Capítulo 26Carlos suspirou profundamente, sentindo o peso da noite que chegava sem nenhuma notícia de Giulia. No fundo, ele já sabia a verdade os capangas de Giovanni a haviam levado. A angústia de não saber onde ela estava ou o que poderia estar enfrentando o corroía por dentro.Vitória já tinha ido dormir, e ele ficou sozinho na sala. Seu olhar perdido fixou-se no céu estrelado, mas sua mente estava a quilômetros dali, presa na incerteza.Tentando aliviar a tensão, foi até a cristaleira, pegou uma garrafa de vinho e serviu-se de uma taça. Tomou um longo gole, deixando o líquido amargo aquecer sua garganta antes de pousar a taça sobre a mesa. Seus olhos então recaíram sobre um porta-retrato próximo.Era a foto mais recente que tinham juntos, um momento capturado por Vitória. Giulia estava sorrindo ao seu lado, os cabelos vermelhos ao vento, e ele, com o braço protetor ao redor dela, parecia um homem que finalmente havia encontrado paz.Apertou o porta-retrato nas mãos, soltando um s
Capítulo 27Carlos esfregou o rosto, tentando espantar o cansaço, enquanto segurava o telefone com mais firmeza. Seu coração bateu mais forte ao ouvir as palavras de Mateo.— Então você conseguiu… — murmurou, ainda processando a informação. — Sabe exatamente onde eles estão?— Sim — respondeu Mateo. — A família Moretti tem uma propriedade afastada, uma espécie de fortaleza. Eles se escondem bem, mas não o suficiente.Carlos ficou de pé num salto, seu peito inflando com adrenalina.— Estou indo com você.Houve um silêncio do outro lado da linha antes de Mateo soltar uma risada seca.— Você é maluco. Vou ter que me preocupar com você também?— Não precisa. — A voz de Carlos saiu firme, carregada de determinação. — Já fui do exército, Mateo. Já vi a morte na minha frente. Não tenho medo de nada.Mateo suspirou.— Se é assim, então será bem-vindo. Mas espero que não esteja enferrujado.Carlos sorriu de canto, um brilho desafiador nos olhos.— Mais fácil você estar do que eu, já que sou fa
Capítulo 28Giulia passou a noite acordada, presa em seu próprio corpo, sentindo os efeitos cruéis do afrodisíaco queimarem em suas veias. O calor intenso a consumia por dentro, e o toque do lençol em sua pele parecia insuficiente para aliviar a necessidade avassaladora que pulsava dentro dela.Giovanni havia saído do quarto furioso, os olhos faiscando de raiva e ciúme. Antes de bater a porta, lançou-lhe um olhar carregado de desprezo e convicção.— Eu sei que você esteve com outro. Posso sentir isso em você.Giulia fechou os olhos, respirando fundo para conter as lágrimas. Sua garganta estava seca, seu corpo exausto. A droga ainda percorria seu sistema, mas agora misturada ao cansaço e à frustração.Horas depois, ela se arrastou até a janela trancada, apoiando as mãos na moldura de madeira. A luz pálida do amanhecer começava a aparecer. Era um novo dia… mas para ela, a mesma prisão.O barulho da fechadura girando a trouxe de volta à realidade. Seu coração disparou. O que Giovanni que
Capítulo 29Giovanni decidiu liberar Giulia para andar livremente pela casa naquele dia, mas deixou claro para seus homens que a vigilância deveria ser constante. Ele sabia que a esposa era astuta e, se tivesse a menor oportunidade, tentaria fugir. No entanto, dessa vez, a situação estava a seu favor. Ela estava em um território desconhecido, cercada por seguranças leais a ele. Fugir seria quase impossível.Ciente disso, Giulia resolveu aproveitar o dia. No quarto luxuoso que haviam designado para ela, no andar superior e ao lado do quarto do marido, escolheu um biquíni elegante e amarrou uma tanga nos quadris. Depois de se olhar no espelho por um instante, saiu para a piscina.No primeiro andar, Giovanni estava no escritório, resolvendo assuntos importantes ao telefone, quando seu olhar se desviou para a imensa janela que dava vista para o jardim. O que viu o fez perder completamente a concentração na conversa.Giulia caminhava descalça pelo gramado, a pele iluminada pelo sol, os cab
Capítulo 30A noite caiu sobre a mansão à beira-mar, e Giovanni surpreendeu Giulia ao chamá-la para jantar. Sua voz era calma, quase gentil, um tom que ela pouco conhecia. Ele estava diferente, mas ela sabia que aquilo não era um gesto despretensioso. Giovanni nunca fazia nada sem um motivo oculto.Durante o jantar, ele foi educado, atencioso até. Serviu-lhe vinho, conversou sobre assuntos triviais, como se fossem um casal comum desfrutando de uma refeição qualquer. Mas Giulia não se deixava enganar. Cada palavra, cada gesto, era calculado.No fundo, ela sabia que aquilo era parte de um plano. Talvez quisesse fazê-la baixar a guarda antes de tentar algo ainda pior. Talvez quisesse fazê-la acreditar que estava livre, que tudo voltara a ser como antes... antes de sua fuga. Mas a verdade era outra: Giovanni nunca esqueceria ou perdoaria sua traição.Giulia manteve-se firme, sustentando o olhar dele com aparente tranquilidade. Fingiu aceitar a nova postura do marido, mas dentro de si, a d
Capítulo 31Giulia se levantou da cama com dificuldade, sentindo o corpo pesado. Seu reflexo no espelho a assustou. O rosto pálido, olheiras profundas e a expressão cansada deixavam evidente o quanto estava se consumindo. A tristeza parecia estar sugando sua energia, e agora começava a temer que sua saúde estivesse sendo afetada.No dia anterior, enquanto caminhava discretamente pelos corredores da mansão, havia ouvido Giovanni conversando com um de seus capangas.- Já temos informações sobre o brasileiro? - Giovanni perguntou, a voz carregada de tensão.- Sim, senhor. O nome dele é Carlos. Um fazendeiro. Ex-militar - respondeu o capanga.O coração de Giulia gelou ao ouvir aquele nome.- E qual era a relação dele com minha esposa? - Giovanni continuou.Ela prendeu a respiração, esperando o pior.- Nada além de amizade, senhor. Não há registros de envolvimento romântico.Houve um breve silêncio antes de Giovanni soltar uma risada baixa.- Ótimo. Pelo menos não tenho que me preocupar co
Capítulo 32Giulia entrou no escritório com passos leves, olhando ao redor. Seu coração batia acelerado, mas sua determinação era maior.Rápida e silenciosa, começou a vasculhar as gavetas da imponente escrivaninha de madeira. Papéis, documentos e objetos pessoais de Giovanni estavam organizados ali, mas nada que lhe fosse útil.Então, ao abrir a última gaveta, seus dedos encontraram algo frio e metálico. Seus olhos se arregalaram ao puxar a arma cuidadosamente. Sentindo o peso da pistola em suas mãos, respirou fundo. Agora, tinha uma chance.Giulia ficou em alerta, apurando os ouvidos enquanto escondia a arma sob o vestido. Sabia que Giovanni era distraído demais para notar o desaparecimento imediato da pistola.Continuou vasculhando e, em meio à papelada, encontrou uma caixa de munição. No fundo da gaveta, seus dedos tocaram um pequeno estojo de couro. Curiosa, abriu-o e seu coração disparou ao ver várias seringas já preenchidas com um líquido suspeito.Ao ler a fórmula no rótulo, s
Capítulo 33Giovanni estava parado à porta, os braços cruzados e o semblante impaciente. Detestava esperar e mais ainda, odiava a sensação incômoda de preocupação que insistia em rondá-lo.— Vamos, Giulia. Não tenho o dia todo.Do lado de dentro, Giulia fechou os olhos por um instante, respirando fundo. Cada passo fora daquela mansão era um risco, mas também uma oportunidade.Endireitou os ombros, ergueu a cabeça e caminhou para fora com a dignidade que ainda lhe restava. Ao passar por Giovanni, sentiu o olhar penetrante dele, analisando cada detalhe de sua expressão, mas manteve a postura firme.Assim que entraram no carro, Giulia olhou discretamente pelo retrovisor. Seu estômago revirou ao ver a longa fileira de veículos prontos para segui-los. Tantos capangas… como escaparia com tantos olhos sobre ela?Sentiu um nó na garganta, mas reprimiu o desespero. Precisava pensar rápido. A fuga ainda não era impossível, só precisaria encontrar o momento certo.***Carlos dirigia com expressã