AARON— Haru! — Ginger vem em minha direção assim que entro em casa e me abraça. — Onde diabos você estava? Meu Deus!— Estou bem, Gin. Sinto muito por preocupar você.— Por que você desapareceu? Estão todos tão estranhos. O papai também não quer me dar muita informação sobre o que está rolando. Passei a noite toda com ele, mas mal conversamos.Eu solto um suspiro.— Ginger, nós precisamos conversar.Ela alterna o olhar entre mim e Evelyne.— Você não está doente, não é? Não me diga que tem poucos dias de vida.Mesmo que a ocasião não peça, eu acabo rindo.— Não, Gin Gin. Não é nada disso.— Bem, eu vou preparar um café da manhã pra gente — diz Evelyne. — Vou deixar vocês conversarem.Depois que Eve sai para a cozinha, eu me aproximo de Ginger, sem saber ao certo o que fazer. Se James não contou a ela, eu preciso fazer esse trabalho. Ela é minha irmã, independentemente de qualquer coisa, e precisa ser mantida a par sobre tudo o que está acontecendo.— Lembra quando éramos crianças e v
EVELYNECapítulo 40Um dos pontos mais movimentados de Trempton City carrega a estátua de uma galinha no topo. Não costumo vir ao Johnny’s (principal restaurante de frango da cidade) com tanta frequência quanto gostaria. Minha família nunca foi do tipo que come frango frito por metade do preço aos fins de semana, o que é uma tristeza. O local é um dos pontos mais escolhidos se você não for vegetariano e quiser ter um bom tempo com amigos. Turista ou não, você pode se aventurar em ouvir música direto das máquinas de jukebox enquanto bebe a famosa cerveja preta artesanal e come um delicioso frango apimentado — marca registrada do Johnny’s.— O que vocês vão fazer no Natal esse ano? — pergunta Trent, muito empolgado com a ideia de um feriado próximo.— Eu não quero ir para a casa dos meus pais — diz Eleanor. — Minha avó sempre passa o feriado com eles, então é óbvio que ela vai exigir que eu também vá.Todos ficamos em silêncio por um momento, pensando no fiasco que foi a última festa qu
Quando combinamos em nos encontrar em um restaurante, eu informei que traria Cass conosco, assim como Vanessa informou que traria seu namorado. Ambas as decisões geraram muita surpresa, mas não é preciso ser um gênio para concluir que a minha foi a que menos agradou a maioria, tirando Eleanor, que tentou parecer neutra durante todo o momento, mas eu sei exatamente como ela deve estar se sentindo. Acontece que Cassidy é minha irmã e, provavelmente, futura namorada de Lea. Além do mais, ela não está tendo o melhor momento com as cobras que considera suas amigas desde que se abriu com elas. Estou mais que disposta a introduzi-la em meu círculo de amigos se isso ajudá-la a não se sentir tão excluída.Como se houvesse sido invocada, Cassidy finalmente aparece. Por incrível que pareça, as coisas não ficam tão estranhas entre os presentes. Bem, pelo menos os que não estão a comendo com os olhos, como Eleanor faz sem sequer disfarçar. A tensão entre as duas é quase palpável, e eu não posso de
EVELYNEJá estou farta desta semana, e ainda é segunda-feira. Estou acabando de entrar no meu dormitório quando meu telefone toca.— Srta. Evelyne Dixon?— Sim?— Aqui é Marcer Wilson. Eu sou a assistente de Erica Hunnam.Oh, meu Deus!Tento controlar a euforia que me consome por dentro.— Claro, Srta. Wilson. Sou toda ouvidos.— Srta. Dixon, recebemos o seu material de análise e Erica ficou muito impressionada. Ela parece bastante interessada na proposta de parceria que solicitou. Como as agendas não batem, você poderia participar de uma chamada de vídeo hoje à noite para que possamos conversar melhor?— Mas é claro!— Certo. Mandarei um e-mail com mais informações.Isso faz o meu dia. Erica Hunnam, minha maior inspiração e uma das maiores artistas de Trempton City, aceitou o meu pedido para participar de seu próximo projeto.Mal tenho tempo de processar a informação direito quando meu telefone toca outra vez. Eu atendo sem ao menos olhar na tela.— Eve, finalmente chegou o momento —
EVELYNENão é segredo algum que eu não gosto e jamais gostarei da reitora Ramsay. Ainda a considero uma mulher desprezível, assim como seu filho, mas no momento tenho que lhe dar um crédito pelo trabalho rápido.Joe Bixby está um caos. Os boatos de que Kendall Vallen foi destituída de sua posição como membro das Ravens está se espalhando como água numa superfície lisa. Sinceramente, eu achei que essa acusação não fosse dar em nada, mas as provas que apresentamos foram bastante claras, e a mulher não deixaria passar batido alguém que mexeu com o orçamento da universidade. Não sei se foram os contatos de sua família ou um lapso de humanidade da nossa reitora, mas Kendall não foi expulsa da instituição. Surpreendentemente, não sou totalmente contra esta decisão. Não gostar de Kendall e querer vê-la sendo punida por seus atos não significa que não quero que ela se forme. Ser expulsa do Joe Bixby não vai melhorar o seu caráter, mas o estigma que os boatos atuais deixarão, certamente a farã
— Aaron... — Dou um passo à frente, parando no mesmo instante. Não sei o que fazer. Não sei o que dizer. Ele escutou tudo? Não escutou nada? Por que está me olhando desse jeito? Isso só pode ser um pesadelo. — Aaron, eu...— O que diabos está acontecendo aqui? — Ginger pergunta, ao lado do seu irmão. Noto que além dela também estão Eleanor, Trent e Vanessa.— Ora, você sabe o que está acontecendo — Kendall se prontifica a esclarecer. — Eu e nossa querida Evelyne aqui estávamos jogando um jogo. Não é mesmo, querida?— Você é desprezível — ralho para ela, tentando avançar em seu rosto cínico, mas alguém me segura por trás. — Eu te odeio, Kendall!— Você não parecia me odiar tanto assim quando fez um trato comigo para conseguir fazer parte das Ravens, não é? — Ela olha diretamente para Aaron. — Sua namorada te deixou a par disto?— Aaron... — eu digo. — Eu ia conversar com você agora mesmo. Antes de ela aparecer.Ele não diz nada. Nem sequer olha para mim. Ainda está quieto.— Eu exigi q
AARONDesabo no chão da academia, exausto e destruído. Meus músculos estão trêmulos e meus pulmões parecem balões inflados toda vez que busco ar.Meu antigo treinador de boxe, Kyle, me olha de cima, como se estivesse ponderando o dano que causou.— Eu acho que pegamos pesado demais — ele diz.Eu fecho os olhos e balanço a cabeça. Por mais que esteja me sentindo como um saco de ossos esmagado, a sensação não é ruim. Serviu para tirar, mesmo que por um momento, todos os pensamentos ruins da minha cabeça. Pensamentos que ainda estou fazendo questão de afastar.— Eu precisava disso — é tudo o que me limito a dizer a ele.Meu treinador sorri.— Dia ruim?— Semana péssima.— Estou surpreso que tenha vindo. — Ele tira as luvas. — Faz tempo que não treinamos.— Montei minha própria academia em casa. — Na casa de James, corrijo-me internamente. Aquela casa nunca foi minha, afinal não fui eu quem a comprou. Aceito a ajuda de Kyle para me sentar. — Só decidi vir porque precisava de algo mais...
EVELYNEEU: Sinto muito. Espero que você esteja bem.EU: Por favor, só me diga que está bem. Não estou pedindo muito.EU: É claro que você não está bem, não é? Que estúpida eu sou.Sinto muito.Por tudo.Olho na tela do meu celular, percebendo que a mensagem que mandei há meia hora chegou até ele e foi lida, mas não obtive uma resposta.Apenas mais uma da porção que enviei e foram ignoradas.Jesus, o que estou fazendo torturando a mim mesma nesse diálogo unilateral? Uma semana se passou desde o ocorrido e não vou conseguir ter paz enquanto não obtiver uma resposta. Só quero me certificar de que ele está bem, e perguntar à sua irmã ou qualquer um de seus amigos está fora de cogitação. Não tive coragem de falar com nenhum deles ainda, mas estou certa de que todos me odeiam a essa altura do campeonato.O dormitório está silencioso quando abro a porta, mas eu sei que Eleanor está aqui antes mesmo de entrar. Temos feito essa dinâmica de evitar uma à outra por uma semana inteira, mas não ti