Capítulo 5

         Naquela noite, após cearmos, convidei meu irmão para um passeio pelo jardim. O clima estava quente e a noite iluminada por uma grande lua cheia, podia-se ver muitas estrelas brilhando no céu. Noites como aquela me fascinavam de tal forma que me transportavam para aquele mundo fascinante e cheio de magia que acreditava existir quando era pequena.

          — Essa sempre foi a sua noite preferida no ano, Eugênia. Se lembra de quando éramos crianças e eu dizia para você que poderia fazer qualquer pedido se visse uma estrela caindo?

         — Claro que me lembro, Christopher. Adorava ouvir as suas histórias sobre as estrelas, a lua, o sol... Você inventava tantas e as contava com tantos detalhes que me deixavam fascinada!

           — E quem disse para você que eu as inventava? — ele sorriu de lado e piscou o olho para mim, como quem confidencia um segredo.

          Meu irmão era muito bonito e elegante. Fiquei imaginando o belo rei que se tornaria um dia. Com certeza devia ter muitas damas aos seus pés, encantadas com o seu charme.

          — Se não as inventava, quem lhe contou essas histórias então? Nossa mãe tenho certeza de que não foi, senão eu saberia, ela mesma teria me contado também. E nosso pai, não o vejo conversando muito com você, nunca os vi próximos a esse ponto, confesso que isso sempre me intrigou muito!

          — Nem perca seu tempo com isso, minha irmã. Nosso pai é um mistério maior para mim do que tudo que envolve as estrelas, os astros e tudo isso que não conseguimos explicar.

          Senti um grande pesar nas palavras de meu irmão e agora tinha a certeza do quanto aquilo lhe incomodava. Nunca tinha percebido isso, tinha as minhas dúvidas sobre o relacionamento dos dois, no entanto, não havia me passado pela cabeça o quanto aquilo afetava Christopher.

          — Queria muito ver nosso pai o tratar como sempre fez comigo, com mais carinho e atenção. Não duvido que ele o ame tanto quando a mim, porém a impressão que tenho é de que há algo que o impede de ser mais íntimo de você. Houve algum desentendimento entre vocês que eu não percebi?

         — Eugênia, já lhe falei para não se preocupar comigo. Não me importo em como ele me trata. Nosso pai pode fazer ou falar o que quiser para mim, somente não suportaria vê-lo lhe tratando mal. Contanto que ele nunca desconte sua raiva em você, eu aguento qualquer coisa.

          — Sobre o que está falando, Christopher? Queria tanto entender o que acontece entre vocês! Tenho cada vez mais a certeza de que você aguenta a forma como ele lhe trata por saber o motivo e eu queria muito participar disso também. Saber o que há de errado entre vocês, talvez eu possa ajudá-los.

          — Esqueça isso, minha irmã. Pense no seu baile e em como sua vida mudará a partir disso. Desejo que você encontre alguém muito especial que lhe faça muito feliz.

          — Você sabe quem eu queria que me fizesse feliz. Nunca escondi o meu amor pelo seu melhor amigo. — Ele olhou-me sério em desaprovação, porém ao invés de brigar comigo, abraçou-me com carinho.

          — Nada me daria maior satisfação do que os ver juntos, mas isso jamais será possível e você sabe muito bem o porquê, então, deixe de sofrer com isso e pense no seu futuro e de quem realmente poderá fazer parte dele!

          Sorri e o abracei novamente em agradecimento. Gostava tanto daquele abraço e de ouvir ele contando suas histórias mágicas que me entreguei novamente àquele momento em que ele, sabiamente para mudar de assunto, começou a contar algo que eu ainda não sabia.

          — Deixa eu te contar como nascem as estrelas, sei que já lhe contei uma lenda, mas acabei descobrindo outra muito mais interessante...

          E assim, mais uma vez mergulhei em suas histórias que me acalentavam, trazendo paz e alegria.

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