— Sinto por isso e por nosso pai nunca ter pensado em me prometer a ele, seria perfeito para a união entre os reinos. — Seria mesmo, Eugênia. Contudo, como você mesma disse, nosso pai não pensou dessa forma. Talvez até tenha pensado, porém já era tarde para propor qualquer compromisso. Lamentei novamente e continuamos nossa dança, dessa vez em silêncio e quando o minueto terminou, Christopher continuou segurando minha mão e aguardou que seu amigo se aproximasse para começarmos a dança seguinte. Quando o vi se aproximando de mim, as borboletas voltaram a voar no meu estômago, minhas mãos começaram a suar e senti minha face toda corar com o sorriso estonteante que ele me lançou. Parou a poucos centímetros de nós e cumprimentou meu irmão. Me olhou e com uma reverência aceitou minha mão para começarmos a dança no minueto seguinte. Foi como se o tempo parasse naquele momento, apesar de todo nervosismo apreciei cada passo, cada ge
Vitória Nos sentamos no jardim e conforme combinamos fiz a leitura das páginas seguintes do diário junto de Serena, enquanto nossos filhos brincavam pelo jardim com a orientação de suas amas. Desejava muito brincar com eles também, no entanto necessitava cumprir aquela primeira aventura, pois a curiosidade me tomava por inteira. Minha amiga ouvia atenta cada palavra lida por mim. Sorria, arregalava os olhos e percebi que desejava falar algo, no entanto combinamos em deixar nossas considerações para o final, e assim o fizemos. — Ah! Vitória. Que romântica sua bisavó. Estou encantada com ela! — Eu também! Adorando esse romantismo todo e a esperança dela em ficar com seu amado. Me fez lembrar de quando me apaixonei por Aron. Entendo bem quando ela se refere às borboletas voando dentro de seu estômago. — Entendo também! Quando vi Arthur pela primeira vez, foi como se uma luz nova surgisse perante meus olhos. Uma luz com uma cor que jamais ti
Eugênia O silêncio do meu pai pegou-me de surpresa. Tinha certeza de que ele estaria ansioso por minha resposta no dia seguinte ao baile, porém não foi o que aconteceu e aquilo me intrigou sobremaneira, porém me ajudaria a ganhar ainda mais tempo. Dias haviam se passado e ele ainda não tinha me procurado para saber a minha escolha. Questionei minha mãe sobre o que estaria acontecendo e a resposta dela foi breve. — Seu pai anda muito ocupado! — respondeu sem me olhar, enquanto terminava um bordado. — A senhora mesma disse que ele me cobraria uma escolha e até o momento ele não fez pergunta alguma sobre isso. Na verdade, quase nem o vi direito, somente em nossas refeições e ele mal falou comigo. A impressão que tenho é de que está sempre brigando com Christopher, eles estão sempre se desentendendo. — Eugênia, seu irmão precisa ser orientado para assumir o trono quando o seu pai necessitar e isso o preocupa muito! Você deve se manter com
Vitória Era bonito descobrir o amor que minha bisavó nutria por seu irmão. Achava aquele sentimento tão maravilhoso que me fazia pensar em meus filhos e desejar que eles fossem unidos daquela maneira, sabia que isso dependia também de mim e de Aron, da forma como educaremos eles. Desejei também ter um irmão e poder sentir o que a Rainha Eugênia descreveu. Uma pena ter sido a única filha. Acreditava que meus pais se concentraram tanto na minha educação e no que eu herdaria que não conseguiram pensar em ter mais filhos, o que eu lamentava muito. Agradeci aos céus por ter tido três, apesar de todas as dificuldades que já tive e que com certeza ainda viriam pela frente, tinha certeza de que foi a melhor escolha que fiz na vida. Meus filhos queridos eram minha maior herança! Fiquei pensando em Christopher, irmão de minha bisavó e no porquê nunca soube nada sobre ele. Aquilo me intrigava de sobremaneira me fazendo imaginar várias possibilidades sobre
Eugênia Enfim, meu pai conseguiu tempo para termos a tão esperada conversa e ele queria uma posição minha, sobre quem seria o pretendente escolhido para o cortejo na próxima temporada. Tinha a certeza do escolhido entre as opções que me foram apresentadas, apesar de preferir alguém que não estava e nunca estaria entre elas. — Sua escolha alegra-me muito, Eugênia. Confesso que dos seus pretendentes, foi ele o que mais me agradou, devido a sua educação, sua base familiar e sobrenome, afinal ele é um Trineth. Uma das maiores preocupações de meu pai era quanto a origem da família e os bens que meu futuro esposo herdaria, fatos que não me diziam absolutamente nada, contudo estava feliz por meu pai ter concordado com minha escolha. Adônis tinha tudo o que ele apreciava e dos meus pretendentes foi o que mais agradou-me. Sua simpatia e educação conquistaram a todos, além disso percebi algo nele que me chamou a atenção: era um rapaz bonito, se expressava mu
Vitória Alguns dias se passaram e meus pais ainda não haviam retornado de Neveri. Dona Felícia aproveitou a oportunidade para acompanhar meu pai, era evidente o amor entre eles, mesmo após tantos anos. Não viviam separados e qualquer chance que tinham de estar juntos, era muito bem aproveitada. Quando ele contou que teria que ir até Neveri, verificar os documentos por lá arquivados e a convidou para ir junto, ela não hesitou em aceitar e ficou exultante com o passeio. — Há tempos não saímos só nós dois para um passeio. É claro que irei. Apesar de irmos perto, valerá a pena por estarmos juntos em algo diferente. Podemos dizer que será uma aventura de investigação. Apreciei muito isso! — Que maravilha, minha querida. Será um ótimo passeio e espero que produtivo. Precisamos descobrir mais sobre esse meu tio avô que nunca ouvi nada a respeito. — Sim, Anthony. É muito estranho nunca terem mencionado a existência dele. Com certeza encontrare
Eugênia Abordei meu irmão, após o desjejum daquela manhã fria de inverno. Ele não parecia muito feliz nos dias anteriores e quase não nos encontrávamos. Estava sempre muito ocupado, ou com meu pai, ou em suas aventuras com Serafim, que sempre quis participar, porém nunca pude. Além do fato de muitas vezes ele sumir por dias e voltar como se nada tivesse acontecido, sem que ninguém soubesse por onde andava. Decidi confrontá-lo na esperança de que pelo menos ele pudesse esclarecer minhas dúvidas, já que não conseguia tirar nenhuma informação de meus pais. — Christopher, meu querido irmão, por favor, conte-me o que está acontecendo com você e nossa família. Estou a ponto de enlouquecer com tantas dúvidas! — Não sei por que me tomas, Eugênia. Você deveria ter essa conversa com nossos pais e não comigo. Não posso lhe ajudar, apesar de querer muito, não posso! — Como assim não pode? Não entendo isso! Nossos pais ficam dizendo a mesm
Vitória Enfim, uma resposta! Fui informada durante uma reunião do Conselho que meus pais haviam retornado de Neveri e me aguardavam na sala de chás. Encerrei a reunião, que já estava em sua fase final, e fui encontrá-los na esperança de que tivessem voltado com boas novidades. Estava com saudades dos dois também, acostumada a tê-los sempre por perto. — Bom retorno a vocês, meus pais. Como foi a viagem? Correu tudo bem? — minha mãe sorriu ao me ver entrar ansiosa e foi a primeira a me abraçar. — Saudações, minha querida. A viagem foi muito boa, apesar de Neveri estar perto retornamos um pouco cansados, porém fizemos questão de vir direto falar contigo antes de repousarmos. — Abracei meu pai também e percebi que ambos pareciam ainda mais ansiosos que eu para conversarmos. — Minha filha, infelizmente não temos boas notícias. Nossa viagem não foi satisfatória e voltamos da mesma forma em que viajamos, sem nenhuma novidade. — Meu pai estava decepcion