são cristalinos como pedras de cristal. Lá criaturas nunca vistas pelos olhos humanos na realidade aparecem e ressurgem d
CENA V: OS BANDIDOSBANDIDO I: Fale comigo sua peste! Onde está o cálice?BANDIDO II: Está em algum lugar bem protegido longe de você...BANDIDO I: Escute aqui, você não está entendendo ou está se fazendo?BANDIDO II: Eu?BANDIDO I: Vai começando com essas e eu corto sua língua, seu bastardo!BANDIDO II: Acho que o fauno já fez o que pedimos...BANDIDO I: O quê?BANDIDO II: Sim, o fauno já recebeu o seu cálice, peste...BANDIDO I: Pois você deixou o cálice de ouro na floresta?BANDIDO I: Sim...BANDIDO II: Sem o meu consentimento?BANDIDO I: Sim...BANDIDO II: Eu não a
CENA VI: O CAVALEIRO DO CEMITÉRIO[O monge está no cemitério orando].MONGE: Ó Senhor Deus, proteja-me de todo o mal que me circunda e deixe minha alma descansar em meu leito de paz como estas almas descansam. Há aqueles que precisam de tua mão para estarem em tua vontade... Tenha misericórdia Pai...[Ouve-se um ruído, uma luz branca e aparece um cavaleiro fantasma].MONGE: Quem está aí?FANTASMA: Às vezes me dá vontade de desistir de tudo...MONGE: [Se assusta]. Quem é você?FANTASMA: Ora, sou eu, o cavaleiro da cabeça perdida.MONGE: Não posso acreditar no que estou vendo...FANTASMA: Não se assuste po
CENA VII: A FLORESTA PROIBIDASENHOR CEGO: Acho que deveríamos procurar o cálice de ouro no Jardim dos Faunos [risos].CAMPONESA: Só pode estar louco.SENHOR CEGO: Dizem por aí que os faunos são reais e existem...CAMPONESA: Eu nunca vi nenhum, nunca entrei na floresta proibida...SENHOR CEGO: Lá é muito perigoso, mas me instiga curiosidade...CAMPONESA: Você não tem medo?SENHOR CEGO: Oh querida, eu sou velho, já enfrentei tantos medos e acho que a coragem é mais válida do que pernas inquietas, corpo trêmulo, dentes rangendo e angústia. Se você não a enfrenta então não há como despistá-la.CAMPONESA: Eu encontrei um túmulo nos cemitério e vi q