Dou um tapa no seu braço.Ele sorri, mas em vez de me provocar de novo, pressiona o volume de suas calças no ponto mais carente entre minhas pernas. O sorriso dele vai morrendo aos poucos conforme sua boca se aproxima do meu ouvido. Quando volta a falar, sua voz é baixa e lânguida, quase como uma lambida sobre a minha pele ardente:— E o que você diria se eu dissesse que quero muito transar com você agora?Eu simplesmente gemo. Sim, minha resposta é um curto gemido baixo e desesperado que escapa de mim enquanto tento buscar ar e acalmar essa sensação se construindo aos poucos.Ele não se faz de rogado quando leva uma mão até meu seio e o amassa por cima do vestido, voltando a dizer com aquele mesmo tom de voz que está começando a me deixar louca:— Imagina o quão bom seríamos juntos. — Ele desce beijos de boca aberta pelo meu pescoço outra vez. — Eu iria fazer tantas coisas com você. Uma vez não seria o suficiente.Eu ofego quando passo as mãos pelo seu corpo, puxando sua camisa para
AARONCapítulo 30Eu sinto que ela não dormiu ainda quando sua respiração de repente engata em um suspiro longo. Eu me inclino sobre seu corpo coberto apenas por uma camiseta minha e sondo seu rosto.— O que há de errado? — pergunto.Ela encolhe os ombros.— Apenas... pensando em umas coisas.— E no que seria?Ela dá de ombros de novo, fazendo uma pausa antes de perguntar:— Você me odiaria se eu tivesse cometido uma besteira? Antes de te conhecer?Rolo os olhos e beijo seu ombro.— Impossível te odiar.— Mas e se eu tivesse feito algo que você repudiasse?Faço uma pausa e provoco:— Você maltratou cachorrinhos? Sequestrou bebês? Bateu em idosos?— O quê? Não!— Então jamais vou repudiar você.Depois de um tempo, ela pergunta:— Você me disse tantas coisas hoje, mas ainda não me explicou por que odeia tanto as Ravens. O real motivo.— Não odeio as Ravens, exatamente, mas a Kendall — eu falo. — Consequentemente, as Ravens meio que se transformaram em um produto de Kendall.— Mas você n
EVELYNECapítulo 31Sei que você vai achar estranho eu dizer isso, mas, para mim, os dias da semana possuem cheiros específicos. Os sábados, por exemplo, sempre tiveram o cheiro característico do Porto de Salome, uma das poucas praias de Trempton City — onde eu costumava ir com a minha família a contragosto e quase sempre era obrigada a aturar tia Jodie e seus comentários inoportunos quando abria um livro para ler na sombra. Sextas-feiras tinham cheiro de canela e chocolate. Minha avó costumava fazer bolinhos de chuva toda sexta à tarde quando eu era criança, e a minha memória dos lanches da tarde em sua casa ainda é bastante vívida. Segundas-feiras, no entanto, sempre tiveram o cheiro do plástico de meu estojo e das capas de minhas partituras. Estes sempre foram os piores dias da semana, porque era quando eu voltava à minha rotina de estudante de música. Esta segunda-feira, em especial, tem um cheiro diferente. Cheira a sol, felicidade e simplesmente Aaron Ditt. Eu já havia me esquec
EVELYNECassidy me estende uma peça de roupa no piloto automático.— Cass, eu pedi as brancas primeiro — saliento, encarando o suéter vermelho em sua mão.Sua expressão descongela e ela pestaneja, como se estivesse saindo de um transe.— Desculpe.Depois de colocar todas as roupas na máquina de lavar, eu coloco uma moeda e espero a roupa começar a bater. Cass observa ao meu lado o trabalho do equipamento, ainda absorta.— Por que você está toda estranha hoje? — pergunto. — Primeiro, você decidiu acordar cedo em um sábado. Agora, está aqui, na lavanderia do meu dormitório, me observando lavar roupas?— O que? — Ela finalmente tira a atenção da máquina de lavar, os olhos arregalados.— Você está estranha — repito. — Por quê?Dá de ombros.— Não estou.— Está, sim — insisto. — Algo está acontecendo? Quer me falar sobre isso?Ela morde o lábio, tensa.— Eve...— Sim?— Você... você já sentiu atração por garotas?Estranho sua pergunta, mas respondo:— Não... por quê?Ela encolhe os ombros.
EVELYNE— Vocês viram o que estão cochichando por aí? — pergunta Trent na hora do almoço.— Não sabemos de nada — diz Aaron. — Sobre o que estão falando?— Estão dizendo que Eric Ramsay confessou ter feito a montagem com as fotos da Ginger.Eu me viro para Gin, que se encolhe em seu lugar. Ela tem melhorado bastante desde o ocorrido com Eric, mas ainda está relutante em falar sobre o assunto.— Você sabia disso? — pergunto.Ela dá de ombros.— Não faz diferença. Todo mundo sempre soube que foi ele quem espalhou, mas do que adianta se o idiota não vai ser punido de qualquer maneira?— Pra falar a verdade, ele foi punido, sim — Trent comenta com uma risadinha.— Do que você tá falando? — questiono.— Descobriram quem bateu em Eric — ele diz. — Não sabemos ainda o que aconteceu direito, mas o distribuidor de Eric, um cara de Summer Ally, não gostou da demora dele para entregar o dinheiro que estava devendo e acabou resolvendo o problema com as próprias mãos. Além disso, a merda dele bate
AARONQuerido diário,É estranho eu estar voltando a escrever depois de dois anos sem uma única palavra. É como se eu estivesse ignorando um velho amigo durante todo este tempo. Ignorando a mim mesma.Sei que sou dramática. Sou um pouco excêntrica, também. Paul Weller (ainda não o citei, mas vou chegar nessa parte) costuma dizer que sou apenas intensa, mas tenho certeza de que essa é somente a sua maneira de tentar apaziguar as coisas e evitar que eu derrame meus dramas em cima dele, porque se existe algo que define Aiko Saori certamente não é a intensidade.Neste exato momento, estou sentada em um dos meus lugares favoritos, admirando a chuva que bate na janela enquanto escrevo, sentindo o vapor de um café com leite fresquinho. Eu gosto do café daqui. Também gosto dos muffins de mirtilo, mas estou me perguntando agora: por que nunca pedi algo diferente? Por que não me arrisquei em comer batatas fritas no café da manhã, por exemplo. Isso é proibido? É estranho, certamente, mas não est
Eu fiz algo que nunca tinha feito antes: fui a um show de rock.Sim, é estranho eu estar relatando isso, quando tudo o que conheci foram recitais e peças de teatro, mas não posso dizer que foi uma experiência ruim.Há essa banda universitária chamada Lions. Eles são conhecidos de Paul e sempre ensaiam na garagem do baterista deles, um cara do qual não me lembro o nome agora. Paul está tentando se enturmar com os populares de sua universidade, então ele me levou com ele.O vocalista deles, James Ditt, não tirou os olhos de mim durante todo o momento. Nem mesmo quando cantou lindamente uma música dos Beatles, que eu particularmente não sou fã, mas na voz dele ficou incrível.Paul percebeu suas investidas, mas não demonstrou nenhuma emoção além de bajulação para cima dos rapazes. Me senti mal pelo fato de meu namorado sequer sentir ciúme de mim quando um rapaz bonito se interessa. Me pergunto agora se tudo isso é confiança ou desinteresse. Estou mesmo com o cara certo?
Quando penso em minha vida e em tudo o que passei até chegar aqui, não me sobra muito além de um passado vazio e triste. Ainda me sinto triste e vazia, presa em um personagem que atribui a mim mesma e ainda não consigo me desprender. Sempre gostei de acreditar que sentimentos são facilmente controláveis. Que você consegue ativar e desativar determinadas sensações de acordo com sua força de vontade. Não consigo desativar este sentimento agora. Essa inquietação, palpitação intensa. Parece que meu coração vai sair pela boca e eu não sei exatamente o porquê. Talvez eu saiba e esteja apenas mentindo para mim mesma, mas como não minto para você, diário, vou relatar brevemente o meu dia.Hoje pela manhã, houve um evento beneficente das Ravens. Gosto muito de Dionne e das outras meninas, portanto as ajudo sempre que posso, mesmo não fazendo parte da irmandade.Como era um evento de arrecadação, muitas pessoas vieram comprar doces e arranjos de flores que nós mesmos preparamos. Eu estava enc