Capítulo 1

26 anos depois

| acdc -  if you want blood (you've got it) |

Por Emma Quinn

Respiro com calma fechando os olhos e me preparo, segurando a minha arma sobre meu peito, a adrenalina corre por todas as veias do meu corpo e a ansiedade é inevitável. Ajeito o colete que está bem apertado e preso contra o meu corpo e reviso o capacete de proteção em minha cabeça.

Minha equipe está escondida atrás dos contêineres, todos estão prontos para a ação, faço um sinal com as mãos pedindo que aguardasse um pouco, em seguida gesticulo um dedo para o ouvido para que todos fiquem ligados.

As vozes atrás dos contêineres a 15 metros de distância começam a ficar um pouco mais altas. Pela minha experiência e intuição, posso dizer que deveria ter 10 pessoas, igual a minha equipe.

Se eu estiver com muita sorte, podemos ter uma pista grande. E, pelo que percebi, hoje é o meu dia de sorte, pois assim que cheguei no departamento de polícia, recebi uma informação anônima sobre uma reunião no Porto da cidade de Norfolk. A mensagem era clara: haveria uma entrega ilegal de armas.

E não duvido que a organização criminosa que venho tentando pegar a meses tenha algo a ver com isso. O problema é identificar os membros. Por isso eu agi rapidamente e fui atrás com minha equipe.

Pelo menos temos que sair daqui com o nome de alguém, e se conseguimos pegar seria uma vitória.

Faço um sinal positivo com as mãos e aceno com a cabeça, todos da equipe se posicionaram avançando contra as cargas de metal. A nossa chegada silenciosa era muito boa e iria pegar a todos desprevenidos, avanço alguns contêiner e inclino a cabeça, observo um grupo de máscara enquanto transferiram malas pretas de uma camionete para a outra.

Não espero, dou a ordem para todos seguirem e avançarem.

— FBI! Quero que todos vocês fiquem parados, larguem as armas e mãos para o alto! — exclamo.

Todos os nossos inimigos viraram para nós assustados e logo sacam as armas, uma sessão de disparos começa. Um grupo dispara contra o outro.

Ah merda!

Me protejo atrás do contêiner, pela rádio de comunicação ordeno para todos recuarem, meu parceiro vem para o meu lado.

Ouço o barulho dos carros sendo ligado.

— Ah, não, não, mas não vão fugir mesmo!

— Espera, Emma! — ouço alguém me chamar.

Saio correndo e vou para onde os carros estão estacionados, entro no meu Impala 67, ligo meu carro, vejo meu parceiro, o agente Backer, entrando. Piso no acelerador, o motor ronca e o pneu se arrasta sobre o chão, automaticamente o rádio liga e a música do acdc if you want blood (you've got it) toca, o que é irônico devido ao momento.

Dirijo pelo porto atrás das vans pretas, não demora muito para conseguir avistar uma, acelero mais um pouco.

— Emma, está querendo nos matar?! — O agente Backer grita tentando se apoiar na porta do carro.

Que se dane, não o mandei vir atrás de mim. Acelero um pouco mais e consigo chegar ao lado com a van preta.

— Emma!!!! — Backer grita em histeria.

A janela de uma van está aberta e tiros são efetuados. Meu carro é completamente blindado então não me preocupo.

— Deixa de ser frouxo. — Digo com um sorriso sentindo a adrenalina e a emoção invadirem meu corpo.

Então a outra van que está um pouco mais a frente vai para o outro lado esquerdo e desacelera ficando ao meu  lado e a outra fazbo mesmo processo, os dois veículos se pressionam contra o meu.

— Se meu carro tiver um arranhão, eu mato todo mundo! — grito furiosa.

Olho para o caminho em frente completamente livre e, logo chegaremos na estrada.

As duas vans se afastam e se unem simultaneamente, contra o meu carro. Meu corpo vai para o lado, seguro no volante com força para não perder o equilíbrio.

Eles se afastam novamente e dou um sorriso.

— Emma… — a voz do meu parceiro de trabalho está completamente apavorada.

Vem, pode vir!

Um simples sorriso se esboça no meu rosto.

Eles se aproximam novamente, meu parceiro grita meu nome de novo, coloco a marcha ré do carro e piso no acelerador, meu carro vai para trás e as duas vans batem uma contra a outra.

Solto uma risada dando um grito. A perseguição continua, o celular de Backer toca, ele atende com a voz falhando.

— Entendido, vou avisar — diz com a voz fraca. — Emma, encosta o quarto por favor, nós conseguimos uma coisa.

Não quero parar, mas sei que não é prudente e meu parceiro está em pânico, mesmo que meu corpo peça para continuar aquela perseguição até o fim, paro o carro e observo as camionetes indo embora.

— Espero que seja uma coisa boa, agente Backer.

— Sim. — Noah abre a porta do carro do meu carro e vomita.

Saio do carro e vou até ele, cruzo os braços com impaciência.

— É a sua primeira em confronto?

Ele balança a cabeça em confirmação e dou uma risada dando um tapa nas costas dele em conforto.

— Bem-vindo a equipe senhor Noah, todo mundo passa por isso na primeira vez.

— Quando me colocaram como seu parceiro, disseram que você é a melhor, mas não que era uma doida varrida.

— Relaxa — dou de ombros. — Agora me fale o que encontrou?

— A carteira, um deles deixou a carteira cair.

Bato com as mãos em sinal de vitória e dou um gritinho de felicidade. Eu sabia que eles iriam errar, mas não sabia que seria dessa maneira. Deixar a carteira cair é sinal de burrice e amador.

— Agora sim as coisas estão se encaixando. — meu bom humor volta. — Vamos voltar e rezar para que a sorte continue conosco.

Dou a volta no meu veículo e ligo o carro.

— Eu duvido que tenhamos sorte — Backer se ajeita no banco. — Acho que esse cara vai estar morto daqui a algumas horas.

— Sim, não tenho dúvidas, mas saber sobre ele já vai ser um passo.

Dito isso, dirijo de volta até o porto onde a minha equipe está.

|...|

Chego ao meu apartamento tarde da noite, estou extremamente cansada, foi um dia cheio, no entanto, completamente produtivo, a carteira que um dos criminosos havia deixado cair estava com os documentos. Quando chegamos ao departamento conseguimos baixar toda a ficha dele, e para minha surpresa o homem estava limpo. Sem antecedentes criminais.

Morava num bairro tranquilo, casado e com três filhos.

O tipo de homem perfeito.

O que me incomoda é por que esse homem iria querer se meter com uma máfia e ferrar a vida dessa maneira?

Só havia duas saídas para essa gente, xadrez ou morte.

Vou para o banheiro do meu quarto e jogo um pouco de água sobre meu rosto. Observo meu reflexo no espelho; com olheiras profundas ao redor dos meus olhos, isso é por não dormir direito.

Pego o elástico e amarro meu cabelo no coque, lembro-me da minha fase rebelde na adolescência, havia descolorido e pintado o cabelo de rosa e azul. Meus dois irmãos adotivos, Elisa e Nicholas, se assustaram com minha coragem e loucura.

Balanço a cabeça dando um sorriso, por mais que eu tente negar, sinto falta deles e de nossas brigas. Todas as sextas nos encontrávamos na boate de nosso pai, somente assim eu conseguia vê-los. O restante dos meus dias são agitados por conta do trabalho, e quando estou de folga tento ter um tempo para mim.

"— Você precisa namorar, mana. "

A frase de Elisa ecoa na minha cabeça desde nosso último encontro, após reclamar que só vivo para o meu trabalho.

Namoro? Eu não sei se sou boa nisso, meus últimos relacionamentos não foram bons e acabo terminando por falta de tempo ou não ser compatível com a pessoa. Nem me recordo da última vez que transei. Eu tenho 31 anos, sou uma mulher saudável, independente e prefiro manter as coisas como estão.

Um relacionamento só ia me causar uma dor de cabeça.

Entretanto, existe aquele homem na boate. Meu corpo estremece só de lembrar dele, faz dois meses que eu o encontrava por lá todas as sextas quando iria e ele adora ficar me encarando descaradamente. Se eu falar que eu não gosto desse flerte, é mentira.

O sujeito era do estilo que você vê e pensa: um absurdo de gostoso!

Ele é sexy, exalava tesão e sem falar no quanto é muito lindo. E, quando eu achava um cara lindo, é porque é mesmo, não apenas atraente. Mordo os lábios quando penso naqueles olhos escuros com o penetrantes parecendo me enxergar nua toda vez que pousavam sobre meu corpo.

É misterioso e muito sexy.

Balanço a cabeça e dou um tapa no meu rosto de leve e ordeno para mim mesma:

Não, nem pense nisso, faz duas semanas que ele não aparece por lá. Com certeza deve ter encontrado alguém. Esqueça-o por mais que ele possa ser homem que faz o melhor sexo do mundo.

Tiro minha roupa social de trabalho e os sapatos, entro no meu chuveiro e tomo um banho relaxante e gostoso. Coloco a minha camisola e vou para a cama.

Tudo que preciso é de algumas horas de sono, e para minha surpresa o cara misterioso e delicioso da boate invade meus sonhos sem convite.

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