Capítulo 6

Vitória

          —  Acabo de descobrir que minha bisavó teve um grande amor em sua vida e pelo que entendi não foi correspondido. Até a página que li não aconteceu, ficou a curiosidade agora para saber mais.

          — Hum, amor platônico então!? — Serena sorriu como se já soubesse de tudo.

          Conforme prometido, tudo o que lia no diário a noite contava a ela no dia seguinte, em nossos encontros. Curiosamente, ela me dava alguns detalhes que previa antes de minhas leituras, coisas que combinavam muito com que lia.

          — Você teve alguma premonição? — sempre perguntava para que ela me contasse, se não ela achava que eu preferia o fator surpresa, que era importante, porém confiava muito em suas antecipações.

          — Até o momento não, porém conforme você me conta o que lê, sinto como se as imagens passassem em meus pensamentos e são tão nítidas que tenho a impressão de ter vivido o que ouço. Não sei explicar o que isso significa?! — minha amiga ainda tentava entender muitas coisas sobre as suas habilidades.

          Fiquei pensando no que Serena disse e não sabia como explicar a sua sensação também. A minha surpresa era em cada linha, em cada situação. 

          Estava totalmente envolvida e empolgada com a história. Descobrir o que aconteceria naquele baile e principalmente quem seria o grande amado de minha bisavó. 

          Sabia somente que não era meu bisavô e sim outra pessoa de seu convívio, um futuro Rei de um reino vizinho. Foi aí que, pensando bem, entendi a quem ela se referia no diário.

       — Haverá um baile com o intuito de apresentá-la oficialmente como princesa e iniciar o cortejo de seus pretendentes. No entanto, antes mesmo de conhecer quais serão os felizardos, ela afirma que seu coração já tem um dono e pede que sua mãe interceda perante seu pai para que lhe seja permitido uma dança com seu grande amor, mesmo que ele não seja o seu prometido. Só agora pensando melhor entendi a quem ela se refere!

          — Esse é um fato novo para você. Imagino que nunca soube nada sobre um amor não correspondido da Rainha Eugênia. Acredito que ninguém saiba disso, além de nós e a Condessa Olívia.

         — Sim! E pelo que estou analisando agora após processar o que li, não consigo tirar isso da cabeça. Esse é apenas o começo do desenrolar de uma grande história, que acredito estar cheia de surpresas. Por isso a insistência de minha avó para ler o diário e pensando também em quando ela disse sobre estar preparada para as descobertas e a minha escolha em poder queimar o diário se não quisesse me aprofundar nessa aventura, as coisas começam a fazer sentido.

          — Além de ser uma grande história, deve ter uma grande importância a sua família, já que sua bisavó decidiu deixar tudo registrado como herança a você, desejando que seu passado não se perdesse no esquecimento.

          — Isso mesmo! Ela revela sua paixão pelo futuro Rei de um reino vizinho. Pensando na amizade que existia antes da guerra, entre Neveri e Minsk dá para entender que seu verdadeiro amor foi o Rei Serafim, pai da Rainha Malena.

          — Fato interessante esse, que nos faz pensar em como essa paixão se desenrolou já que sabemos o destino da família de Malena. Sendo assim foi mesmo um amor platônico, porém nos deixa a dúvida de o porquê sua bisavó queria que você conhecesse essa história? Haverá alguma revelação por trás disso?

          — Acredito que sim, minha amiga e descobriremos isso juntas.

          — Empolgada com essa nossa nova aventura! — Serena se divertia como uma criança feliz por uma nova brincadeira, me fez recordar de nossas aventuras na infância.

          — Eu também! Muito empolgada! Podemos ler juntas em uma tarde dessas? O que acha?

          — Uma ideia perfeita!

          Rimos daquela nossa felicidade, como se nos aventurássemos pela história de um grande livro. Só que esse livro era um diário, onde continham experiências vividas por uma pessoa de verdade e não apenas um personagem. Não era uma ficção, eram momentos registrados de uma vida muito importante em minha família e em nossos reinos.

         Com certeza o que estávamos vivendo era muito empolgante e nos deixava com a imensa vontade de afundar naquelas velhas, porém muito bem escritas páginas.

***

          No dia seguinte Serena procurou-me aflita para conversarmos. Aguardou somente terminarmos o desjejum e encontrou-me antes da reunião com o Conselho.

         — Você se lembra que lhe disse não ter tido nenhuma premonição clara sobre o diário?

        — Claro que me lembro! Fiquei curiosa em saber quando você a teria!           — Ela parecia muito ansiosa em contar-me algo.

          — Pois então! Tive um sonho que tenho certeza ter sido muito mais, eu consigo sentir quando é uma premonição, não sei explicar o porquê, mas sinto!

          — E o que exatamente você sonhou?

          — Com um príncipe. Um belo e misterioso príncipe que trará uma grande surpresa a sua família. Talvez seja sobre Christopher, no entanto não tenho certeza! 

          — E você conseguiu descobrir que surpresa será essa?

          — Queria muito ter descoberto e poder lhe trazer a história dele completa, porém não consegui. Ficou somente a certeza de que você irá descobrir isso em breve.

          — Agradeço, minha amiga. Decerto será uma das informações contidas no diário, ou algo muito maior que talvez será você quem conseguirá me revelar.

          — Espero que sim, Vitória. Você nem imagina o quanto eu anseio por isso. Sinto que se trata de algo realmente grandioso.

          A empolgação de Serena era muito grande o que se fazia evidente a importância daquela sua premonição e do que ela sentia estar por vir, e é claro, fato esse que me deixou ainda mais ansiosa para seguir com a leitura.

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