Capítulo 31Giulia se levantou da cama com dificuldade, sentindo o corpo pesado. Seu reflexo no espelho a assustou. O rosto pálido, olheiras profundas e a expressão cansada deixavam evidente o quanto estava se consumindo. A tristeza parecia estar sugando sua energia, e agora começava a temer que sua saúde estivesse sendo afetada.No dia anterior, enquanto caminhava discretamente pelos corredores da mansão, havia ouvido Giovanni conversando com um de seus capangas.- Já temos informações sobre o brasileiro? - Giovanni perguntou, a voz carregada de tensão.- Sim, senhor. O nome dele é Carlos. Um fazendeiro. Ex-militar - respondeu o capanga.O coração de Giulia gelou ao ouvir aquele nome.- E qual era a relação dele com minha esposa? - Giovanni continuou.Ela prendeu a respiração, esperando o pior.- Nada além de amizade, senhor. Não há registros de envolvimento romântico.Houve um breve silêncio antes de Giovanni soltar uma risada baixa.- Ótimo. Pelo menos não tenho que me preocupar co
Capítulo 32Giulia entrou no escritório com passos leves, olhando ao redor. Seu coração batia acelerado, mas sua determinação era maior.Rápida e silenciosa, começou a vasculhar as gavetas da imponente escrivaninha de madeira. Papéis, documentos e objetos pessoais de Giovanni estavam organizados ali, mas nada que lhe fosse útil.Então, ao abrir a última gaveta, seus dedos encontraram algo frio e metálico. Seus olhos se arregalaram ao puxar a arma cuidadosamente. Sentindo o peso da pistola em suas mãos, respirou fundo. Agora, tinha uma chance.Giulia ficou em alerta, apurando os ouvidos enquanto escondia a arma sob o vestido. Sabia que Giovanni era distraído demais para notar o desaparecimento imediato da pistola.Continuou vasculhando e, em meio à papelada, encontrou uma caixa de munição. No fundo da gaveta, seus dedos tocaram um pequeno estojo de couro. Curiosa, abriu-o e seu coração disparou ao ver várias seringas já preenchidas com um líquido suspeito.Ao ler a fórmula no rótulo, s
Capítulo 33Giovanni estava parado à porta, os braços cruzados e o semblante impaciente. Detestava esperar e mais ainda, odiava a sensação incômoda de preocupação que insistia em rondá-lo.— Vamos, Giulia. Não tenho o dia todo.Do lado de dentro, Giulia fechou os olhos por um instante, respirando fundo. Cada passo fora daquela mansão era um risco, mas também uma oportunidade.Endireitou os ombros, ergueu a cabeça e caminhou para fora com a dignidade que ainda lhe restava. Ao passar por Giovanni, sentiu o olhar penetrante dele, analisando cada detalhe de sua expressão, mas manteve a postura firme.Assim que entraram no carro, Giulia olhou discretamente pelo retrovisor. Seu estômago revirou ao ver a longa fileira de veículos prontos para segui-los. Tantos capangas… como escaparia com tantos olhos sobre ela?Sentiu um nó na garganta, mas reprimiu o desespero. Precisava pensar rápido. A fuga ainda não era impossível, só precisaria encontrar o momento certo.***Carlos dirigia com expressã
Capítulo 34Carlos segurou Giulia com firmeza, como se temesse que ela desaparecesse de seus braços. Seus olhos a percorreram rapidamente, absorvendo cada detalhe de seu rosto abatido, da pele pálida e dos olhos brilhantes de alívio.— Meu Deus, Giulia… — sua voz saiu rouca, carregada de emoção.Antes que ela pudesse responder, ele a puxou para um beijo intenso, desesperado, como se estivesse tentando compensar todo o tempo perdido. Seus lábios se moviam sobre os dela com urgência, misturando saudade, medo e amor.Giulia sentiu as pernas fraquejarem, o coração acelerado martelando contra o peito. Ela se agarrou ao casaco dele, sentindo a segurança que só Carlos lhe proporcionava. O calor do beijo a envolveu, dissipando por um instante todo o terror dos últimos dias.Mateo pigarreou ao lado, tentando chamar a atenção, mas Carlos ignorou. Ele precisava daquele momento.Quando finalmente se afastaram, Giulia tocou o rosto dele com as mãos trêmulas, como se precisasse ter certeza de que e
Capítulo 35O carro deslizou para dentro do hangar privado do aeroporto, onde o jatinho já os aguardava com os motores ligados. Carlos mal estacionou e já saiu, abrindo a porta para Giulia.— Vamos, rápido! — Mateo apressou, olhando ao redor com cautela.Giulia desceu do carro, ainda tensa, e segurou a mão de Carlos enquanto corriam em direção à aeronave. O vento da pista bagunçava seus cabelos, e seu coração batia acelerado, mas não era mais medo. Era a sensação de que finalmente estava fugindo do pesadelo.Assim que subiram as escadas do jatinho, a comissária fechou a porta atrás deles. O piloto confirmou a decolagem pelo rádio, e Mateo jogou-se em um dos assentos com um suspiro de alívio.— Conseguimos — ele disse, passando a mão pelo rosto.Giulia, no entanto, ainda não conseguia relaxar completamente. Carlos notou e puxou-a suavemente para se sentar ao lado dele.— Está tudo bem agora — ele murmurou, afastando uma mecha de cabelo do rosto dela.— Eu ainda não consigo acreditar… —
Capítulo 36O jatinho tocou a pista do aeroporto de Pouso Alegre com suavidade, mas Carlos mal prestou atenção. Ele só pensava em tirar Giulia dali o mais rápido possível e levá-la a um médico.Assim que as portas foram abertas, Mateo já estava do lado de fora organizando tudo. Três carros os esperava com o motor ligado. Carlos carregou Giulia nos braços e a acomodou no banco de trás.- Aguenta firme, amor, já estamos quase lá - ele disse, segurando a mão dela com força.O trajeto até a clínica particular foi rápido. Ao chegarem, Giulia foi imediatamente atendida. Carlos não desgrudava dela, segurando sua mão enquanto os médicos realizavam exames.Após uma bateria de testes, o doutor entrou na sala sorrindo.- Não se preocupem, ela está bem. O desmaio foi causado por pressão baixa e estresse... mas há um motivo a mais para isso - disse ele, olhando para Giulia.Ela franziu a testa, confusa.- O que quer dizer?O médico puxou uma cadeira e sorriu.- Parabéns, Giulia. Você está grávida.
Capítulo 37O sol começava a se pôr quando Carlos e Giulia voltaram para casa, acompanhados pelo comboio de carros e motos que os seguira à cidade. A festa havia sido um sucesso, e apesar do breve desconforto causado por Henrique Albuquerque, nada conseguira abalar a felicidade de estarem juntos.Ao chegarem à fazenda, Vitória já estava exausta de tanto brincar e correu para o quarto assim que entrou, deixando Carlos e Giulia sozinhos na sala. Ele a puxou para um abraço apertado, sentindo o cheiro doce dos cabelos dela.— Foi um dia incrível — Giulia disse, encostando a cabeça no peito dele.— Sim, mas algumas coisas me incomodaram — Carlos respondeu, deslizando os dedos pelo rosto dela.Giulia ergueu os olhos para ele, percebendo a tensão em sua expressão. Sabia exatamente sobre o que ele falava, mas preferiu mudar de assunto.— Que tal um banho relaxante para tirarmos o cansaço do dia? — sugeriu ela, sorrindo.Carlos assentiu e a acompanhou até o quarto. Ela foi primeiro, deixando a
Capítulo 38O sol da manhã iluminava as ruas da pequena cidade enquanto Giulia dirigia em direção à escola de Vitória. A menina, sentada no banco do passageiro, balançava os pés animadamente.— Você está ansiosa para a aula de hoje, tesoro mio? — Giulia perguntou, sorrindo ao ver a felicidade estampada no rosto da pequena.— Sim! Hoje vamos ensaiar para a apresentação da primavera. Quero que você e papai estejam lá!Giulia apertou suavemente a mão da enteada.— Não perderíamos por nada, amore.Ao chegarem, Vitória soltou o cinto e se inclinou para dar um beijo na bochecha de Giulia antes de sair do carro.— Te vejo mais tarde!Giulia observou a menina entrar no prédio, o coração aquecido pelo carinho de Vitória. Assim que a pequena sumiu entre os outros alunos, ela pegou o celular e conferiu o endereço da loja de aluguel de vestidos que havia pesquisado na noite anterior.Dirigiu até o centro da cidade, onde uma charmosa boutique exibia lindos modelos de noiva na vitrine. Assim que en