EVELYNEAs manhãs no Joe Bixby são sempre um martírio para mim, mas nessa manhã as coisas estão diferentes. Não consigo tirar o sorriso do rosto, e Ginger percebe isso quando me vê.— Está tudo bem? — ela pergunta ao se sentar ao meu lado.— Sim — respondo, tentando não sorrir tanto e agir estranhamente. Sei que deveria falar com ela sobre o que está acontecendo entre mim e seu irmão, mas ainda não tive coragem. Não sei como ela vai reagir, por isso estou tão receosa. — E você?Ela suspira sonhadoramente.— Maravilhosamente bem. Acordei com uma mensagem do Eric. Ele é tão fofo.— Sério? E sobre o que vocês dois conversaram?Ela dá de ombros e me lança um olhar misterioso.— Coisas de casal.Por um momento, fico incomodada com o relacionamento de Ginger e Eric. Sei que não tenho o direito de interferir, mas as coisas aconteceram bem rápido entre eles, e Ginger parece ser bem ingênua. Por outro lado, me lembro que o que estou fazendo com o irmão dela, seja lá o que isso signifique, é pr
— Eca. — Ginger faz uma careta.— Eu avisei a ele — Aaron fala. — Mas Trent acha que é uma boa ideia fazer essa merda à fantasia.— Espere... — Ginger se anima. — Na verdade, a ideia não é tão ruim. Eu gostaria de uma festa à fantasia.— Jesus... — Aaron geme.— De que festa vocês estão falando? — pergunto.— O aniversário de Ginger é no mês que vem — Trent responde. — O que você acha, Evelyne? Nos dê sua opinião sobre isso.Eu dou de ombros.— Eu não sei... eu acho que uma festa a fantasia seria ok, se Ginger estiver de acordo.— Sério? — Aaron arqueia uma sobrancelha. — Estou decepcionado.Não resisto ao provocá-lo:— Ah, qual é. Todo mundo está querendo ver você vestido de coelhinho sexy. Ponha um pouco de chantily nos mamilos e as pessoas vão adorar.Ele estreita os olhos, mas sei que está segurando uma risada.— Você é irritante. — Mesmo com a repreenda, sinto sua mão capturar a minha por baixo da mesa, fazendo com que eu me derreta por dentro feito um sorvete na praia. Aperto su
EVELYNESegurando a sacolinha cheia de guloseimas com apenas uma mão, eu toco a campainha. Estou tão nervosa que minhas mãos estão até suando. Pouco tempo depois, a porta se abre e sou saudada por uma Ginger confusa.— Eve? O que faz aqui a essa hora?— Acabei de sair do trabalho — digo, estendendo o pacote com cookies e torta red velvet. — Andrea me deixou trazer estes para casa. Decidi trazer um pouco pra vocês.Seus olhos se expandem em excitação.— Oh, eu amo os doces da sua cafeteria. Entre!A sigo em direção à cozinha e coloco as guloseimas sobre o balcão.— Onde está o seu irmão?Ela me olha por um segundo antes de responder:— Lá em cima.Balanço a cabeça e desvio o olhar, sem saber ao certo como conduzir essa conversa. Começo a mexer nas embalagens com o logo da cafeteria apenas para ganhar tempo. Ginger, no entanto, não faz rodeios:— Você gosta dele?Eu congelo, voltando a encará-la.— O que?— Gosta dele? — repete.— Eu... nós...— Eve, você sabe que pode me contar, né? —
Ela apoia os cotovelos no balcão e se inclina em minha direção, como se fosse me contar um segredo.— Vanessa era minha melhor amiga antes de se tornar a namorada de Aaron — começa. — A mãe dela era muito amiga da minha mãe, então consequentemente ficamos muito próximas. Mas então... ela conheceu Aaron e a partir de então sua vida se baseou em persegui-lo e venerá-lo. Até que um dia, finalmente, eles decidiram namorar. Eu avisei que isso não iria dar certo, mas eles não me ouviram, então, da mesma maneira como tudo começou, Aaron decidiu terminar com ela poucos meses depois. Vanessa ficou arrasada e nossa amizade nunca mais foi a mesma.— Uau — eu digo. Não sabia que Vanessa e Aaron haviam tido algo, mas já era de se imaginar pela maneira como ela sempre olhou para nós dois juntos. Agora tudo faz sentido. — E você não sabe o motivo de eles terem terminado?Ginger dá de ombros.— Aaron não gosta de falar sobre a vida pessoal comigo, principalmente sobre o que aconteceu no Ensino Médio.
Não sei o que dizer, mas não preciso, porque ele continua. — Nenhuma delas fez eu me sentir como se tivessem vergonha de mim... — uma pausa, então ele diz: — E sabe o que é mais triste nisso tudo? Eu balanço a cabeça em negativa. — Eu tenho certeza de que se qualquer uma delas tivesse dito o que você disse, não teria me magoado tanto quanto você fez. Meu coração está partido, moído, em pedaços. Sinto a sinceridade e a mágoa quando olho para ele. Ele estava tão magoado com a minha atitude que considerou, por um momento, que eu não admiti o que tínhamos por vergonha. — Aaron, sinto muito — eu digo. — Nunca vou ter vergonha de você. — Então o quê? — Eu tive medo — falo. — Medo da reação que sua irmã ou seus amigos teriam. Estou insegura. Sua expressão se suaviza. Ele tira a embalagem de bolo da minha mão e a coloca em cima da sua escrivaninha. Em seguida, me puxa até a sua cama. Quando Aaron se senta no colchão, ele me leva com ele, fazendo com que eu me acomode em seu colo. Seus
AARONSe existe algo que deveria ser natural, mas que considero desconfortável, são os almoços em família. Eu nunca soube ao certo o que dizer ou como me portar em situações em que toda minha pequena família esteve reunida ao redor de uma mesa. No começo, costumava ser ainda pior, por incrível que pareça. Uma mesa grande o suficiente para abrigar meu pai, Ginger, eu e sua mãe socialite que sempre tinha um comentário negativo na ponta da língua. Hoje, as coisas estão consideravelmente melhores, mas não deixam de ser estranhas.Minha irmã olha ao redor do restaurante quase vazio e abaixa o tom de voz:— Por que há tantos seguranças aqui?— Por que você acha, tonta? — eu digo. — Os paparazzi não deixaram papai em paz desde que ele voltou.Ela encolhe os ombros.— Eu nunca vou me acostumar com isso. Só queria um almoço em família normal com vocês dois.Meu pai sorri.— Estamos tendo um almoço normal, bonequinha. Basta ignorar as pessoas ao redor. Finja que somos apenas nós, ok? — ele diz.
Depois do almoço, Ginger vai embora com o meu pai e eu vou para casa. O evento da mãe de Evelyne é hoje, e faz tempo que não estou tão ansioso para ir a algum lugar.Às seis em ponto, quando paro o carro no estacionamento do seu dormitório, não sofro com a espera. Ela é pontual, e já está na porta me esperando. Seu olhar sobre mim me diz que ela não esperava que eu tivesse um smoking, e eu não posso julgá-la por isso. No entanto, estou mais que deslumbrado com o quão incrível ela está. Estou certo de que esse longo vestido vermelho deixaria qualquer cara apaixonado. Noto que ela também está sem seus óculos, provavelmente decidiu usar as lentes de contato hoje. Eu me inclino e beijo de leve seu pescoço, em vez da boca, para não correr o risco de borrar o seu batom. Ela estremece com meu toque e sorri.— Obrigada por ter vindo — diz. — Você está... uau! Nunca imaginei que fosse ficar tão bem em um smoking.— Ei, você está dizendo que duvidou do meu senso de moda?Ela ri.— Claro que não
Já vi muitas expressões quando dizia às pessoas de quem eu era filho. Pena, inveja, adoração ou simplesmente desinteresse, mas o que a mãe de Evelyne me lança agora é diferente de tudo o que eu já vi. Há certa... nostalgia? Ela parece emocionada também, pois seus olhos brilham. E em vez de perguntar o que eu imaginei que fosse fazer — que sou filho do “astro do rock” — ela me surpreende dizendo:— Você é filho de Aiko?E então, tudo nesse momento muda. Meus músculos se retesam, o ar do ambiente fica mais denso. Minha respiração quase para e meu coração começa a bater mais forte.— A senhora conheceu minha mãe?Ela abre um sorriso emocionado e pisca algumas vezes, parecendo querer afastar as lágrimas.— Sim — assente. — Estudei com ela no Joe Bixby.— Minha nossa — Evelyne diz, tão surpresa quanto eu. — É uma coincidência e tanto.— Trempton é uma cidade pequena, querida — diz a mais velha. — Quase todo mundo por aqui se conhece.Eu tenho tanta coisa para dizer. Tantas perguntas para f